O Torneio escrita por BobV


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

"Canst thou not see thou to me needful art ?
Canst thou not see the loss of loe painful is ?"
Theatre Of Tragedy - Lorelei.

Parece que eu me descuidei e fiz outro capítulo gigante. Não era a minha intenção, mas para não deixar nenhum clima de suspense, eu optei por deixar esse capítulo da forma que ele está aqui embaixo ;)


Boa leitura XD



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Shampoo caiu sentada no chão, respirando aliviada. Finalmente a luta havia acabado. O juiz anunciara sua vitória assim que Akane tocou o chão fora do ringue. Ela estava exausta. Em nenhuma momento ela previu que teria tanta dificuldade para ganhar uma luta.

"Assim que o torneio acabar talvez seja uma boa hora para voltar a treinar."

Ela assistiu com uma ponta de ciúme e inveja Ranma carregar Akane nos braços, provavelmente levando-a para a enfermaria.

"Aproveite seus últimos momentos. Você foi derrotada, Akane Tendo !"

Mais uma luta e finalmente Shampoo poderia voltar com seu amor para sua casa. A próxima luta prometia ser ainda mais dura. No estado atual (e mesmo em condições normais) Ukyo não iria conseguir ganhar de Jien Kai. Tudo o que Shampoo poderia esperar é que a chefe conseguisse pelo menos cansar um pouco a outra lutadora.

As coisa não estava muito boas para ela. Somente uma boa estratégia poderia lhe salvar agora. Talvez sua bisavó tenha alguma ideia.

— Shampoo !

Falando nela.

— Levante-se !

Shampoo obedeceu.

— Vamos embora, agora ! O torneio acabou ! — Cologne gritou irritada.

— O quê ?! mas Shampoo ganhar.

— Não importa. — Cologne trocou de idioma. — O que eu vi aqui foi patético, sua performance foi patética. Não é isso que eu espero de uma campeã do nosso vilarejo.

— Mas bisavó, eu venci. Mais uma luta e eu poderei me sagrar campeã dessa competição.

— Nas suas condições atuais, você vai apenas se humilhar. Se você lutar contra alguém do nível da Jien Kai agora, você perderá sem sombra de dúvida. A moleza acabou. Nós vamos voltar a treinar imediatamente ! você TEM que voltar a ser a guerreira que era antes.

— Mas, mas e o Ranma ? eu tenho que me casar com ele. Se eu ganhar...

— Basta ! Ranma pode esperar. Em primeiro lugar e acima de tudo você é uma Juketsuzoku. Onde está seu orgulho de guerreira ? Você quase perdeu para uma oponente que não deveria nem tê-la feito suar. Me doí o coração ver o que você se tornou nesses dois anos. Vamos pegar alguns suprimentos no restaurante para passarmos algumas semanas nas montanhas.

— A senhora não entende, eu tenho que fazer essa última luta.

— Criança, — Cologne franziu as sobrancelhas e continuou em tom de ameaça. — Você pretende desobedecer uma ordem direta de uma anciã e líder do seu vilarejo ? você está certa disso ?

Shampoo ficou paralisada. Cologne acabara de se dirigir a ela como anciã e não como bisavó. É considerado um crime grave desobedecer uma ordem de uma anciã e Shampoo não estava disposta a ser punida nesse momento.

— Eu entendo, Anciã. Nós vamos treinar.

— Ótimo. Vamos pegar o Mousse e levá-lo conosco.

Para evitar incômodos, o garoto foi transformado em pato e deixado preso dentro de uma gaiola no restaurante.

— Mousse ? por que ele tem que vir conosco ? eu não preciso dele.

— Não seja convencida. Mousse vem lutando quase que diariamente com o genro desde que ele veio para Nerima. Se ele não fosse um pateta apaixonado por você, ele poderia te derrotar com um pé amarrado nas costas.

— Impossível !

Antes que a conversa pudesse prosseguir, ela foram interrompidas.

— Parabéns pela vitória, Shampoo. Você lutou bem, pateticamente bem para um guerreira tão glamorosa. Aliás, você tem um jeito bem usual de lutar. Eu não sei dizer ao certo o que aconteceu no ringue, mas eu presumo que você disse algo para desestabilizar emocionalmente sua adversária. É assim mesmo que você luta ? — A mãe de Jien Kai perguntou.

— Mentira. Eu não dizer nada. — Shampoo respondeu, voltando a falar em japonês.

— Ainda por cima é mentirosa. Você não tem vergonha, garota ? e você Cologne ? ou será que é o vilarejo que tem vergonha de vocês ? ou será que todas vocês são assim ? — A mulher provocou.

Em um instante Shampoo entrou em modo de ataque, aparecendo logo em seguida em frente a outra mulher chinesa, disparando um soco contra ela.

A mascarada simplesmente flexionou os joelhos para evitar o golpe, e depois acertou um violento soco na boca do estômago da garoto. O golpe foi tão forte que causou um estrondo que deixou o ginásio em silêncio.

— Não se me meta nisso, criança.

Shampoo foi deixada no chão em posição fetal, agonizando. A impressão que ela teve era de que sua barriga fora atravessada por uma lança.

