Incandescente escrita por Catiele Oliveira


Capítulo 7
6. Manhattan, Valentina Dior, New York Times.


Notas iniciais do capítulo

Gente, só eu que acho a Frankie uma biscate de quinta??? Socorro. Menininha chata!! Hahahahaha



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Seis.

Minha mãe segurou meu braço usando mais força que o normal, eu sabia que ela gritava internamente para eu calar minha boca. Todos estavam em silêncio. Todos, exceto ele, que ria baixinho de mim. Eu queria provocá-lo, deixá-lo irado, mas ele nem se comoveu com minha pergunta. Eu passei a noite inteira imaginando como abordaria essa história, mas então eu nem sabia o que dizer quando o vi. Ele me desarmou. Tão animado apresentando sua família, seu cabelo bagunçado e de roupa casual. Descalço na sua sala de star, quanto a mim de vestido formal, salto alto e excessivamente maquiada. Tenho certeza que a morena deve andar com roupas de baixos pelos cantos dessa casa esbanjando sensualidade só para seduzi-lo, Christopher afirmou isso só com o olhar de pena que me lançou.

— Quis te poupar disso. Mas se soubesse que gostaria de conhecê-la eu teria a deixado por perto; queridinha.

— Christopher! — Molly grunhiu entre dentes.

— Alguém precisa trabalhar para pagar as joias das esposas, não é meus caros? Em dez minutos me esperem na entrada. — Ele murmurou agressivo para os homens e saiu tão rapidamente e deixou um rastro delicioso de perfume na sala.

— Você não deveria ter perguntado isso Felipa! — Marta rosnou. Molly parecia assustada.

— O que é que ele pensa da vida? — Quase gritei.

— Qual a parte do “estamos nas mãos dele” você não entendeu, menina?

— Fê... Você não conhece o Chris... Ele é bom, mas não queira ver o lado ruim dele...

— Eu não vou simplesmente aceitar isso de braços cruzados, Molly! Até ontem eu era livre, hoje estou noiva de um homem detestável! Não consigo ver nenhuma gota de esperança nisso! Não consigo me controlar! Eu quero quebrar tudo, estou cansada! Não me peça para ser boazinha, mãe. Eu tenho sido há muito tempo.

xXx

A festa de noivado.

― Então essa é a famosa Felipa? ― Corei quando a mulher com o mesmo tom de pele do meu disse. Ela era alva como a neve, com os olhos negros, os mais lindos que já vi, ela me sorriu e pegou as minhas mãos apertando levemente. ― Você é tão linda querida, Christopher não podia ter feito uma escolha melhor.

― É o que eu sempre digo. ― Ele deu um sorriso falso.

― Olhe amor, que anel mais lindo. ― Todos olharam para meu solitário de diamante a qual Christopher dissera que achou em um canto isolado da primeira joalheria que entrou. Ou seja, nenhuma peça romântica vinda de algum parente já morto. Eu mesma parei para analisar pela quinta vez na mesma noite.

― É realmente muito lindo. ― Admiti levantando a mão até a altura dos meus olhos e fitando sem parar.

― Christopher lhe dará belas esmeraldas... Cecília tem um colar tão lindo, tenho certeza que você poderá ficar com eles, irão combinar com seus olhos. ― Houve um silêncio incômodo quando o nome de sua mãe fora pronunciado, ele torceu o nariz e tentou fingir-se sóbrio.

― Nós vamos cumprimentar os outros convidados. Fiquem à vontade. ― Sorrimos em despedida.

― Você está me machucando. ― Ele nem havia percebido, mas apertava meu braço sem nenhuma delicadeza, soltou sem graça e se desculpou numa voz quase muda. Depois nos distanciamos.

Fiquei isolada com Molly e Pablo, ou meus pais. Nenhuns dos meus amigos foram convidados, a não ser Frankie. Não posso dizer que nossa amizade tem sobrevivido bem até hoje, ela não aceitou muito bem o fato de Christopher ser meu noivo e eu não entendi muito bem sua rejeição, o que tem realmente me incomodado é o fato de que ela olha insistentemente para Pablo, como se ele fosse um peru de natal bem delicioso, e ela estivesse totalmente faminta. Molly graças a Deus não percebe as investidas desnecessárias da minha melhor amiga, mas consigo ver como Pablo se sente desconfortável quando está ao lado dela. Eu também me sentiria de toda a forma.

Em um momento final da noite, um dos amigos de Christopher veio se despedir de mim. Eu estava sozinha e homem de olhos verdes e baixo me abraçou apertado até demais e deu-me um beijo demorado no canto da boca.

