Labirinto escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 12
Adormecendo


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Desculpem o atraso. Acontece que eu tive uma perda na minha família e fiquei meio deprê nesses dias. Vou ver se termino essa história porque comecei e não quero deixar ninguem esperando.



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Se o mundo dos ID’s já era feio, aquele lugar era pior ainda. Escuro, frio, desolado e totalmente estéril. Formas estranhas e sinistras vagavam aqui e ali assustando até o próprio Licurgo, tão acostumado a ver coisas estranhas. Já Ramona parecia não se incomodar.

- Eu jamais teria imaginado a existência desse lugar. – ele falou olhando para os lados. – Sempre achei que conhecesse todo o mundo dos ID’s.
- Aqui é o mundo do inconsciente individual de cada pessoa.
(DC) - Inconsciente?
- É onde as pessoas guardam memórias que o consciente esqueceu, experiências perdidas e até lembranças de vidas passadas. Abaixo desse nível está o inconsciente coletivo, mas não temos acesso a eles e o que procuramos está aqui mesmo.
- Por que os ID’s os trouxeram para cá?
- Porque eles precisam ter acesso a mente inconsciente deles, onde está a raiz de tudo. É através daqui que eles poderão apagar a consciência deles e tomar seu lugar.
- Que maneiro! A biblioteca da sua mãe deve ser sinistra demais! O Nimbus deve se esbaldar!

Ela deu um sorriso meio triste.

- Já o convidei para ir lá em casa quando minha mãe está viajando, mas ele não vai. Sempre inventa uma desculpa.
- Liga não, o Nimbus é meio distraído mesmo.
- E o que devemos fazer quando os encontrarmos?
- Devemos ajudá-los a recobrar a consciência. Só assim para escaparem da armadilha que seus monstros criaram. O segredo para vencer esses monstros interiores, que fazem parte do nosso ego, é a consciência. Se perdemos a consciência, tudo acaba.

Licurgo novamente se lembrou dos delírios do Bikuri. De alguma forma, aquele demente estava lhe dando pistas sobre o problema, mas ele não foi capaz de perceber. Será que seu ID estava certo? Será que ele estava se tornando um zumbi igual às outras pessoas?

- E como vamos falar com eles? – ele perguntou tentando afastar o próprio desconforto.
- Tenho magia que permite comunicar telepaticamente com eles. É só o que podemos fazer.
- Acho que vai ser tranqüilo... epa! Tem um treco vindo pra cá! – os três ficaram em alerta quando viram uma espécie de vulto se aproximando rapidamente, vindo do alto.
(Licurgo) - É algum monstro?
- Não! Aqui só tem as formas do inconsciente das pessoas, os monstros não tem até aqui!
- Então deve ser uma dessas paradas aí que quer atacar a gente!
- Mas DC, eles nunca atacam ninguém!

A sombra foi se aproximando e eles viram que era grande. Um vento soprou sobre eles e quando todos iam fugir dali, uma voz familiar falou.

- Bonito, heim? Vieram se aventurar na terra dos ID’s e me deixaram de fora?
- Ângelo? – todos falaram ao mesmo tempo.
- Claro! Pensaram que fosse quem?
- O que faz aqui, rapaz? – Licurgo perguntou mais aliviado.
- Ué, eu sou anjo da guarda deles, não sou? É meu dever protegê-los.

Felizes com a companhia do anjo, eles retomaram a caminhada e andaram por muito tempo até encontrarem um local levemente iluminado. Os três esconderam atrás de algumas rochas e puderam ver quatro telas brilhantes, cada uma com um monstro a sua frente. O resto estava difícil de enxergar por causa da escuridão. Ramona resolveu isso abrindo uma pequena tela no ar onde todos puderam ver a real situação.

- Eles estão presos! – DC falou preocupado com a Mônica. Ela estava pálida, se debatia levemente e o seu rosto mostrava visível angustia e sofrimento. Os outros estavam na mesma situação.
- Estão sofrendo com as ilusões que os monstros criaram. Quando perderem totalmente a consciência, tudo estará perdido. Não podemos deixar isso acontecer.
- Não podemos ir até lá, dar um jeito naqueles monstros e soltá-los? – Lucurgo quis saber.
- Isso seria um desastre! Vê aqueles filamentos dentro das cabeças deles? Se forem tirados a força, poderá até matá-los! Isso só pode ser feito de dentro para fora, por eles mesmos. Vou começar com a magia para que possamos ajudá-los.
- Aqui, será que não dá pra cada um ir falando com um deles? Assim vai mais rápido! – Ângelo propôs.

Ramona pensou um pouco e por fim concordou. Seria mais rápido.

(DC) - Eu converso com a Mônica. Sei como falar com ela e sei que vai me ouvir.
- Falarei com o Cenoura e Ângelo fala com o Cascão. Se você puder, fale com a Magali. Ela vai precisar de gentileza e doçura.

Uma risada histérica chamou a atenção dos três, deixando-os muito preocupados.

