A cidade da Luz escrita por Raquel de Oliveira


Capítulo 4
Adaptation


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, mais uma vez desculpe pela demora, mas está ai, esse capitulo é uma nova etapa na vida de Sofia, novos personagens, espero que gostem. Espero os comentarios ;*



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Parecia ser um jardim, mas conforme ela corria, as folhas iam ficando cinza, o sol foi desaparecendo e os raios vieram, a menina estava aflita, covas se abriam no chão, lápides, é um cemitério! Uma voz parecia a perseguir, dizendo repetidamente “esse é seu lugar“. Sofia queria sair daquele pesadelo o mais rápido possível, mas não sabia como.

A bruxa parou com medo, o tempo ficara escuro em poucos instantes, ela ouvia barulhos, pareciam o bater de assas de corvos agoniados. Como um flash, um raio caiu a sua direita, Sofia pensou em correr, mas seus pés estavam presos ao chão. Aquele homem agora estava ao seu lado, tão rápido como um raio. Ele sussurrava coisas em seu ouvido, a cobra que estava enrolada em seu braço a olhava de forma hipnotizadora, seu olhar parecia estar sugando toda energia de Sofia. Ela estava prestes a cair, não iria resistir.

Sofia quase caiu da cama com aquele som ensurdecedor, era alguma espécie de alarme, ainda assustada com o sonho, a menina permaneceu imóvel, foi tão real. E era aquele homem com a cobra, dessa vez ele quase a pegara, o que aconteceria se eu continuasse lá? Pensava a menina lembrando-se do sonho. O som irritante continuou durante longos 5 minutos.

A menina levantou-se tentando acreditar que realmente estava ali, aos poucos foi lembrando-se do dia anterior, o dia mais longo de sua vida. Então era verdade, tudo aquilo aconteceu. Desanimada ou sem saber o que fazer, Sofia parou por alguns segundos no meio do quarto analisando-o, quando pensou em tomar um banho e se trocar, alguém bateu na porta.

– Bom dia, sou Alysson Cordian, seu monitor!- disse o menino de altura mediana, com cabelos loiros acinzentados.

– Meu monitor? – a menina tentou processar aquelas palavras bem lentamente.

– Dave me contou de você, disse para te mostrar o conselho e te dar as devidas explicações. – Alysson falou olhando para Sofia, não dava para saber se estava sério ou com um ar de riso.

– Ok. É eu só preciso de um tempinho...

– Tudo bem, nós temos a manhã inteira, mas não se atrase, voltarei em 30 minutos. – ele disse virando-se em direção ao corredor.

Sofia fechou a porta, pensando por um momento em Dave, porque ele pedira para outra pessoa me monitorar? Um pequeno filme da noite anterior passou por sua cabeça, o beijo, seu jeito estranho. Ela queria entende-lo, mas preferiu não dar muita atenção, já estava acontecendo coisas demais, mais um problema não era bem-vindo.

A menina abriu o armário, nada ali combinava com ela, ao fim acabou escolhendo uma calça de couro preta, um corpete roxo e uma bota também preta. Após o banho e vestida, Sofia se olhou no espelho, com aquelas roupas, parecia mais velha, mulher, mesmo tendo apenas 16 anos. Apesar de ter ficado cansada no dia anterior, seu rosto estava sereno e iluminado, seus olhos estavam verdes como carvalhos na primavera, porém agora intrigados e mais atentos.

Antes que ela pudesse pensar em fazer algo, bateram na porta novamente. Alysson pensou Sofia. Sem olhar para trás foi em direção a porta.

– Que bom que já está pronta, acho que escolheram certo o tamanho das roupas, está ótima. – ele disse com um sorrisinho cortado. – Temos que ir, seu dia vai ser longo hoje.

– Acho que vou ter que me acostumar com dias longos daqui para frente. – Sofia disse fechando a porta.

Sorrindo Alysson deu de ombros começando a caminhar pelo longo corredor, Sofia reparou que estava tudo vazio, parecia não ter vida naquele lugar, eles cortaram um imenso salão com passos largos, o jovem parou e virou-se para Sofia.