― Você é um brinquedo muito caro e Christopher uma criança muito pobre! ― Disse divertido, já eu estava constrangida, não lhe respondi. ― Você o ama? ― Questionou curioso, ainda me olhava estranho, Christopher surgiu do nada o empurrando para o lado e me abraçando.

― O que você pensa que está fazendo conversando com esse idiota? ― Murmurou no meu ouvido, sua pergunta pairou por alguns segundos antes dele voltar a falar. ― Você é minha. Entendeu? ― Christopher mordeu minha orelha lentamente e depois soltou me dando um selinho, encarou seu amigo e respirou fundo. ― Fique. Longe. Da. Minha. Noiva. Smith. ― Dizendo pausadamente me tirou de perto do homem.

Quando a noite acabou eu agradeci aos céus. Não podia se quer estar mais satisfeita com todos os convidados que se foram, insisti para meu pai me levar pra casa, precisava ficar um tempo só. Um tempo longe dele. Meu pai disse que ele me levaria, tentei contestar, mas nada funcionou, Martha exigiu que eu fosse gentil, eu sempre sou! Ele que faz questão de ser detestável todo o tempo.

― A senhora deseja mais alguma coisa? ― George apareceu do nada me assustando. Estava relaxadamente deitada no sofá, o salão principal recentemente conhecido por mim estava num estado caótico e eu não aguentava nem mais um segundo de pé. George também parecia tão cansado quanto eu, ou até mais.

― Mais nada querido, pode ir se deitar. ― Não estava nem um pouco apta para dar ordens, por mais que em algum momento eu tivesse que sozinha governar uma casa e agir como uma esposa, não sabia ao certo se saberia. Martha diz que é como andar de bicicleta, se fosse tão simples...

― Aí está você! ― Ouço-o exclamar. Ele desce calmamente da longa escada de vidro que dá para o segundo andar da casa. Seus cabelos estão molhados, ele usa jeans e um casaco preto. Recém saiu do banho, posso sentir o cheiro almiscarado de perfume e loção pós-barba. Christopher tem seu sorriso cínico de sempre no rosto e os olhos perturbadoramente sombrios. ― Minha adorável noiva deseja ir agora?

― Se meu digníssimo noivo achar que é a hora... ― Ele deu um sorriso sarcástico.

― Já até passou. ― Revirei os olhos ― Vamos. O motorista com certeza deve estar exausto!

― Você... Você não vai me levar? ― Essa fora sua vez de rir. Christopher fez que não com a cabeça e um nó se formou em minha garganta.

― Tenho outros assuntos mais importantes para resolver. Mas... Venha. Thomé a deixará em casa segura. ― Sua mão pousou no meio das minhas costas e ele praticamente me empurrava para fora. O vento soprou do sul e atingiu meus braços nus. O vestido perolado voou. ― Entre, o aquecedor já está ligado. ― O motorista abriu a porta do carona para mim. Christopher roubou um beijo rápido e simples. ― Até logo, amor.

Assim que eu entrei ele bateu a porta do carro com força desnecessária. O aquecedor estava mesmo ligado. Observei-o trocar meias dúzias de palavras com seu motorista que só assentia. Em seguida um carro conversível com a capota levantada adentrou o portão grande da mansão. Fez a volta pelo jardim, Thomé entrou com rapidez no carro. Em longos dois meses eu já não a via... Mas então ela deixou seu carro e caminhou para ele, quando Thomé cruzou a saída eu o vi beijando-a. O portão de ferro se fechou com força e eu tive ânsia de vomito.

Eu pensei que ele não a via mais.

Eu pensei que ele não me trairia.

Eu pensei que podia ser real...

― Aquela... ― Engoli a saliva ― Aquela era Nina? ― O motorista me respondeu com um longo e interminável silêncio.

Uma lágrima quente desceu pelos meus olhos. Eu não o amo, disse a mim mesma. Só sou egoísta demais para deixar outra entrar no meu “relacionamento”, egoísta demais para deixar que ele seja feliz enquanto eu passo o inferno por sua causa.

É claro que ele queria que eu a visse. Foi esse seu jogo, era essa sua intenção não deixando que eu fosse embora com meus pais. Todo o tempo era isso que ele queria que eu visse. Nós não estávamos nos vendo muito nos últimos dois meses, eu estava preocupada com o casamento. Estava preocupada com a faculdade. Estava preocupada com o que seria da minha vida quando eu finalmente dissesse sim. Eu não dava atenção as suas provocações, ou o ignorava em público. O fazia passar vergonha. Eu era o mais detestável possível e ele sempre fazendo o mesmo. Em dobro. Pagando na mesma moeda... Mas isso... Ah isso... Isso ele sabe que não poderei retribuir da mesma forma. É um jogo de um vencedor e esse é ele.