Cologne, vendo sua protegida caída no chão, tentou acertar a inimiga com o seu cajado. A mascarada desviou o pedaço de madeira para o lado usando o braço, e com o outro, socou a face da anciã.

— Que tipo de mulheres são vocês ? pelo pouco que ouvi, vocês tentaram forçar o garoto Saotome de diversas maneiras. Vocês usaram itens mágicos, técnicas especiais e até comida misturada com poções. Isso é ridículo ! O que há de especial nele ?

— Isso é uma questão interna nossa. Uma forasteira como você nunca entenderia. — Cologne levantou-se atacando. Dessa vez ela conseguiu atingir a perna o braço e o tórax da mascarada como seu cajado. O ultimo golpe fez ela voar pelos ares.

A mulher de máscara de raposa girou no ar e caiu de pé, com Cologne já em sua cola. A anciã girava o cajado tentando estocá-lo na outra mulher. De repente, Cologne parou e saltou na vertical, evitando Shampoo que vinha logo atrás tentando mais uma vez um soco no rosto.

A mascarada não se impressionou e defendeu facilmente o ataque. Ela respondeu na mesma moeda com um murro no rosto fazendo Shampoo ser jogada no chão.

Cologne desceu tentando esmagar a chinesa com seu cajado, no entanto, encontrou apenas o chão. Antes que pudesse prosseguir, recebeu uma solada no rosto.

Do chão, Shampoo tentou aplicar uma rasteira, porém sem sucesso. Ela se levantou e saltou, disparando um sequência veloz de socos, cotoveladas e chutes. Nenhum deles furou o bloqueio. Shampoo, parou, ofegante e frustrada de ver seus esforços não renderem o resultado esperado.

— Shampoo, eu não quero te machucar. Você ainda está debilitada da luta anterior e minha luta não é contra você. Eu acredito que os esquemas montados para levar o jovem Saotome para a China, foram ideias de sua bisavó. Você estava apenas obedecendo as ordens dela.

— Shampoo ama Ranma. Shampoo levar Ranma para casa e ser feliz.

— Como você acha que vai ser feliz forçando o garoto a ir com você ?

— Ele vir pro vontade própria. Airen ama Shampoo.

— Isso não é amor. Parece que sua bisavó e as leis do seu vilarejo te iludiram. É uma pena. Você parece ser uma garota incrível. Se algum dia você quiser abandonar seu vilarejo, me procure. Eu posso te ensinar muitas coisa.

— Shampoo nunca abandonar Juketsuzoku.

— Então eu sinto muito.

Shampoo não soube dizer o que aconteceu. Um momento a mulher misteriosa estava a sua frente e no outro, sumiu. Ela sentiu uma forte dor nas costas e o corpo sendo jogado para frente. Em que questão de milissegundos, foi a vez do seu estômago ser atingido por algo sólido, tirando o ar do seu diafragma. Em seguida foram as costela, região próxima ao baço, joelhos, coxas, clavícula, braços e por último, crânio. Foi nesse momento seu cérebro decidiu cortar suas funções para poupá-la de mais sofrimento.

Cologne ainda tentou um último ataque com sua arma. A mulher de máscara se defendeu segurando a cabeça do cajado. A ancião ficou com os olhos esbugalhados quando sua arma simplesmente se despedaçou em centenas de fragmentos. Ela ficou aturdida, olhando para o restante do cajado.

— Pegue sua bisneta e sai daqui, anciã. Vocês são uma vergonha. Suas leis são um ultraje.

Cologne queria ficar e ir até o fim, mas como guerreira experiente ela sabia quando era hora de recuar. Se seu oponente é superior, faça uma retirada estratégica, planeje e volte a lutar. Era isso que ela iria fazer. Além do mais, seus planos nada tinham a ver com esse torneio, porém eles sofreriam um pequeno atraso.

Existem males que vem para o bem. Essa luta serviu para mostrar o estado atual das habilidades de sua bisneta. Sem pestanejar ela pegou Shampoo e saiu do ginásio, mas sem tirar os olhos da mascarada.

Quando Cologne saiu, a mulher com máscara de raposa chamou um dos juízes:

— Senhor juiz, eu quero aproveitar a situação para avisar que a minha filha, Jien Kai, também está se retirando do torneio.

— Vocês não podem fazer isso ! o público está esperando para ver a final.

— Eu tenho certeza que tanto a minha luta e a luta da Shampoo e Akane foram espetáculos suficiente para o público.

— Mas... — Ele parou assim que viu a aura de batalha da mulher. — Co-como quiser. — Ele gaguejou. — Jien Kai está fora do torneio.

— Obrigado pela compreensão.

E assim a mascarada se retirou.

Ryoga caminhava pelo que ele ainda achava ser o colégio Furinkan, procurando pela saída. De fato, ele ainda se encontrava dentro do colégio. Seu objetivo era ir até o restaurante para pegar suas coisas e partir em uma viagem de treino o quanto antes. O discussão com Ukyo o deixou magoado. Ele estava apenas tentando ajudar. A última semana fez ele perceber que ela era uma boa pessoa. O problema é que ela ainda não havia percebido que sua obsessão pelo Ranma só iria lhe trazer sofrimento. Ranma não amava Ukyo. Isso era bastante óbvio pelas muitas lutas ele e Ranma já haviam travado por causa de Akane.

