Labirinto escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 13
Traição




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Soranin nunca se sentiu tão bem em toda sua vida de ID. Era como se estivesse se tornando um ser mais forte e completo. Mas tudo foi bruscamente cortado quando ele sentiu uma dor muito forte na área do estômago. Ele caiu no chão fraco e atordoado e viu que os outros dois estavam na mesma situação.

De pé diante deles estava o ID de Magali rindo perversamente.

– O-o que você está fazendo sua tonta? Quer nos matar? – ele perguntou tentando se levantar em vão.
– É bem por aí, seus trouxas! – ela direcionou os três cordões para si mesma, deixando os outros apavorados. Soranin gritou.
– Você vai nos matar! Sua ingrata! Como se atreve a nos trair?
– Ora, era meu plano desde o início! Por que vou me contentar com uma humana só se posso ter quatro?

Akanin tentou se levantar também e nem conseguiu se mexer. Nenhum dos três conseguia.

– Nem tentem reagir, é inútil! Vocês estão desligados dos humanos e sem eles, vocês não são nada! – Maneiroso como sempre, Soranin tentou dialogar.
– Por que está fazendo isso? Fui eu quem teve esse plano! Sem mim, você ainda estaria trabalhando feito escrava naquela sorveteria!
– Você teve esse plano? Sério mesmo? Jura? Que idiota!

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– Acho que temos um problema! – Licurgo falou ao ver que as coisas tinham mudado entre os ID’s.
– Vamos seguir o plano! – Ramona respondeu. – Se quisermos salvá-los, temos que fazer tudo direito!

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– Do que está falando? Essa idéia foi minha e todos são testemunha!
– Ah, sim, claro. Foi você quem veio até nós falando desse plano brilhante. Mas nunca se perguntou de onde teria vindo essa idéia? De onde saíram as pistas que você seguiu? Quem colocou na sua frente os escritos antigos dos ID’s? Você nunca se perguntou como tudo foi cair milagrosamente nas suas mãos?
– Como é? Claro que foi minha idéia!
– É tão arrogante, coitado. Bem, na verdade eu descobri esses escritos antigos na terra dos ID’s há um tempo atrás e descobri que existe uma forma de sermos livres. Bastava seqüestrar Magali e trazê-la para cá.
(Akanin) – E por que não fez isso?
– Porque se fizesse, os outros acabariam vindo atrás dela. Aliás, foi por isso mesmo que você chamou a todos quando achou que teve essa idéia, não é Soranin?
– Grrr! Sua... sua...
– Você não nos chamou por generosidade. Chamou apenas para que todos ficassem presos e assim não ter o risco de um tentar salvar o outro. Também deixei que Soranin levasse o crédito porque se eu tivesse dado a idéia, ninguem teria me ouvido. Agora terei a vida de todos eles só para mim!
(Kainin) – Era por isso que você estava atrasando as coisas para sua humana?
– Sim. Quando a dominação pelo ID começa, por um instante ele perde a força porque o humano começa a perder sua força também. Era esse momento que eu estava esperando. Se tivesse me fundido a Magali primeiro, não teria sido possível dominar vocês.
(Soranin) – Por que nos traiu? Por que não deixou que cada um ficasse com seu humano? Isso não é justo! Havia o suficiente para todos!
– Por que eu deveria me contentar com um só se posso ter quatro?

Ele rosnou de raiva. Claro, ela era o ID da gula e do egoísmo. Não dava para esperar outra coisa e todos ali estavam condenados.

– Agora se me dão licença, tenho vidas para absorver. Quando terminar com esses três, darei um jeito na Magali e estarei livre para fazer o que quiser. Terei a força e a agressividade de Akanin, a inteligência e astucia de Soranin e a agilidade e esperteza de Kainin. Tudo só para mim, não é maravilhoso? Hahahaa!

Soranin deixou-se cair no chão frustrado, furioso e incapaz de fazer qualquer coisa. Ele não sabia o que lhe deixava mais zangado: ser derrotado pelo ID mais fraco de todos ou não ter tido aquela idéia brilhante primeiro. Agora ele sabia como Cebola estava se sentindo ao ver que não era tão inteligente assim.

