SANTUARIO
ATENAS, GRÉCIA
13:10PM

"Olha só... temos visitas!" - Milo cochichou, disfarçando um assovio.

"Milo... tenha modos!" - Camus virou os olhos.

Saga e Aiolia sorriam levemente. Assim que avistaram a pequena ruiva já previram uma manifestação de Milo, seguida de uma advertência de Camus. Saga suspirou: "Sempre os mesmos...".

"Milo, sossega. Aquela moça já parece suficientemente assustada, então é melhor você manter seus comentários para você." - Saga advertiu, sem conseguir disfarçar o riso.

"É, Milo. E as mãos também." - Aiolia completou, fingindo seriedade.

No mirante, Shura já havia começado a apresentar os companheiros que vinham chegando, mas Mulder e Scully não estavam conseguindo prestar muita atenção ao cavaleiro. Scully porque estava realmente boquiaberta com tudo aquilo, e Mulder porque... bem, estava realmente começando a ficar com raiva daquele lugar.

"Hola! Pensei que não iam parar para comer hoje..." - Shura saudou os colegas - "Temos visitas, como podem ver." - E virando-se para os dois agentes, tratou de seguir com as apresentações - "Este mais alto é Saga, cavaleiro de Gêmeos. O carrancudo do lado é Aiolia, cavaleiro de Leão. Camus, cavaleiro de Aquário, do lado dele, e Milo, cavaleiro de Escorpião."

Os quatro se aproximaram e cumprimentaram Mulder com um aperto de mão. Todos fizeram o mesmo com Scully, sendo que Camus, ao fazê-lo, beijou-lhe delicadamente uma das mãos. Scully ficou pasma. Normalmente ela ficaria irritada com isso, mas como poderia? Ela sequer tentou.

"Rapazes, este é o agente Fox Mulder, e esta é a agente Dana Scully. São agentes do FBI americano." - Shura completou as apresentações, sem deixar de reparar que seu amigo francês com certeza ganhara o interesse da ruiva.

"É um prazer recebê-los, mas devo dizer que estou surpreso... não é comum termos visitas." - Saga disse, simpaticamente, mas sem perder o ar austero.

"Nós também não esperávamos acordar num lugar como esse, mas tenho que admitir que é muito melhor do que o lugar onde estávamos antes." - Mulder logo simpatizou com o cavaleiro de gêmeos. Era o único que não estava descaradamente dando em cima da Scully, e parecia ser um cara sério.

"Definitivamente muito melhor." - Foi o único comentário que Scully conseguiu verbalizar.

"Bom..." - Saori chamou a atenção de volta para sí - "Vamos descer? Podemos conversar mais enquanto comemos, o que acham?"

E desceram em direção ao salão onde comeriam. No caminho, Scully caminhava silenciosamente ao lado de Mulder. Saori ia na frente, acompanhada de Shaka e Mu. E logo atrás deles estavam Shura e os outros.

"Camus... você é um sem vergonha mesmo." - Milo comentou, os olhos fuzilando.

"Pourquoi?" - Camus respondeu, displiscente.

"Ficou me enchendo o saco para não dar em cima da moça, e pá! Lá estava um francês metido dando em cima dela, descaradamente!"

"Eu apenas cumprimentei a senhorita da maneira que achei adequada, Milo." - Camus respondeu, sem se abalar.

"Senhorita? Como sabe disso? Não viu a cara do amigo dela? Aposto que ele almoçaria seus miolos com prazer..." - Milo retrucou.

"Nisso tenho que concordar, Camus. O homem parecia que queria te matar na hora que você beijou a mão dela." - Aiolia comentou, rindo.

"É... parecia o Aiolia quando me viu ajudando a Marin com aquela aprendiz outro dia..." - Saga deixou de lado a seriedade apenas para provocar Aiolia, que só de lembrar do tal dia já espumava.

Mais à frente, Mulder estava pensativo. Até o momento, estavam conhecendo mais e mais pessoas. Ou cavaleiros. Porque eles pareciam ter poderes especiais, pelo que percebeu, então não sabia se devia classificá-los como pessoas normais. Bom, não sabia quanto aos quatro que chegaram por último. Fazendo as contas, ainda faltavam cinco deles. Olhou de relance para Scully. O que ela estaria pensando? Estaria ela pensando? Ela estava muito diferente do que conhecia. Sabia que estava sendo machista ao extremo, até porque tinha que admitir que aqueles eram homens bonitos. Se a situação fosse contrária, se fossem doze mulheres igualmente bonitas chegando a cada momento, como ele estaria se sentindo? Tinha a obrigação de se colocar no lugar da parceira. Mas por que não conseguia?

