Demigods in Hogwarts escrita por SeriesFanatic


Capítulo 14
O Bunker Secreto




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Depois de caírem por uns dois minutos, eles se depararam com uma antecâmara cheia de ossos e fedendo muito. Foi fácil fazer com que Tyson carregasse o professor, Febo desmaiou assim que viu os ossos. O ciclope seguiu carregando-o enquanto o casal de bruxos os seguia alguns passos atrás. Annabeth não se machucou dessa vez, mas Percy não se sentia bem, ele havia batido a cabeça quando caiu. A antecâmara tinha dois canos, um pelo qual eles vieram e outro que dava em algo que parecia uma caverna, por onde o grupo seguiu.

– Ele está sendo tão útil quanto o seu peixe de estimação. – Annabeth apontou para Febo nos braços de Tyson.

– Ei, Nemo consegue fazer acrobacias. Por acaso sua linda corujinha Palas consegue fazer acrobacias? – Percy respondeu.

– Ela entrega cartas. – sorriu.

– Meh! – exclamou.

– Ah... gente? – Tyson chamou.

Annabeth e Percy se entreolharam e apressaram o passo. Tyson havia parado quando achou uma IMENSA pele de cobra. Febo começou a se remexer e a cuspir sangue.

– A gente vai morrer. – Percy disse assustado ao ver o tamanho da pele do basilisco.

– Seja mais positivo. – Annabeth disse.

– A gente vai morrer logo. – ele respondeu.

– Ele tá mal. – disse Tyson. – O que faremos?

O casal se entreolhou. Para sorte deles, Annabeth sempre se precavia, ela tirou um pedaço de ambrósia de seu uniforme e deu para o ciclope.

– Faça com que ele coma isso. Mas só um pouquinho. Dizem que se comer demais, suas células pegam fogo. – ela explicou.

– Não podemos levá-lo conosco. Além de ser um inútil, ele tá mal. – Percy falou.

– Tem razão. Tyson fique aqui e cuide do professor. Se Percy e eu não voltarmos em uma hora, arrume um jeito de sair daqui e procure a professora Minerva Chase. Conte tudo o que aconteceu. – ela disse valente.

– Certo. – Tyson assentiu.

Percy forçou um sorriso para o primo e tirou a varinha das vestes. Os dois seguiram em frente de mãos dadas e com medo, mas precisavam salvar Grover e Piper.

– Lembre-se, se ouvir alguma coisa, feche os olhos. – ela disse.

– Ok.

Continuaram andando pelo que pareceu ser uma eternidade, mas enfim chegaram ao local do sonho de Percy. Uma câmera imensa onde não se via o teto, com cheiro de esgoto, feita de pedras negras. Só que estar no local real era mil vezes mais assustador. Várias estátuas de cobras feitas de mármore verde parecia segui-los com o olhar, havia água de esgoto no chão feito de pedras verdes. No fim da câmera, uma estátua gigante que Percy achou ser o rosto de Salazar Sonserina. No chão, Piper e Grover (e seu belíssimo vestido de noiva) estavam abraçados e tremendo. Annabeth correu até eles enquanto o menino ficou encarando a estátua, com medo de que o basilisco aparecesse.

– Estão com hipotermia subaguda. – ela exclamou. – Estão congelando, Percy.

– E o que fazemos? Não sei nada de primeiros socorros. – ele entrou em pânico.

– Rápido, abrace o Grover.

– Que? Eu não vou abraçar um sátiro vestido de noiva! – exclamou.

– Precisamos aquecê-los! – Annabeth respondeu.

Relutante, Percy abraçou Grover como se ele fosse Jack Dawson de Titanic. O que não o fez sentir-se melhor da dor de cabeça. Claro que o sátiro era seu melhor amigo no mundo todo, mas aquilo era muito estranho. Annabeth abraçou Piper e procurou na menina algum sinal de que ela tivesse algo haver com o basilisco, mas a morena estava desmaiada, tremendo e com a pele muito pálida.

– Temos que tirá-los daqui. – ela disse.

– Como? Tyson já está cuidado do imprestável do Febo e...

Ele parou de falar quando ouviu um riso. Uma menininha apareceu, ela tinha a pele morena, cabelos negros e olhos cor de café. Passava um ar de calmaria e emanava calor. Usava um vestido preto e estava descalça, com um diadema da mesma cor do vestido e um colar com a forma do planeta Terra. Mas havia algo em seu rosto que fazia com que ela parecesse perigosa.

