Acordo num sítio estranho e pequeno,enquanto ouço algumas vozes falando.Pestanejo vezes sem conta,tentando-me recordar daquele sítio,mas em vão.Estarei no céu?Não,não posso estar,pois assim que me tento sentar a dor na minha nuca volta e eu instantaneamente solto um gemido.

–Li!-alguém exclama mas minha visão ficou turva com a dor.Sei que essa pessoa me abraça confortavelmente,então eu tento a abraçar de volta.

–Você está bem?-alguém com uma voz mais grave pergunta desta vez e eu entendo que conheço todas essas vozes,só não sei de onde.

Assinto com a cabeça de modo a dizer que estou ótima quando os meus olhos conseguem voltar ao normal,e aí a imagem fica nítida.
Vejo Harry,Ron e Hermione voltados sobre mim,com expressões de preocupação na face.Hermione tem a pele rosada e os olhos um pouco vermelhos,provavelmente esteve chorando e provavelmente ela esteve chorando por causa minha.

–Nós...pedimos desculpa pelo que fizemos.-declara Ron num tom baixo enquanto olhando para o chão arrasta o pé direito de um lado para o outro,e assim sucessivamente.

Não estou com disposição para estar chateada com eles,então apenas respondo que está tudo bem entre nós de forma débil e fina.
De repente,aparece um homem com um tabuleiro de comida.Ele tem cabelo e barba longa e esta faz com que eu consiga calcular que o senhor já deve ter os seus anos.

Por momentos ele me parece...Dumbledore.

–Onde estou?-pergunto logo que me sinto melhor,quando já estou de pé explorando o sítio.

–Bem...nós chegamos cá e vimos você deitada no chão.Posso dizer que você estava sangrando imenso da nuca.Acho que foi uma faca ou algo do gênero que causou isso.-explica Harry olhando para um quadro do lado oposto onde eu estava deitada.O quadro mostra uma jovem de cabelos castanhos e olhos azuis.Ela traja um vestido da mesma cor que os seus olhos,e quando me apercebo de quem é pergunto ao senhor.

–Você é irmão dele,não é?-o homem volta-se de frente para mim e olha para mim fixamente.

–Gostava de saber porque tem o colar da minha irmã.-ele contrapõe e eu semicerro meus olhos.

–Perguntei primeiro.

–Sim,ou era.-ele murmura um pouco chateado por ter perdido contra mim enquanto me lança um olhar de que é minha vez de responder.

–O colar foi-me oferecido pelo Dumbledore.Você sabe,porque ele mo deu?-pergunto e depois ele se apercebe de algo que não nos conta.Fica olhando para mim e para o Harry alguns minutos e depois torna a fazer algo de costas para nós.

–Precisamos de entrar em Hogwarts senhor,esta noite.-diz

Harry,interrompendo aquele silêncio constrangedor.Hermione pega no meu braço direito e o põe à volta dos seus ombros,na tentativa de me ajudar a andar porque,pelos vistos,estou muito fraca.Segundo ela,perdi muito sangue e minha pele está mais pálida.
Ron,em seguida,vem pelo meu lado esquerdo e faz o mesmo que a Hermione fez.Agradeço-lhes murmurando e eles apenas sorriem para mim.Sorrisos nervosos,pelo que pode vir a seguir a isto.

–Sabe o que tem a fazer.-o senhor declara ao quadro de Ariana Dumbledore e ela, seguidamente,começa caminhando num caminho cheio de vegetação à volta enquanto o seu irmão parece ir embora por uns momentos.

–Acho que ele não desistiu.-murmura Hermione para Harry e eu logo fico confusa.Hermione entende meu desentendimento e esclarece-Harry pensava que ele tinha desistido de Dumbledore,ele parece não apoiar o facto do diretor nos ter mandado na missão de caçar Horcruxes.

–Vocês conseguiram?-pergunto repentinamente,ansiosa por uma resposta boa.

–Sim...quer dizer,mais ou menos.Nos falta a cobra e algo segundo o Harry relacionado com a Corvinal.

–E você?Como chegou aqui?-interrogou Ron enquanto me segurava para não cair no chão.

–O colar parece poder me transportar...Tenho viajado com ele...

–Isso é brilhante!-exclama o ruivo lançando um olhar curioso ao meu acessório.

–Acho que ele esconde algo mais...-sussurro passando a mão por um segundo no colar antigo de Ariana.

Assim que falo nela,a senhora do quadro parece estar voltando,assim como o Aberforth,o irmão do Dumbledore volta.

–Quem é que ela está trazendo?-indaga Hermione fixando o seu olhar atento no tal quadro,enquanto Ariana se aproxima cada vez mais,mais,mais....até que uma porta se parece abrir e eu vejo saindo dela nada mais,nada menos que...