– É difícil conhecer o conselho em um dia, mas vou tentar te mostrar os pontos mais importantes. Vamos começar pela biblioteca. – ele disse indo em direção a uma porta grande com aspecto antigo. A menina o acompanhava em silêncio.

Era enorme, Sofia nunca tinha visto tantos livros na sua vida, as prateleiras eram altas, não dava para ver o fundo daquele lugar, a menina assimilou-o a um labirinto.

– Esse lugar é um dos mais importantes, tudo o que quiser saber, qualquer resposta, você encontra aqui. – ele disse apontando para algumas prateleiras.

– Tudo? Talvez eu precise de muitas respostas. – isso devia ter sido só um pensamento, mas ela deixou escapar.

– Tudo! – disse Ally com firmeza, fixando seus olhos nos de Sofia.

Ela o encarou mostrando resistência, Allyson devia ter no máximo 22 anos, não dava para descrever seu jeito, era meio imprevisível, mas tentava passar simpatia. Ele cortou o clima desviando o olhar.

– Você tem muito que conhecer ainda, hoje seu roteiro é grande, agora vamos para A sala de poções e feitiços, logo em seguida para a Estufa de Canyon, Sala de Hospedeiros e por ultimo o Campo de treinamento.

– Ufa, me deu preguiça só de você falar, aqui deveria ter uns elevadores, escadas rolantes, nunca pensaram nisso?- Sofia disse num tom irônico, virando-se e indo de encontro à porta.

Allyson ficou parado tentando entender o que dissera, mas desistiu logo em seguida saindo da biblioteca. Ele não era como Dave, tinha prestígio, apesar de novo já tinha passado por experiências duvidosas, talvez por isso tenha ganhado a confiança de muitos.

Sofia passou toda manhã com Alysson, ouvindo história de bruxos lendários, guerras, a menina ficara fascinada quando ele falava das poções e feitiços, enquanto ele mostrava partes do Conselho. Ela se sentia mais familiarizada com o lugar e com ally agora.

– Bom, estamos chegando ao fim, provavelmente deve está cansada de me ouvir. – ele disse abaixando a cabeça com um sorrisinho.

– Não foi tão ruim assim, exceto quando aquela Nepenthes gigante tentou me engolir na estufa. – a menina disse rindo ao se lembrar da cena vergonhosa.

Os dois pararam se olhando, talvez houvesse cumplicidade ali. Sofia por um instante olhando para o Ally lembrou-se de seus amigos, e sentiu seu coração apertar.

– Eu paro por aqui, pode seguir enfrente, estão te esperando no Campo de treinamento.

– Me esperando? – a menina disse surpresa e confusa.

– É, parece que você é uma visita importante, até mais tarde! – o jovem falou com aquele mesmo ar difícil de distinguir, virando-se foi sumindo aos poucos no corredor.

Sofia ficou alguns segundos parada olhando para porta logo a sua frente, ela tentou imaginar por alguns instantes o que estaria te esperando logo ali, um calafrio percorreu seu corpo a deixando tensa. Logo depois ela se dirigiu a porta e a empurrou, por alguns milésimos a menina ficou paralisada, seu corpo tremeu começando a suar, ela tentou se mover, mas sabia que não conseguiria. Na sua frente, Sofia havia se deparado com uma multidão, parte dela na arquibancada, a outra parte enfileirada, quando a porta se abriu todos os olhares se voltaram à bruxa. Uma voz ao fundo anunciava a sua entrada.

– Seja bem-vinda Sofia Baker ao Conselho dos bruxos. – disse um homem no microfone.

Uma salva de palmas foi começada enquanto Sofia procurava entender o que estava acontecendo, Baker não é meu sobrenome, pensava, sou Sofia Oliver. Ela sabia que naquele momento era a hora de começar a andar, e o fez um pouco tímida talvez, parecia mais confusa. Quando chegara ao meio do Campo, ela conseguiu ver Dave, e sentiu um frio na barriga, que foi interrompido por um homem alto vestido com uma capa vermelha e dourada.

