Demigods in Hogwarts escrita por SeriesFanatic


Capítulo 22
Dédalo


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de agradecer a D013 pela recomendação!



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Sabe quando você se imagina no futuro? Mais alto (a), magro (a), bonito (a), com um emprego super legal, ganhando muito dinheiro e um namorado (a) bem bacana? Pois é, Annabeth nunca pensou nisso. Ela sempre pensou em como seu rosto ficaria. Não que ela fosse vaidosa, muito pelo contrário, esse era um jogo mental para ela. Formar em sua mente como os rostos das pessoas que ela conhecia iriam envelhecer era um bom passatempo. Annabeth, obviamente nunca havia contado isso para ninguém, era só uma brincadeira meio doida que ela fazia quando estava entediada. Para ser sincera, a garota nunca achou que fosse acertar. O rosto que ela imaginou como sendo Malcolm aos vinte e pouco, quase trinta, era exatamente o mesmo rosto de Dédalo. A diferença era que os cabelos de seu irmão mais velho eram negros iguais ao de Atena, mas encaracolados iguais ao de Frederick. Os três irmãos tinham os olhos cinza sérios da mãe e os cabelos encaracolados do pai.

Depois de caírem no tão buraco do Salgueiro Meio-Sangue, os quatro seguiram o túnel subterrâneo e terminaram na Casa dos Lobos. Era ainda mais assustadora que os sonhos. Por já estar na primavera, as ruínas estavam quentes, cheias de terra e cheirando mau. Thalia estava jogada no fundo do que parecia ter sido uma piscina, mas não tinha água. A menina tinha as mãos e pernas amarradas no que parecia ser cabelo, só que imitia um leve brilho. Crina de unicórnio. Parecia que ela estava se contorcendo de dor, mas a mordaça em sua boca não permitia que ninguém entendesse. Dédalo estava sentado na borda da piscina, com os pés quase na altura da cabeça de Thalia. Ele usava uma calça de couro marrom, botas pretas, camiseta social branca e uma capa de bruxo também marrom, que parecia mais com um sobretudo. Além do rosto e das roupas sujas de terra, os cabelos negros também pareciam sujos.

– Saiam detrás dessa pilastra, crianças. – ele disse olhando para as próprias unhas. – Não irei machucá-los.

Percy e Annabeth saíram lado a lado com as varinhas estendidas em posição de ataque. Eles pareciam uma dupla de policiais. Grover e Bianca se mantiveram atrás da pilastra, onde podiam ver Thalia de frente.

– Mas que casalzinho bonito vocês hein? – Dédalo riu e se levantou, ficando a menos de vinte passos dos meninos. – É bom ter amigos leais. Na verdade, é um dos poucos motivos por eu ainda estar vivo, lealdade. É por isso que eu sempre admirei os Luos. Lealdade é algo que se tem de sobra lá.

– Solte a minha prima. – Percy disse sério.

– Ah, então VOCÊ é o tal de Perseu Olympus? Muito prazer. – Dédalo estendeu a mão como se eles estivessem em uma festa formal.

– É Jackson. – Percy rebateu sério.

– Sim... de fato. Seu papaizinho mudou o sobrenome nome dele para Jackson quando casou com sua mãe. Achei bonito da parte dele e de Zeus, adotar o sobrenome da esposa. Quem iria imaginar que o grande Zeus Olympus usaria o nome de Hera e Júpiter como seu? – ele riu como se alguém tivesse dito uma piada. – De veras, hilário.

– Grace não é o sobrenome da minha tia. – disse Percy. – É o sobrenome que meu tio adotou.

– Aí é que você se engana Perseu. Grace é o sobrenome de uma das famílias mais pobres e puras do Mundo Bruxo. Os últimos descendentes vivos são os irmãos Hera e Júpiter. Ele é mais velho que ela por sei lá quantos anos. Quando eu estudei em Hogwarts, Júpiter já era diretor. Júpiter começou a lecionar nessa escola dois anos antes de Zeus, Hera, Hades, Poseidon, Deméter e Héstia se formarem. Acho que ele tem uns cem anos. – Dédalo pareceu se divertir.

Percy e Annabeth mantiveram-se em posição, mas estavam começando a suspeitar da saúde mental do homem.

– Pois é querida Thalia, seu sobrenome é o sobrenome da sua odiada madrasta. – ele disse pulando na piscina, o casal de amigos continuou apontando as varinhas para ele. – Chato né? Mas... você sempre pode escolher. Como eu fiz. Deixei de usar o sobrenome da minha família há anos. Há quinze anos para ser sincero. Obviamente que você tem essa escolha também.

