Demigods in Hogwarts escrita por SeriesFanatic


Capítulo 1
Hogwarts e o Velocino de Ouro




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— Percy querido, acorde. – disse Sally.

O que ele mais queria era acordar daquele pesadelo, que era de fazer qualquer um borrar as calças! Uma terrível figura humanoide, com olhos demoníacos e um sorriso de congelar a alma. A coisa estava em uma casa queimada às cinzas, a atmosfera era sinistra e Percy ouvia o sibilar de uma cobra.

Aquele sonho lhe dava medo, mas não era um medinho qualquer, era medo mesmo, da forma como ele nunca havia sentido antes. Aquele lugar era imundo, não só pela poeira, mas havia algo ali que o fazia sentir-se inútil e sujo. A figura fixou os olhos horrendos nele e deu um sorriso pior ainda.

“Meu peãozinho... venha até mim” uma voz ecoou na mente dele.

Percy queria gritar, se mover ao menos. Mas não conseguiu. A figura começou a ir em direção a ele, só que não estava realmente andando, pois suas pernas pareciam estar conectada ao chão de terra batida. O menino quis levar a mãos aos olhos, ou talvez fechá-los, mas estava completamente paralisado. Ele sentia alguma coisa o sacudindo e na hora que a figura sinistra o atravessou, como se fosse um fantasma, ele acordou. Com a respiração fraca, o travesseiro molhado de baba e o rosto encharcado de suor, Percy percebeu que o fato dele sentir-se sacudido era porque sua mãe estava tentando acordá-lo.

— Outro pesadelo? – ela forçou um sorriso acolhedor.

— Hum hum. – ele concordou sentindo ânsia de vómito.

Percy sentou na cama e esfregou os olhos, esperando que a dor da luz do sol em seus olhos parasse. Ele analisou o próprio quarto enquanto seu cérebro começava a trabalhar. Era um lugar grande que cheirava a maresia, o papel de parede azul escuro continha cavalos marinhos cinzas. Havia uma prateleira com gibis em grego antigo, um móvel em forma de ondas do mar cheio de CDs de bandas de rock, uma mesa de madeira cheia de instrumentos antigos de pesca com uma tampa de vidro para observação. Um quadro com vários tipos de nós estava pendurado na parede perto da varanda com vista para o mar. Era um quarto agradável e bagunçado na medida do possível para uma criança de dez anos.

— Percy, se esses sonhos continuarem acontecendo... – Sally disse preocupada.

— Não irão mamãe. – ele mentiu. – Pode ficar tranquila. É só ansiedade para a escola.

— Percy...

— É ansiedade para a escola. – ele sorriu.

— Está bem. – ela beijou a testa do filho. – O café está pronto.

Você deve estar se perguntando quem é esse garotinho que está “ansioso para ir a escola”, com um gosto peculiar pelo mar e com uma mãe super gente boa. Esse garoto é Percy Jackson, filho do poderoso bruxo Poseidon. No mundo da magia, há doze famílias muito poderosas e uma delas é a família Jackson, cujo patriarca é um dos bruxos mais experientes em biologia marinha. Percy é o único filho de Poseidon, Sally é sua esposa, e o menino não gosta muito de ser filho único. Ele e os pais vivem numa casa a beira do mar desde sempre, Percy cresceu nadando naquelas águas verdes e frias, brincando com os animais marinhos e dando dor de cabeça a sua mãe por sempre passar horas no oceano.

Aquele era um dia muito especial para o jovem bruxo, ele estava indo para seu primeiro dia aula em Hogwarts. A escola de Magia e Bruxaria do Reino Unido. Percy sempre ouviu falar maravilhas do local, já que foi lá que seus pais se conheceram e se apaixonaram. Ele da Grifinória e ela da Corvinal. Percy sabia que estava destinado a ser um grande bruxo, assim como seu pai e todos os seus tios, que fizeram sua família ser uma das mais importantes do mundo bruxo.

Sally levantou da cama, usava uma calça jeans e uma blusa de moletom cinza, com os cabelos castanhos presos num coque. Ela havia parado de trabalhar no Ministério da Magia quando ficou grávida e dedicou sua vida a cuidar do filho.

— Eu não acredito que você já está indo para Hogwarts. Parece que foi ontem que o médico disse que eu estava esperando um garotinho. – ela disse com os olhos cheios de lágrima e segurando o rosto do filho entre as mãos.

