Demigods in Hogwarts escrita por SeriesFanatic


Capítulo 11
A poção polissuco




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A notícia da petrificação de Lee Fletcher correu os corredores de Hogwarts numa velocidade assombrosa na manhã seguinte. Os alunos estavam com medo e os professores não sabiam se iam conseguir conter as crianças. No almoço, Luke sentou ao lado de Percy na mesa da Lufa-Lufa, ele parecia melhor da diarreia.

– O doutor Yew disse que foi alguma coisa que eu comi. – Luke disse ainda meio pálido. – Mamãe ficou maluca quando os gêmeos contaram para ela que eu estava de cama.

– Sua mãe acredita em Connor e Travis? – Percy levantou uma sobrancelha.

– São os filhos caçulas dela. Se bem que meu pai nunca acredita no que aqueles dois falam. Nem eu. Mas a minha mãe sim. – Luke riu levemente.

Pelo que Percy sabia, Hermes Castellan e May tiveram Luke havia 15 anos. Connor e Travis nasceram no ano seguinte. Os três meninos tinham feições de elfos, aquele sorriso matreiro, eram rápidos, altos e magros. Mas os gêmeos tinham os cabelos e olhos castanhos do pai, enquanto Luke puxou os cabelos loiros e os olhos verdes da mãe. Connor e Travis brincavam com o almoço enquanto Luke mal parecia estar com fome.

– Luke posso te perguntar uma coisa? – Percy disse engolindo a carne.

– Acabou de perguntar. – ele disse bebericando o suco.

– É sério... por que eu?

– Como assim?

– Sei que Beckendorf inventou que os demais alunos da Lufa-Lufa não podiam jogar. De certa forma, vocês dois combinaram para que fosse eu quem te substituísse. O que não foi uma ideia muito inteligente.

– Ganhamos para a Grifinória. Sabe o quão difícil é isso?

– Ainda assim. Por que eu?

Luke parou de olhar para Percy e encarou o prato intocado na sua frente, dando um sorriso alegre.

– Não notou nada de estranho?

– Só o fato de que eu quebrei sua Firebolt.

– Percy, ninguém está te evitando. Ninguém mais se incomoda em sentar ao seu lado. Todo mundo fala com você. Não tem mais nenhum idiota que acredite nessa baboseira de que "Cronos está voltando para acabar com o Mundo Mágico" aqui na Lufa-Lufa. – Luke respondeu alegre.

Percy franziu o cenho e olhou para a mesa, Luke estava certo. Não havia mais ninguém querendo sentar-se o mais longe possível dele. Todos os alunos, de todos os anos estavam rindo e contando piadas, mesmo após o estagiário do diretor da casa ter sido petrificado.

– Obrigado. – ele respondeu feliz pelo ato.

– A ideia foi minha, mas Beckendorf concordou na hora. Sabemos que seria uma chance super pequena de você conseguir fazer a gente ganhar o jogo, mas deu certo. – o sorriso dele aumentou. – Juro que a diarreia não fazia parte do plano, eu apenas aproveitei a oportunidade de ter tido alguma infecção alimentícia.

Percy não sabia o que dizer. Agradeceu novamente e depois falou com Beckendorf, que deu um imenso sorriso e um abraço de urso no menino. Depois da última aula, todos os alunos foram chamados em uma ala do colégio onde tinha sido montado um "tatame" de madeira, para o que parecia ser um combate. Ele achou Annabeth sentada em um banco lendo um livro chamado Cidade dos Ossos.

– Vivemos num mundo com magia e você tá lendo sobre filhos de anjos? – ele riu.

– Melhor do que ler Crepúsculo. – ela limitou-se a levantar o olhar.

– Ei, é um livro bem legal. A culpa não é minha se os filmes não são lá essas coisas. – ele sentou ao lado dela, que riu da resposta.

– Para um garoto, você é bem sentimental.

– Todo mundo chora com A Culpa É Das Estrelas, tá legal. Não sou só eu. – ele cruzou os braços e ela revirou os olhos. – Alguma atualização no nosso "projeto extra"?