Thomé abriu a porta para mim assim que parou em frente ao Constantino, ele me acompanhou até o hall de entrada onde o porteiro fez seu trabalho.

― Boa noite senhorita Sullivan. ― Eu deixei um muxoxo escapar por meus lábios. Thomé entrou em seguida e apertou o botão 15 para chamar o elevador.

― Você não precisa me levar até lá, Thomé. Eu sei o caminho de cor. ― Ele pareceu não ouvir. Entramos juntos no blindado de aço. Sem nenhuma parada em outro andar eu estava no meu em um minuto. Tirei as chaves da bolsa e desejei boa noite antes de destrancar a porta, ouvi seu “boa noite” sussurrado e ele se foi.

― Eu achando que você dormiria lá... ― Martha parecia uma assombração no escuro. Eu gritei de susto e acendi a luz. ― Desculpe.

― Você precisa parar de fazer isso! ― Disse. ― E não, ele tinha visitas...

― Há essa hora? ― Olhei o relógio, quinze para uma da manhã ― Mas o que aconteceu?

― Nina. Vermont. A única vadia que apareceria na casa de um homem comprometido as uma da manhã.

― Não... ― Eu assenti.

― Preciso deitar ou vou desmaiar. Estou exausta, boa noite mãe. ― Segurei o choro pela milésima vez na noite.

xXx

― Então a vadia da Vermont chegou assim que você saiu? ― Molly repetiu o que eu disse.

― Sim.

― Ele deixou você lá para vê-la de proposito, tão previsível... ― Concluiu.

― Ele consegue ser mais idiota do que eu penso a cada dia que passa. ― Molly deixa uma risada escapar do outro lado da linha. Ela consegue me distrair, eu precisava desabafar e não tinha coragem de ligar para Frankie, tinha vergonha. Sabia que minha melhor amiga não me criticaria, nem podia. Mas Molly é mais experiente nesses assuntos. Ela já é casada, é madura. Adulta. Sabe me aconselhar dez vezes melhor do que uma adolescente inconsequente como Fran.

― Quero revidar! ― Vingança... Doce vingança...

― Não! ― Exclama Molly ― Não agora, querida. Você precisa se casar. Escuta, Nina é poderosa, mas não tanto assim. Se ela fosse realmente tudo que você pensa que é já estaria noiva dele, o que não é o caso. A noiva é você. Concentre-se em casar, depois... Meu amor, depois você revidará em grande estilo.

― Eu só quero sair dessa situação.

― Sinto muito, baby... ― Ficamos em silêncio ― Se eu pudesse fazer algo para ajudar vocês dois... Tão perdidos... Espero sinceramente que se achem após o caos. ― Murmurou tão sincera, como sempre era ― Preciso desligar agora, você não vai acreditar, mas a chata da minha sogra veio almoçar conosco. É insuportavelmente que ela esteja aqui. ― Mesmo resmungando ela ainda está rindo.

― Não deve ser tão ruim! ― Brinco fazendo-a rir mais. Molly sempre reclama de sua sogra.

― Ah... Você não imagina o quanto! A única coisa que é pior que minha sogra é a minha cunhada junta. Pense em uma pedra no sapato maior que a Nina? Agora multiplique por mil e saberá o tamanho do meu infortúnio. Até logo querida, beijos. ― E desligou ainda rindo tão animada como sempre.

A hora do almoço. A mais silenciosa. Martha parecia aprovar a sopa pegajosa que estava sendo servida; o tempo estava frio, talvez fosse esse o motivo. Ela estava tão calada que chegava a me incomodar, mas ainda assim deslizava seu dedo pela tela do tablet branco que Greg havia lhe dado recentemente. Alguns minutos depois empurrou o aparelho na minha direção. Havia muitos modelos de vestidos brancos, de noiva... Um mais lindo que o outro. Cada um deles lindos em sua forma. Eu podia até me ver vestida em um deles, podia prever a reação das pessoas... A linha era assinada por Valentina Dior, uma das maiores estilistas da elite de Manhattan.

― Ela se propôs a vir em Seattle fazer um modelo especial para vocês desde que... ― Marta se interrompeu nas palavras e deixou um sorriso contido passar por seus lábios. Fiquei curiosa.