— Mamãe... vou terminar perdendo o trem...

— Ah sim, claro! – ela disse saindo do quarto. Estava animada e ansiosa.

Percy tirou o lençol azul de suas pernas e se olhou no espelho. Não viu grande coisa além de cabelos pretos rebeldes, olhos tão verdes quanto o mar e a velha expressão travessa no rosto. A camiseta branca com o logo dos Beatles estava molhada de baba e a cueca samba canção do Procurando Nemo parecia estar ficando pequena nele. Era impressão do pequeno Percy ou ele estava crescendo? Não, não podia ser. Ele trocou de roupa pelas vestes da escola, a gravata preta o incomodava. Ele TINHA QUE ser da Grifinória, todos os seus antepassados haviam sido dessa casa. Ele respirou fundo, a gravata vermelha e dourada seria dele, tinha certeza disso. Saiu de seu quarto e desceu para o térreo da casa estilo veraneio decorada de branco, azul e verde.

— Ele continua com aqueles sonhos. – Na cozinha, Sally cochichou para o marido.

— É só ansiedade. – Poseidon respondeu.

— Assim espero. – ela respondeu aflita.

— Bom dia mamãe, bom dia papai. – Percy apareceu na cozinha.

— Olhem só para isso! – Poseidon sorriu calorosamente. – Meu garotinho está indo para Hogwarts! Isso quer dizer que você já é um homem!

Percy achou que suas bochechas estavam corando. Poseidon era um pai super legal, mas ausente por causa de seu trabalho no mundo trouxa. O menino sentou a mesa e começou a comer as panquecas azuis que sua mãe fez, a varinha no bolso de suas vestes. O casal levou o menino para a estação de trem de Londres, que ficava a duas horas da praia em que moravam. Percy sempre se encantava com o mundo trouxa, não só pela tecnologia que sua mãe sempre o advertia a nunca usar, mas também com rapidez que faziam tudo.

O senhor Jackson usava um terno risca preto com uma gravata azul, tudo para se disfarçar no mundo humano, enquanto a senhora Jackson havia trocado o moletom por uma blusa social branca com um suéter cinza. Ninguém pareceu reparar no garotinho que estava usando roupas bem diferentes dos pais. Ou do fato que o senhor Jackson levava um carrinho com uma mala bem diferente.

— Plataforma 9 ¾. – Poseidon sorriu colocando a mão no ombro do filho.

Percy sorriu de volta e a família caminhou até a pilastra. O menino só faltou arregalar os olhos quando viu o trem. Muitas crianças e seus pais estavam guardando as coisas, mães choravam, irmãos menores gritavam dizendo que queriam ir também. Isso só fez com que Percy ficasse mais ansioso.

— Poseidon. – chamou uma voz grossa e conhecida.

Percy se virou e viu o Ministro da Magia, Zeus. Ele usava trajes de bruxo e tinha um sorriso grande no rosto. Ao lado dele, uma mulher de cabelos negros e com uma cara de enjoo. Lembra que eu falei das doze famílias mais poderosas do mundo bruxo? Pronto, três delas foram meio que “feitas” na última década, isso porque das nove famílias mais poderosas e de sangue puro, uma delas foi “dividida” em três. Os filhos de Cronos: Zeus, Hades e Poseidon, adotaram um novo sobrenome e fizeram as “novas famílias”. Atrás do tio, Percy pode ver uma menina de cabelos negros curtos e espetados, com olhos azuis e elétricos, usando os trajes da Grifinória.

— Zeus. – Poseidon forçou um sorriso. – Hera.

— Poseison, Sally. – Hera respondeu sem nenhuma intenção de ser diplomática.

— Seu garoto está indo para Hogwarts também, irmão? – Zeus sorriu.

— Sim. – Poseidon desgrenhou os cabelos de Percy. – Pelo visto o seu menino também.

Foi então que Percy notou o garotinho de mãos dadas a sua nada querida tia Hera. Ele era um pouquinho de nada mais alto que Percy, com cabelos loiros e olhos azuis glaciais e elétricos iguais ao da irmã mais velha. Pelo que Sally havia contado, seu tio Zeus teve um caso com uma trouxa e teve dois filhos com ela, mas não poderia contar isso ao mundo, afinal era o Ministro da Magia, então sua esposa Hera aceitou cuidar das crianças como se fossem seus filhos. Zeus deu um sorriso e disse:

— Ah sim! Jason irá esse ano também. Espero que os primos se divirtam juntos.

