Labirinto escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 8
Escolhas


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo vai ser bem tenso, talvez até chocante. Quem for sensível demais, melhor nem ler porque o troço vai ficar muito feio.



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- Socorro... socorro...

Cebola parou de andar e apurou os ouvidos.

- Oi? Quem tá aí? – ele chamou e a voz continuou pedindo ajuda. Era uma voz fina de menina que parecia bem familiar para ele.

O rapaz foi percorrendo os labirintos seguindo a voz até chegar a um espaço aberto. A visão foi chocante.

- M-Maria Cebolinha?
- Cebola, me ajuda! Socorro!

A menina estava amarrada a uma cadeira e aos seus pés algo que parecia uma grande bomba igual as que ele via nos filmes. Aquilo não era nada bom!

- Pindarolas, como você veio parar aqui? – ele falou tentando livrá-la das cordas, mas havia uma infinidade de nós e toda vez que ele desatava um, outro surgia. – Droga, não consigo desamarrar essa corda!

Desesperado, ele resolveu examinar a bomba e viu que tinha nela um teclado numérico. Para desarmá-la, era preciso uma senha.

- Deixa eu ver... qual poderia ser a senha? Deixa eu tentar essa... não, peraí! Se eu digitar a senha errada, isso pode explodir! Argh, o que eu faço?

A bomba não se soltava das cordas e ele não se sentia seguro para tentar nenhuma das combinações que passava por sua cabeça. Um barulho lhe chamou a atenção e ele viu alguém descendo até chegar a poucos centímetros do chão. A pessoa estava com as mãos amarradas e pendurada em uma corda.

- Mônica? É você?
- Cebola? Minha nossa, o que tá acontecendo aqui? Me ajuda!
- Agora danou tudo! – ele mal conseguia ajudar sua irmã, como fazer para salvar a Mônica? – Você não consegue romper a corda?
- Estou muito fraca... tiraram minha força.
- Essa não!

Ele tentou desamarrar a mão dela, sem sucesso. O nó era forte demais. Cebola corria entre uma e outra totalmente desnorteado. O relógio da bomba mostrava que faltavam cinco minutos para a explosão, deixando o rapaz mais apavorado ainda.

- Minha barriga dói! – Mônica chorou e ele viu que tinha sangue na sua roupa. Quando desabotoou sua camisa, viu que seu abdome estava costurado e ainda sangrava bastante.
- Cruz credo! O que fizeram com você?
- Não sei... eles abriram minha barriga e colocaram um papel com alguma coisa escrita nele. Depois fecharam.
- Um papel? O que tinha escrito nele?
- Não sei, parecia um monte de números.
- Números? Não, isso não pode estar acontecendo!

De repente, uma faca apareceu na sua mão e ele gelou na mesma hora. Era para abrir a barriga dela para conseguir a senha? Não, isso ele não ia fazer de jeito nenhum! Era absurdo demais e ele jamais machucaria a Mônica por nada no mundo. Ele tentou cortar a corda com a faca, sem sucesso. Era grossa demais e ele estava perdendo tempo valioso.

O choro da menina fez com que ele despertasse, aumentando seu desespero. Ele também não podia deixar que sua irmã explodisse em pedaços. O que fazer? Qual decisão tomar? Um pensamento sinistro passou por sua cabeça. Não havia como soltar a Mônica daquela corda. Pelo menos não tão rápido. A bomba era assunto urgente e se explodisse, acabaria matando os três. Mas se conseguisse desarmá-la, ganharia mais tempo.

- Mônica, eu... eu... não... me perdoa!

Os olhos dela encheram de lágrimas.

- Cebola... você vai me machucar?
- Meu Deus, me perdoa Mônica, por favor, me perdoa! Eu jamais faria isso, mas...
- Se não fizer, a gente vai morrer, não vai?
- Eu te amo! Você sabe que eu te amo, mas não sei o que fazer, tô desesperado e essa bomba vai matar a gente!

Ela abaixou a cabeça, com o rosto banhado em lágrimas e falou com a voz triste.

- Faz o que deve fazer.
- Vou tentar não te machucar demais, prometo!