– Annabeth? – ele disse ao ver o projeto de Samara.

Ela levantou e puxou Piper para perto de Grover. Percy também levantou e apontou a varinha em direção à menina.

– Vocês não machucariam uma menininha não é? – a garotinha disse, mas a voz dela dava medo.

Annabeth e Percy se entreolharam, ela puxou a varinha. Ambos apontavam para ela, cautelosos.

– Quem é você? – Annabeth perguntou.

– Não pareço com alguém que você conhece, Perseu? – a menininha riu.

– Não conheço ninguém que se parece com um filhote de cruz credo. – ele levantou a varinha ainda mais.

– Mas que coisa feia de se dizer. Ainda mais para sua bisavó. – Gaia deu um sorriso de gelar a alma.

– Percy... – Annabeth disse séria.

– Minha bisavó estar morta. – ele afirmou com o coração a mil.

– Eu pareço morta, Perseuzinho? – ela estendeu a mão.

Novamente os bruxos trocaram olhares.

– Olympus... aquele garoto do diário... – Percy tentou raciocinar.

– É o seu tio Hades. Eu acompanhei a vida dos meus melhores descendentes. Seu tio é o melhor neto favorito. E você, Perseu, é o meu bisneto favorito. Acompanhei sua vida desde que você nasceu. – ela fez o diário aparecer. – Aqui estão escritos seus melhores momentos. – Gaia jogou o diário para ele. – Da vez que você explodiu um cano na cara da menina La Rue, a tentativa de me impedir no ano passado. Você é muito especial para mim.

– Vamos dar o fora daqui. – Annabeth cochichou.

– O que você quer com Piper e Grover? Por que tudo isso? – ele disse irritado.

– O tolo sátiro viu um de meus meninos pela escola e tentou dar uma de herói. Terminou no sistema de canos, fugindo. A garotinha... bem, precisávamos de um motivo para a escola ser fechada. E o que melhor do que a única pessoa a descobrir quem abriu o Bunker ser pega pelo monstro? – Gaia riu.

Percy olhou com o canto do olho para Piper McLean.

– Mas chega de falar dos meus planos. Vejamos do que os meus escolhidos são capazes. – ela voltou a dar um sorriso maléfico. – Polifermo! Píton!

Os dois bruxos se entreolharam e a boca da estátua de Salazar Sonserina abriu. Uma cobra de pele verde apareceu, Annabeth e Percy desviaram o olhar para não morrerem. Atrás deles um ciclope de quase cinco metros apareceu, ele não era nada parecido com Tyson. Feio, gordo, careca e usando uma toga grega.

Di Immortales. – Annabeth exclamou.

– É, a gente vai morrer! – Percy respondeu.

– Você fica com a cobra. – ela disse colocando o boné na cabeça e sumindo.

– Porque é que EU tenho que ficar com o mais mortífero?! – reclamou.

– A bisavó é sua. – ela respondeu em algum canto.

Percy correu para um dos canos e ouviu o basilisco deslizar atrás dele. Ao fundo, ouviu barulho de luta e os gemidos de Grover. Ele não queria deixar o amigo e Piper completamente indefesos com seja lá o que tártaros fosse aquela mini Gaia, mas não tinha escolha. Sabia que Annabeth podia cuidar de si, mesmo com uma adaga contra um ciclope imenso. Correu pelo encanamento até encontrar outra antecâmara do Bunker, o que era estranho já que bunkers geralmente não eram tão grandes nem escondidos e nem com mais de um cômodo. O local era tão nojento quanto os demais cômodos, só que tinha explosivos. Leo Valdez provavelmente iria amar. Percy pegou alguns e correu para fora, tentando achar o basilisco, mas terminou voltando a câmera principal.

Annabeth estava enlouquecendo o tal de Polifermo com uma história de Ninguém. Gaia admirava Grover e Piper com um sorriso muito assustador. A adaga da menina causava pequenos e estratégicos pontos no gigante, enquanto Percy aprontava os fogos de artifício em direção aos canos, por onde o basilisco voltaria assim que notasse que o menino não estava mais no labirinto do encanamento. Gaia só notou que Polifermo estava prestes a ser derrotado depois que Percy terminou de montar os fogos. Para um "fantasma", ou seja lá o que ela fosse, ela era muito lenta. (Percy teve de quem herdar).

– Ninguém é melhor que você! – Annabeth gritou provocando o gigante.

