Quando Kagome desceu do ônibus esticou os braços e respirou fundo, talvez por ter crescido no interior as vezes sentia falta do ar puro e tranquilidade do campo. Avistou Inuyasha enquanto ajudava a tirar as malas do ônibus, o mais surpreendente foi que ele mesmo se ofereceu para ajudar. Vinha percebendo nos últimos tempos que ele não era tão ruim quanto imaginava, mas mesmo assim não se sentia segura em contar a ele sobre seu medo de palco, mesmo Sango dizendo que ele talvez pudesse ajuda-la.

–o que você está fazendo parada ai Kagome? –disse Sango surgindo no lado de Kagome. –temos que ir ver como é o alojamento das garotas. –saiu puxando Kagome.

–Sango você está bem animada, por quê?

–e não é pra estar, parece até aquelas viagens escolares que a gente fazia, eu escutei o pessoal dizendo que estão pensando em fazer um teste de coragem. –Kagome tinha que admitir que era bem animador.

As cabanas ficavam relativamente perto umas das outras, e eram bem espaçosas, todas estavam animadas com as próximas duas semanas, e tinha que admitir que estava começando a se contagiar com isso.

–então o que vamos fazer? –perguntou Sango enquanto arrumavam suas malas.

–bom nossa turma vai se reunir com o Bankotsu o professor de vocês não falou nada com vocês?

–não estou falando disso, estou perguntando o que vamos fazer na nossa hora vaga. –ela tinha esquecido disso, geralmente ela iria a uma das salas de ensaio praticar... será que conseguiria achar um lugar longe dos outros para praticar.

–você ainda não falou com o Inuyasha, não é? –Sango pareceu ter lido seus pensamentos.

–ainda não. –embora tenha pensado bastante nisso. –sei que você tem razão, que talvez ele possa me ajudar, mas não me sinto confiante em dizer a ele.

–foi só uma sugestão você não tem que contar pra ele se não quiser, mas sabe você vai ter que lidar com isso, quem melhor que seu parceiro pra te ajudar.

As palavras de Sango não saíram de sua cabeça, mesmo durante a aula de Bankotsu ela estava dispersa em seus pensamentos.

–agora eu vou explicar como vamos fazer, como ninguém veio pra cá pra ficar sentado assistindo aula eu decidi deixar por conta de vocês. –Kagome finalmente despertou de seus pensamentos. –como vocês sabem que vai ter uma apresentação no ultimo dia, e vocês vão ter essas duas semanas para se preparar... e farão isso em duplas. –Kagome olhou Inuyasha de relance e se surpreendeu ao ver que ela a encarava. –resumindo tudo que vocês decidirão será feito entre você em sua dupla sem a ajuda de mais ninguém.

–e se tivermos alguma duvida ou problema com a apresentação.

–converse sobre isso com a sua dupla afinal vocês são uma equipe, a partir de agora você estarão por conta própria... boa sorte. –ele saiu deixando os alunos sozinhos.

–bom parece que vamos ter muito trabalho. –Inuyasha foi o primeiro a se pronunciar. -então vamos Kagome. –ele a pegou pela mão e a puxou para junto com ele.

–o que você pensa que está fazendo? –perguntou Kagome enquanto era arrastada por Inuyasha.

–você ouviu o Bankotsu, temos muito que fazer. –na verdade era só uma desculpa, tinha visto Kouga encarando Kagome o tempo todo, e antes que o outro tivesse a chance de se aproximar resolveu leva-la para longe dali.

–Inuyasha tem uma coisa que eu quero te contar.

–o que? –perguntou sem parar.

–será que você pode parar de me puxar. –disse finalmente conseguindo se soltar. –eu sei andar sozinha sabia?

–eu reparei. –disse parando finalmente. –então o que você quer me dizer?

–na verdade é sobre a nossa dupla. –ela estava hesitante, teria que contar, afinal como Bankotsu mesmo falou, eles era uma equipe. –é que eu...

–você quer trocar de dupla? –perguntou Inuyasha, ele parecia calmo, mas por dentro não sabia explicar... será que estava magoado?

–como? –ela tinha ficado tão surpresa que ficou sem falas.

–não precisa disfarçar, não é segredo pra ninguém o fato de que você sempre odiou o fato de ter que fazer dupla comigo. Até que você aguentou bem até agora.

–como se eu pudesse mudar de dupla tão facilmente assim, mas não... não era isso que eu queria falar com você. –ela sorriu ao perceber que Inuyasha estava preocupado com isso. –eu já estou acostumada com a cruz que tenho que carregar, além do mais acho que foi melhor assim.

–serio... finalmente se deu conta que te colocaram com o melhor? –Kagome revirou os olhos, ele realmente tinha o ego bem grande.