— Vai ser meio impossível já que Thalia adora me dar choques. – disse Percy.

Terminou ganhando um olhar reprovador da mãe. Zeus puxou a filha mais para perto, era incrível a semelhança dela com o pai, já Jason deveria ser a cara da mãe, pois Percy não conseguia ver nada no menino, fora os olhos, que fosse parecido com seu tio.

— Tenho certeza de que Thalia será uma boa prima enquanto você estiver lá. – Zeus falou.

Hera revirou os olhos e o apito do trem soou. Poseidon foi com Zeus guardar as bagagens enquanto Hera ajudou os enteados a subir no trem, Sally abraçou Percy com tanta força que ele achou que a mãe iria matá-lo asfixiado.

— Se cuide. Escove os dentes antes de dormir, use um agasalho, já estamos perto do outono. Não seja desrespeitoso com os professores, lembre-se de falar com cada um deles sobre sua dislexia e déficit de atenção... – Sally disse abraçando o filho e com lágrimas nos olhos.

— Sim senhora... – Percy disse com a voz fraca.

— Sally, vai terminar matando o menino assim. – Poseidon riu chegando perto deles. – Vamos lá, Percy vai perder o trem se você não o deixar ir.

Ela abraçou o filho mais uma vez e deu um beijo em sua testa. Poseidon deu um leve abraço no filho e Percy entrou no trem. Era a primeira vez em sua vida que ele ia ficar longe dos pais por tanto tempo, nunca teve nenhum amigo fora os animais marinhos e nunca havia dormido fora de casa. Óbvio que ele estava assustado, mas estava se sentindo ótimo por ir para a tão falada Hogwarts.

Os vagões estavam quase todos ocupados, então achou um vazio e se jogou no assento com um sorriso imenso. Afrouxou a gravata antes de cair no sono e teve novamente o mesmo sonho. Ele acordou assustado e soando frio, quando sua visão focalizou, Percy teve vontade de se jogar da janela do trem em movimento. Havia uma garota sentada na frente dele com um livro em mãos, ela o encarava com uma expressão curiosa. As vestes diziam que ela era novata também, mas parecia ser mais velha que ele. Os cabelos loiros encaracolados e olhos de um cinza sério, ela poderia ser linda se não o estivesse encarando como se ele fosse um extraterreste.

— Você baba enquanto dorme. – ela disse com a voz séria.

Por instinto, Percy levou à mão a boca e limpou a baba. Ele olhou para a janela e viu que estava de noite, então sentiu o trem parar.

— Quem é você? – ele perguntou ainda meio sonolento.

— Annabeth Chase. E você? – ela disse como se seu sobrenome não tivesse importância.

— Percy Jackson.

— Ah, filho de Poseidon. Minha mãe não gosta muito do seu pai. – ela disse com um certo desprazer na voz.

— Chase... você é a filha de Atena. – ele se lembrou de uma das doze famílias.

Ela torceu o nariz e fechou o livro.

— Vamos, já chegamos à Hogwarts. – ela se levantou.

E saiu da cabine como se não fosse nada demais ser filha de uma das doze famílias mais poderosas e ricas do mundo bruxo. Percy se espreguiçou e seguiu a menina; vários pré-adolescentes e adolescentes se empurravam para sair do trem, a maioria estava animada. Os novatos, como Percy e Annabeth, estavam completamente perdidos e, na maioria das vezes, batiam a cara em algum lugar por estarem impressionados demais com o que viam.

— Veteranos vocês já sabem o caminho. Peguem uma biga e vão com cuidado pela floresta até a escola. Novatos, reúnam-se aqui. – chamava uma voz grossa.

Percy quase que foi derrubado no chão por um aluno mais velho, mas Annabeth o segurou. Ela era forte para alguém com onze anos. Para o azar dele, sua prima Thalia estava perto quando Percy quase se machucou e para piorar ainda mais a situação, seu primo Jason também.

— Ei, cuidado. – Thalia disse apontando a varinha para o menino que empurrou Percy. – Se alguma coisa acontecer com ele, você irá se ver comigo.