― Mas se você e seu lindo noivo toparem sair na capa do New York Times, na próxima edição. Ela estará completando 20 anos de carreira e adorou a ideia de ter o casal famoso do momento representando sua nova linha de vestidos para noivas independentes.

Não podia negar, em Martha havia uma animação a mais. Era como se esse casamento da forma mais tortuosa desse algum sentindo a sua vida. No começo ela era hesitante, algum medo, talvez até por mim. Mas agora ela fazia meu papel de noiva, estava sempre à frente de todos os detalhes, cada pequena peça que faltava ela encaixava, desde as flores, a Igreja, o local ideal para festa. A data. A preocupação com a meteorologia. Até com os votos! Ela está simplesmente tomando as rédeas de tudo e eu não vejo porque não deixa-la fazer isso.

― Não depende só de mim. Você sabe muito bem. ― Murmurei baixo, não queria desanima-la, Marta revirou sua sopa e respirou fundo.

― Você vai pedir a ele. Com todo o jeitinho, você vai conseguir isso... Diz que será bom para vocês dois um pouco de exposição romântica. Todos vão simplesmente morrer de inveja de vocês dois... Tente o fazer ver algum tipo de vantagem para ele.

― Mãe! Ele faz de tudo para ir contra o que eu quero... ― Respirei fundo e ela ponderou.

― Tudo bem... Vamos fazer o seguinte, você comenta o assunto por alto. Diz que recebeu esse convite, mas que pra você tanto faz. Na verdade até seria bom que vocês não aceitassem pela exposição e tudo mais e que você prefere um vestido mais simples... Diz isso que ele fará o resto. ― Ela sorriu maliciosa.

― Isso é manipulação, sabia? ― Eu ri junto. Adoraria manipulá-lo.

― É assim que se lida com homens, minha filha. Fazendo-os fazer o que queremos sem eles saberem que queremos. Simples.

xXx

― Baby! Achei que você simplesmente havia desistido de ser amiga de alguém como eu! ― Frankie revirou os olhos, o que me fez revirar também. A abracei com força desnecessária, ao seu lado ela apontou para John... E eu simplesmente gelei ― Estava passeando pelo shopping esperando a tola da minha amiga chegar e ela quem eu encontrei? O cretino do Miller. Diga olá para Felipa, John. ― Ele estava visivelmente constrangido, não mais que eu. Respirei fundo e fui obrigada e me envolver no abraço oferecido, dois beijos no rosto e um longo aperto de mão.

― Não mudou nada... ― Disse ele baixinho. Seus olhos consternados me encaravam com doçura.

― Já não podemos dizer o mesmo de você, Miller! Está um gato, não é amiga? ― Fui obrigada a concordar. Frankie empurrou meus ombros com um sorriso no rosto. ― E por onde esteve? Atraso de trinta minutos tem que ter uma boa explicação!

Neguei com a cabeça. Não queria contar o que houve perto dele, primeiramente porque minhas pernas tremiam, não é todo dia que você reencontra seu ex-namorado em um corredor qualquer do shopping. Principalmente quando o romance acaba de uma forma inesperada porque ele precisa urgentemente se mudar com a família para outro país. Não depois que ele tenta manter contato e você ignora totalmente pensando que assim sofreriam menos. E nem quando você supera-o tão fácil e já se vê envolvida em outro conturbado relacionamento. Quando se tem um noivo perigoso e chantagista disposto a tudo para te impedir de viver. Não podia dizer a Frankie que me atrasei porque ele acha que ela não é boa companhia para mim. E que daqui a vinte minutos ele estaria vindo me encontrar para conversamos sobre vestido de noiva, New York Times e Valentina Dior.

― Tudo bem, depois você me diz! Agora vamos comer alguma coisa que estou faminta! Você sabe, não é? Enquanto não me livrar de uns probleminhas fico com fome o dia inteirinho... Vou explodir de tão gorda que estou! ― Neurótica, foi todo que pensei. ― Miller virá junto! O que será bem mais emocionante, ele contará seu tempo na Alemanha. Me diga, John, eles continuam nazistas?

― Francine! ― Bradei e ela soltou uma gargalhada.

― Ah, foi uma piadinha! Ria Felipa. Você anda tão careta ultimamente!

― Isso não é piada, Frankie... ― John disse com um eminente mau humor, ele franziu o cenho e ela fez cara de tédio. ― Só irei se você for Felipa, sabemos bem que Francine e eu não somos do mesmo clube de livros.