– Ficará pronto até o natal. – ela disse fechando o livro.

– Ótimo. Assim terei uma desculpa para ficar aqui e faltar à festa chata do meu tio Zeus.

– Só me explique: como é que você vai explicar para sua mãe que Clarisse é a herdeira da Sonserina e que pretendemos usar uma poção que quebrar tipo umas sessenta regras da escola para nos transformamos em Sherman e Mark para impedirmos que ela mate alguém? – Annabeth fez sua melhor cara "sério idiota?".

– Ah... – Percy parou para pensar. – Vou precisar mentir para minha mãe, não é?

– Apenas diga que os professores passaram muitos deveres de casa.

– Seus pais caem nessa?

– Claro que sim.

– O problema é que eu não sou CDF. A última coisa no mundo que eu faria era ficar trancado no salão comunal ou na biblioteca estudando. Muito menos no natal.

– Percy, deixe de ser chato. Sei lá, diga que não gosta de ir para a festa do seu tio. Ou que um amigo precisa de ajuda. Se quiser, eu posso ficar ao seu lado quando você mandar a mensagem de Íris.

– Obrigado. – ele abaixou o olhar.

– Muito bem crianças. – o professor Febo Yew os chamou.

– Me explica de novo: porque nós estamos tendo aula extra com esse incompetente?

– Ele é quente. – ela deu um suspiro.

– Só porque o único feitiço que ele consegue fazer que preste é um que controla a luz do sol, não quer dizer que ele seja o sol.

– Não foi isso que eu quis dizer, sua anta. – ela revirou os olhos.

– Como todos vocês sabem, há coisas... diferentes acontecendo em Hogwarts esse ano. E o professor Levesque e eu resolvemos preparar vocês! – Febo disse desfilando com seu sorriso irritante.

Ele usava vestes cinzas, o cabelo loiro encaracolado fazia ele parecer um anjo barroco. A cara de fuinha estava evidente, se bem que as meninas não pareciam notar isso. Michael Yew, o único filho do professor, também tinha a mesma cara de fuinha, só que ele era um médico brilhante, enquanto o pai quarentão parecia um Indiana Jones que deu errado. Ao lado do aventureiro de quinta categoria, estava o pai de Hazel. Os cabelos sebosos cor petróleo, a pele clara como um fantasma e olhos mais escuros que a noite. Às vezes Percy se perguntava como é que ele era pai de Hazel. Não só por a menina ser negra, com olhos cor de âmbar e cabelos encaracolados cor de chocolate, mas por ela ser um amor de pessoa e com um coração de ouro – segundo Frank. O professor de poções usava vestes negras, que pareciam ter sombras presas, como sempre.

– Não se preocupem crianças, logo devolverei o professor de poções de vocês. Mas primeiro: quem quer se voluntariar para começarmos o nosso treinamento de duelo? – Febo sorriu.

Percy e Annabeth se entreolharam com as sobrancelhas levantadas. Todos os alunos do segundo e primeiro ano das quatro casas estavam ali. Clarisse La Rue levantou a mão e Plutão a deixou subir no tatame, as vestes da Grifinória pareciam erradas nela.

– Precisamos de mais um voluntário. – Febo disse com sua voz irritante.

– Jason Grace. – Leo Valdez gritou perto da porta.

– Ah, perfeito. Suba senhor Grace. – disse Febo.

– Não creio que seja uma boa ideia. A varinha de Grace está quebrada desde o início do ano letivo. Ele pode terminar ferindo alguém. – Plutão disse pela primeira vez.

– Sabia disso? – Annabeth perguntou a Percy.

– Não. Não somos amigos. Quando estávamos pendurados de cabeça para baixo no Salgueiro Meio-Sangue eu nem consegui alcançar minha varinha. – Percy deu de ombros.

– Muito bem então... hum... Jackson? Por favor, suba. – disse Febo.