–Neville!-grito lançando os meus braços para o seu pescoço.Ele retribui o abraço e os meus pés por um segundo parecem sair do chão.Acho que é pelo facto de ser tão baixa e ele ter crescido tanto.Minha voz parece recuperar-se aos poucos.

–Vêm aí mais uns quantos,Aberforth.-comunica ele enquanto eu ainda estou agarrada ao seu pescoço.Vou me largando aos pouquinhos e é aí que vejo as expressões de desentendidos do Harry,do Ron e também da Hermione.Sorrio apenas o que os parece confortar enquanto o Neville fica me fazendo perguntas.

–O que aconteceu?Você está branca!Está tudo bem?-ele pergunta sem respirar ao que parece e eu solto uma gargalhada baixinha.

–Sim,eu estou bem...-respondo por fim.

–Neville,o que...-começa Ron vendo que ele sangra do lado esquerdo da face.

–Sim,está com mau aspeto,eu sei.

Com ajuda agora do Neville e do Ron,subo para a passagem secreta.A dor na minha nuca começa latejando outra vez e eu,não me contendo,solto um grito.

–Está tudo bem?-todos dizem em uníssono,bem preocupados comigo.Fecho uns olhos por um momento quando começamos a andar e quando os abro vejo uma espécie de gruta escura e húmida.

–Quem te fez isso?O Snape?-Hermione pergunta cheia de curiosidade enquanto Ron e Harry esperam uma resposta.

–Os Carrow...-murmuro tão baixo que eles não parecem entender o que disse.

Não consigo dizer novamente,por causa da dor.Cada vez parece aumentar mais mais e mais,pareço querer perder os sentidos,porém,só caio no chão da passagem.Pelo que consigo ouvir,Ron se oferece para me levar ao colo enquanto uma mão já se segura nas minhas costas e a outra me pega na barriga da perna,tal como pegamos os recém-nascidos.

Continuo de olhos fechados enquanto os ouço falando,ao mesmo tempo que desejo que isto pare.Parecem facas de uma forma seguida a se espetarem na minha nuca,é horrível.

–Ela quis dizer os Carrow.Mal vemos o Snape,ele deixa os irmãos ao nosso encarregue.Foram eles que me fizeram isto-explica Neville e calculo que nesse momento ele está apontando para o seu ferimento.

–Mas porquê?-questiona Hermione com uma voz de demasiada preocupação.Acho que eles os três ainda não entenderam que Hogwarts se tornou num inferno.

–Hoje de manhã estivemos praticando a maldição cruciatus.Nos alunos do primeiro ano.Eu me recusei.-Neville responde e aposto que nesse momento Ron ficou chocado,pois parei de ouvir a sua respiração por um tempo.-Hogwarts mudou.

Ao fim de ele dizer isso,Ron pára de andar,certamente porque já chegamos.Neville abre uma porta e eu abro os meus olhos por momentos.A claridade invade a minha visão,ofuscando-a.

–Trouxe uma surpresa!-exclama o garoto para alguém mais a baixo e logo consegui ouvir o Simas protestar.Até que tinha saudades dele.

–Se você trouxe mais comida do Aberforth eu recuso,mal a consigo comer!

De imediato,Neville sai da frente de nós os quatro,revelando o Harry.Todos os que estavam ali se levantaram e começaram a bater palmas,com o entusiasmo estampado nas suas caras.Todos tinham agora um grande sorriso nos lábios.De facto,Harry era a única esperança que nós tínhamos agora,não a podíamos desperdiçar.

Percebo que já deram conta de mim quando ouço um grito.De olhos abertos,vejo o Harry descer e o Ron descendo também,mas com mais cuidado,para eu não cair.Percebi agora porque razão a Hermione está apaixonadíssima por ele.É bastante querido e talvez nós fossemos mais próximos do que pensávamos...

Sou posta numa cama baixa,fácil de mover.Vários alunos se debruçam sobre mim,perguntando se estou bem,se me dói algo,ou o que aconteceu.

No momento em que só Luna continua olhando para mim,agarro-lhe a mão.Não consigo falar com a dor,apenas movo os lábios,tentando pronunciar o nome o mais correto possível.Ela parece entender e logo me larga a mão e,alertada,ela se levanta.

–Harry!-ela exclama como se estivesse pedindo socorro.Do outro canto da sala,Harry focou a sua atenção na loira,esperando que ela dissesse algo que valesse a pena naquele momento de aflição,onde a guerra iria começar.

–O que foi?-ele pergunta cansado de esperar,quando ela,com os olhos azuis implorando por algo responde finalmente o que eu lhe pedi.

–Ela quer ver o Draco.