Polifermo ficou com tanta raiva que começou a estapear o ar e então se ouviu o barulho de alguém caindo e batendo a cabeça no chão. Logo Annabeth tornou-se visível, assim como a grande quantidade de sangue que escorria da cabeça dela.

– ANNABETH! – Percy gritou.

Ele já ia correr até ela, mas o basilisco conseguiu passar pelos fogos de artifício sem nenhum problemas, já que Percy esqueceu de acender os objetos.

– Terá que escolher Jackson. Se atacar Polifermo, poderá salvar sua namoradinha. Mas Píton, meu querido basilisco, irá matar seus amigos. Se lutar contra Píton, sua namorada será morta pelo ciclope. – Gaia sorriu diabólica. – A decisão é sua.

– TYSON SOCORRO! – ele gritou, tirou a varinha do bolso e apontou para o que achou ser o rosto da cobra. – Týflosi.

Ouviu-se um o que parecia ser um chiado, ou seja lá qual for o nome do barulho que a cobra faz. O chão começou a tremer e Tyson invadiu o lugar com seu bastão. Não foi preciso que Percy dissesse nada, ele atacou Polifermo com toda sua força e uma luta entre um gigante de cinco metros e contra um de dois surgiu.

– Você pode ter cegado meu basilisco Jackson. Mas ele ainda tem o veneno dos dentes. – Gaia disse furiosa.

Píton começou a mover a cabeça como se estivesse tentando se livrar da cegueira. Com o canto do olho, Percy viu Febo Yew cambalear para dentro do bunker. Jogou a varinha até os pés do professor e destampou Contracorrente.

– Prove que não é um imprestável e tire-os daqui. Tire Piper, Grover e Annabeth! – Percy gritou para o professor.

Ele correu em direção a cobra para uma luta, mas pode ver o professor puxando Annabeth para fora da sala. Gaia parecia ser feita de fumaça, mesmo aparentando ser real, então não poderia ferir Piper e Grover fisicamente, o que daria tempo para Febo. Percy brandiu a espada e atacou com todo o peso do seu corpo, mas mesmo cego, o basilisco era rápido; desviou e tentou acertá-lo com a boca várias vezes, até que o menino não tinha alternativas a não ser adentrar na pequena e rasa piscina de águas imundas na frente da estátua do rosto de Salazar Sonserina. Píton continuou atacando, mas Percy não era tão bom com a espada como pensava. Enquanto tentava desviar de mais um ataque, ele viu Tyson derrotando Polifermo e pegar Grover, enquanto Febo tentava tirar Piper do local.

Gaia parecia furiosa por não poder fazer nada, já que não era um corpo sólido. Percy já poderia morrer sabendo que seus amigos estavam salvos. Píton investiu mais uma vez, só que, por o bruxo estar distraído com os amigos, terminou sendo mordido no braço esquerdo, enquanto tentava se proteger. O menino urrou de dor e caiu de joelhos nas águas imundas. Seu sangue parecia estar fervendo e seus ossos pareciam ser feitos de gelatina. O basilisco atacou mais uma vez, mas Percy usou o pouco de força que lhe restava para brandir a espada e acertar o focinho do animal. Seus olhos estavam começando a pesar quando uma luz amarela atingiu Píton, que já tinha se recuperado e estava pronta para atacar novamente. O bruxo viu que Febo lançou um feitiço de luz solar, o que permitiu que a cobra entrasse em completo desespero, mesmo estando cega. O que não fazia muito sentido, mas era melhor que nada.

– Tire-os daqui. – Percy gritou com o que lhe restava de força.

– Tá legal. – o professor correu, as calças borradas de urina.

Gaia deu um sorriso maléfico enquanto sua cobrinha de estimação se contorcia de dor e o bisneto estava quase desmaiando.

– Você me fará levantar Perseu Jackson. A profecia foi bem clara. – ela se aproximou do garoto. – Eu posso só ser uma lembrança, mas meu verdadeiro eu esta para despertar por causa de sua morte. Se você apenas tivesse deixando esse assunto do Bunker Secreto de lado, talvez tivesse mais uns dois ou três anos de vida.

– Não. Vou. Te. Ajudar. – ele disse pausadamente por causa da dor.

– Você tem veneno de basilisco dentro do próprio corpo, peãozinho. Não durará muito tempo. O imprestável daquele professor pode ter deixado Píton contorcendo-se de dor, mas ele logo estará bem e usará seu cadáver como brinquedo.

– Achei que também quisesse Annabeth. – conseguiu dizer.