"É uma pena, ela não merece isso."

Ryoga exalou. Ele fez uma curva esperando encontrar a saída, e esbarrou em algo sólido. O 'algo sólido' na verdade era uma mulher vestida em um kimono de cor clara e padrões florais.

— Mil perdões, senhora. A culpa foi toda minha. — Ele se apressou em pedir desculpas.

— Sem problemas. A culpa foi minha também. — A mulher se apressou para pegar um objeto que caiu do chão. Uma máscara.

O objeto não passou despercebido pelos olhos do jovem de bandana. Ele ficou olhando para a mulher e para a máscara.

— Ei, a senhora é a mãe do Ranma, certo ? — Ele meio que reconheceu a mulher.

— Correto. E você deve ser o garoto Hibiki, amigo do meu filho.

Amigo não é bem a palavra correta, Ryoga queria dizer, no entanto a mascara continuava a lhe intrigar. Ela era familiar.

Nodoka percebendo em que direção dos olhos do garoto, tentou esconder o objeto dentro do kimono.

De súbito alguma coisa clicou na cabeça do garoto amaldiçoado.

— Você é a... mãe da Jien Kai !! — Ele gritou. — Ma-mas como ? não me diga que o... Não pode ser !

Nodoka Suspirou. Agora ela teria que explicar tudo.

— É isso memo. Jien Kai é o Ranma em sua forma feminina.

— Mas que canalha ! Esse era um torneio feminino...

— Alto lá, rapazinho. — Nodoka o interrompeu. — Eu sei que meu filho tem seus defeitos, mas eu não posso permitir que ele seja insultado na minha frente. Em primeiro lugar, eu sei que esse é um torneio de feminino. Em segundo lugar, fui quem pediu para ele participar.

— A senhora que pediu ? — Ele perguntou confuso.

— Isso mesmo. Eu não sei se você sabe, mas não tem muito tempo que eu me reuni com o Ranma. Eu não sei totalmente o que aconteceu enquanto nós estivemos separados. Recentemente eu fiquei sabendo de Cologne e seus planos para forçar meu filho a se casar com sua bisneta. Eu também fiquei sabendo que meu marido e seu amigo estiveram tentando fazendo a mesma coisa. Eu tive que ter uma conversa com os dois para fazê-los parar. A mesma coisa eu tentei com Cologne. infelizmente ela não quis me ouvir e continuou com sua atitude arrogante. As coisas pioraram quando eu fiquei sabendo que, entre outras coisas, ela já prendeu meu filho em sua forma amaldiçoada. Em tentei conversar porque o Ranma me contou que em diversas ocasiões ele foi ajudado por ela. A verdade é que ela parece teimosamente determinada a levá-lo para a China. Minha intenção ao fazer o Ranma entrar no torneio, era aborrecer Cologne e garantir que Shampoo não vencesse o torneio. Nada contra ela, meu alvo era apenas a arrogante da Cologne. Agora que Shampoo desistiu do torneio, eu não vi motivos para o meu filho continuar.

— A Jien Kai, er, quero dizer Ranma, desistiu de lutar ? — Ryoga perguntou confuso.

— Sim. Após a luta contra Akane, Cologne fez Shampoo desistir do Torneio. Sem Shampoo, eu não vi motivos para o Ranma lutar contra a Ukyo.

— Um momento. Então isso não tem nada a ver com a aposta ?

— Aposta ? que aposta ?

Ryoga contou o que sabia sobre aposta feita pelas três garotas. Akane foi quem lhe contou tudo. Na ocasião ela era apenas o inocente P-chan. É claro que ele omitiu essa última parte.

— Ranma nunca me contou sobre isso. — Dessa vez foi Nodoka que ficou surpresa.

— Eu acho que ele não sabe de nada.

— Se a vencedora... espere ! a Shampoo e o meu filho desistiram e a Akane foi derrotada... isso significa... Oh não ! O Ranma precisa voltar para lutar imediatamente.

Nodoka correu em direção ao ginásio, determinada a convencer os jurados de que houve um pequeno engano e Jien Kai voltaria para a competição. Se as garotas fizeram uma aposta tão séria, qual será a decisão do Ranma ? será que ele concordará ou não com a decisão delas.

Em menos de um minuto a matriarca chegou ao local onde eram realizadas as lutas. infelizmente, tarde demais. Ukyo se encontrava no centro do ringue com uma expressão estonteada, como se não acreditasse nas palavras que saiam da boca do juiz.

Ela era a campeã.

Um troféu foi entregue em suas mãos sob os aplausos do público. Os mais exaltados gritavam o seu nome.

Ela venceu.

O troféu em suas mãos eram a prova concreta disso.

"Troféu ? não é esse o prêmio que eu quero." Ela pensou olhando para o objeto de metal. "Acho que é hora de pegar o grande prêmio."