–não, mas eu percebi que se tivessem te colocado com uma dessas garotas descerebrada você ficaria bem pior do que já é.

–confesse você morreria de ciúmes. –Kagome o encarou por uns minutos.

–quer saber, esquece que eu queria te contar algo, acho que não era uma boa idéia. –e se virou para ir embora.

–espera. –ela parou a sua frente. –foi só uma brincadeira, serio, falando serio agora o que você tinha para me dizer? –Kagome o encarou por uns mitos hesitante, por fim suspirou e decidiu contar.

–na verdade é um problema que eu tenho.

–hum.

–eu... eu... eutenhomedodepalco. –disse rapidamente em sussurro.

–o que?

–eu disse que eu... tenhomedodepalco. –repetiu rapidamente em sussurro.

–isso é alguma piada.

–está bem... está bem... eu tenho medo de palco, pronto satisfeito. –disse exclamando.

–é serio?

–claro, você não está vendo o quanto é difícil pra mim te contar isso.

–obrigada pela parte que me toca.

–digamos que você não me deu muitos motivos para confiar em você.

–essa doeu. –eles ficaram em silencio por um tempo. –desde quando? –perguntou por fim.

–eu não sei, quando era criança me apresentava nos musicais da escola, mas desde que eu vim pra cá eu não consegui cantar na frente de outras pessoas, só de imaginar isso eu já fico nervosa.

–então você tecnicamente não cantou nenhuma vez pra uma plateia grande, não é? –ela afirmou. Inuyasha ficou pensativo, isso não significava que ela tinha medo de palco, mas concerteza era algo psicológico. Ele mesmo ficava nervoso quando cantava na frente de outras pessoas, mesmo quando o publico era só sua família. –você quer minha ajuda?

–você é minha dupla, eu pensei que isso podia te prejudicar, por isso achei justo você saber.

–essa foi a coisa mais gentil que você já me disse. –Kagome não conseguiu resistir e sorriu. –bom antes de dizer se vou te ajudar ou não eu quero te fazer uma pergunta.

–o que? –perguntou curiosa.

–você confia em mim? –aquela pergunta a pegou de surpresa. –se você quer que eu a ajude vai ter que confiar em mim... você confia em mim? –ele encarava Kagome nos olhos, não sabia o por que, mas a resposta dela era importante para ele.

Kagome o encarou seriamente, ele tinha razão, ela tinha que confiar nele para que pudesse ajuda-la, mas será que ela confiava. Desde o comece ela teve motivos para achar que ele não era de confiança, mas também tinha que admitir que nos últimos dias ele tinha se mostrado uma pessoa diferente do que pensava, mas ela confiava nele?

–uma parte de mim diz que eu não devia, mas... eu confio em você. –Inuyasha sorriu aliviado, soltando a respiração que prendeu sem perceber.

Sesshomaru parou em frente ao apartamento de Rin e buzinou, ele já tinha ligado que estava chegando então ela devia estar pronta. Alguns minutos depois Rin apareceu a porta carregando duas malas, na mesmo hora Sesshomaru saiu para ajuda-la.

–eu pensei ter dito que seriam só duas semanas, não é? –disse ao ver as duas malas pesadas.

–isso é só o básico, uma mulher tem que estar preparada.

–acho que isso é uma das coisas que nunca vou entender nas mulheres. –disse colocando as no carro.

–isso é bom, os mistérios fazem parte do chame de uma mulher. –será que ele podia dizer a ela que pra ele ela já era a mulher mais charmosa do mundo. –bom estou pronta, podemos ir. –eles entraram no carro e assim que Sesshomaru deu partida ela se virou para ele. –devo confessar que estou ansiosa, lembra do acampamento que fiemos quanto estávamos no colegial? Era tão divertido.

–pelo visto foi uma boa ideia te convidar para vim comigo. –ele estava satisfeito, não tinha idéia de como mostraria para Rin que eles poderiam ser mais que amigos, mas pelo menos ele tinha certeza de que Rin e ele se davam bem juntos.

Todo o caminho até o local do acampamento foi uma loucura, Rin tinha levado CDs das bandas que eles gostavam na adolescência, ela cantava e até fez com que Sesshomaru cantasse, só ela para conseguir isso, e era isso que ele mais gostava nela, perto dela ele se sentia a vontade, conseguia relaxar e mostrar um lado que nem mesmo ele conhecia.

Eles chegaram ao acampamento no final da tarde, Rin foi a primeira a sair.

–onde está todo mundo? –perguntou estranhando o silencio do lugar.

–isso é realmente estranho, já era para eles estarem aqui. –eles foram ao alojamento dos professores, eles encontraram um dos professores responsáveis que tinham ido para o acampamento.

