Eu sentia muita raiva, porém não podia fazer nada, estava totalmente paralisada, trêmula, enquanto Hazel também não sabia como reagir. Queria ter protagonismo, pra ter aquelas forças igual dos filmes.

–E-então.-Ela gaguejou.- É isso... Acho que eu errei, era pra você ter sido a primeira...hm..que pena...mas, não faz mal. –sorriu, o que fez meu sangue arder.

–H-Hazel...como você pôde? – Comecei a chorar, enquanto observava o corpo de White estendido no chão, agarrei o machado com força, que parecia muito mais pesado agora.- E-Eu vou...VOU ACABAR COM VOCÊ, HAZEL!

Ela riu.

–Pode até tentar, mas você não conseguiria do jeito que está agora, e nem se estivesse boa. Seu poder é muito inferior ao meu.

Alguma coisa apitou, fiquei esperançosa que fosse a Jujuba vindo socorrer meu irmão, mas era apenas um som de relógio, que vinha do bolso de minha tia.

–Olha só! –Ela o pegou.- Está na minha hora.É uma pena mesmo...estou me divertindo tanto!- Revirou os olhos.- Mas eu prometo que vou voltar para terminar o serviço, ok?

No momento que reuni forças para segurar o machado enferrujado, estava prestes a acertar seu pescoço, ela desapareceu, virou sangue, logo se misturou com o sangue derramado no chão e se foi, deve ser algo importante, talvez ela tenha que torturar minha irmã mais nova daqui a pouco, quem sabe?

Fiquei paralisada novamente, tentando retomar meu espírito ‘’assassino’’ para tentar partir para cima.Mas eu era a única do exército do Reino Doce viva aqui, e eles eram mais de 100,armados. Eu não conseguiria sozinha, estava muito tensa para prosseguir. Apesar de quase todos estarem prestando atenção no corpo morto de White.

Mas, se eu não vencesse aqui, a morte de White teria sido completamente em vão, mas seria suicídio avançar sem nem fazer idéia do poder que eles possuíam. Se eu estivesse me sentindo melhor, certamente avançaria, mesmo correndo perigo. Se eu ficar aqui parada, vou morrer do mesmo jeito.Então...

Mamãe....me ajude.

Segurei a arma enferrujada com força, e me levantei lentamente, tomando a atenção dos soldados do Reino de Sangue toda para mim. Todos partiram pra cima de mim, sem nem pensar.Nesse momento, fiquei bamba, e usei um dos meus poderes pra ficar invisível,tentando confundí-los. Corri para trás de todos eles, por um momento pensei em correr para longe dali, voltar para casa e ficar depressiva para o resto da minha vida.Mas isso também faria com que White morresse em vão. Decidi que teria que ficar na forma invisível para terminar logo com isso, mas minhas lágrimas não paravam de cair. O meu olho que havia sido retirado jorrava sangue, o que me revelava um pouco. O golpe que eu dei da invisibilidade foi um pouco muito apeão, mas não tinha outro jeito. E aquele exército não era nada inteligente. Eu acertava um por um com um golpe nas costas, ou na cintura.

–Ali! Ela está ali! – Um deles alertou, quando viu um colega ser acertado por mim. Logo me movi rapidamente para o outro lado. Em um canto, havia um único soldado sentado, parecia morto, mas estava respirando.Segurava um facão coberto com sangue, e seu rosto estava coberto por uma máscara, ele não parecia ser muito velho. Por sorte, estava quase anoitecendo, a Lua logo estaria no céu, e eu reberia mais forças para terminar isso aqui. Eu não havia eliminado nem a metade deles. Continuei ali, acertando-os, enquanto outros corriam tentando me identificar. O cara mascarado continuava sentado, apenas observando, talvez ele estivesse esperando eu aparecer direito pra avançar e me matar.

Meu braço estava cansado. Essa luta se tornou algo chato, não conseguia mais lutar direito, eles igualmente.Enquanto eu ficava perdida nos meus pensamentos, todos ficavam tentando me encontrar. E eu não podia mais contar com a minha invisibilidade, logo eu já estava visível, por isso fui recuando lentamente. O rapaz que estava sentando foi se levantando, junto com o facão.

Respirei fundo....O machado estava coberto com sangue, cobrindo a maior parte da ferrugem. Ainda restavam,mais ou menos, 40 soldados, eu não tinha mesmo chance de vencê-los sozinha.Desabei no chão, sem esperança nenhuma, e fui esperando eles me matarem logo. Eu não conseguiria salvar ninguém.

– Tudo bem...-Levantou o homem com a faca e a máscara.- Escutem, todos vocês! –Berrou.- A Rainha Hazel mandou nós nos retirarmos!

–Mas senhor...tem certeza? Se você nos ajudasse, nós acabaríamos com ela! –Ele protestou, enquanto apontava para mim.- Agora ela não está mais invisível, e está frac...
– Você sabe o que Hazel fará se vocês desobedecerem...Apenas obedeçam! Iremos voltar para cá com o dobro de soldados na próxima!

– Como você pode saber que ela deu sinal de retirada? Você ficou sentado aqui o tempo todo! Só observando! Perdemos muitos membros do exército! MAIS DA METADE!- Retrucou outro.

– Ah...bem....Ela me ligou e....ahn...ela disse que quando estivéssemos em pouco número, era para voltarmos.-Tossiu.

Fiquei confusa, eu estava ali, pronta para ser morta, praticamente entregada de bandeja, e o homem desconhecido manda todos recua....
Um terrível e alto barulho soou, interrompendo meus pensamentos...eram reforços, vários guardas-bananas saindo do portão do reino doce.

– Eu disse! RECUEM! – Ordenou, os inimigos concordaram, e logo o campo de guerra estava vazio, e o corpo de meu irmão estava sendo retirado. Mas o cara da máscara ainda estava lá.

–O-o que...o que foi isso? – Falei, levantando e me afastando. Coloquei a mão no meu tapa-olho, que estava coberto do meu sangue.

Ele retirou uma parte da máscara e sorriu, um sorriso muito familiar.

–Tsuki, você não se lembra de mim? Eu estou vivo agora! Isso não é ótimo? – Respondeu, se aproximando.

– N-não! Não te conheço! Como sabe meu nome? – Já estava desesperada, os guardas bananas nem estavam prestando atenção em mim, pra me ajudar ou algo do tipo.

O rapaz tirou a máscara inteira do rosto, tinha cabelos dourados e olhos amarelos brilhantes, quando eu percebi quem era, gelei.

– Sou eu! Luke!

– Você não tinha sido mutilado? Eu vi você morrendo! Como está vivo?- Me afastei.

– Longa história....Ah...bem...você deveria me agradecer um pouco...sabe...eu te ajudei e tal...

Me ajoelhei no chão, quase sem ar, precisava de mais tempo para pensar e me recuperar do dano e do choque que aconteceu, tudo a minha volta estava girando,e começou a escurecer de leve, até que apagou tudo.