Herança escrita por Janus


Capítulo 38
Capítulo 38




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     Ela não acreditou! Tinha cochilado um pouco... e no colo do Yokuto! Olhou para ele e lá estava aquele belo rosto, observando algo no horizonte. Olhou na mesma direção que ele – apenas com os olhos, pois não queria que ele percebesse que ela tinha acordado – e viu várias meninas brincando com um disco. Que safado!
     Estava se aproveitando de sua ausência de consciência para ficar vendo as outras meninas? Pois sim... ele ia ver só.
     - Boa tarde – disse ele sorrindo – descansou bem?
     - É – respondeu meu rude - foi. O que fez enquanto isso?
     - Eu? – ela já tinha saído do seu colo e encostou-se na mesma árvore que ele – estava olhando as roupas daquelas meninas... acho que você ficaria linda com algumas delas... especialmente com aquela calça rosa...
     Serena olhou de novo para as meninas e encontrou a que estava usando a tal calça rosa... era... era linda! Nossa... que fora que ela tinha dado...
     - Por que está vermelha?
     - Nada não! – ela riu sem graça – nada mesmo.
     Logo em seguida o agarrou e o forçou a dar-lhe um beijo bem gostoso. Ela lhe devia por ter pensado coisa errada ao seu respeito. Se bem que... aquela poderia ter sido uma boa desculpa para ficar olhando para àquelas meninas...
     Quando se soltaram, ela deu uma olhada ao redor e não viu ninguém conhecido. Onde será que estava sua irmã? Ainda estaria com Diana e Marina?
     - Yokuto... viu minha irmã por ai?
     - Ela está com a Suzette. A Rita ligou para mim e me avisou para que você ficasse tranqüila. Não se preocupe. As duas estão irritando os atendentes sobre aqueles jardins. Querem saber como cuidar das plantas, onde compra-las, como obter aquela textura de cor...
     Ela achou graça de imaginar a cena, mas logo se esqueceu desta e preferiu sentir o peito dele sob sua cabeça. O abraçou com força e ficou assim, curtindo o seu dia "romantico" que já estava no fim.
     Só que não conseguiu aproveitar muito. Logo um barulho de discussão a perturbou e a forçou a abrir os olhos e ver o que era.
     Lá estava Marina caminhando – parecia um pouco emburrada – de uma forma meio lenta e Diana andando atrás desta. Marina parecia um pouco irritada. Logo em seguida veio Allete que também devia estar por perto e percebeu a discussão.
     - DIANA - gritava ela – NÃO IMPORTA SE VOCÊ CONSEGUIU, NÃO É ESSA A QUESTÃO!
     - Mas...
     - EU NÃO SOU OFERECIDA! E CHEGA!
     - O que foi? – perguntou Serena se aproximando e deixando Yokuto sozinho na árvore.
     - Essa sua "colega de quarto" ai... – disse ela cruzando os braços e ficando de costas para Diana – me fez passar por uma incompetente para conhecer rapazes.
     - Mas você disse que estava encabulada...
     - EU SEI O QUE EU DISSE! – gritou ela – BOLAS!
     - Calma Marina! – disse Allete chegando perto delas – não sei o que houve mas parece que Diana apenas tentou te ajudar...
     - E ajudei...
     - Foi? – Marina se virou e a encarou de frente – precisava dizer que eu estava perdidamente apaixonada e era muito tímida para admitir?
     - Eu não disse que estava apaixonada, apenas que tinha gostado dele...
     - Não interessa! Você...
     - PAREM COM ISSO! – gritou Allete, se fazendo valer pela sua voz forte – Diana, o que aconteceu?
     - Bom.. a gente estava passeando e olhando os rapazes por ai... achei alguns bonitos, mas não tem o cheiro que eu gostaria de sentir em um companheiro. Daí a Marina ficou parada feito uma estátua olhando para um menino...
     - Ele era lindo – cortou Marina – o que queria que eu fizesse? Já faz tempo que eu estava de olho nele.