Com um sorriso de orelha a orelha ela saltou do ringue e foi em direção a enfermaria.

De pé, do lado de fora da enfermaria, Ranma coçava a cabeça, confuso e frustrado.

Akane chorava copiosamente assim que ela a trouxe para a enfermaria. Em uma rápida analise o médico informou que ela não tinha nenhum ferimento grave. O que o deixou confuso foi que Akane fez após o exame. Ela o expulsou da sala dizendo que não queria vê-lo.

"O que foi que eu fiz ?" Ele se perguntou. "Eu a treinei da melhor maneira possível. Não foi minha culpa. Por que ela está brava comigo ?"

A frustração veio minutos depois, assim que toda a família apareceu. De acordo com as palavras do médico, Kasumi era a única pessoa que Akane queria ver naquele momento. O doutor saiu da sala para dar privacidade as duas irmãs.

"Por que ela não confia em mim ?"

Minutos e mais minutos se passaram e nenhuma notícia veio do quarto, fazendo sua ansiedade aumentar.

Depois de longos minutos, Kasumi finalmente conseguiu apaziguar sua irmã. Ela ainda soluçava, porém as lágrimas já haviam secado. Agora era hora de perguntar o que acontecera de verdade. Uma simples derrota não causaria esse acesso de choro.

— Akane, você quer conversar ? — Ela perguntou, preocupada.

— Eu perdi, Kasumi. Eu perdi tudo. — Akane contou.

— O que você quer dizer com perdeu tudo ?

— Eu... as garotas... Ranma... — Seus olhos voltaram a umedecer e Kasumi teve que abraça-la.

Mais um tempo se passou até Akane se recompor. Kasumi esperou pacientemente sua irmã voltar a falar.

— Eu perdi o Ranma.

— O Ranma está do lado de fora preocupado com você. Me diga o que aconteceu.

— Eu e as garotas fizemos um trato. — Akane explicou. — As perdedoras do torneio teriam que desistir do Ranma. E eu perdi.

Kasumi ficou em silêncio. Akane continuou.

— Foi a melhor maneira que nós encontramos para resolver esse impasse. Foi por isso que eu treinei pesado nesse último mês. Foi por ele. Eu fiz tudo isso por ele. Eu queria vencer, ficar ao lado dele.

— Ele sabe disso ?

— Não. Fizemos tudo isso em segredo.

— Por que você fez isso, Akane ? não teria sido mais fácil sentar e conversar. Vocês poderiam ter evitado um monte de problemas. Além do mais, não é nada legal o que vocês fizeram. Vocês nem ao menos o consultaram sobre isso.

— Mas esse era o único jeito !

— E o que você vai fazer agora ? eu sei que você e o Ranma reataram a relação de vocês. Como você acha que ele vai reagir sabendo que você fez uma aposta por ele e perdeu ?

— Eu não quero pensar nisso. Na verdade, eu não quero nem vê-lo mais. Doí só de pensar que eu vou ter que vê-lo com outra garota. Como o Ranma ainda vai estar lá em casa, eu acho que vou fazer um pequena viagem para esquecer isso tudo, o que você acha ? — Ela perguntou com a voz rouca.

— Eu acho que você tem que chamar o Ranma aqui e conversar com ele. Explique toda a situação para ele. — Kasumi respondeu em um tom severo

— Eu não posso Kasumi. Eu não sei se vou conseguir. — disse Akane com a voz baixa.

— Não, Akane. Você vai fazer isso e vai fazer agora. É hora de começar a fazer decisões. Vocês dois têm brigado quase que constantemente ao longo desses dois anos. Eu vi o ódio de vocês se tornar em afeição mesmo quando nenhum dos dois jamais iria admitir que sentiam alguma coisa um pelo outro. Depois de todo esse tempo, quando finalmente vocês decidiram parar de brincar e começaram a se tornar adultos, você vai desistir ?

— Eu não posso fazer nada, Kasumi. Eu fiz uma promessa.

— Promessa ou não, você vai conversar com ele.

Antes que Akane pudesse impedir, Kasumi foi até a entrada, abriu a porta e puxou Ranma para dentro do quarto. O restante da família também tentou entrar, porém Kausmi os impediu.

— Ranma, — A mais velha da irmãs Tendo se dirigiu ao jovem de rabo de cavalo. — você e a Akane precisam ter uma conversa séria agora mesmo. O futuro de vocês depende disso.

Kasumi saiu do quarto deixando os dois adolescentes sozinhos. No primeiro momento eles ficaram em um incômodo silêncio, Ranma de pé e Akane sentada na cama. Ranma tentava decifrar Akane pela expressão de seu rosto, mas por algum motivo ele não conseguia ver o que se passava nos olhos dela.

— Então, — Ranma começou, incerto. — O que a Kasumi quis dizer com o futuro de você depende disso ?

Akane não teve tempo de responder. Um ruído intenso foi ouvido do outro lado da porta. Segundos depois, Ukyo irrompeu dentro do quarto. Kasumi tentava tirá-la de sala, mas ela não era uma lutadora.

— RANMA !! — A chefe saltou em direção ao jovem, dando-lhe deu um abraço de urso.