–eles foram para cidade? –perguntou Sesshomaru.

–sim, Bankotsu achou que seria bom eles se divertirem um pouco, mas já devem estar voltando. Bankotasu já tinha avisado que vocês viam, podem deixar suas coisas aqui, o quarto das mulheres é lá em cima e dos homens aqui em baixo. –disse indicando os lugares. –bom eu tenho que ir agora.

–onde você vai? –perguntou Rin curiosa.

–vou preparar as coisas para a fogueira que faremos quando eles voltarem.

–fogueira... serio? –se ela já estava animada com a ideia de acampar, a menção da fogueira a levou ao delírio, Sesshomaru teve que se conter para não rir.

–a gente ajuda você, né Sesshy? –ele sabia que o outro se esforçou para não rir, talvez Rin fosse a única que não tinha percebido que esse apelido de infância não combinava com a imagem que ele tinha agora.

–não vamos ter nada pra fazer mesmo antes deles chegarem, não custa nada ajudar.

Quando voltaram tudo que Inuyasha queria era tomar um banho e ir dormir, mas tinham inventado que teriam uma fogueira e seus planos de sossego foram por água baixo. Ele ainda tinha que pensar em uma maneira de ajudar Kagome, tinha que confessar que ficou surpreso e emocionado quando ela. Tinha gostado que ela veio até ele pedir ajuda e o fato de ter confiado nele ao ponto de ter contado seu segredo o fez se sentir especial de alguma maneira, não conseguia explicar, mas tinha sido importante, agora ele precisava pensar em uma maneira de ajuda-la.

Ele estava tão distraído em seus pensamentos que não percebeu Sesshomaru se aproximando.

–o que está fazendo aqui parado com essa cara irmãozinho? –ele passou o braço pelo ombro de Inuyasha.

–o que você está fazendo aqui Sesshomaru?

–surpreso? Eu sou um dos responsáveis pelo acampamento, ideia do nosso pai?

–então você é a nossa babá? –perguntou zombeteiro.

–quem vai ser babá? –disse socando o braço do irmão. –eu e a Rin estamos aqui para avaliar.

–a Rin está aqui? –perguntou surpreso.

–sim eu a convidei para vim comigo. –Inuyasha o encarou por uns minutos depois sorriu malicioso.

–hum... entendi.

–nem começa pirralho, é tudo profissional, só por isso a Rin está aqui.

–profissional? Serio? –ele gargalhou. –eu te conheço “Sesshy”. –disse imitando o apelido que Rin sempre usava. –tudo que envolve você é a Rin não tem nada de profissional. Então qual é o plano... vai tentar seduzi-la?

–como se você soubesse.

–você não negou... ah ah então quer dizer que meu irmão mais velho finalmente decidiu tomar uma atitude, já não era sem tempo, então o que qual o plano?

–como se eu fosse te contar pirralho, você tem que crescer um pouco antes de entender essas coisas.

–você fica me chamando de pirralho, mas eu entendo melhor que você.

–você está falando isso pela sua namorada, se é que pode chamar aquilo de namorada. –disse se sentando no bando que ficava na varanda do alojamento onde eles estavam. –eu não entendo o porquê de você esta com aquela garota.

–nisso eu concordo com você. –disse se sentando ao lado do irmão. Sesshomaru o encarou surpreso. –acho que eu tava meio fora de mim quando a pedi em namoro.

–não pensei que viveria para ver esse momento, mas meu irmãozinho finalmente está criando juízo. Então o que significa isso?

–eu não sei, na verdade faz um tempo que percebi que tenho feito muita besteira, eu até conversei com nosso pai sobre isso.

–e o que você decidiu?

–nada, não sei o que fazer agora, por isso decidiu deixar as coisas como estão por hora e ver o que acontece.

–boa escolha, bem maduro de sua parte, acho que você puxou alguma coisa de mim.

–só se for a sua chatice.

–como você é ingrato. –embora parecesse zangado os dois estavam rindo. –bom eu tenho que ir agora.

–onde vai, atrás da Rin?

–ao contrario de você eu faço outras coisas além de correr atrás de mulheres. –ele se levantou. –tenho uns assuntos para resolver com o Bankotsu, nos vemos mais tarde na fogueira.

–ok. –ele ainda ficou um tempo ali sentado pensando, de repente ele sorriu, a ultima vez que ele e Sesshomaru conversaram assim ele tinha quinze anos, realmente fazia tempo e embora não houvesse percebido tinha sentido falta, as coisas realmente mudaram nos últimos seis anos. –e agora eu preciso pensar em uma maneira de ajudara aquela mandona. –sem perceber ele sorriu. Foi então que uma idéia estalou em sua cabeça. –Rin!