― Até porque eu leio livros muito mais interessantes que você, Miller. ― Hostil ela o cortou. ― Aliás, você nem lê livros. Até onde eu sei sua média era C-, ah... E sua namoradinha sabe que seu pai pagava para você ficar no time de futebol da escola? E você nem era o capitão! ― Observei quando John ficou vermelho. Ele sempre fora muito branco e qualquer estado de raiva, vergonha ou enjoo ele mudava de cor e era perceptível. Isso sempre o constrangeu. Eu pigarreei diversas vezes sem saber o que dizer, Fran tinha um sorriso vitorioso no rosto e um impasse estava formado na porta do shopping.

― Olha quem fala! A menina rejeitada do colégio... Se não fosse o rostinho bonito da sua amiga você não seria ninguém, Srta. Martin!

― Ei! Quantos anos vocês tem mesmo? Por Deus... E não, não poderei comer nada com nenhum dos dois. Encontrei Christopher em cinco minutos e é bom nenhum dos dois está por perto...

― Vergonha dos seus amigos infantis? ― Ela me cortou ― Espero que o “tiozão” traga o babador, porque querida você só tem 17 anos, como nós dois. O amor da sua vida já sabe que você vai se casar com um homem sete anos mais velho que você?

― Por que você não consegue manter a boca calada? ― Rosnei. John me olhava completamente confuso, olhei o relógio no meu pulso, iria dar 18hs da tarde. Marquei ás seis com Christopher. Ele sempre é pontual.

― Casar? E ele tem 25 anos? Uau... De todas as surpresas que eu já tive hoje, essa certamente é a maior!

― Eu...

― E chegou o noivinho do ano!

Meu olhar encontrou o dele, Christopher atravessou o corredor com pressa. Seu cabeço estava bagunçado como sempre. Seus olhos pareciam vivos, lindos. Bem verdes. Seu terno estava na sua mão, a camisa branca plissada e listrada na horizontal marcava bem seu peitoral musculoso, tríceps e bíceps visivelmente expostos e inchados. Parecia ter malhado recentemente. Desviei meus olhos deles por um segundo para encontrar os de Frankie, seguido por os de John. Logo eu estava nos braços quentes, apesar do frio Chris parecia pegar fogo. Eu nem tinha percebido, mas estava farejando o cheiro gostoso de seu perfume. Não se envolva, gritei na minha mente, mas seu cheiro sempre me deixava em frenesi. Minhas mãos alisaram suas costas, na duvida eu só estava representando o papel de noiva apaixonada. E representava muito bem, obrigada. Ele beijou meu pescoço antes de me soltar. Roubou um selinho e sorriu colocando-me ao seu lado, como sempre a mão possessiva ficou estacionada em minha cintura. Apertando forte.

― Boa tarde Frankie, como vai? ― Não dispensou sua falsa educação. Ela sorriu brevemente.

― Ótima. Você já conhece o ex-namorado da Fê? ― Venenosa. Eu mudei a expressão de felicidade, Christopher notou. Ele encarou por algum segundo John e em seguida estendeu sua mão, foi um aperto hostil e rápido.

Azarado ― Sarcasmo. O primeiro tom de Christopher foi esse ― Você perdeu a mulher mais linda da cidade, o que posso te dizer? Obrigado cara! ― Pigarreei.

― Parabéns pelo noivado... Nem tive tempo de dizer, acabei de saber.

― Você não vê TV? Não lê jornais? ― John corou.

― Ele estava morando há quase dois anos na Alemanha... Chegou recentemente...

― Ah! Então tá tudo certo! ― Ele me cortou ― Tenho certeza que foi a fofoqueira da Francine que te contou, não foi? ― John assentiu, Christopher gargalhou. ― De muito bom tom da parte dela. Se eu fosse você a mataria, sério cara. Ela é tão desnecessária como...

― Chega! ― Sim, eu gritei, Christopher me olhou assustado ― Foi bom rever você, John. Espero que se adapte com rapidez. Até logo Frankie.

Enquanto o arrastava para longe podia ouvi-lo rosnar xingamentos indistintos sobre Fran. E de como eu estaria enrascada se a visse perto de mim outra vez. Sobre John se limitou em dizer que sentia pena do rapaz e que agora era bom eu obedecer minha parte do acordo. Acabou os passeios, liberdade ou visitas à amigas. A partir de hoje eu viveria em função dele e ai de mim se não vivesse... Alguns minutos depois perguntei se isso se estendia a Molly, ele pensou bem antes de dizer que não. Ao menos eu estava liberada para falar com ela.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Alguém lembrava de John Miller? Hehehehehe!! Sei que tem uns fantasminhas lendo e não comentando. COMENTÁRIOS faz bem ao coração da autora, tá



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