– Deixe-a ir. – Annabeth disse por fim, com um nó imenso na garganta. – Deixe todos irem. Seu assunto é comigo.

Dédalo pareceu chocado com o que ela disse.

– Do que você está falando? – ele disse com a testa franzida.

– Deixe meus amigos e a Bianca irem. Vá em frente, me mate. – ela deixou a varina cair no chão. – Eu não ligo. Mas não machuquem ninguém que eu amo. E a Bianca. Jure pelo Estinge.

– Não seja idiota, eu não vou deixar você sozinho com esse assassino! – Percy exclamou.

– Vai sim! Não vou deixar que meu irmão machuque você. Nenhum de vocês. – ela disse séria.

– PERA AÍ! – gritou Grover. – COMO ASSIM “IRMÃO”?

– Achei que seu irmão se chamava Malcolm. – Percy disse, ganhando um murro de Annabeth no estômago como resposta.

– Uou, uou, uou! – Dédalo exclamou levantando os braços como se estivesse sido abordado. – Você está entendendo tudo errado.

– Entendendo tudo errado?! – Annabeth gritou. – Você matou cinquenta trouxas e o irmão menor de Afrodite!

– Afrodite tinha um irmão menor? – Bianca perguntou.

– EU NÃO MATEI NINGUÉM! – Dédalo gritou, o rosto sujo ficou vermelho.

– Grover, tire Bianca daqui. – Percy sussurrou. – Ache ajuda! Esse doido está possuído por Gaia!

– GAIA?! – Dédalo gritou achando hilário a afirmação do menino. – EU? POSSUÍDO POR AQUELA DOIDA? Por favor, garoto, não fale baboseiras! E você menina – ele apontou para Annabeth. – Está muito errada sobre mim! Posso até ser seu irmão mais velho, mas minha intenção não é ferir ninguém!

Percy se colocou na frente de Annabeth, tirou a caneta do bolso e apontou para Dédalo. O homem deu um passo para trás, provavelmente sabia que aquela era a relíquia dos Jackson e que era uma espada muito poderosa.

– Desamarre minha prima. – ele disse sério.

Dédalo suspirou e soltou Thalia.

– Pronto... – antes dele terminar a frase, Thalia bateu na cara dele com um escudo.

A relíquia da família Grace era o escudo chamado de Aegis. Que virava uma pulseira de cor metálica que Thalia nunca tirava do punho esquerdo. Dédalo caiu no chão desmaiado. Os três o amarraram e apontaram suas varinhas para ele, segundos antes do vilão acordar. Pelo que Annabeth notou, Grover e Bianca haviam seguido o conselho de Percy e ido embora. Os quatro estavam dentro da piscina vazia.

– Soltem-me! – Dédalo gritou.

– Não! Grover e Bianca logo voltarão com as Arai e você voltará para o lugar que merece! Morrerá em Alcatraz! – Thalia disse com Aegis em mãos.

– Vocês não sabem o que falam! Eu nunca matei ninguém! – exclamou.

– Tá legal. – Percy zombou.

Annabeth estava muito mexida, sentimentalmente falando, para poder falar alguma coisa. A semelhança entre Dédalo e Malcolm era, no mínimo, chocante. E ele ainda tinha a voz idêntica a Frederick Chase. Havia algo no rosto dele que lembrava Atena.

– Juro pelo Estige. – Dédalo disse sério.

Nada aconteceu. Percy, Thalia e Annabeth trocaram olhares. Quando se jura pelo rio Estige e é mentira, a pessoa morre. Todos no mundo mágico sabiam disso.

– Eu duelei com Eros em uma rua trouxa, há quinze anos, quando Cronos caiu. A única coisa que eu fiz foi cortar o dedo daquele miserável. Ele então viu uma oportunidade e explodiu o quarteirão inteiro. A intenção dele era fazer com que eu parecesse o culpado. O corpo dele foi vaporizado na explosão. – Dédalo disse com a voz murcha, parecia que ele já havia dito sua versão do atentado várias vezes e estava cansado de repeti-la.

– E como foi que você sobreviveu? – Annabeth disse.

– Eu havia colocado um campo de força ao meu redor. Sempre fui engenhoso. Eros não podia me atacar e estava caído no chão sangrando e gemendo de dor. Eu ia aparatar com ele para a sede do Ministério da Magia, mas ele preferiu se suicidar. O campo de força ao meu redor me manteve vivo e preservou o dedo dele. Ninguém acreditou em mim quando jurei inocência pelo rio Estige. Nem mamãe, nem papai e muito menos tia Minerva. – ele disse cansado.