- Hahaha! Está na hora, finalmente está na hora! – Akanin gritou pulando de alegria. Até Soranin mal conseguia conter sua satisfação.
- Sim, meu amigo esquentado! Está na hora! Graças ao MEU plano engenhoso, poderemos ser livres para fazermos o que quisermos! E tudo sem a ajuda daquele Dr. Bikuri! Hahaha! Eu sou mesmo um gênio, um grande gênio! Espero que vocês não esqueçam disso!
- Blé, vai jogar na nossa cara agora? – Kainin perguntou irritado.
- Vou mesmo! Agradeçam a minha generosidade por estarem perto da liberdade. Se eu quisesse, teria feito tudo sozinho!
(Akanin) - Hunf! Menos conversa e mais ação!
- Só mais um minuto ou dois e pronto! Eles estão praticamente afundando!

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Ao ver que tinha acreditado em mais uma miragem, Cascão já não agüentava mais aquela loucura. Ele não sabia onde estava, nem por que estava ali. Não sabia de nada. Todo aquele silêncio, aquela paisagem monótona, tudo aquilo tinha minado a sua disposição. O rapaz estava morto de cansaço e mal agüentava se segurar no pedaço de madeira.

- Eu... eu não agüento mais, não agüento! Droga! Cansei! – ele falou sem forças até para chorar. Não havia mais nada que pudesse fazer.

Nadar para onde? Não havia um único pedaço de terra firme. Ninguém aparecia para lhe socorrer e aquele oceano parecia não ter mais fim. Ele só tinha duas alternativas: ficar boiando ali pelo resto da vida, fugindo de monstros ou correndo atrás de miragens, ou acabar logo com todo aquele sofrimento e se deixar afundar de vez.

Se antes morrer afogado lhe causava medo e pânico, agora ele não se importava mais. Talvez a morte lhe trouxesse algum alívio. Cair no abismo sem fim, deixar que tudo ficasse escuro para sempre e nunca mais ter que agüentar aquele inferno. Era isso que ele ia fazer.

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Após ver que tinha caído em outro enigma que não levava a nada, Cebola caiu de joelhos com o rosto entre as mãos. Tudo nele estava cansado, até sua mente. Ele não conseguiria sequer dizer quanto era dois mais dois, tamanho era seu cansaço mental.

- Então é isso, eu sou um burro e não faço nada direito! Sempre me achei tão inteligente e não consigo sair dessa droga de labirinto! E nunca vou sair! Sou mesmo um fracasso! Um fracasso!

Ele foi falando e chorando ao mesmo tempo, remoendo sua incompetência e burrice. Claro, só alguém tão idiota quanto ele para não ser capaz de sair daquela armadilha. Aquele lugar era um grande enigma que ele não conseguia resolver. Estava muito além da sua inteligência.

O pior de tudo era saber que jamais teria a chance de derrotar a Mônica e mostrar que era digno dela. Como ele poderia ser digno dela se não era nem capaz de sair daquela armadilha? Não. Ela merecia alguém melhor e menos patético. Alguém que a fizesse feliz, coisa que ele não foi capaz.

Não havia mais nada a fazer e Cebola deitou-se no chão, se conformando em acabar ali mesmo. O que mais dava para fazer? Continuar resolvendo enigmas ou caindo em ilusões pelo resto da vida? Realmente não dava mais.

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Suas mãos estavam em frangalhos. Ossos quebrados, pele solta, grandes cortes e ferimentos. Seu corpo também não obedecia mais e Mônica não via nenhuma esperança para sair daquele lugar.

- Não... eu não posso desistir... não posso! – ela murmurou para si mesma tentando se levantar e seu corpo não mostrou nenhuma reação. Era como se ela estivesse paralisada, presa no mesmo lugar.

Por todos os lados, havia somente aqueles grandes muros que chegavam até o céu. E solidão, desespero. Será que ela nunca mais ia ver seus amigos? Nunca mais ia ver o Cebola? Será que ela ia morrer sem ter a chance de se resolver com ele e reatar o namoro?

Então nenhum dos seus sonhos ia se realizar? Ela se recusava a aceitar isso, mas também não tinha forças para continuar. Até sua teimosia estava começando a ceder uma vez que não tinha mais nada para fazer nem onde ir.

- Eu... eu... acho que vou... vou... desistir... – ela murmurou fechando os olhos pela última vez. Era o fim.

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Um vento estranho soprava por toda parte, deixando-a em alerta. Sua fome tinha sido temporariamente esquecida por causa daquele sonho dos vermes e Magali estava com mais medo do que qualquer outra coisa. Por que tudo ali estava tão confuso?

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- Todos a postos! – Soranin ordenou. – Está na hora!
- Parece que a lerdinha ali ainda não conseguiu nada com sua humana! – Kainin debochou.
- Problema dela! Não podemos esperar ninguém! Ela que se vire depois!

Três das quatro telas desapareceram, mostrando os humanos que estavam atrás delas. Um cordão amarelado surgiu na boca do estômago de cada um, indo até seus ID’s. Ela apenas observava com um sorriso perverso no rosto. Tudo estava indo conforme seus planos.

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- Precisamos correr! – Ramona falou e se iniciou a magia para entrar nas mentes dos quatro antes que perdessem totalmente a inconsciência. – Preparem-se todos! Vamos falar com eles!

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Soranin, Akanin e Kainin foram perdendo a densidade aos poucos. Eles pareciam letárgicos, como se não percebessem o que acontecia ao redor. Era o momento que ela esperava.

- Está na hora!


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