Se Percy antes já não gostava daquele professor, agora ele gostava apenas um pouquinho. Lutar contra Clarisse estava na sua lista de "Nunca Fazer", mas depois do que Annabeth o contou sobre como La Rue a tratou, ele estava querendo vingança. Subiu destemido e ficou no meio do tatame, de frente para a valentona. O sorriso sedento de sangue de Clarisse faz com que o coração dele batesse mais rápido. Ambos levantaram as varinhas – a dela era de cor vermelho sangue com desenhos de javalis, enquanto a dele era azul escura com desenhos de peixes.

– Com medo Jackson? – disse provocando-o.

Com o canto do olho, Percy viu Annabeth apreensiva, provavelmente porque ela sabia o que Clarisse era capaz de fazer com as próprias mãos. Ou seja, com a varinha, ela seria mais traiçoeira que o símbolo da Sonserina.

– Vou fazer você se arrepender de maltratar nascidos trouxas, Clarisse. – ele disse abaixando a varinha.

Ela pareceu gostar da ideia. Ambos viraram de costas um para o outro e deram cinco passos, voltando a encarar o oponente.

– Quando eu disser 3, digam feitiços para desarmar o adversário. APENAS desarmar. Não queremos ninguém indo parar na enfermaria numa lata de sardinha. – Febo os "orientou".

Plutão levantou a sobrancelha e se perguntou por que tártaros havia concordado em ajudar aquele imbecil. Antes do três, Clarisse soltou um feitiço de pressão de ar em Percy que quase o fez voar para cima de Febo Yew.

– Ei, isso não é justo. – Piper McLean exclamou.

– Tá brincando? – Sherman riu com sua cara de pitbull. – Acaba com ele, Clarisse!

– Eu disse para desarmar, senhorita La Rue. – Febo a lembrou.

Seismós! – ercy gritou apontando a varinha para o chão.

Um terremoto particular aconteceu debaixo dos pés de Clarisse.

Lónchi̱! – Clarisse gritou.

A varinha dela fez uma lança ser jogada com toda a força contra Percy.

Aspída! – ele gritou e sua varinha transformou-se em um escudo de guerra de bronze celestial.

– Crianças, isso é apenas para que vocês aprendam a desarmar o oponente. – Febo exclamou.

– Você, por acaso, os ensinou algum feitiço para desarmar ou proteger? – Plutão perguntou, tentando fingir que não estava gostando da luta que ocorria.

Febo não respondeu, pois Percy e Clarisse soltavam vários feitiços um contra o outro.

– Faça alguma coisa! – Febo exclamou para Plutão.

– E acabar com a diversão? – ele respondeu, sádico.

– É tudo o que tem Jackson? – Clarisse provocou, ela estava com os braços abertos, como se estivesse esperando algo.

Percy olhou para Annabeth, ela parecia apreensiva. Reyna e seus longos cabelos negros estavam ao lado dela, com um livro em mãos. Antes que ele voltasse à atenção para Clarisse, viu o menino fantasma. Sabia que ele era da Sonserina pelas vestes, mas quase nunca via o garoto pela escola e ele era muito novo para estar no primeiro ano. Os cabelos negros estilo Beatles, anel de caveira e olhos tão escuros quanto à própria escuridão. O garoto lhe dava medo. Percy apontou a varinha azul marinho para Clarisse e gritou em alto e bom tom:

Óti i̱ thálassa kalýptei sas!

Uma onda gigante de quase três metros de altura saiu da varinha de Percy e caiu em cima de Clarisse. Parecia que a varinha tinha obedecido à risca quando ele disse que queria que o mar a cobrisse, uma bola de água salgada afogou a menina como se estivessem dando descarga. Que vingança melhor que essa após uma valentona enfiar a cabeça da sua melhor amiga numa privada?

– Jackson, já chega! – Febo gritou.

– VOCÊ VAI PAGAR POR ISSO SEU SANGUE SUJO! – ela pegou a varinha e apontou para ele com um sorriso assustador. – ÉLA SE MÉNA, TÉRAS!