O trio se entreolhou novamente. Annabeth se ajoelhou para ficar cara-a-cara com o irmão.

– É melhor ser mais convincente. – ela disse séria, mas estava segurando a raiva. – Conte-me toda a verdade.

– Era só isso que eu queria fazer. – ele disse cabisbaixo. – Queria encontrar você e Malcolm para contar o que aconteceu. Para que ao menos alguém da minha família acreditasse em mim. Não sabe o quão feliz eu fiquei quando soube que mamãe estava esperando um segundo filho. E depois um terceiro... eu sempre quis ter irmãos.

– Não vai me dizer que você acredita nele?! – Thalia exclamou, com faíscas em seus olhos.

– TODA a verdade, Dédalo. – Annabeth apontou a varinha para o pescoço dele.

– Cronos foi morto por Zeus tem quinze anos. O patriarca dos Olympus era um crápula assim como a mãe, Gaia. Depois da derrota dela há mil anos, Cronos tentou se vingar e seguir com o legado da mãe. Tomou tanto sangue de unicórnio para manter-se vivo por tanto tempo que as criaturas quase foram extintas. Então ele teve seis filhos há sessenta anos, com a antiga diretora de Hogwarts, Reia. Ela era uma boa pessoa, mas se deixou seduzir pelo crápula do Cronos. Ele parou de tentar matar os trouxas depois da morte de Netuno, mas ainda continuou caçando os nascidos trouxas. Quando Zeus o matou há quinze anos, o Mundo Bruxo finalmente relembrou o significado de paz, depois de mil anos sendo aterrorizados. Mas isso estar para acabar.

– Essa linha cronológica não bate com a que eu pensei. – Percy coçou a cabeça, confuso.

– Você não pensa. – disse Thalia. – E nem sabe matemática.

– Calem a boca! – Annabeth exclamou. – Como assim, a paz está prestes a acabar?

– Gaia está de volta. Sonserina, Corvinal, Grifinória e Lufa-Lufa não a derrotaram para valer da última vez. Cronos tinha seguidores, Eros era um deles. Ele tinha poucos, porém fieis. Os que sobreviveram continuam escondidos e fracos. A maior parte morreu e alguns estão em Alcatraz. Eles estão esperando o momento certo para à volta de Gaia e então irão se revelar, com o objetivo de seguir os planos da mãe de seu mestre. – Dédalo explicou.

– Isso tá errado! – disse Thalia. – Todo mundo sempre nos contou que Cronos tinha 500 anos quando morto. E que meu pai o matou quando era adolescente.

– É! – Percy exclamou.

– Vocês vão mesmo acreditar em um bando de adultos mentirosos? – ele grunhiu.

– Melhor do que acreditar em um criminoso condenado por uma chacina. – Thalia grunhiu.

Di Immortales! – Dédalo exclamou. – Eu juro pelo Estige que tudo que eu disse é verdade!

Ele ainda continuou vivo. Novamente, os três se entreolharam. Annabeth manteve-se ajoelhada para olhar nos olhos do irmão.

– Acho que aprendemos uma valiosa lição hoje. – Annabeth disse olhando para o casal de primos. – Os pais e tios de vocês são mais mentirosos que os políticos do mundo trouxa.

– É. – Thalia respondeu seca e estressada. – Estou começando a notar isso.

– Como é que Gaia está voltando à vida? Quando alguém morre, morreu. Acabou! – disse Percy.

– Eu sei disso garoto. – Dédalo respondeu. – Não sei como ela pode voltar, mas sei que está acontecendo. E de acordo com o Profeta Delfos Diário dos últimos dois anos, vocês dois também sabem que ela está voltando. Apesar de que os idiotas creem que seja Cronos.

– Tá aí, eu ainda não entendi porque todos acham que o mal que está voltando é Cronos! – Percy exclamou.

– Ignorância. – disse Thalia. – Ao que parece, nem mesmo algumas pessoas das nove famílias tradicionais acreditam.

– Cronos apenas seguiu os passos da mãe e, felizmente, os filhos dele não. Mas acho que na cabeça de todos, é mais sensato crer que o mal que está voltando é de um bruxo que foi morto há quinze anos. E não de alguém que foi morto tem mais de mil anos. – disse Dédalo.

