Terrible Love escrita por Isabella Cullen


Capítulo 14
Glicínias


Notas iniciais do capítulo

Eu amei esse capítulo e as meninas que leram antes dele serem postados disseram que ficou bom, eu acho que ele dará um ar de esperança. Vamos ver o que vocês acham! Não deixam de me dizer...



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De que são feitos os dias?
– De pequenos desejos,
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças.

Entre mágoas sombrias,
momentâneos lampejos:
vagas felicidades,
inatuais esperanças.

De loucuras, de crimes,
de pecados, de glórias
– do medo que encadeia
todas essas mudanças.

Dentro deles vivemos,
dentro deles choramos,
em duros desenlaces
e em sinistras alianças...

Cecília Meireles

E de repente era somente eu e Edward num carro. Eu estava nervosa demais para falar ou perguntar e se fechasse meus olhos somente e por alguns segundo eu veria o quarto de bebê. Eu não queria mais ver esse quarto e estava cansada de tê-lo rondando meus dias e minhas noites. Depois de tanto tempo, estar perto de Edward ainda era estar dentro daquele quarto sozinha com minhas inseguranças e medos. Ele estacionou em uma casa pequena, mas aparentemente confortável. A casa dele com Kate era definitivamente maior e tinha mais detalhes, apesar de ser uma casa familiar tinha um tom masculino. Nenhuma mulher tinha dado seu toque pessoal, não haviam flores na entrada ou nenhum penduricalho na sua entrada.

– Chegamos. - ele disse cauteloso.

Sim, chegamos. George abriu a porta e sorriu para mim. Eu o cumprimentei com outro sorriso e ele foi pegar as malas enquanto entramos. A mulher que foi minha ajudante durante aquele período veio nos saudar e ela olhou surpresa para mim.

– Está linda querida!

– Obrigada

– Isabella essa é Sue, a nossa governanta.

– É um prazer.

Não era como se nunca houvéssemos nos visto, mas eu não sabia seu nome. Nunca fomos apresentadas.

– Conseguiu ver seu pai querida?

Ela sabia de meu pai.

– Sim, ele está... na mesma.

– É triste isso, mas sabe quando menos imaginamos as coisas mudam. Simples assim. Vamos até a cozinha e comer alguma coisa, está com fome não está?

– Não...

– Fizemos uma refeição farta na casa da amiga dela, acho que só almoçaremos. O que você acha? – Edward perguntou e esperou a resposta. Aquele Edward era um desconhecido.

– Sim, almoço isso seria ótimo.

George subiu uma escada que só reparei naquele momento com minhas malas voltando rapidamente, Edward deu algumas instruções e eu fiquei ali parada, observando. A casa era simples, móveis rústicos, a sala apertada e com uma lareira no seu meio. Não havia fotos em lugar nenhum. Somente algumas pinturas bonitas espalhadas pelas paredes. Uma porta de madeira escura estava do outro lado da sala e me perguntei o que era aquilo.

– Vamos conhecer seu quarto. Sim?

Eu estremeci e ele percebeu.

– Não será como da outra vez. – disse calmo e arrependido.

Eu não tinha o que responder sobre aquilo, eu somente o segui pelo corredor e então vi as portas. Ele parou na primeira porta.

– Eu não vou entrar. É seu quarto, tranque por dentro se... se for... se sentir segura, não...

Eu queria agradecer, mas eu não queria ter muito mais com ele do que aquele momento. Eu tinha medo. Medo daquele Edward voltar, de agora que estarmos sozinhos ele jogar na minha cara que matei Kate e seu filho. Eu tinha medo de mim e do que sentia por ele. Era segredo, meu segredo.

Abri a porta e ele saiu quase que correndo, eu não sabia se estava grata ou triste. Me concentrei na porta aberta e vi o quarto bonito que havia ali, a cama era grande, com um clima romântico e tranquilo, era tudo branco e bege, cores muito serenas. Tinha a porta do closet e do banheiro. Explorei um pouco vendo a escrivaninha linda e branca que tinha perto da janela e alguns papéis. Eu precisava pensar no que faria com tantas coisa da faculdade para resolver, com meu pai e ainda precisava ver com Edward como estavam as coisa relacionadas ao patrimônio, nesse ponto eu confiava nele.