Sem perceberem, chegaram ao salão onde ficariam para a refeição, e onde poderiam finalmente conversar. A mesa posta era redonda, de modo que todos se acomodaram sem muita cerimônia. Mulder tratou de se sentar imediatamente ao lado da parceira, percebendo que o cavaleiro francês sentara-se ao lado dela também. Sentiu-se extremamente irracional fazendo isso, então, tratou de começar logo a falar, não queria nem pensar na possibilidade de estar com ciúmes da parceira.

"Senhorita Kido, antes de virmos para cá esteve nos contando sobre o fato de ser a reencarnação da deusa Atena, certo?" - Mulder parou por um momento, observando que todos os cavaleiros à mesa estavam absolutamente à vontade com a conversa - "Assim, estou inclinado a acreditar que a senhorita tenha algum tipo de poder... estou certo?"

"Poder?" - Saori perguntou, sorrindo.

"Sim, como o poder de Mu," - Mulder olhou na direção do cavaleiro, que assentiu - "Ele foi capaz de salvar a mim e à minha parceira, trazendo-nos para cá através de teletransporte. Essa não é uma capacidade comum, certo?"

"Tem razão em pensar assim, Sr. Mulder." - Saori respondeu, graciosamente - "Todos aqui possuem uma ou mais habilidades que não são realmente comuns. Mas não creio que haja em mim tais habilidades, ao menos não desta forma."

"Sr. Mulder" - Saga percebeu o pedido de ajuda silencioso de Saori e interveio - "Digamos apenas que, como reencarnação de Atena, apenas a presença de Saori entre nós já seja algo bem significativo."

"Mas Mu comentou que a senhorita sabe que corremos algum tipo de perigo e que devemos ficar aqui. Como isso acontece? É algum tipo de poder telepático..."

"Mulder..." - Scully chamou a atenção do parceiro - "Está sendo indelicado, não faça destas pessoas objeto de estudos paranormais, por favor."

"Mas Scully, eu preciso..."

"Fique tranquila, srta Scully, é natural que estejam cheios de dúvidas, nós mesmos estamos bastante impressionados com o que quer que tenham passado ultimamente." - Saori comentou, e então continuou - "Sr. Mulder, não sei se telepatia é a palavra certa para definir a forma com que vejo as coisas. Creio que seja mais como um pressentimento, só que uns são mais apurados que os outros. Veja, primeiro sentí aquela enorme concentração de cosmos, depois Mu trouxe vocês dois para cá, encontrados no local exato do deslocamento de energia. Resumindo bem, sei que há homens que ambicionam controlar tal cosmo, e como não sei se a fonte é humana ou divina... ou mesmo se é algo que esteja dentro de nossa compreensão. Entendem a minha preocupação? Se vocês dois estavam lá e tiveram algum tipo de contato com o que quer que seja aquela coisa, haverá muita gente querendo suas cabeças." - Saori concluiu, desta vez com a expressão mais preocupada.

Mulder ficou absolutamente impressionado com a certeza com que a menina explicou a situação. Claro que não achava que seriam realmente mortos por terem visto aquela nave no pólo sul. Imaginava algo mais leve, porém prejudicial, do tipo ter o escritório incendiado, ou serem exonerados do FBI... A morte não lhe era uma possibilidade tão palpável, mas o que Saori acabara de dizer deixou a coisa toda muito mais real. Podiam ser mortos por causa de sua cruzada pessoal. Mortos, de verdade. Olhou para Scully, a seu lado, e temeu como nunca pela vida da parceira.

"Sr. Mulder," - Saga percebeu o temor no rosto do agente, e resolveu acalmá-lo de alguma forma - "Saiba que estão seguros aqui, e que temos meios de fazer com que aquele cosmos jamais vá parar em mãos inadequadas. Essa é nossa missão primária."

"E o que acontece agora?" - Scully perguntou, temerosa.

"Agora vocês estão no melhor lugar possível. Aqui vão estar informados sobre essa coisa que estavam investigando, que por sinal também estamos investigando." - Milo sorria enquanto falava, como se achasse graça da situação - "E estarão protegidos. O mundo lá fora não tem acesso ao Santuário. Seja quem for que está atrás de vocês sequer sabe da nossa existência. Mas nós podemos saber tudo sobre eles." - Milo piscou e Scully não pôde evitar de sorrir do jeito descontraído do jovem grego.

"Agora, tem uma coisa que precisamos muito saber." - Camus recolheu seus talheres e voltou-se para Scully e Mulder, a seu lado - "Como foram parar na Antártica, e justamente naquele local? O que estavam investigando?"

Mulder suspirou e Scully procurou uma posição mais confortável na cadeira. Agora era a vez dos agentes contarem uma história realmente longa.

To be continued...