Chegando em casa

A criança já pode tirar sua máscara;

Sua roupa; sua fantasia; já não são mais necessárias

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"É um simples traje de trabalho

Que ela despe quando chega o fim do horário

Quase como um ritual.. mortuário"

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Chegou a noite, então talvez possa descansar

Ser dois apenas sendo um é difícil de aguentar

Corre então para o quarto, seu refúgio, seu solo sagrado neste triste mundo imundo

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Na cozinha

A preocupação é nítida

Mais uma vez a terceira cadeira está vazia

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A mãe não sabe mais o que fazer

Os resultados do psicólogo são de estremecer

Já o pai diz; "logo logo vai ter que crescer" ..

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São falas vazias

O psicólogo, nada entende de psiquiatria

O pai, conhece somente os contornos da vida

–

Há muito esse livro já foi lido e relido

A criança parece estar rodeada por mortos vivos

Seguindo um script de mentiras e falsas alegrias

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As noites já não aliviam tanto;

E para a pequena, viver mais um dia

é como lutar toda uma guerra sozinha

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Ao deitar a cabeça no travesseiro

Ela pensa como a noite anterior foi um desespero

Fecha os olhos, com a força provinda do novo medo

–

O medo de apagar

E mais uma vez sonhar

Tenebrosos pesadelos, monstros feitos de sonhos.. e antigos desejos