Cebola pegou a faca e tentou desfazer os pontos tomando cuidado para não machucá-la. Foi em vão, já que ela chorava e gritava de dor. O tempo estava acabando, faltava pouco mais de um minuto e o desespero dele aumentou mais ainda. Estava difícil cortar os pontos sem piorar o ferimento dela e ele não podia demorar demais.

- Droga, por que isso tá acontecendo? Não é justo! Mônica, me perdoa! Eu juro que vou te compensar, juro mesmo! Vou tirar a gente daqui, pode confiar em mim!
- Cebola...

Ele enxugou as lágrimas rapidamente, respirou fundo, pediu perdão mais uma vez e num gesto rápido e brusco, cortou a barriga dela fazendo jorrar o sangue em seu rosto e sua roupa. O papel com a senha saltou para fora no mesmo instante enquanto a moça gritava a plenos pulmões.

- Tá doendo demais, acho que vou morrer!
- Espera, Mônica, eu vou te ajudar! Deixa só eu desarmar a bomba!

Faltavam dez segundos quando ele, após ler a senha com muita dificuldade devido ao sangue que sujava o papel, digitar os números no teclado. A bomba deu um apito agudo e os números apagaram. Quando se deu conta de que ninguém explodiu em pedaços, ele viu que a bomba tinha se desarmado. As cordas que prendiam a menina também se desamarraram sozinhas, libertando-a.

Isso permitiu que Cebola corresse até a Mônica. A corda abaixou-se mais ainda e ele conseguiu desamarrar suas mãos também.

- Mônica, por favor, me responde! Mônica! – ele gritava para a moça que parecia desacordada. O corpo dela estava frio e sua respiração muito irregular. – Por favor, faz isso comigo não! Por favor, eu imploro! Volta pra mim, fica comigo!

Cebola gritava e chorava desesperado sacudindo corpo dela, que não respondia aos seus apelos. Maria Cebolinha se aproximou olhando a cena com um olhar frio e de repente começou a rir e apontar para o corpo inerte da moça.

- Tá rindo de que? Eu fiz isso com ela pra te salvar!
- Hahaha, olha a barriga dela! Seu bobo, você é um bobo mesmo, bobalhão!
- Olha que eu te dou uns tapas! – ele gritou sentindo raiva da forma como a menina mostrava tanta ingratidão.
- Nhe-nhe-nhe, eu não tenho medo!

Por fim, ele perdeu a paciência e a segurou pelos ombros, sacudindo-a fortemente.

- Sua pirralha mal agradecida! A gente tá sofrendo feito condenado e você fica rindo?

A menina só ria sem se importar com a sacudida e as ameaças do irmão. Foi quando ele olhou nos olhos dela e caiu em si.

- Não!
- Hahaha! Enganei o bobo, na casca do ovo! – ela continuou repetindo a frase várias vezes enquanto seu corpo se desmanchava membro por membro e ele viu que estava com uma boneca nas mãos, não sua irmã de verdade.

Um grito de pavor ecoou por todo labirinto e Cebola correu novamente para o corpo da Mônica, que dessa vez estava gelado e sem nenhuma respiração. Ele a tinha matado! A garota que ele amava estava morta e tinha sido por suas mãos!

- Mônica... meu Deus, Mônica! Não, por favor, isso não! – ele não sabia o que doía mais: vê-la morta em seus braços ou saber que tinha sido em vão.

Sem saber o que fazer, ele apertou o corpo dela contra seu peito e chorou como nunca em sua vida. Tudo estava acabado para ele. Depois do que aconteceu, ele não ia ter forças para mais nada e só lhe restava enfrentar o mesmo destino. Os dois iam morrer juntos.

- Me espera, Mô, eu já estou indo. – Ele sussurrou e aproximou seu rosto do dela para um último beijo. Quando seus lábios se tocaram, ele sentiu algo duro, como se fosse plástico. Outro grito apavorado saiu da sua garganta ao se deparar com uma boneca e olhava para ele com o olhar vidrado e uma espécie de sorriso na boca.

Ele se afastou rapidamente e saiu correndo feito louco, tentando se afastar daquela cena o mais rápido possível. Aquilo foi demais para seus nervos.

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Soranin se dobrava de tanto rir da sua travessura e falou olhando para os outros três de maneira desafiadora.

- Agora quero ver alguém fazer melhor que isso!
- Então é minha vez. – O ID de Magali falou, arrancando risadas de todos.


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