Annabeth se levantou e encarou os amigos.

– Não podemos entregá-los as Arai. Irão matá-lo. – disse firme.

Os primos se entreolharam e juntos, concordaram firme com a cabeça.

– Nunca pensei que diria isso, mas precisamos escondê-lo. – disse Thalia.

– É. O Ministério pode não acreditar em você, mas nós acreditamos. – Percy disse desamarrando Dédalo. – Mas precisa nos explicar mais algumas coisinhas.

– Podem perguntar. – ele disse se levantando.

– Tá, como foi que você conseguiu fugir de Alcatraz? – disse Thalia.

Dédalo assobiou e o cão picape apareceu. Annabeth e Percy recuaram quando viram o animal entrar na piscina.

– Essa é a senhora O’Leary. Minha cadela de estimação. Eu a encontrei abandonada e ferida na rua um ano antes da morte de Cronos. Cuidei dela e a fiz minha família. A Sra. O’Leary é o único cão infernal do bem que existe e cães infernais podem andar pelas sombras. No dia do seu aniversário de treze anos, Annabeth, eu a chamei e ela me salvou de Alcatraz. – ele disse acariciando a cadela. – Nos escondemos na Casa dos Lobos desde então.

– Por que você esperou quinze anos para fugir de Alcatraz? – disse Percy. – Quer dizer, a Sra. O’Leary poderia ter te resgatado da prisão há anos.

– Quando eu fui preso eu estava com muita raiva dos meus pais por eles não terem acreditado em mim. A raiva atraia as Arai e elas me torturaram por dois anos. Quando eu não estava sendo torturado por elas, eu estava desmaiado. – explicou.

– Já vi que o Jason iria amar passar um tempo em Alcatraz. – Thalia zombou.

– Então um dia eu ouvi a notícia de que mamãe estava grávida e tudo simplesmente passou a ter sentido. Eu experimentei um sentimento que desconhecia desde minha adolescência.

– Qual? – Annabeth perguntou.

– Esperança. Eu sabia que se fugisse, mamãe e papai iriam te criar para me odiar. Então esperei que você e Malcolm estivessem juntos na escola para assim poder conversar com vocês. – Dédalo colocou as mãos nos ombros de Annabeth e sorriu. – Pelos deuses, você é a pessoa mais bela que eu já conheci. – e a puxou para um abraço.

Annabeth não sabia o que sentir. O coração estava a mil. Sentia que ia vomitar. Havia um nó imenso em sua garganta. Seus olhos seguravam as lágrimas. O cheiro de Dédalo... era idêntico ao cheiro de Frederick. Café com biscoito. Ela fechou os olhos e o abraçou de volta.

– Sei o quão difícil é crescer tendo Atena como mãe. Mas eu estou aqui. Por você e Malcolm. – ele disse chorando.

– É bom saber disso. – ela sorriu.

– É tão bom ter um irmão. – Percy também sorriu. – Tyson foi o melhor presente que papai me deu.

– Queria poder dizer o mesmo. – Thalia falou secamente.

– Desculpa por tentar levantando a varinha para a Sra. O’Leary naquela noite. – Annabeth disse.

– Tudo bem, eu estava escondido atrás dela. – Dédalo riu. – Mas... como é que você sabia que eu estava tentando encontrar Júpiter?

– Você estava tentando encontrar o diretor? – Thalia franziu a testa.

– Sim. Júpiter foi um dos poucos que acreditou em meu juramento. Assim como Poseidon. – ele olhou para Percy e pousou a mão no ombro do rapaz. – Seu pai sempre tentou convencer a todos de minha inocência, Percy. Ele é um homem com um coração gigante.

– Duvido muito dessa última afirmação. – o menino respondeu ressentido.

– Então é por isso que mamãe odeia tanto os Jackson! – disse Annabeth.

– Uhm hum. E você ainda não me respondeu, como soube que eu estava na escola? – disse Dédalo.

Annabeth tirou o Mapa do Maroto do bolso e deu ao irmão mais velho.

– Connor e Travis Castellan me deram. É o Mapa do Maroto. Dá para ver todo mundo em Hogwarts, sem exceção. – ela deu de ombros.

– Eu já ouvi falar dos Marotos. Eles foram bem antes do meu tempo. Nunca consegui descobrir quem foram, mas eram brilhantes! – Dédalo disse devolvendo o pergaminho a irmã.

Então se ouviu passos. Bianca e Grover apareceram com Vulcano e Plutão. Os dois professores usavam trajes de bruxos. O primeiro na cor creme e o segundo na cor preta. Ambos com as varinhas apontadas para os irmãos Chase.