– Não se preocupe com essa parte, criança. A pancada na cabeça foi muito forte. Duvido que ela sobreviva mais do que alguns minutos. – riu.

A raiva ajudou com que ele se levantasse, apertou Contracorrente e aproveitou que o basilisco estava se contorcendo de dor para enfiar a espada de bronze celestial na boca do animal, porém um dente ficou preso no braço direito de Percy, colocando ainda mais veneno em seu corpo. Com exceção do dente, Píton desintegrou-se e uma luz verde saiu das cinzas da cobra, quase como se fosse uma alma, mas parecia ser algo ainda mais tenebroso que isso. Parecia uma mulher. Na mente dele, o bruxo sabia que era a deusa Têmis, que antes guardava o Oráculo e primeira dona de Píton. A ideia de Annabeth estava errada (um milagre diga-se de passagem), o basilisco não era filho da poderosa serpente e sim a serpente em si, amaldiçoada pela poderosa Gaia para se passar por um basilisco e enganar quem tentasse descobrir qual era o monstro que habitava no Bunker Secreto.

Percy não sabia explicar como essas informações aparecem em sua mente, talvez o fato de estar morrendo fizessem com que ele pensasse. Ou a deusa Têmis estava feliz por se libertar da prisão que lhe foi imposta pela feiticeira Gaia, que resolveu colocar a verdade no cérebro do rapaz. Bem, isso não importava. A pequena e assustadora memória de Gaia zombava da cara do bisneto, que já estava sentado na piscina, com o tronco para fora e os braços estendidos. A pele dele estava começando a ficar verde e o diário apareceu no bolso de suas vestes e parecia pesar que nem uma bigorna.

– Boa morte, Jackson! – Gaia riu.

Os rostos de Sally e Poseidon apareceram em sua mente. A carne de seu corpo parecia estar sendo moída, suas células pareciam o nariz de Leo Valdez quando nervoso. Com o que lhe restava de força, ele conseguiu tirar o diário do bolso e erguer o dente da Píton, mas deixou o objeto cair de tão fraco que estava. Annabeth havia comido o que restou da ambrósia e conseguiu acordar, mas estava fraca e quase sem consciência de nada para poder fazer alguma coisa. Ela só ouviu o barulho da cobra sendo desintegrada e de cascos batendo no chão da caverna.

– Mas que tártaros? – o professor Febo Yew disse, sem fôlego, ao ver o pégaso de pelagem negra surgir da escuridão.

– É o Blackjack! – Tyson disse animado. – Ele vai nos ajudar.

– Você conhece esse animal? – Febo questionou.

– Consigo falar com cavalos. – Tyson sorriu. – O Percy? Ah ele tá ali. – apontou. – Por que você vai colocar esse tapete nele?

– Isso não é um tapete seu idiota! – Febo exclamou. – É o Velocino de Ouro, ele seleciona quem vai para qual casa.

Blackjack relinchou e outro cavalo apareceu, só que esse parecia ser feito de fumaça e eletricidade.

– Ele disse que esse é o Tempestade. Ele irá levar vocês até o terreno da escola. – Tyson disse pegando o Velocino do torço de Blackjack e colocando em Annabeth.

– Colocar o selecionador de casas em alguém com um crânio fraturado não vai ajudar em nada. – Febo disse montando em Tempestade e tentando segurar Piper e Grover.

– Não se preocupe, Blackjack disse que o Velocino vai salvar Annabeth e Percy. – Tyson sorriu.

Antes que Febo pudesse dizer algo, Tempestade disparou com ele, Piper e Grover. Tyson pegou Annabeth no coloco e montou no pégaso. Eles chegaram ao Bunker na hora em que o dente do basilisco caiu da mão de Percy. Gaia parecia que ia morrer de tanta felicidade. Annabeth sentiu-se melhor, era como se do nada, ela tivesse se livrado de toda dor que sentia. Tyson a colocou no chão e ela correu até o amigo quase desmaiado, com o Velocino nas costas como uma capa. Tyson e Blackjack tentaram chamar a atenção da lembrança de Gaia, o que não foi muito difícil. Assim que chegou ao lado de Percy, Annabeth colocou a pele de cabra em cima dele e pegou o diário e o dente de suas mãos.

– Ei cara de terra! – Annabeth chamou.

– O que? – Gaia disse virando-se para ela.

– Boa morte. – disse enfiando o dente no diário.

– NÃO! – Gaia gritou em desespero.