Um monstro que parecia uma cobra apareceu. Percy hesitou quando viu que não era exatamente uma cobra, mas parecia tanto com o símbolo da Sonserina que ele teve certeza de que Clarisse era a herdeira da casa.

– Não se preocupe Jackson, eu cuido disso. – Plutão disse subindo no tatame pelo lado de Clarisse.

– Ah... permita-me Levesque. – Febo sorriu, apontando para a cobra.

Antes que Febo pudesse dizer algo, a cobra rastejou para Percy e falou algo que ele entendeu, o menino respondeu na mesma língua, deixando todos espantados. A cobra apontou para Frank, então Plutão fez faíscas saírem de sua varinha e queimou a cobra. Percy olhou para a multidão e ao ver os rostos estampados de medo. Frank estava mais pálido que neve.

– Jackson...? – Febo o chamou, sem emoção.

Percy olhou para o professor e correu para fora do local. Era fim de tarde e apesar do frio, ele conseguiu chegar à cabana de Quíron. O centauro foi carinhoso como sempre. Ofereceu chá com biscoitos e não se importou de ouvir toda a luta e os sentimentos de raiva do menino em relação à Clarisse. Obviamente que ele deixou de lado a parte da poção polissuco. Como não queria mais pensar nos problemas que acabara de se meter, ele apenas perguntou a Quíron como ia a vida dele e se havia alguma notícia de Grover.

– Infelizmente não. – o centauro respondeu infeliz. – Os pais dele estão muito preocupados e para ser sincero, eu também.

Aquele notícia deixou o bruxo ainda mais infeliz. Ficou com Quíron até tarde e voltou para Hogwarts quando todos já estavam dormindo, não queria arriscar falar com ninguém, muito menos com Frank. No meio do caminho, encontrou vários fantasmas, como Péricles, Ícaro, Jasão e Aquiles. Os fantasmas de Hogwarts até que eram legais, apesar de que vivam comprando briga com os Lares e terminavam fazendo algum aluno se machucar, mas nunca era nada grave. Na verdade, era algo tão normal que os professores já estavam acostumados a ignorar e os alunos, a rirem. Ele entrou no quarto e encontrou os amigos dormindo, se jogou na cama e ficou com as palavras de Quíron em mente, sobre a possibilidade da morte de Grover. Adormeceu mesmo sem querer, pois o cansaço foi maior.

Desde que voltara para o segundo ano, Percy não havia sonhado com nada, o que era uma maravilha. Na verdade, desde o incidente com o professor Mercúrio no ano anterior, é que ele não havia sonhado com mais nada. Mas sonhou naquela noite. Estava em um lugar úmido que parecia ser uma caverna subterrânea. Havia muita água no local, tudo era feito de mármore verde escuro e dava uma sensação de se estar no esgoto. O cheiro era horrível para ser descrito e parecia ter várias estátuas de cobras no local. Então algo extremamente inusitado aconteceu, ele viu Grover desmaiado no fim da caverna de mármore, ele não parecia estar vivo e ainda por cima, usava um vestido de noiva. Que ressaltava as pernas cabeludas de bode. Percy tentou gritar ou se mover, mas Grover continuou dormindo e comendo o véu do vestido.

Na manhã seguinte, ele praticamente puxou Annabeth para fora do Salão Principal para contar sobre o sonho. Ele nem ligava para o fato de que ninguém da Lufa-Lufa, nem mesmo Luke, queria sentar perto dele. Ela ouviu atentamente ao sonho, sem dizer uma mísera palavra. Os cabelos loiros estavam presos em um rabo-de-cavalo e ela parecia que não havia dormido na noite anterior. No dia seguinte, começava o recesso de inverno, quando boa parte dos alunos iam para casa comemorar as festas de fim de ano com a família. O que significava que a escola estava decorada para o natal, com o cheiro de alcaçuz pairando e aumentando a fome de qualquer um. A neve começava a cobrir o chão quando Percy terminou de contar o sonho. Annabeth continuou com a testa franzida e o encarou.