— Que fofo Grace, está defendendo os novatos. – o menino riu sem parar.

— Claro que não seu boboca, mas esse aí é meu primo. Só quem pode bater nele sou eu! – Thalia disse com um olhar mais elétrico que o normal.

— Ah que ótimo... – Percy disse com sarcasmo.

— Seu priminho é? – o rapaz sorriu. – Filho de quem? Hades ou Poseidon? Ham... deixe-me ver... pela cara de palerma, deve ser de Poseidon. – riu.

A varinha amarela e elétrica de Thalia estava preparando o feitiço quando um centauro apareceu. Bunda branca, cara de sério, olhos que pareciam já ter visto de tudo; usava vestes de bruxo, com um arco pendurado nas costas.

— Algum problema aqui senhor Nakamura? Senhorita Grace? – centauro disse sereno.

Percy então notou que a voz grossa que estava colocando ordens no local vinha do centauro. Segundo sua mãe, os centauros eram criaturas ferozes e instáveis, mas aquele ali parecia saber muito bem como acabar com uma briga entre bruxos e sem sentir medo.

— Claro que não Quíron. – Nakamura riu. – Só estava dando boas vindas ao priminho da Thalia.

— É isso mesmo senhorita Grace? – Quíron olhou para Thalia, parecia que ele podia ver a alma dela.

— É, é, tanto faz. – Thalia se aborreceu.

— Ethan, Thalia, vão com os demais veteranos para a escola, vocês conhecem o caminho. – Quíron disse dando fim ao ocorrido.

Thalia não disse nada, apenas guardou a varinha e caminhou atrás de Ethan Nakamura e os demais veteranos, só que ao passar por Percy, ela fez questão de bater com força no ombro dele, usando seu próprio ombro. Quíron suspirou, provavelmente já estava acostumado com esse tipo de brincadeirinha.

— Eu vou ver minha irmã de novo, não é? – Jason perguntou, assustado.

— Sim senhor Grace. Vocês todos estão indo para o mesmo local que os veteranos. A questão é que a professora Minerva sempre conversa com os novatos antes de irem para o salão comunal. – disse Quíron. – Por aqui.

As crianças seguiram o centauro aos trancos e barrancos até chegarem a um lago de águas estranhas. Obviamente estava negro porque era de noite, mas Percy sentia algo em relação aquele lago... algo que o deixava apreensivo. Ele terminou no mesmo barco que Annabeth, Jason e uma menina  com traços indígenas. Percy e Annabeth com os remos. Quando avistaram Hogwarts, os quarto quase que deixaram o queixo cair no lago de tão maravilhados que estavam. Seus pais não estavam brincando, aquele lugar era, no mínimo, fantástico.

— Puxa vida! – a garota exclamou.

— É lindo! – o rosto de Annabeth iluminou-se.

— Esses serão os melhores sete anos da minha vida! – Jason exclamou.

Percy não disse nada, apenas olhou para Annabeth. O sorriso dela era tão lindo e encantador que o fez achar que talvez ela fosse uma pessoa maravilhosa. A luz da lua, seus olhos cinza estavam ressaltados e as luzes da escola davam um brilho a mais ao cabelo loiro. Sim, ela era linda. Linda não, divina. Negar isso era julgar-se tolo.

Logo o barco chegou ao outro lado da margem e eles seguiram Quíron (que Percy não soube dizer como ele coube naqueles barquinhos minúsculos). Os portões da escola e o pátio eram belíssimos, mas a beleza foi perdida quando Percy viu a quantidade de escadas que tinha no local; Quíron explicou que elas mudavam de posição. Então chegaram a uma grande porta de madeira com um pé direito a perder de vista, mas estava fechada.

— O salão principal fica no meio de Hogwarts. Boa parte das escadas dá para aqui, mesmo mudando de lugar. – Quíron explico fazendo um sinal para que o grupo parasse. – Bem, eu vou indo. A professora chegará em breve, então... hum... se comportem.

Ele trotou como se não tivesse nenhuma obrigação. Os cochichos e conversa logo começaram, milhares de palavras sobre o quão incrível o lugar era. Umas quarenta vozes falando histórias de família, se apresentando, alguns diziam que eram nascidos trouxas, o que encantou ainda mais os não preconceituosos que sempre quiseram saber como era o mundo humano. Mas logo as vozes foram silenciadas quando as imensas portas se abriram e uma mulher alta surgiu. Usando vestes cinza e preta, com um par de óculos no rosto e uma expressão que dizia “mal vejo a hora de lhe reprovar”, ela segurava um pergaminho em mãos.