— O que você está fazendo, Ukyo ? me solte !

Ranma olhou na direção Akane. Obviamente esperando pela grande marreta que adorava sua cabeça. Estranhamente, sua amiga ficou parada.

— Vamos andando, Ranma. Temos muitas coisas para fazer. Caso queira, você pode se mudar para vir morar comigo.

— Do que é que você está falando, Ukyo ? — Ranma levantou uma sobrancelha.

— A Akane ainda não lhe contou nada ? — Ela perguntou afrouxando o abraço.

Ranma olhou para Akane, que simplesmente virou o rosto.

— Eu, Shampoo e a Akane fizemos um trato. Basicamente dizendo, a vencedora do torneio se tornaria a sua noiva oficial e as outras iriam desistir de você.

— Vocês o quê ?! — Ranma quase gritou.

— É isso mesmo, docinho. A vencedora do torneio ganharia você como prêmio. Akane foi derrotada por Shampoo, que logo em seguida abandonou por ordens de Cologne. Jien Kai não apareceu, mas sua mãe informou que ela também não participaria. Como única lutadora restante, eu fui considerada a campeã ! não é ótimo ?

O cérebro do jovem artista marcial parou completamente quando Ukyo roubou-lhe um beijo.

— Você é meu agora.

Ranma fui puxado para fora da sala em estado de choque. Suas pernas se mexiam automaticamente. Ele nem mesmo estava ciente dos acontecimentos ao seu redor. Ele estava se sentindo... traído, talvez. Akane o apostou como se fosse uma mercadoria barata. Verdade seja dita, ele não poderia reclamar muito. Ele próprio já havia posto o futuro de Akane em disputas similares.

Talvez ele estivesse se sentindo desesperado. Ele sempre lutou por Akane até o último fio de cabelo. Agora, Akane estava simplesmente desistindo dele, jogando-a nas mãos de uma mulher que ele não ama. Ele deixou bem claro que é ela que ele ama. Será que isso é um sinal de que ela não o ama de verdade ?

"Isso não pode ser verdade. Não depois do que aconteceu ontem. Eu preciso perguntar, eu preciso saber a verdade."

Determinado a passar toda essa história a limpo, Ranma virou-se para Akane. Ou pelo menos ela pensou que fez.

"Onde eu estou ?" Foi o que ele pensou.

— Ranma você está me ouvindo ? — Ukyo perguntou estalando os dedos.

Ranma olhou em volta e percebeu o lugar onde estava. Ucchan !

"Como eu vim para aqui ?"

— Ranma ! — A chefe subiu o tom de voz.

— Desculpe. — Se desculpou olhando para sua extremamente feliz noiva.

"Oh, droga ! isso não vai acabar bem."

— Ukyo... — Ele foi interrompido

— Quando é que nós vamos na casa dos Tendos para buscar sua coisas ?

— Ukyo... — Ele tentou novamente.

— Agora que eu sou a noiva oficial, não vai ter problema nenhum você vir aqui morar comigo.

— Ukyo...

— Você já pensou no casamento ? você prefere uma cerimônia ocidental ou oriental ?

"Isso vai doer."

— Eu prefiro ocidental. Eu sempre quis vestir um daqueles vestidos de...

— UKYO !! — A voz do garoto soou como um trovão, ecoando por todo o recinto, silenciando tudo ao redor. — Me desculpe. — dessa vez sua voz estava em um tom normal.

— Desculpa por quê ?

— Eu não posso... — Sua voz soava forçada.

— Do que é que você está falando, docinho ?

Ranma respirou fundo. Ukyo ainda era sua amiga, mas isso não podia continuar. Toda essa história já foi longe demais. Promessa ou não, era hora de mostrar o que ele queria. Por muito tempo as pessoas usaram de promessas e sua própria honra para controlá-lo. Não mais. Alguém iria sair machucado, infelizmente. Mas isso teria que ser feito. Esse era o único jeito.

— Ukyo, eu não posso, isso não vai acontecer. — Ele a olhou diretamente nos olhos. — Eu tenho que admitir que eu fui um idiota por deixar essa situação chegar a esse ponto. Houve um tempo em que eu até gostava de toda a tenção que eu recebia de você e das outras garotas, embora eu só gostasse de uma. Eu jamais deveria ter dado falsas esperanças para vocês, mas eu estava com medo de abrir o jogo, de dizer o que realmente eu sentia. Bem, isso acaba agora.

— A verdade, é que eu gosto de você...

Ukyo se sentiu no céu por um instante. Era um sonho se tornado realidade. Finalmente ela seria feliz.

— ... mas não do jeito que você gosta de mim. — Ranma concluiu.

Ukyo foi jogada de volta na terra, aterrissando da pior maneira possível.

— O-o qu-que é que você quer dizer com isso, Ranma ?

— Por favor, não torne as coisa mais difíceis. Você sabe o que eu quero dizer.

Ukyo sentia como se uma faca fosse estocada no coração, e torcida logo em seguida. Isso era um pesadelo que de maneira alguma deveria ser real.