– Por que você não está feliz? Grover estar vivo! – ele exclamou.

– E é uma ótima notícia, Percy, mas... – ela parou de falar.

– Mas o que? Podemos falar para Quíron. Ele conhece essa escola com a palma da mão. Com toda certeza saberá onde fica esse esgoto estranho. – ele sorriu.

Annabeth mudou o peso do pé para o esquerdo, então ele notou que algo a incomodava.

– Algum problema? – perguntou temeroso.

– Você é um ofidioglota. – ela disse a última palavra com medo.

– Ofidio o que? É uma doença? – ele se espantou.

– Não Cabeça de Alga! É uma habilidade. Quer dizer que você pode falar com cobras. – o medo estava evidente no rosto dela.

– Eu sempre pude falar com cavalos, nunca com cobras. – ele pensou.

– Percy, falar com animais é algo raro, até mesmo no mundo da magia. Mas... há certos animais que é melhor não conseguir ter comunicação com eles. Como as cobras. Cavalos, corujas, coelhinhos, peixes... tudo bem, mas cobras? Não é boa coisa. – ela explicou.

– Ei, eu estou ensinando o Nemo a falar inglês, me dê uns anos e ele vai estar cantando feito Alvin e os Esquilos.

A expressão dela continuou séria e ele entendeu que não era hora para gracinhas.

– Há uma razão para o símbolo da Sonserina ser uma cobra. Salazar Sonserina era ofidioglota. – ela disse ficando mais pálida do que já estava. – E a forma como você atiçou aquela cobra para cima do Zhang...

– Eu não aticei. Ela queria atacar o Frank, eu apenas pedi para que não fizesse isso. – ele deu de ombros.

– Tá falando sério? – ela desconfiou.

– Juro pelo Estige que sim! – ele exclamou. – Frank é um dos meus melhores amigos depois de você e Grover. Nunca deixaria ninguém atacá-lo, muito menos uma cascavel.

Ela pareceu analisar as palavras que o amigo disse.

– Você acha que eu sou o herdeiro de Sonserina, não é? – chutou.

– Não! – exclamou. – Mas... não! Mas nada! Você é o Percy, pelo amor dos deuses! Você é um dos bruxos de sangue puro mais doce e bom que existe. – não parecia que ela estava dizendo aquilo para deixar o amigo mais feliz e sim para si mesma.

– Annabeth, olha... é a Clarisse tá! Clarisse é a única pessoa aqui que odeia, machuca e faz bullying com os nascidos trouxas. – ele disse também para se convencer.

Ela desviou o olhar e ele segurou a cabeça dela, forçando-a de leve a olhá-lo nos olhos.

– Eu nunca machucaria você. – disse firme.

Annabeth concordou com a cabeça e o abraçou. Os lindos cabelos loiros cheiravam a morango. Mais tarde naquela noite, ele mandou uma mensagem de Íris para Sally, explicando que os professores passaram muito dever de casa e que não poderia passar o natal com os pais.

"Eu compreendo Percy. E fico muito feliz em saber que você está se dedicando aos estudos." Sally falou.

– Pois é! Sem estudo, sem futuro. – ele forçou um sorriso.

"Algum problema filho?"

– Não. – ele pausou. – Na verdade... er... mamãe, a senhora sabe alguma coisa sobre a descendência da família do papai?

"Filho de Cronos, por quê?"

– Não essa parte. Isso eu sei. Me refiro a... aos fundadores de Hogwarts. Sabe dizer se o papai tem algum parentesco com eles?

"Creio que não. Gaia é sua bisavó e duvido que os filhos dos fundadores de Hogwarts fossem querer algo com os filhos dela."

– E da sua família?

"Percy, o que está acontecendo? Por que esse interesse súbito na árvore genealógica?"

– Trabalho da escola. – mentiu.

Sally pareceu estar procurando no rosto do filho se ele estava mentindo.