Sentei na cama sentindo o cansaço e o estresse emocional. Deus eu estava uma bagunça, eu ainda gostava dele, mas ao mesmo tempo eu tinha tanto medo. Eu conseguia me lembrar da última vez que o vi no hospital e do ódio da primeira vez que nos vimos. Eu podia sentir a dor física de todo o desprezo dele e agora eu não sabia com quem eu estava lidando, relembrando as palavras de Alice nada mais fazia sentido algum. Deitei olhando para o teto e tentando reorganizar tudo em mim. Não consegui nem uma coisa e nem outra.

– Está na hora do almoço.

A voz de Sue me fez pular e ela sorriu.

– Eu bati, fiquei com medo que estivesse dormindo.

– Não... nada..

– Não tomou banho ou algo assim? Quer que eu peça para servirem daqui a alguns minutos?

– Eu... e ele...

– Ele espera.

Ela saiu e eu corri para não demorar mais do que o necessário. Eu tinha nas mãos uma nova situação que não sabia lidar, nem um pouco, seria como antes ou como seria agora? Quem era esse Edward Cullen com quem eu sentaria na mesma mesa? Éramos mesmo obrigados a passar por isso? Estava quente então um vestido leve com sandálias deveria servir, me preocupei em não parecer tão arrumada, mas nem tão desleixada. Prendi meus cabelos e desci as escadas percebendo alguma movimentação.

– Boa tarde senhora Cullen. – uma empregada me cumprimentou. – Posso servir o almoço?

Eu não era a senhora Cullen e estava olhando para ela assustada. Ela pacientemente ficou esperando uma resposta.

– Sim, pode servir Carol.

Olhei para Edward e ele estava com outras roupas também. Ela logo saiu e eu fiquei esperando o que iria acontecer.

– Venha sentar na sala, elas devem demorar alguns minutos para colocar a mesa e tudo mais.

Eu acompanhei ele até a sala sentando sem saber muito o que fazer.

– Pode relaxar sabe... – sua voz era insegura.

– Você se mudou.

Ele fez uma pausa.

– Não é bom ficar no mesmo lugar que as lembranças, eu resolvi que estava na hora de me mudar.

– Hum...

Eu mexia nas mãos nervosa, tentando controlar todas as emoções que passavam por mim.

– Você comprou uma casa. George disse que ela é adorável.

Eu sorri com as lembranças dele do lado de fora e ficando na parte em anexo da casa e colocando o sistema de segurança.

– É tranquilo para estudar.

– Parece ser mesmo.

Olhei assustada.

– Você... alguma vez...

– Um encanamento deu problema, você estava em semana de prova e George me avisou, você tinha passado a semana na biblioteca e ele me ligou perguntando o que fazer. – ele entrou na casa – Eu só resolvi isso e fui embora, o sistema de segurança, eu verifiquei e estava funcionando.

Não era preciso chave, o sistema era moderno e a casa toda estava protegida com senhas e câmeras. Eu achava exagero, mas George fez tanta questão e ameaçou ligar para Edward caso eu me recusasse.

– Não mexi em nada pessoal.

– Eu não tenho nada pessoal lá. – disse tentando lembrar se havia ali algo importante. Não, só livros, um quarto em que me deixava chorar quando queria sem ter que dar explicações a Alice e algumas fotos minhas, Alice e sua mania de registrar as coisas.

– O almoço está servido. – Carol nos chamou e Edward levantou e eu acompanhei ele, perdi a fome em algum momento de nervoso e ansiedade. Respirei pausadamente com medo de um ataque. A mesa estava posta e tinha um lindo arranjo de rosas vermelhas no meio. Edward sentou indicando meu lugar ao lado dele, eu voltei há alguns anos quando sentávamos juntos e seu olhar era de ódio e desprezo, olhei para ele não vi nada parecido com isso e mesmo assim temi.

– Acho que gosta de frutos do mar não? É uma sopa.