— Você foi prometido para mim além do mais você me ama. — Ela contestou, porém sua voz fraca entregava a falta de certeza.

— O acordo foi feito entre nossos pais, e de acordo com o meu velho, seu pai sabia que já estava eu prometido para uma das filhas do senhor Tendo.

— MAS VOCÊ NÂO AMA NENHUMA DELAS !! — Ela gritou a plenos pulmões.

— Errado. Eu gosto de uma das irmãs. — Ele explicou com a voz absolutamente calma. — Na verdade, eu sempre gostei dela.

— NÃO !! — Ela gritou mais uma vez, sabendo exatamente de quem ele estava falando. — Como é que você pode gostar de alguém como ela ?! ela é MÁ e VIOLENTA com você !

— No começo nossa relação nunca foi das melhores, eu admito. Mas simplesmente porque não passávamos de duas crianças teimosas e medrosas. Querendo ou não, ela é a única que me conhece de verdade, tem coragem de apontar meus defeitos e dizer o que eu estou fazendo de errado. De todas vocês, ela foi a única que não impôs o nosso relacionamento; Ela foi a única que me deu uma chance de escolher, mesmo quando a escolha era óbvia para mim; Ela foi a única que levou meus sentimentos em consideração.

— Mesmo com todas as diferenças, eu me senti atraído por ela. Diversas vezes ela pôs em risco seu bem estar para me ajudar. Eu fui um panaca por não perceber isso antes.

— Eu lamento, Ukyo, mas a garota que eu amo é a Akane. — Ranma declarou.

A chefe entrou em estado catatônico imediatamente, se recusando completamente a acreditar no que acabara de ouvir.

— Essa é a verdade, Ukyo. — Ele murmurou em tom de desculpa. — Eu farei o que puder para reparar os prejuízos que eu causei, sem considerar o estrago que você fez na casa da minha mãe, mas eu não posso levar adiante essas promessas que foram feitas sem o meu consentimento. Isso vai apenas nos fazer infelizes.

— Eu lamento muito por ter te posto em uma situação destas. Eu espero que um dia você me perdoe.

Ranma deu as costas e saiu do restaurante com o coração pesado. Ukyo foi a única pessoa que ele pode chamar de amigo enquanto esteve fora de casa com seu velho. Vê-la desse jeito era de partir o coração, entretanto, era algo que precisava ser feito imediatamente considerando os acontecimentos recentes. Ela não era a garota que ele amava. Era hora de acabar com as brincadeiras, era hora de começar a se tornar um homem.

Akane se jogou em cima de sua cama, exausta, física e emocionalmente. Assim que o torneio foi dado como encerrado, o médico lhe deu permissão para retornar a sua casa. Toda a família a acompanhou, embora em sem trocar uma palavra. Todos eles viram Ukyo arrastando Ranma para fora da sala e ficaram intrigados com o comportamento passivo dela. 'Eles não tinha feito as pazes ?' eles se perguntavam. Pelo menos foi o que Nabiki informou. Kasumi ainda tentou conversar, contudo, foi ignorada.

Akane ponderava sobre o que fazer agora. Ou melhor, se deveria ou não seguir com seu plano. Embora ela duvidasse que alguém fosse apoiá-la, seu plano era embarcar em uma vigem de treino de um mês mais ou menos. Se isolar nas montanhas até as coisas se acalmarem. Até SEU coração se acalmar.

Depois de tudo o que aconteceu no último mês, ela não estava preparada para ver seu ex-noivo com outra garota. Ela simplesmente não saberia como reagir em uma situação dessas, e nem iria querer saber qual seria a reação de Ranma. Sem contar a vergonha.

"É isso mesmo." Ela pensou , triste. "Eu preciso de um tempo sozinha. Eu não vou conseguir encarar o Ranma após todo esse fiasco. Talvez um tempo afastado ajude a sarar as feridas."

Com esse pensamento em mente, ela começou a arrumar sua coisas, tomando cuidado para não alertar ninguém dentro de casa. Ela juntou todas as roupas possíveis, equipamentos de acampamento e um pouco de dinheiro que tinha guardado. Uma carta seria deixada explicando as razões para sua viagem.

Akane esperou até tarde da noite, quando todos da casa já estavam dormindo. Ela saltou pela janela e aterrissou perfeitamente no chão.

"Isso foi bem fácil. Eu tenho que me lembrar de agradecer o Ranma ensinado essas coisas. Talvez eu consiga convencê-lo a continuar me treinando. Talvez possamos continuar sendo amigos, quem sabe ?"

Depois de alguns minutos de consideração, ela chegou a triste conclusão:

"Quem eu estou enganando ? depois do que aconteceu hoje, ele não vai querer nem olhar na minha cara."

Akane sacudiu a cabeça para se livrar dos pensamentos que a distraíam. Ela saltou por cima muro. Já do outro lado, ela correu sem olhar para trás com medo de que fosse se arrepender. Nessa primeira noite ela teria que acampar em alguma parque próximo. Pela manhã ela embarcaria no trem sabe-se lá Deus para onde. O destino não importava, contanto que fosse para bem longe de Nerima.