"Que eu saiba não. Minha família morava no sul da Inglaterra e foi uma das primeiras a ir para os Estados Unidos. Sou a primeira bruxa em cinco gerações a voltar para a terra natal. A guerra contra Gaia ocorreu em Londres e minha família nunca migrou para nada acima de Liverpool."

– Obrigado mamãe. Tenho que ir, feliz natal!

"Feliz natal filho."

Quando deu de noite, ele estava na sala de estudos, com Minerva Chase orientando os alunos. Ele levantou e caminhou para fora da sala, ignorando os olhares de medo dos colegas do segundo ano de todas as casas. O plano de Annabeth era fazer com que eles virassem Sherman e Mark na noite de natal para irem falar com Clarisse. Caminhou cabisbaixo até dobrar a esquerda e gritou quando viu Péricles, o fantasma rabugento, petrificado no ar. Frank Zhang estava petrificado e desmaiado em cima de uma poça de água. A professora Minerva correu até ele assim que ouviu o grito e ficou mais pálida que a neve quando viu o que havia ocorrido. A professora mandou os alunos chamarem o doutor Yew e, mesmo com a movimentação, ele viu pequenas aranhas deixando o local. Claro que Minerva não as notou, estava mais ocupada tentando fazer os alunos pararem de exigir que Percy fosse expulso.

– Professora... – ele chamou, choramingando.

– Vá para cama Jackson. – ela orientou.

– Não fui eu! – ele declarou.

– Eu acredito em você. Vá para cama, Jackson. – disse firme.

Para sorte dele, Chris, Dakota e Will estavam dormindo e não tinham como saber sobre o que aconteceu com Frank. Mas a notícia se espalhou rápida pelo castelo. Na manhã seguinte, ele foi falar com o diretor Júpiter e encontrou Jason na sala do diretor, a conversa parecia séria. Tanto que Quíron estava lá também. Percy tentou se explicar dizendo que não sabia que falava com cobras e que muito menos seria capaz de machucar Frank, Quíron apoiou o menino o tempo inteiro. Por fim, Júpiter disse que acreditava nele e pediu para que fosse aproveitar os doces de natal. Percy passou o dia inteiro no banheiro feminino do segundo andar junto com Annabeth fazendo os últimos preparos da poção, sem nenhum dos dois falar nada. Fazer com que os valentões idiotas do Sherman e do Marcus encontrassem os bolinhos flutuantes com uma poção do sono, comerem e desmaiarem foi fácil. Difícil foi Annabeth e Percy não vomitarem ao tomarem a poção polissuco com fios de cabelo dos irmãos cara de cachorro. As vestes da Sonserina ficaram ideais ao novo corpo, mas foi estranho para os dois se verem com olhos e cabelos pretos como piche. Fora os músculos e o fedor de javali dos dois.

– Anda, temos uma hora até o efeito passar. – Annabeth disse com a voz de Mark.

– Só me prometa uma coisa. – Percy disse afrouxando a gravata verde.

– Tá, prometo não espancar a Clarisse com esses músculos estilo Chuck Norris. – ela riu.

– Isso não. Se quiser espancá-la fique a vontade, não vou te impedir.

– Então o que é?

– Não olhe para dentro da cueca do Mark.

– Não estava planejando fazer isso.

Os dois partiram até o Salão Principal e encontraram Clarisse quase explodindo de tanto comer doces e porcarias. Não havia ninguém perto dela o que facilitou com que eles puxassem conversa.

– Seu pai disse alguma coisa sobre o que aconteceu com o Zhang? – Annabeth chutou.

– Papai? – Clarisse riu. – Claro que ficou feliz! Se dependesse dele, o idiota do Marte como aquela esposa chinesa e o projeto de urso panda que eles chamam de filho, teriam ganho uma passagem só de ida para o Mundo Inferior há anos. – ela disse sórdida.

Percy cerrou os punhos, mas Annabeth o tranquilizou colocando a mão em cima da dele. Para a sorte dos dois, Clarisse não pareceu notar o gesto de carinho.