– Dédalo Chase. – disse Plutão. – Mas que adorável surpresa.

– Abaixem as varinhas! – Thalia ordenou. – Ele é inocente!

– Deixe-me adivinhar: ele jurou pelo rio Estige? – Plutão disse.

– Você não vai machucá-lo. – Percy se colocou na frente dos irmãos.

– Percy, cê tá doido?! – Grover exclamou.

– Você notou isso AGORA? – Bianca falou sarcasticamente.

– Saiam da frente crianças, nós não queremos machucar ninguém. – disse Vulcano.

– Não! – os três exclamaram.

– Não tentem protegê-lo. As Arais estarão aqui a qualquer minuto. Irão atacar e matar qualquer um que se meter entre elas e Dédalo. – disse Plutão.

– Na verdade... – Vulcano soltou um feitiço que fez as plantas prenderem o professor de poções em uma pilastra. – Eu creio que isso não irá acontecer. – e pegou a varinha do colega.

– SEU TRAIDOR! Você jurou com sua vida que estava do nosso lado! – Plutão gritou de raiva.

– E eu estou Levesque. Acontece que Dédalo também está do nosso lado. – Vulcano jogou a varinha de Plutão para Dédalo. – Todo mundo sabia que Eros era um seguidor de Cronos. E ainda assim condenaram o meu amigo sem provas algumas. Apenas queriam que a ameaça de Cronos sumisse e por isso negaram qualquer tipo de investigação. Que se fosse feita, traria justiça a um homem inocente.

– Sempre soube que podia contar com você, amigo. – ele sorriu. – Vocês da Lufa-Lufa são os melhores.

– O senhor foi da Lufa-Lufa? – Percy perguntou para Vulcano.

– Sim. Dédalo e eu éramos inseparáveis. Éramos um quinteto incrível. Nós três, Mercúrio Stoll e Eros Swan. Mercúrio terminou sendo possuído e morto por Gaia. Eros virou seguidor de Cronos e cometeu suicídio e ainda matou cinquenta trouxas. – disse Vulcano. – Você já foi menos carrancudo, Plutão. Na verdade, você era tão divertido e vivia rindo. O que tártaros aconteceu para te deixar assim?

– Eu cresci. – Plutão respondeu, ainda preso a pilastra.

– E esse é o pior mal entre os homens. – Dédalo riu. – Todos nós tínhamos quinze anos quando Cronos foi derrotado. Nenhum de nós quatro suspeitava que Eros era um traidor e quando Mercúrio nos contou que havia visto Eros com a Marca Negra, eu fui enfrentá-lo e... bem... vocês já sabem o que aconteceu. Mas Plutão nunca acreditou em mim. Ele sempre preferiu acreditar nas mentiras de Eros. – ele apontou a varinha para Plutão.

– Dédalo não! – Annabeth exclamou. – Ele pode não acreditar em você, mas eu acredito. Isso não é o suficiente, irmão?

Percy, Thalia, Grover e Bianca olhavam de um canto para o outro, como se fosse uma partida de tênis. Dédalo suspirou e entregou a varinha para ela. Sra. O’Leary lambeu Percy.

– Aí, qual é a dessa cachorra hein? – Percy riu. – Ela tá me encarando como se eu fosse um palhaço desde que chegou aqui.

– É assim que ela diz que gosta de você. – Dédalo riu.

Antes que alguém dissesse mais alguma coisa, ouviram-se barulhos de pássaros brigando. Todos olharam para o céu laranja, por causa do por do sol. Palas brigava com algum pássaro negro que ninguém conseguiu identificar. Logo os animais caíram na piscina, ao lado dos pés de Thalia.

– É a pomba de Silena. – ela disse ao ver o pássaro negro.

– Palas! – Annabeth pegou a coruja ferida com cuidado.

– Palas ainda está viva? – Dédalo se surpreendeu. – Papai a me deu no meu primeiro ano em Hogwarts.

– Quanto tempo corujas vivem? – Percy disse distraído.

– Em média de sessenta anos. – disse Grover.

– Piper vai surtar quando vir o que aconteceu com a pomba dela. – disse Thalia.

– Ano passado o bicho foi petrificado, esse ano foi atacado pela coruja da Annabeth... tô começando a ficar com pena dessa pomba. – disse Percy.

– Como assim a pomba foi petrificada? – Vulcano disse surpreso.