Ela fez uma curva e parou de repente. Jogou a mochila no chão e fez uma pose de batalha. Desde que saiu de casa, ela sentiu alguém em sua cola.

— Apareça ! — Ela exclamou. — Eu sei que você está aí. Eu posso sentir a sua presença.

Akane estreitou os olhos. Atrás. Ela se abaixou e conseguiu evitar um golpe. Rápida no gatilho, ela tentou uma rasteira e prosseguiu com um sequência de socos. Porém, antes que pudesse ir mais longe, ela parou completamente assim que conseguiu ver a identidade da pessoa que tentou lhe atacar de surpresa.

De olhos esbugalhados e com o ar preso na garganta, ela não conseguiu desviar o olhar. Palavras não saiam de sua boca aberta, nem seu corpo se movia. A sua frente, iluminado apenas pela fraca luz do poste, estava a única pessoa que ela não queria ver naquele momento.

Ranma Saotome. E ele não parecia feliz.

— Indo a algum lugar, Tendo ? — Ele inqueriu com a voz ríspida.

Akane não respondeu, ainda paralisada.

— Eu estive observando você por um tempo. Eu espero que você não esteja tentando fazer o que eu acho que você está ? eu nunca lutei com você para valer, masse você estiver fugindo, eu juro que vou te bater até você voltar a ser quem você é !

A garota apenas olhos para o lado.

— Eu não sabia que você é uma covarde ?!

— Eu não sou ! — Ela retrucou.

— Pois não parece ! desde que eu te conheci, eu nunca te vi fugindo nem de nada nem de ninguém. Eu lembro de sua primeira luta contra a Shampoo. Você sabia que ela era mais forte e mesmo assim você aceitou o desafio.

— As coisas são diferentes agora. — Ela tentou explicar

— Como as coisas são diferentes agora ? não negue que você está fugindo. Por que você está fazendo isso ? por que você não pode ficar ?

— Como é que você pode me pedir para ficar depois do que aconteceu hoje ?! você quer que eu fique para ver você e a Ukyo juntos ?!

— Quem foi que disse o nome da Ukyo ? sou eu quem está pedindo para você ficar.

— Eu não posso, Ranma, por favor — Ela implorou. — Me chame do que você quiser, mas eu não posso ficar. Eu tenho que me afastar por uns dias. Você acha que vai ser fácil para mim ? Não, não vai ser. E você sabe porque ? é porque eu te amo muito, Ranma. Eu sempre me arrependi do começo desastroso que nós tivemos; Eu sempre tive inveja de toda a atenção que você dava para as outra garotas enquanto eu só recebia insultos; Eu sempre tive muita raiva de como você nunca me levou a sério como artista marcial. Eu sempre odiei o fato de você sempre agir sem pensar, o jeito de você nunca levar os sentimentos dos outros em consideração, seu jeito infantil. Mas mesmo com todos esses defeitos você sempre teve um bom coração, inocente as vezes, porém bom. E foi isso por isso que me apaixonei por você.

— Ontem, foi como um sonho. Eu sempre achei que você ia escolher uma das outras noiva, no entanto você veio e abriu o coração para mim. De todas as pessoas, você veio até mim. Aquela que sempre te insultou, que sempre disse que nunca queria ter nada com você. Eu quase não acreditei. Quando você me beijou, tudo pareceu tão certo, eu fiquei tão feliz.

— No entanto, antes disso, eu e as garotas fizemos a aposta. Essa foi a nossa ideia para acabar com toda essa confusão. Você sabe por que eu fiz essa promessa ?

Ranma apenas sacudiu a cabeça.

— Eu não sabia de quem você realmente gostava. Eu queria ganhar para afastar, nem que fosse temporariamente, as garotas de você. Minha intenção era ter um encontro sossegado com você, para podermos conversamos sem a interferência de ninguém Eu pretendia ser totalmente franca, dizer tudo o que eu sentia. Se fosse dissesse que não gostava de mim, bem, eu iria simplesmente desistir de você. Embora magoada, eu não iria te forçar a nada. Eu tinha até planos para fazer meu pai anular o casamento.

— Depois que você se confessou, eu senti que deveria vencer o torneio de qualquer maneira. Por mim e por você. Mas eu falhei, Ranma.

Akane piscou os olhos seguidas vezes em uma tentativa de evitar a umidade que crescia incessantemente.

— Me perdoe, Ranma, Por favor. Eu falhei. Eu sempre fui uma falha como mulher e agora eu sou uma falha como lutadora. Eu nunca fui boa nas coisas que a maioria das mulheres são. Minha única opção era ser uma lutadora. Eu queria ser forte, ser sua companheira, eu queria que você tivesse orgulho de mim. Mas eu falhei e está tudo acabado agora. Fui tudo culpa minha. Perdão, Ranma.

Dessa vez foi inevitável. As lágrimas desceram pelo seu rosto sem cerimônia mostrando toda sua tristeza.

Ranma se sentiu despedaçado pelo estado atual de Akane. Vê-la as prantos e desolada não era certo. Ela deveria sorrir. Aquele sorriso ensolarado que sempre fazia seu mau humor ir embora, seu estômago se encher de borboletas. Ela não merecia isso depois de tudo o que passou. Nenhuma dos dois merecia isso.