– Sim.

Fomos servidos e logo a empregada saiu, quando fui pegar a colher vi o frasco de remédio a minha frente com meu nome no rótulo. Eu tinha esquecido das vitaminas, não as peguei quando saí correndo e tinha certeza que não havia tomado nas últimas horas. Mordi os lábios incerta e vi a taça de água ao lado.

– Obrigada. – sussurrei.

Edward pareceu não entender até que me viu pegar os comprimidos e engolir com um pouco de água.

– Não precisa comer antes de tomar? – perguntou cuidadoso e meu coração deu alguns saltos inesperados.

– Na verdade eles agem melhor com estômagos vazios. O sistema absorve com mais tranquilidade sem...

Eu estava no modo médica. Edward tomou a sopa e sorriu.

– Eu soube que é uma ótima médica.

– Eu estudo muito. – disse sem jeito.

– Me garantiram que você é brilhante.

Eu tive vontade de perguntar quem falou isso a ele, mas contive a curiosidade com a sopa. Tomamos sem trocar muitas palavras. E quando acabamos a empregada tirou tudo com um ar feliz, eu a observei sair e recolocar pratos de sobremesa. Sue voltou e sentou conosco animada. Eu olhei para Edward tentando entender e vi o bolo confeitado entrar com algumas velas acessas na mão da mesma empregada gentil que me chamou de senhora Cullen.

– Oh...

Eu não lembrava mais de que era meu aniversário. Eu tinha planos de passar o dia na casa estudando sozinha e agora isso parecia ter acontecido em outra vida com outra pessoa. Edward estava inseguro quando ela depositou o bolo na mesa e eu sorri tímida.

– Feliz aniversário querida. – Sue falou feliz e eu somente sorri lembrando de meu pai. Eu o queria comigo. E algumas lágrimas saíram sem meu controle. – Não chore... eu que fiz o bolo...

– Não... eu estou lembrando de meu pai..

E olhei para Edward e me perguntei como ele conseguiu todos esses anos? Eu sabia que cada data longe do meu pai foi miserável e angustiante, eu também sabia que a dor no corpo parecia insuportável a cada lembrança que a mente percorria. Cansei de tomar algum comprimido para suportar ou para dormir, como ele conseguia? Como eu conseguia? Em algum ponto senti a mão de Edward perto da minha e arregalei meus olhos.

– Ele nunca iria querer suas lágrimas. – disse firme e compreensivo – A vida dele foi te amar e eu tenho certeza que ele está feliz porque você está sendo forte, uma mulher bem-sucedida e brilhante amiga. – eu paralisei com suas palavras. – Sopre as velas.

E eu fiz ainda assimilando as informações, meio desnorteada e fui tirada desse momento por Sue que bateu palmas feliz e cortava o bolo com satisfação.

– Chocolate. – ela disse orgulhosa. Eu amava chocolate. Sorri gentil.

– Obrigada. – olhei para Edward sentindo um desconforto dentro de mim. – Obrigada.

Ele tirou algo do bolso e colocou na mesa. Uma caixa preta.

– Não precisava. – adiantei.

– Abra.

Eu abri com receio, incerta, mas curiosa. E vi o lindo cordão com o pingente do meu curso. Medicina.

– Feliz aniversário. – ele falou suavemente e eu mais uma vez o encarei surpresa.

– É lindo.

E então eu lembrei das Glicínias, eu as vi quando fui para uma excursão no norte do país. George estava olhando para elas enquanto eu ouvia o médico local nos direcionar para o acampamento. Era uma região fria e tínhamos problemas com gripes e algumas outras infecções. Eu em algum momento olhei ao redor e percebi como aquela flor contrastava com o resto, ela era de um azul lindo e dava vida na imagem. No final uma menina que eu havia tratado me deu um lindo buquê dessas flores e me disse que elas eram glicínias, elas só nasciam uma vez por ano no inverno e que seus frutos eram algo ainda mais bonito. Sorri com a lembrança e olhei para Edward. Haveria afinal flores que nascem no inverno?


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam meninas??????????