– AÊ! – Tyson se alegrou.

Enquanto Blackjack relinchava de alegria, sangue marrom escorria do diário e a imagem da menina doce e horripilante foi derretendo. O Velocino funcionou em Percy da mesma forma que funcionou em Annabeth, ele logo estava curado do veneno. Blackjack reclamou um pouquinho por ter que voar com Tyson em suas costas, mas terminou levando os três e o Velocino. Pelo que parecia, a caverna debaixo da escola tinha uma saída pelo teto que dava bem perto do lago. Imagine a surpresa da professora Chase quando viu o ciclope, a sobrinha, Jackson e o Velocino chegarem à sala do diretor com um diário destruído e dizendo que o monstro do Bunker foi derrotado. Tempestade levou Febo, Piper e Grover direto para a enfermaria. Minerva também mandou os meninos para a enfermaria junto com Tyson e foi chamar os professores. Quando eles chegaram ao local, Grover e Piper pareciam melhores e Febo estava relutante em deixar que o próprio filho suturasse o corte na cabeça dele.

– Jackson, Chase... esperem eu terminar de fechar o corte da cabeça desse chato aqui que eu vou ver como vocês estão. – disse o doutor Yew.

– Sem pressa, doutor. – Annabeth falou, ela estava meio tonta.

– Obrigado. – Percy disse sem graça.

– Pelo que? – ela sorriu.

– Por salvar minha vida. Você faz isso com certa frequência. – ele forçou um sorriso.

– Bem, você sempre se mete em encrencas, Cabeça de Alga.

– Ainda assim, obrigado.

Eles estavam sentados na mesma maca, já que a enfermaria estava ocupada com os alunos petrificados, Grover e Piper. Annabeth deu um leve beijo na bochecha dele, fazendo os dois corarem. Tyson estava sentado encostado na parede, brincando com cotonetes.

– Percy! – Thalia exclamou na porta da enfermaria.

Pela primeira vez na história, ela correu para abraçá-lo. Obvio que também puxou Annabeth para o abraço, mas ainda assim continuou sendo algo meio constrangedor.

– Plutão contou o que vocês fizeram. Meus deuses! – ela estava eufórica. – Se algo acontecesse com você, tia Sally teria um infarto!

– Nem me fale... – ele coçou a cabeça.

– Onde vocês estavam com a cabeça, hein? Poderiam ter morrido!

Eles não tiveram tempo de responder, Silena entrou correndo na enfermaria com o rosto cheio de lágrimas. Ela abraçou Piper e chorou mais ainda. Parado ao lado dela, estava Beckendorf. Percy sabia que ele tinha uma queda por ela, mas nunca havia passado de amizade.

– Perdão Pipes, perdão... – Silena implorava.

– Silena... o que você fez? – Annabeth perguntou ao notar a culpa no rosto dela.

– Eu não queria. – ela chorou. – Aquele diário... ele... ele apareceu em minhas coisas e mostrava mensagens dizendo que se eu não fizesse o que ele mandasse, matariam a Piper.

Beckendorf a abraçou. Silena continuava a chorar e a soluçar. Percy ficou com um nó imenso na garganta.

– Eu tentei me livrar dele, eu juro. – ela choramingou. – Mas aí ele meio que aparatou até minhas coisas e trouxe consigo alguns pergaminhos com o nome do Percy.

Percy e Annabeth se entreolharam. Ele contou para ela que parecia que alguém havia arrombado o seu dormitório, revirado suas coisas e roubado o diário. Mas considerando o poder que Gaia colocou no diário, era bem capaz do objeto conseguir ter feito aquela bagunça toda apenas aparatando. Beckendorf não parava de consolar Silena.

– Porque não contou para alguém? – Annabeth perguntou também se sentindo mal pela moça.

– Eu contei para a Piper. Ela disse que iria me ajudar, mas que precisava falar com o Jason primeiro, para dar algo para ele poder vigiar os cantos. – snif. – Então ele foi petrificado e nós ficamos com mais medo ainda.

– A pomba de vocês...? – disse Annabeth.

– Foi uma prova de que o diário não estava brincando. – ela continuou abraçando Beckendorf. – Eu sinto muito por tudo que vocês tiveram que passar, mas agradeço do fundo do meu coração.

– Ora, ora... uma confissão. – disse uma voz grossa.

Todos olharam para a porta da enfermaria, lá estava Ares La Rue, com seus óculos escuros mesmo as cinco da manhã. O diretor Júpiter e Zeus, o Ministro da Magia, estavam atrás dele.