– Senhorita Baker, prazer, sou Trevor Gryf! – disse o bruxo estendendo a mão direita.

– Prazer, Sofia Oliver! –a menina estendeu a mão, dando ênfase no Oliver.

O homem deu um meio sorriso – te esperamos 16 anos, acho que chegou a hora, Dave Walker provavelmente te contou a história. – o homem baixou o tom de voz, fixando seus olhos nos de Sofia. –não se preocupe você entenderá tudo em breve.

– Eu estou confusa. –admitiu a menina.

– Este será seu Campo de treinamento, todos esses bruxos nas fileiras, são seus parceiros, estão sendo treinados para a guerra. –o bruxo disse apontando para as fileiras. -eles te ajudarão, mas dentro de você há muitas coisas adormecidas, seus instintos de bruxa vão aflorar, seus talentos vão aparecer.

– Que tipo de treinamento? Eu nunca estudei anda sobre bruxos. –ela falou começando a andar junto ao homem.

– Feitiçaria, Luta, Raciocínio, mas principalmente, seus talentos. –Trevor soltou essa ultima frase se posicionando para a multidão que os guiaram com os olhares.

– Hoje nós começamos uma nova etapa, a promessa está conosco, a filha dos bruxos mais poderosos, a única capaz de vencer os Odiuns voltou para nós. –o bruxo gritou para a multidão. –hoje o dia é de festa, vamos comemorar!

A grande multidão soltou gritos animados, de felicidade, ou de alivio. Poucos minutos depois surgiram nos gramados mesas com comidas e música começou a tocar. Parecia mágica. Era de fato. Sofia recebeu uma capa azul e branca, com detalhes dourados. Era uma grande festa, por um momento Sofia se viu perdida no meio daquelas pessoas, todas estranhas. Um braço envolveu sua cintura e a virou gentilmente.

– Pensei que ia sair correndo quando viu essa multidão. – disse Dave sorrindo, ele parecia diferente agora, estava com uma calça jeans preta e camisa branca.

– Eu faria isso, mas não estava aguentando nem andar direito. – a bruxa disse devolvendo o sorriso.

– Aproveita, hoje é um dia de festa, é raro isso por aqui. – Dave falou começando a andar.

Sofia foi atrás dele, não queria ficar perdida no meio de bruxos desconhecidos. Dave parou em uma mesa com salgados e doces.

– Até que a comida aqui não é ruim. –disse a menina depois de comer um salgado.

– Acho que deveria conhecer pessoas novas! – Dave disse quase que sério, mas parecia estar se divertindo vendo a menina tão perdida.

– Tudo bem se não quiser ficar perto de mim, não me importo. –Sofia cuspiu as palavras.

– Calma bruxinha, eu só estou brincando. –o menino disse fixando seu olhar nos de Sofia.

A morena desviou o olhar, indo em direção a um bolo de chocolate, parecia realmente delicioso, a fez lembrar-se de Lívia, fazendo seu coração doer, por um momento sua expressão mudou, ficara triste.

– O bolo não parece tão feio assim.

Sofia estava prestes a falar qualquer besteira pensando que era Dave, mas percebeu pelo tom de voz que não era. Era uma voz mais calma, fria, a menina se arrepiou antes mesmo de ver quem era.

– Prazer, Alexander! –disse o bruxo alto, com a pele cor de porcelana de tão branca, seus olhos eram azuis penetrantes que contrastavam com os cabelos negros sedosos, por um momento Sofia pode jurar que ele estava entrando em sua mente.

– Prazer, Sofia... – a menina disse depois de longos segundos.

– Parece assustada, eu não mordo, fica tranqüila. –ele disse no mesmo tom sem expressão, frio, mas agora irônico.

– Não estou assustada, desculpe, só não estava esperando que..

– Tudo bem, quer dançar?

Ele ignorou completamente o que ela tinha a dizer, Sofia sentiu uma pontada no estomago, não vou dançar com um estranho, ainda mais quando ele é alto e forte, e tem olhos azuis. Antes que ela pudesse formular uma resposta, Dave respondeu por ela.