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– É isso aí, acabou... não agüento mais... – Cascão murmurou soltando o pedaço de madeira. Seus braços tinham ficado dormentes e não tinham força para segurar mais nada. O jeito era jogar a toalha e aceitar seu fim. Continuar lutando só ia prolongar seu sofrimento.

Aos poucos ele foi sentindo a água cobrindo o restante do seu corpo e depois a cabeça. Ainda de olhos abertos, ele viu o abismo escuro que o esperava, anunciando seu fim. Seu corpo foi afundando gradualmente e ele nem mesmo se debatia. Não adiantava mesmo.

– Cascão? Cascão? Sai dessa, cara! Não desiste! – uma voz o chamou e ele olhou para cima. A imagem estava meio distorcida por causa da refração da água, mas ele pode reconhecer o Ângelo voando acima dele.

Seria mais uma ilusão ou a ajuda tinha mesmo chegado? Talvez fosse tarde. Por que ele não o tirava dali?

– Continua lutando! Você não pode desistir! Força! Só mais um pouco!

Sem saber como, Cascão conseguiu mexer os braços e pernas e nadou até a superfície. Só o suficiente para que seu rosto ficasse para fora da água.

– Me tira daqui, cara! Eu não agüento mais!
– Não posso fazer isso! É você quem deve sair por contra própria! Vamos! Você consegue!

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– Isso é uma loucura... uma loucura! Até o Licurgo ficaria louco nesse lugar! – Cebola não agüentava mais e decidiu que ia ficar ali até morrer. Ele não tinha forças para mais nada.
– Eu não sou louco!

Cebola levantou a cabeça e viu Licurgo de pé na frente dele. Sua imagem não estava muito nítida e dava para ver através dele, como se fosse um fantasma.

– Vamos, Cenoura, levanta daí! O que aconteceu com o rapaz mais inteligente da turma?
– Minha cabeça não funciona mais! Já era!
– O que é isso! Sua cabeça nunca deixou de funcionar!
– Agora deixou. Se quer mesmo me ajudar, então me tira daqui!
– Eu não posso. Só você pode tirar a si mesmo daqui!
– Então vou ficar nesse lugar pra sempre!

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Magali olhou desconfiada para aquela moça de óculos que se parecia tanto a Ramona. Era mesmo ela ou mais uma ilusão?

– Magal! Finalmente te achei! Você precisa acordar agora mesmo! Seus amigos estão em perigo!
– Em perigo? E eu? Olha minha situação! Não tenho como ajudar ninguém!
– Claro que tem! Você precisa! Você é mais forte do que imagina, não pode esquecer disso! Precisa lutar!
– Lutar contra o quê? O que é tudo isso? Eu não tô entendendo nada!
– Então procure entender! Lembre-se de quem você é! Lembre-se da sua força!
– Eu não tenho força, tá legal? Não sou a Mônica!

Ela ajoelhou-se no chão e começou a chorar. Por que Ramona não a tirava ali de uma vez? Por que complicavam tudo?

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– Mônica? Mônica? Vamos, acorda! Você não pode ser derrotada assim! Vamos!

Ela abriu os olhos e viu a imagem do DC na sua frente.

– É... é você mesmo?
– Claro que sou eu! Original e com selo holográfico! Mônica, levanta daí e agüenta firme!
– Não consigo mais levantar! Estou fraca demais!
– Desde quando você é fraca? Anda, você não pode desistir! Cadê a dona da rua, teimosa e mandona?
– Ela morreu!
– Morreu o escambau! Ela ainda tá aí dentro de você esperando pra ser libertada! Qualé, sai dessa! Você nunca foi derrotada por ninguém, vai entregar os pontos por causa de um labirinto mixuruca?

Ela apertou os lábios e fez um grande esforço. Suas pernas começaram a se mexer, mas ainda assim seu corpo não obedecia.

– Eu já dei tudo de mim, DC. Cheguei ao meu limite! – ela falou chorando.
– A gente não fica forte dando tudo que temos. A força vem quando damos um pouco mais, vamos mais além e ultrapassamos os limites! Vamos! Só mais um pouco, vai!

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– Mas o que é isso? – ela perguntou ao ver que tinha uma interferência atrapalhando o processo. – Droga, eles vão estragar tudo! Não posso deixar!


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