Annabeth explicou toda a história com o basilisco, Polifermo, Piper McLean, Grover de vestido de noiva, a lembrança demoníaca de Gaia e sobre os alunos que foram atacados pela Píton.

– Uma pomba é petrificada por um basilisco e NINGUÉM nota nada? – Vulcano exclamou descendo na piscina e pegando a pomba da mão de Thalia.

– Eu estava mais ocupada tentando impedir que o Percy morresse. Pela milésima vez. – Annabeth respondeu.

Undo! – Vulcano apontou para a pomba negra e soltou o animal desmaiado no chão.

A pomba foi se transformando e virou um homem alto, magro, de cabelos negros oleosos e olhos vermelhos mortíferos; usando trajes brancos. Alguns traços dele pareciam com Silena Beauregard.

– FILHOTE DE GAIA! – Dédalo pegou a adaga na cinta de Annabeth e pulou em cima de Eros, tentando matá-lo.

– Dédalo não! – Vulcano apontou a varinha para ele. – Não vale a pena. Vamos entregá-lo ao Ministério e provar sua inocência.

Annabeth estava assustada demais até para se mover, assim como os demais jovens. Plutão conseguiu se soltar e se colocou ao lado dos antigos amigos.

– Miserável. – ele disse chocado ao ver Eros vivo e todo arranhado de garras de coruja. – Eu lamento muito, Dédalo. Eu deveria ter acreditado em você.

– Está tudo bem, Plutão. – ele forçou um sorriso. – Sei como é estar apaixonado, você sempre acha que a pessoa está certa.

– Pera... – Bianca sussurrou.

– Isso aqui tá igual à Glee. Só que sem músicas. – Grover sussurrou.

Todos seguiram pelo túnel em direção ao Salgueiro Meio-Sangue em silêncio. Quando avistaram a cabana de Quíron, a lua já brilhava no céu. A Sra. O’Leary brincava com Palas, que mal havia se machucado. Segundo Plutão, a coruja sempre foi muito fiel ao primeiro dono, ele concluiu que Palas sempre soube que a pomba era um ser humano e por isso que estava tentando matá-la, pois foi Eros quem a separou de seu verdadeiro dono. Vulcano disse que Eros era na verdade meio-irmão de Afrodite e era nascido trouxa. O basilisco provavelmente não sabia distinguir a forma humana, mas sabia quem tinha sangue de trouxa, por isso atacou a pomba.

– Faz tanto tempo desde que eu não me sentia bem. – Dédalo sorriu abraçando a irmã.

– Digo o mesmo. Malcolm vai amar te conhecer.

– Tenho certeza que sim. Acho que você já notou que somos muito parecidos.

– Sim. – sorriu.

Percy, Thalia, Bianca e Grover conversavam com Vulcano enquanto Plutão fazia Eros flutuar amordaçado em direção ao castelo. A lua quarto crescente parecia feliz em ver a justiça finalmente sendo feita.

– AH! – Plutão gritou caindo no chão machucado.

Todos olharam em direção ao professor. Eros havia conseguido quebrar o braço dele e apontava a varinha para os alunos. Os olhos vermelhos doentios pareciam sedentos por sangue.

– Eros, abaixe isso! – Vulcano disse se colocando na frente das crianças.

– Lamento Smith, mas eu não posso. Minha tarefa é entregar o menino e a loirinha para Gaia. Falhei ano passado, mas não falharei esse ano. A idiota da Silena tinha que contar para Piper sobre o diário que eu coloquei nas coisas dela. Enfim... perdi uma batalha, mas não perdi a guerra. – Ele levantou a varinha, mas foi atingindo por uma pedra na cabeça imensa, só que antes de morrer de traumatismo craniano, lançou um feitiço em direção a Percy. – Avadra Kedrava!

– Mas que tártaros...? – disse Dédalo, ele havia se jogado no chão e puxado Annabeth.

– NÃO! – Grover gritou chorando.

– Que os deuses tenham piedade de vossa alma. – Vulcano disse chorando e colocando um dracma em cada olho do corpo.

Annabeth se levantou com o coração nas mãos. Dédalo foi ajudar Plutão. A menina se ajoelhou ao lado do corpo e começou a chorar. Aquilo não podia estar acontecendo. Percy estava paralisado sem expressão. E a natureza parecia tão irônica. Uma noite tão bela. Tão quente e calma. Enquanto o mundo exaltava beleza, Bianca di Angelo se fora.


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Notas finais do capítulo

undo = desfazer (em latim)