– Senhorita Beauregard, a senhorita terá que me acompanhar até o Ministério da Magia. – Ares disse limpando as unhas com um facão.

– Por quê? – Beckendorf perguntou se colocando na frente de Silena.

– Sai da frente moleque. Ela precisa depor. – o Auror respondeu.

– Não há o que se preocupar senhor Beckendorf. A senhorita Beauregard será acompanhada por mim. O pai e mãe dela estarão lá. É algo informal. – Zeus disse, sereno.

– Informal? A guria quase matou três adolescentes, um deles é seu filho. – Ares disse irritado.

– Está tudo bem, Charlie. – Silena tentou prender as lágrimas. – Tenho que pagar pelo que fiz.

– Mas você não fez nada! Estava apenas protegendo sua irmã! Isso não pode ser crime! – Beckendorf disse olhando nos olhos dela.

Silena ficou nas pontas dos pés e deu um leve selinho nele.

– Vou ficar bem, Charlie. Percy, Annabeth, se não for pedir demais, contem a Piper que está tudo bem quando ela acordar. – Silena disse com lágrimas escorrendo pelo rosto.

– Claro. – Percy respondeu.

Silena forçou um leve sorriso, caminhou até os adultos e desapareceu de vista com Ares e Zeus. Beckendorf segurou a mão de Piper e deixou uma lágrima cair. Percy e Annabeth estavam em choque, jamais pensariam que a doce Silena fosse capaz de algo como aquilo. Mas era Gaia. Obrigar Silena a abrir o Bunker para que Píton atacasse os nascidos trouxas, parecia ser algo que a bruxa faria sem pensar duas vezes. A pobre da Silena deve ter vivo o tártaro com esse segredo.

– É ela. – Tyson disse ainda encostado na parede. – Ela foi a moça que eu vi no banheiro.

– Pobre Silena. – Percy falou com compaixão.

– Não acho que o Ministério fará alguma coisa. – Annabeth disse séria.

– Ela quase nos matou e petrificou três alunos. – Febo exclamou.

– Ela foi chantageada. E tem mais, ninguém morreu ou foi ferido gravemente. Aposto que os juízes entenderão o caso dela. Entenderam o meu. – Annabeth disse.

– Você nunca me contou como foi que sua mãe conseguiu com que você não fosse expulsa da escola. – Percy lembrou.

– Me fizeram ir para uma pequena audiência, minha mãe deu uma de advogada, é claro. – ela deu de ombros. – Mas depois que expliquei que, ou eu usava magia, ou nós morríamos, eles disseram que eu não seria acusada de nada. Silena também não será, ela fez o que fez para proteger Piper.

– Silena boazinha. – disse Tyson.

– É, Silena é boazinha. – Percy concordou.

Michael continuou suturando o corte na testa do pai, Febo não disse nenhuma palavra. Thalia continuo fingindo que não estava ali, ela havia sentado ao lado da cama de Jason e segurava a mão do irmão. Apesar de tudo, ela só conseguiu sentir-se mal por Silena, nada de raiva. Percy e Annabeth logo foram liberados e foram recebidos como heróis perante os estudantes. Plutão Levesque disse que o casal conseguiu salvar Piper e também derrotaram o monstro. Ele não mencionou nada sobre Tyson, Grover e muito menos Gaia. O professor de poções também disse que Minerva havia ido mandar notícias para os pais dos alunos envolvidos. O que fez com que Percy esperasse por uma bronca imensa dos pais.

Como todos estavam dormindo em colchonetes no salão principal, Annabeth e Percy arrumaram um canto livre depois da comemoração feita pelos demais alunos e finalmente puderam estender seus colchões e dormir. As palavras de Gaia ficavam ecoando na mente de Percy. Profecia... ela precisava que ele e Annabeth morressem para voltar à vida... de seu tio Hades ser o neto querido dela e ele ser o bisneto favorito... não tinha muito sentido, mas ele ficou grato por o Profeta Delfos Diário ter publicado a mesma história que Plutão Levesque disse aos demais. Sorte que o jornal não mencionou nada sobre Silena, apenas disse que os Aurores não tinham ideia de quem havia encontrado o Bunker e soltado a Píton. Em menos de doze horas Silena foi inocentada e voltou para a escola, as únicas pessoas que sabiam de toda a história juraram não contar nada a ninguém.


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Notas finais do capítulo

Týflosi = cegueira (em grego)