Subsolo escrita por Anne
Notas iniciais do capítulo
(essa história é contada no futuro, portanto tem várias coisas que não conhecem ou ainda não existe, bom, é isso)
Ouço um estrondo e observo os vidros se estilhaçarem e caírem ao meu redor, por toda a parte.
– Mãe! - Sou incapaz de conter o grito ao observá-la pela janela, mesmo ela tendo dito que, caso isso viesse a ocorrer, eu deveria permanecer em silêncio. - Eu te amo. - Sussurro.
Agora, minha mãe está morta. Assim como meu pai. Não há mais nada a fazer. Temos que sair daqui. Tenho que salvar o Jake. Mas não posso deixar que façam o que quiserem com o corpo dela, assim como fizeram com o do meu pai . Ela não vai ser mais uma das cabeças que eles deixam penduradas na cidade como ameaça. Não, ela não vai. Mas o que posso fazer? Eles virão atrás de nós. Eu não tenho pra onde levá-la. Eu não posso me arriscar e ir até lá. Eles me pegariam. Eu nem mesmo sou forte o suficiente.
Na verdade, eu não me importaria de ir até lá e morrer agora. Mas eu prometi a ela que tentaria viver. A morte dela não pode ter sido em vão. Eu prometi que salvaria a mim e a meu irmão.
Pego o controle de casa e aperto o botão vermelho, então a porta de ferro do quarto de Jake se abre. Ele saí de dentro com os olhos vermelhos e os punhos cerrados, e corre em minha direção, me atingindo com um soco no estômago. Mas Jake é ainda mais fraco do que eu.
– Nem pense em me deixar tran...
– Fica quieto, seu idiota! - O interrompo, tampando sua boca. - Nós vamos sair por baixo. Cala a boca se quiser continuar vivendo, e me obedece. Eles estão vindo. Temos que ser rápidos, depressa. Não fale uma palavra. Vem, me segue.
Aperto o botão de emergência e vejo um buraco se formando no chão. Nós descemos pelo elevador subterrâneo. Aperto o botão outra vez, para que o chão se feche. E sinto meu peito se encher um pouco de alívio. Ou acho que sinto. Não sei definir ao certo se estou mesmo aliviada. Sinto também um misto de dor e de preocupação. Mas aqui eles não podem nos pegar. Essa parte da casa é bem segura, só poderiam acessar com o controle. E além do mais, é escura, não poderiam nos enxergar... Mas o problema é: Por ser escura, não dá pra viver aqui.
Assim que a porta do elevador se abre, agarro a mão de Jake e caminhamos lentamente na escuridão. Ele me guia com seus passos e me leva onde... Não sei. Eu nunca precisei vir muito aqui aqui antes. Ele, sim. Sempre vinha com meu pai, era onde eles passavam a maior parte do tempo.
Ele acende uma lanterna.
– Agora podemos falar?
– É, acho que podemos... Eu só não sei se quero. - Respondo com a imagem da morte da minha mãe em minha cabeça. Jake tem só treze anos e a menos de duas semanas perdeu o pai.
– Droga, Amy. Eu não sou mais uma criança, você não enxerga? O mundo tá sendo destruído e você acha que o que? Que eu ainda jogo Five Kombat? Você é uma babaca.
– A mamãe morreu.
– O quê? - Ele grita.
Vejo seus olhos encherem de lágrimas. Mas ele tem razão. Não é mais uma criança. Nem se parece como uma, a não ser pela sua altura e massa muscular. Sua expressão era mais de raiva do que de tristeza.
– Eu vou matar eles.
– Você não vai matar ninguém. Quer se tornar um assassino, assim como eles?
– Eu podia tentar salvá-la. Você me deixou trancado a manhã toda.
– Você não é um super-herói, Jake. Então não tente bancar um, ok? Você sabe que seria suicídio.
– Eu não me importo! - Agora eu via a tristeza tomar conta dele.
– Mas ela se importa! Ela queria que nós vivêssemos. E sacrificou a própria vida por isso. Eu prometi a ela que te faria viver. Não jogue isso fora. Faça ela feliz.
– Ela não está feliz. Felicidade não existe!
– Mas já existiu... Em um passado, distante. Não leu os livros da escola? Existiu. Nós só temos que redescobri-la!
Ele para de me responder, e com a pouca luz da lanterna, agora com a bateria acabando, não posso mais vê-lo, só ouvir seus soluços.
– Sairemos lá pelas cinco da manhã. É o horário mais calmo, tente dormir um pouco. Boa noite.
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