     - Continue – pediu Serena ignorando o comentário dela – o que aconteceu depois?
     - Bom, eu perguntei para ela o que havia de errado, e ela me disse que achava aquele menino uma graça. Eu também achei ele bonito, mas acho que não seria assim selvagem o bastante, mas não posso discutir o gosto dos outros.
     - Selvagem? – perguntou Allete.
     - É... vocês sabem. Alguém que pode te agarrar e morder com força. Um companheiro assim iria me manter em forma todos os dias... ai, ai...
     As três ficaram um pouco sem jeito das preferências da jovem malviana ali entre elas.
     - Prossiga – pediu Allete.
     - Bem... eu perguntei porque ela não ia falar com ele e ela disse que tinha vergonha. Daí...
     - Daí você foi até ele e me ofereceu, pura e simplesmente! – começou Marina de novo.
     - Ofereceu? – perguntou Serena não entendendo.
     - É! Disse que eu estava interessada nele mas não sabia como dizer isso. E essa tonta soube muito bem como dizer.
     - Diana! – chamou Allete – quantas vezes precisamos te lembrar que humanos tem formas diferentes de fazer as coisas?
     - Ah... – reclamou Diana – vocês são muito cri-cri...
     - Muito o que? – Perguntou Allete para Marina.
     - Deve ser algo que ela ouviu da Anne – respondeu esta – juro que não sei o que significa.
     - Bom.. e daí? O que houve depois?
     - Ele veio até mim e ficou falando comigo. Se apresentou, falou que também me achava bonita, só isso...
     - Te levou para passear, pagou um salgadinho, pegou na sua mão, te leu um poema, foram tomar um refrigerante, ficaram sentados por uma hora no banco do flutuador e se despediram com um beijinho na boca – completou Diana.
     As duas olharam para Marina que ficou incrivelmente envergonhada.
     - E ele também te deixou o código de seu comunicador – terminou ela.
     - Marina... – disse Serena com um sorriso um pouco incisivo – acho que você deve desculpas a Diana.
     - Talvez... mas eu devia ter feito isso sozinha, sem ajuda. Tá bom.. desculpa. Acho que fiquei meio irritada ao perceber como fui boba em não ter falado com ele em primeiro lugar.
     - Vocês fizeram tudo isso? – perguntou Allete de boca aberta.
     - Foi... e eu acabei convidando ele para o aniversário de Joynah... E essa ai ficou o tempo todo vigiando a gente em forma de gata. Até teve a pachorra de entrar no flutuador e ficar no colo dele.
     - Ele sabe como acariciar uma nuca... – disse ela com um sorriso sedutor.
     - Grrrr... – fez Marina.
     Então era esse o verdadeiro motivo dela estar irritada. Diana ficou vendo o que eles faziam. É... ela também ficaria irritada se alguém a vigiasse quando estivesse com Yokuto... mas isso não evitou que ela caísse na gargalhada a ponto de não se controlar mais, deixando Marina vermelha.
     Mas o verdadeira motivo do riso foi perceber como tinha julgado mal a Marina. Todas estavam achando que ela iria ficar indecisa, mas parece que se enganaram.
     Ou então ela é quem estava enganando a todos.
     Allete por sua vez olhou para Diana por alguns momentos e depois para Marina. Apertou os lábios para suprimir um sorriso e deu dois pulinhos em direção a ela.
     - Diana... – disse ela colocando o braço direito em seus ombros e a apertando um pouco junto de si – err.. bem... tem um garoto do último ano que eu estou achando uma graça mas sou muito envergonhada para falar com ele...
     Ela ficou puxando Diana para longe das duas enquanto conversavam.
     - Parece que nossa conselheira encontrou uma vocação...
     - Bancar a cupido e ficar vendo os pombinhos agirem... pois sim!
     - Você gostou, vai... está escrito na sua cara. Admita!