– Ela esta comigo. Íamos dançar agora, não é? –o menino a envolveu com um abraço por trás e a olhou esperando que ela confirmasse.

– Íamos? Pensei que eu precisasse conhecer novas pessoas! – Sofia saiu do abraço com um sorrisinho de lado. É claro que ela queria fazer raiva em Dave, ele fazia isso o tempo todo. Não deve ser tão ruim dançar com um bruxo desconhecido.

Vamos? –a menina falou olhando para Alex.

Os dois sumiram meio a multidão, a música ficara mais alta e todos em volta estavam animados. O bruxo passou seus braços pela cintura da menina e começou a dançar, Sofia no começou pareceu um pouco desajeitada e vergonhosa, mas logo deixou a música a envolver. Alexander a admirava sem desviar o olhar, e Sofia fazia o mesmo, ele causava náusea, tontura e talvez medo na menina, aqueles olhos a penetraram tanto que ela parou, precisava respirar. Ela fez sinal de que não estava bem e foi se afastando da multidão, o bruxo a acompanhava. Eles saíram do Campo de Treinamento, enfrentando um enorme corredor.

– Desculpe, não quero atrapalhar a festa, pode me deixar sozinha. – a garota torcia que ele realmente a deixasse sozinha.

– Tudo bem, eu faço questão de fazer companhia. – Alex disse com um olhar gélido, mas com um sorriso escondido.

– Obrigada! – foi só o que Sofia conseguira dizer, ele parece ler meus pensamentos, parece estar se divertindo com isso.

– Já conhece a sala de Calvares?

– Não, eu acho que não conheço quase nada por aqui.

– Vem comigo! – não parecia um convite, porém Alex sorriu.

Eles andaram alguns minutos em silêncio, eles não se olharam, parecia existir um iceberg entre Alex e Sofia, ao mesmo tempo uma conexão, ele fazia Sofia suar só com seu olhar, seu coração palpitava todas as vezes que ele a tocara. Parecia algo sobrenatural. A sala de Calvares era de artigos antigos, era sombria, Sofia podia jurar que tinha fantasmas escondidos atrás daquelas estatuas enormes e sem vida.

– É meu lugar favorito, tem coisas inacreditáveis aqui.

– Pareceu um pouco mal assombrado. – Sofia falou tentando forçar um riso.

O bruxo andou entre algumas estatuas admirando-as em silêncio, ele realmente parecia combinar com aquele lugar, a morena por um instante teve medo de estar ali com ele, logo empurrou seus pensamentos para longe.

– O que está achando da sua nova vida? –o bruxo perguntou sem olhá-la.

– Ainda é muito recente, às vezes acho que é tudo um sonho...

– Deveria começar a pensar em estudar sua própria vida. –ele ainda não a olhava.

– Eu, eu vou fazer isso, ainda não tive tempo de pensar. –Sofia se odiou por ter perdido o controle da voz, ele a fazia ficar nervosa e insegura.

– Você tem muito que descobrir, se quiser ajuda, estou aqui. –pela primeira vez depois de longos minutos ele a olhou dando um sorriso amistoso e perigoso.

A garota sentiu uma onda de vertigem tomar conta do seu corpo, ela fechou os olhos na mesma hora e se apoiou em um balcão, Alex percebeu e foi ao seu encontro, talvez estivesse mesmo preocupado, ou só fingindo. Sofia continuava com os olhos cerrados, seus pensamentos estavam embaralhados, uma imagem surgiu em sua mente, o homem com a cobra, ele sorria, estava próximo demais.

– Ei, ei você está bem?

A menina voltou assustada, não fora um sonho dessa vez. – Eu o vi, estava próximo. –ela disse num tom quase histérico.

– Ele quem? –Alex continuava com aquela expressão fria, parecia não sentir nada, parecia não ter nem um coração pulando dentro de si.

Tudo ficou escuro e Sofia apagou, estava desmaiada nos braços fortes de Alexander.


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Notas finais do capítulo

Comentarios? :*



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