Ranma fez a única coisa que ele sabia que poderia acalmar a sua amada. Ele esticou os braços e a envolveu em abraço protetor.

— Tudo vai ficar bem, Akane. — Ele sussurrou ouvindo os soluços da garota.

— Não, não vai. Eu estraguei tudo. Nós não podemos mais ficar juntos.

— Não diga isso. Eu estou aqui. Eu não vou te deixar.

— Você não entende. Você sabe qual é a pior parte disso tudo ? eu perdi a luta porque eu não confiei em você. Eu deixei a Shampoo me manipular. Ela me fez acreditar que vocês dois passaram uma noite juntos enquanto nós estivemos separados. Eu sou uma pessoa horrível, Ranma. Por favor, me perdoe por não confiar em você.

Ranma apertou o abraço para fazê-la parar de chorar. Foi inútil. As lágrimas pareciam não ter fim.

— Não tem problema, Akane. Pare de chorar, por favor. Você não sabe o quanto eu fico mal te vendo assim.

— Você me perdoa, Ranma ?

— Não há o que perdoar, mas se é isso que você quer ouvir, eu te perdoo.

Ranma ficou aliviado ao perceber que pelo menos os soluços estavam diminuindo. Os dois ficaram em silêncio, aproveitando a companhia um do outro. O ar frio da noite passou, mas não pareceu incomodar o casal.

— Ranma ? — Akane quebrou o silêncio depois de longos minutos. As lágrimas já haviam cessado a essa altura.

— Sim ?

— Eu queria continuar treinando com você ? Será que nós podemos pelo menos continuar sendo amigos ?

— Akane... — Ranma a segurou pelos ombros e a afastou. — Eu não quero ser amigo. — Antes que Akane pudesse reagir, Ranma continuou. — Depois de tudo o que nós passamos juntos, eu quero ser bem mais que seu amigo. Eu pensei que você soubesse disso. Eu pensei que tivesse deixado bem claro na noite anterior que você é a pessoa que eu gosto, a pessoa que eu farei qualquer coisa para ver feliz. Você é a pessoa mais importante para mim, Akane. Você é a mulher que eu amo. Eu sei que você me ama também. Então por favor, não diga para sermos apenas amigos.

— Não, Ranma. Isso está errado. Sua noiva é a Ukyo e...

— Esqueça ela, Akane ! — Ranma interrompeu. — Não há mais nenhum noivado. Eu disse a Ukyo que não iria levar adiante uma promessa que foi feita sem o meu consentimento, sendo de honra ou não. Eu estou cansado de toda essa droga ! Eu não a amo, você sim. Essa tal da aposta foi feita entre vocês, sem ninguém me consultar.

— Você é a pessoa que eu quero ao meu lado, como minha companheira. Você não fez vergonha hoje, você foi brava e quase ganhou de um adversária que até uma mês atrás era bem superior a você. De maneira alguma você é fraca. Você pode ser teimosa e meio masculina as vezes, mas esse é o seu jeito de ser. É isso que gosto de você.

— Toda essa situação também é culpa minha. Eu não fiz nada para mudar e a bola de neve continuou crescendo. Bem, é hora de para-la e começar a ajeitar tudo. E a primeira coisa que eu quero é ficar ao seu lado. Por favor, Akane. Me diga o que eu tenho que fazer ?

— Você realmente desfez o seu noivado com a Ukyo ? — Ela perguntou, surpresa.

— Sim. Esse era o único jeito. Não foi fácil. Ukyo foi minha amiga de infância. Mas isso não vem ao caso agora. Eu quero saber sobre nós. Chega de brigas, mal-entendidos, noivas, pretendentes e segredos. Não há nada para nos atrapalhar agora. Será que finalmente nós não podemos ser felizes, Akane ?

— Ranma...

— Akane...

Sua faces se aproximaram enquanto seus olhos iam lentamente se fechando. Seus lábios e encontraram com se suas vidas dependessem disso, selando de uma vez por todas sua mais nova relação. A lua cheia escolheu esse momento para sair de trás das nuvens e iluminar o casal, fazendo desse um dos momentos mais felizes de sua vida. Ela foi a única testemunha das juras proferidas naquele instante. Embora feitas em sussurros, as palavras carregavam mais emoções do que se podia imaginar. Elas vieram diretamente do coração, entraram pelos ouvidos e ficaram para sempre registradas em suas mentes.

— Eu te amo, Ranma.

— Eu também de amo, Akane.


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Notas finais do capítulo

Fim ?
NãnãninãNão.

Quem aí pensou que a Ukyo seria a campeã do Torneio ?

O que aconteceu com a Ukyo, Ryoga, Shampoo, Cologne, Tofu e Kasumi ?
Ainda existem surpresas guardadas para o último capítulo, inclusive a explicação de como o Ranma sabe chinês XD

Críticas construtivas serão sempre bem-vindas.
Percebeu algum erro de português, concordância, formatação ou qualquer outro tipo? me avise para corrigi-lo.

Até a próxima.