     - Tudo bem, eu confesso. Eu gostei mesmo da ajuda dela. Ela é incrível com sua total falta de sutileza. Bom, eu quero descansar um pouco no flutuador – ela olhou para trás da princesa e completou – e acho que você esqueceu alguma coisa.
     Marina apontou para Yokuto com um sorriso e se afastou. Serena ficou envergonhada. Tinha mesmo se esquecido completamente de seu namorado. Com a face expressando sua falta de jeito, foi até ele para se redimir da gafe.
     - Desculpa – começou ela dando-lhe um beijo – é que eu...
     - Estou acostumado – ele sorriu – além disso, eu quero procurar o meu irmão. Tem uma coisa que eu vi que gostaria de discutir com ele. Vamos?
     - Hum... – ela pos o dedo na boca em uma pose infantil –acho que não. Vocês vão discutir técnicas de escultura, não é?
     - É...
     - Acho isso tão chato... vou dar uma volta por ai enquanto isso. Para ver se encontro algo interessante.
     Ela deu-lhe um beijo rápido nos lábios e se afastou. Aquilo dele ter dito que estava "acostumado" a perturbou um pouco. Ela realmente costumava agir assim?
     Queria ficar um tempo sozinha para pensar a respeito. Foi andando meio sem rumo até que sentiu aquilo de novo. Alguma coisa lhe chamando a atenção, como se tivesse que ir para um lugar. Olhou ao redor e só viu alguns alunos andando ao redor, cada qual com seus próprios interesses.
     Não sabia exatamente o porque, mas parecia ser muito importante descobrir o que a estava... chamando?
     Começou a ir em direção de onde sentia que devia ir. Não andou muito até voltar ao caminho protegido pelo corrimão de metal. Um pouco mais a frente estava uma menina alta de cabelos azuis com um rabo de cavalo caído. Óbvio que era Joynah. Talvez fosse uma boa idéia discutir essa sensação com ela.
     Seguiu em sua direção e ficou ao seu lado.
     - Oi!
     - Olá – respondeu – e o Herochi?
     - Deixei ele conversando com um atendente. Ficou muito interessado sobre materiais usados para fazer algumas estátuas. Decidi passear sozinha por ai um pouco...
     - Eu também... – estreitou os olhos e sorriu com certa malícia - Viu muita coisa interessante?
     - Na verdade... vi cada garoto bonito!
     As duas deram uma risada. Se os seus namorados soubessem do que falavam nas suas costas, elas iriam ficar de ouvidos vermelhos. E não seria apenas pelo uso de palavras não...
     Joynah voltou a olhar para em direção ao local cheio de árvores e cruzou os braços. Ficava fazendo movimentos com os lábios como se estivesse mastigando alguma coisa, mas Serena sabia que isto era a sua característica quando estava pensando em fazer alguma molecagem.
     - No que está pensando?
     - O que será que tem naquela direção?
     - Ali? Um monte de árvores. Se bem que desde manhã que estou com uma curiosidade estranha para saber o que elas poderiam estar escondendo.
     - Eu também. É como aquilo que senti na Lua... como se alguém estivesse me chamando.
     - Chamando?
     - Isso mesmo. Eu... preciso ir até ali. De qualquer jeito.
     Ela olhou para os dois lados e, diante de seus olhos atônitos, pulou por cima do corrimão diretamente para uma das fossas que estavam escavando. Coisa de dois metros de altura – para alguém que estava em perfeita forma física e com os músculos flexíveis dela não era algo assim problemático.
     - JOYNAH! – exclamou ela ao ver aquilo.
     - Você vem? – Perguntou ela sorrindo lá embaixo.
     - Bem... eu acho que não vou conseguir não...
     - Eu te seguro. Pode vir!
     - Você me segura? Não tem mais sua força, lembra?
     - Tá bom... se quiser ficar ai...
     Ela começou a andar para fora daquele buraco escavado. Nem ao menos se dignou a olhar para trás.
     - ESPERE AI!
     - Mudou de idéia? – perguntou sorrindo.


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