Já fazia tempos que eu havia notado o quanto aquelas molinhas eram meio irritantes. Castanhas ou ruivas? Não sei dizer. Não me concentrava em uma só quando elas mexiam e remexiam naquela cabeça, que por sinal era uma das cabeças mais inteligentes do castelo. Detesto admitir, mas é um fato. Rose Weasley é um fato brilhante.

Meu orgulho de sonserino e, acima de tudo, de Malfoys deve ter sido reduzido a pó depois dessa. Vê se pode: os piores inimigos que a história bruxa já conheceu e eu aqui, elogiando descaradamente uma das várias crias da família mais traidora de sangue de todas. Segundo papai, devemos ser inimigos durante toda a..como é mesmo? Ah sim, eternidade.

Voltando as molinhas...diferentemente do cabelo liso que a maioria dos filhos, netos e sei-la mais o quê dessa fusão Potter-Weasley, Rose não tinha aqueles cabelos maravilhosos como os primos e o irmão chato Hugo. Muito pelo contrário, eram cheios. Cheios de molinhas irregulares. Não como os da mãe, que uma vez eu vi batendo boca com o meu pai. Era diferente, não me pergunte o motivo.

A questão é: ruivas ou castanhas?

Você pode estar pensando: ué Malfoy, só chegar perto e olhar. Caro leitor, não é tão simples..não sei o que eu fiz, mas ela não me deixa chegar em uma distância de uns 6 metros dela, por aí. Eu juro que ela não é uma das pessoas que eu mais perturbo, então não consigo entender. Diabos de Weasley esquisita.

Eu não devia ligar, até porque pensar em cabelo deve ser coisa de menina e, garanto a todos, o que eu tenho no meio das pernas não me faz ser nem um pouco menina. Não mesmo. Mas se eu realmente não ligasse não estaria levantando impaciente a procura dela no expresso. Maldita curiosidade.

Finalmente achando e abrindo a porta de vários vagões, a encontrei sentada com uns primos chatos: - E aí, Weasleys? Bela manhã para a escória invadir o trem! – comentei rindo, e o único que ia com a minha cara era James, o mais velho por ali.

– Não mais do que os covardes albinos – Albus retrucou, e eu dei meu típico sorriso a La Malfoy, sentando no espaço vazio ao lado de Rose.

Aquela menina não era burra. Foi só eu tentar algum tipo de pré-aproximação, e ela já me olhava feio. Parecia um leão. Aquelas molinhas irritantes pendendo da cabeça, e eu acompanhando o ritmo frenético delas.

– Que que você quer? – doce como sempre, não?

– Admirando seu nariz absurdamente longo, apenas – respondi e seus primos já estavam procurando a coroa dos doces pra fugir de uma futura briga mortal.

Rose nem se arriscou a responder, como sempre fazia. Merlin, como me irritava. Pegou seu livro e foi para o outro banco. Claro, eu fui junto.

– Tirou o dia pra dar uma de chiclete, Malfoy? Sai daqui logo!

– Só quero ver uma coisa, Rose – falei, olhando fixamente para as molas.

Tão irritantes.

– Mas que me.. – ela ia dizendo, e depois eu segurei uma daquelas molas incontroláveis. Uou..macias e longas.

– Shiu...estou observando – pedi enquanto analisava cirurgicamente aquela coisinha tão diferente dos outros primos e o próprio irmão.

Olhando de perto, o nariz não é tão longo. E olha! A cor dos olhos é azul! Incrível.

– Rose... – falei e ela me olhou assustada pela seriedade e suposta intimidade ao pronunciar seu nome - ... ruivas!

Pobrezinha. Mais confusa que um trasgo.

– Do que está falando, Malfoy?

Me afastei sorrindo a La Scorpius. Irresistível para todas. Menos ela.

– Combina bem.

Peguei a varinha que estava no banco, pisquei para uma Weasley ainda mais confusa e saí. Voltei para o meu lugar pensando que eu adoraria ter uma pequena fusão de cores e formas.

Imagine só...um Malfoy ter molas incontroláveis e loiras.