— Boa noite. – a mulher disse, severa.

— Boa noite. – todos responderam ao mesmo tempo.

— Meu nome é Minerva Chase. Sou a professora de transfiguração e guardo a casa da Corvinal. Quero dizer algumas palavras antes de vocês entrarem no salão para serem selecionados e sentaram com seus companheiros de casa. – ela disse rígida.

— Chase? Ela é parente sua? – Percy cochichou para Annabeth.

— É minha tia. – ela respondeu, não parecia feliz com esse fato.

— O terceiro andar é proibido para qualquer aluno, monitor ou não. Os alunos que forem pegos fora de suas casas após o horário para irem dormir, serão punidos. As ações nessa escola somam ou subtraem pontos. Respondam uma questão certa e ganharão pontos para sua casa, façam alguma besteira e perderão pontos. No fim do ano, a casa que tiver mais pontos será a vencedora. Perguntas? – a professora disse.

— Eu. – um garotinho com cara de levado, orelhas de fauno, pele morena, cabelos castanhos e um ar de encrenqueiro levantou a mão. – Quando começam as inscrições para o Quadribol?

— Isso vocês terão de perguntar aos monitores de suas casas. Então, por favor, sigam-me. – a professora disse e as portas atrás dela voltaram a se abrir.

Se Percy já estava encantado com o exterior da escola, agora ele não sabia dizer o que sentia com o interior. O céu aparecia no teto, velas flutuavam, as quatro mesas representado as quatro casas estavam lotadas de alunos veteranos animados pelo novo ano. No fim do salão, uma mesa de destaque com todos os professores e Quíron. Um dos professores estava em lugar de destaque, com vestes cinza e uma barba bem aparada. Aquele homem parecia um executivo e não um professor. A professora Minerva Chase parou no começo da elevação que ficava a mesa dos professores e sinalizou para que os novatos ficassem abaixo do primeiro degrau. Atrás dela havia um banco com um manto que parecia pele de cordeiro.

— O Velocino de Ouro escolhe em qual casa o aluno será colocado. – ela disse alto e claro. – Quando eu chamar o seu nome, você sentará nesse banco e então será determinado. Fui clara?

— Sim professora. – os novatos responderam.

— Ótimo. Piper McLean. – ela leu o primeiro nome do pergaminho.

A menina que havia ido com Percy, Annabeth e Jason no barco subiu os degraus e deixou-se ser abraçada pelo Velocino. Ela era filha de Afrodite Swan, a matriarca de uma das 12 famílias importantes. Percy notou que a garota não estava gostando de ser o centro das atenções. Então a pele de cordeiro brilhou na cor verde e a mesa da Sonserina foi a loucura. A garota correu até uma das meninas veteranas da mesa que não se parecia nada com ela, mas a abraçou. Percy então reconheceu a moça como Silena Beauregard, era a filha mais velha de Afrodite. 

— Leo Valdez. – Minerva o chamou.

O garoto que havia perguntado sobre Quadribol foi todo confiante para o banco, o Velocino mal o tocou e brilhou na cor vermelha, a mesa da Grifinória comemorou.

— Reyna Ramírez-Arellano. – chamou.

Uma garota um pouco alta para onze anos saiu detrás do grupo de novatos, cabelos e olhos negros, feições sérias e uma atmosfera que deixa bem claro: “eu sou melhor que você”. O manto brilhou na cor azul, a mesa da Corvinal comemorou e Reyna foi abraçar uma garota muito parecida com ela, provavelmente sua irmã mais velha.

— Hazel Levesque. – a professora disse.

Uma garota negra, de cabelos cacheados cor de chocolate e olhos negros como ébano sentou no banco, meio envergonhada. Percy sabia quem era ela, neta de seu tio Hades. Tecnicamente sua prima de segundo grau, já que o filho mais velho de Hades, Plutão, era o pai de Hazel. O Velocino brilhou na cor vermelha. Hazel pareceu aliviada, afinal Hades foi o primeiro da família a desviar da tradição de ir para a Grifinória e por isso virou O Excluído. Assim como seu pai, Plutão foi da Sonserina. Hazel pareceu aliviada por não seguir os passos do pai e do avô. 