– Seu pai deve ter ideia de quem está fazendo isso né? Livrando Hogwarts de uma vez por todas dos sangues ruins. – Annabeth disse, com uma expressão que fez a cara de buldogue de Mark ficar alegre.

– Já disse que não. Vocês estão com problemas de memória é? – ela zombou, os cabelos castanhos lisos estavam melados de glacé. – Papai quer é mandar um presente para seja lá quem está fazendo isso. E para ser sincera, eu também. Espero que esse monstro, seja lá o que for, faça mais do que petrificar os sangues ruins. A panaca da Ceres está cuidando para que as mandrágoras cresçam logo para trazer essa galera de volta ao normal.

Percy e Annabeth se entreolharam. Clarisse conseguia ser muito má mesmo sem querer.

– E não tem nem ideia de quem seja que está fazendo isso? – Percy arriscou.

– Nha! Todo mundo tá comentando que o panaca do Jackson. Mas fala sério, o garoto mal consegue ficar em cima de uma vassoura sem quase engolir o pomo de ouro! Um idiota como aquele? – gargalhou. – Acho que é o Grace. O moleque tá agindo estranho desde o início do ano letivo. Mas tem aquela frase que foi pintada de sangue... não creio nem que o herdeiro de Sonserina esteja vivo.

– Por que acha isso? – Annabeth perguntou.

– A família do Grace é da Grifinória há várias gerações. Tirando Hades que foi para Sonserina e o filho dele, Plutão. Você mesmo me disse Sherman que não há ninguém na Sonserina que é descendente do criador da casa. – disse Clarissse.

– É mesmo. – Percy concordou.

– Ah... Sherman... temos que ir. – disse Annabeth.

– Por quê? – Percy perguntou.

– Lembra que combinamos de nos encontrarmos com Plutão? Para ver aquele problema com a nossa suspensão?

– Vocês foram suspensos de novo? – Clarisse riu. – Sherman, você tem que parar de espancar os sangues ruins na frente dos professores.

– É meio difícil... – Percy tentou ser convincente.

Annabeth o puxou para o banheiro feminino, se tivessem demorado mais um minuto, a cara de buldogue de Mark ganharia um lindo cabelo loiro encaracolado.

– Não é ela e não é ninguém da Sonserina. – Percy disse tirando as vestes de Sherman.

– É. Clarisse teria se gabado ou dito que somos idiotas ou coisa pior por não lembrarmos o nome do herdeiro. – ela disse dentro de um dos boxes.

– E o que fazemos agora? A poção acabou, o monstro vai continuar atacando até que alguém o pare e não temos a mínima ideia de quem seja o herdeiro. – ele tirou as calças.

Annabeth saiu do boxe na hora que Percy estava abotoando a camiseta social branca. Ela parecia que ia vomitar.

– Agora vamos seguir a pista de Clarisse.

– Jason não fala com Piper e Leo desde o ano passado. E eu não vou beber essa poção de novo.

– Não vamos nos transformar em Piper e Leo. Ele é seu primo, você vai falar com ele.

– Caso você ainda não tenha notado, Jason e eu somos tão unidos quanto Harry Potter e Voldermort! Ele nunca me falaria algo e, além do mais, minha família não tem ligação sanguínea com os criadores das casas.

– Eu sei, mas é a única pista que temos.

– A única pista que temos é que o Bunker já foi aberto uma vez. Antes achamos que foi Marte ou Ares quem abriu e que ensinou Clarisse como fazer... mas agora... estamos sem pista e seja lá o que esse monstro for, vai terminar machucando um nascido trouxa.

Annabeth olhou para a janela pensativa, admirando os flocos de neve caindo.

– Não temos escolha ou suspeita nenhuma, Percy. Quando Jason e Thalia voltarem depois do ano novo, você vai virar amigo do seu primo.


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Notas finais do capítulo

Seismós = terremoto (em grego)
Lónchi̱ = lança (em grego)
Aspída = escudo (em grego)
Óti i̱ thálassa kalýptei sas = que o mar lhe cubra (em grego)
Éla se ména , téras = vinde a mim, monstro (em grego)