— Frank Zhang. – Minerva chamou.

Era um garoto gordo de descendência asiática, parecia um bebê panda fofo, com bochechas que davam vontade de apertar, ele foi mandado para Lufa-Lufa. Percy também o conhecia, seu pai era Marte Zhang, ele pertencia de certa forma a uma das doze famílias.

— Jason Grace. – Minerva chamou.

As conversas cessaram. Na mesa da Grifinória, Thalia observava o irmão atentamente. Jason parecia que ia desmaiar, a cicatriz na boca estava contraída. O tal professor que parecia um executivo e tinha lugar de honra entre os demais, pareceu curioso em saber em qual casa o filho caçula do Ministro da Magia ia entrar. O Velocino nem chegou a encostar em seu ombro e brilhou na luz vermelha. A mesa da Grifinória explodiu de alegria e Thalia deu um sorriso de alívio.

— Will Solace. – Minerva chamou.

Um garoto muito bonito, com cabelos encaracolados como os de um anjo, olhos verde claro. Foi mandado para Lufa-Lufa. Então chamaram um garoto que Percy não lembrava o sobrenome, mas o tal de Dakota, foi para Lufa-Lufa também. Depois veio uma menina chamada Gwendolyn (Grifinória) e então uma das pessoas que Percy menos gostava: Clarisse La Rue.

Filha menor de Ares, o pai de Marte, e a herdeira de toda a herança da família; já que Ares deserdou o filho por ele ter se casado com uma mortal (a mãe de Frank). A menina era corpulenta, cabelos castanhos e feia. Foi mandada para Grifinória, a “tradição” da família.

— Annabeth Chase. – chamou Minerva.

Percy só havia percebido que a “amiga” não havia sido chamada até só restarem eles dois. O bom de ter TDAH, os momentos chatos voavam. Annabeth subiu os cinco degraus determinada e com uma expressão séria. O Velocino logo brilhou na cor azul, a mesa da Corvinal bateu palmas. Reyna e sua irmã mediram Annabeth do dedão do pé até o último fio de cabelo, assim como todos os Corvinos, e terminaram aprovando.

— Perseu Jackson. – a professora disse por fim.

Ninguém pareceu dar atenção a Percy, nem mesmo os professores. Ele só notou que suas pernas estavam dormentes quando botou o pé no primeiro degrau, ele quase caiu e o salão inteiro estourou em risos.

— Silêncio. – o professor executivo disse seriamente. – Prossiga senhor Jackson.

Percy assentiu com a cabeça e sentou no banco. Era estranho olhar para todos aqueles alunos, todo mundo ali já havia sido determinado pelo Velocino e nenhum deles estava implorando em sua mente para manter a tradição da família e ir para Grifinória, pois sabia o que aconteceria com os membros de sua família que não fossem para a "casa certa". Percy fechou os olhos esperando que a pele de cabra brilhasse em cor vermelha, mas quando ouviu o espanto geral vindo das pessoas a sua frente, ele abriu os olhos, a pele não brilhava na cor vermelha.

Nessa hora ele desejou ser daltônico. Seu pai iria matá-lo! Mais uma vez a tradição arruinada, dessa vez por causa dele, o único filho de Poseidon. Só faltou chorar quando viu a cor. A professora se aproximou para retirar o Velocino e disse em seu ouvido:

— Tradições foram feitas para serem quebradas, Jackson.

Ele achou que ela estava zombando com a sua cara. Ele desceu os degraus, cabisbaixo, enquanto todos fofocavam sobre a quebra da tradição de sua família. Percy sentou-se a mesa envergonhado e cruzou os braços, nem se animou quando comidas apetitosas apareceram na sua frente. Então notou a cor do seu uniforme mudando. Alguém deu uma cotovelada em seu ombro, fazendo-o erguer a cabeça. Era um rapaz de aparência atlética, com uma cicatriz no rosto, cabelos loiro e olhos azuis. Percy sabia quem ele era, Luke Castellan, filho de Hermes. Outro herdeiro de uma das doze famílias. Ele estendia a mão esperando um aperto, tinha um sorriso brincalhão no rosto de elfo.

— Bem vindo a Lufa-Lufa, amigo. – disse Luke.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem!