Black Angel escrita por Claray


Capítulo 2
Monique


Notas iniciais do capítulo

E, diferente do que imaginei, vão sim haver GRANDES mudanças nessa nova versão. Ah, criatividade, como eu te amo! Case comigo!
O capítulo demorou um pouco, pois não tive tempo algum nas últimas semanas. Mas como estou entrando de férias as coisas vão sair mais rápidas, tenho certeza.
Boa leitura!



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Lá estava ela com seus cabelos dourados, a pele levemente bronzeada, os lábios rosados e os olhos de um tom de cinza que nunca vi em mais ninguém. Vê-la era encarar um cadáver em seu caixão, prestes a ser posto a sete palmos do chão.

–Ah, Alfred, não vai acreditar no que aconteceu! – Exclamou – Sabe o Vitor? – Confirmei com um aceno de cabeça – Me pediu em namoro! – E desatou a rir.

Arregalei os olhos, incapaz de acreditar.

– Quê?

– Falei que não ia acreditar! Pois é, ele me pediu em namoro!

Pigarreei em uma tentativa bem sucedida de recuperar a voz.

– E... Você aceitou?

– Por acaso tem algum probleminha? Ora, claro que não! Estamos juntos, não estamos, cabeção?

Olhei-a com um sorriso no rosto. Você é tão falso, Alfred!

– Ah... Vai que já enjoou de mim, uh?

– Você está estranho...

– Eu sou estranho. – Retruquei, desviando de seus olhares.

– Aceita um misto quente? Estou com vontade. – Deu de ombros.

– Vamos lá. – Sorri – Também estou com fome.

No fundo, me sentia culpado por estar enganando Monique. A loira gostava de mim, isso era obvio. O que eu poderia fazer? Também a amava, mas... Eu não podia. Se eu continuasse, ele poderia... Ele. Sentado no ponto de táxi, me olhando por cima do jornal com seu olhar de cruel diversão. Droga.

– Por aqui! – Ela cambaleou levemente quando a empurrei na outra direção, agarrado firmemente a sua mão.

– Mas o que raios há contigo? A lanchonete fica para aquele lado.

– Conheço uma melhor! – Ela resmungou algo, mas ignorei. Eu só precisava afasta-los o máximo possível.

– Seu chato!

Nós sentamos distantes da janela, logo uma música tocava. Garota de Ipanema. Ela atendeu, falando um "alô" seco antes mesmo do aparelho chegar à orelha.

– Sim, eu tenho certeza. Não... Não. Não, Vitor. Droga, eu já disse que... Alô? – Verificou o visor, frustrada.

Vitor era um idiota mimado que no fim não era nada. O odiei desde que nos conhecemos, quando chegou ao colégio em que estudávamos tentando ganhar vantagem de todos. Depois, quando Monique chegou, começou a se engraçar para ela – apesar de que a loira não parecia notar –, mesmo depois de começarmos a namorar. Há alguns meses eu me irritaria, iria tirar satisfações. Agora, apenas rezava em silencio para que um milagre ocorresse e ela me abandonasse para ir com Vitor.

– Ele é um chato. – Rolou os olhos – Mas, afinal, por que está assim? Você sempre começava a reclamar quando ele se aproximava de mim, e agora, quando ele me pede em namoro... Você simplesmente não faz nada. – Foi diminuindo o tom.

Não respondi. O garçom chegou com os sanduiches. O silencio era terrível, como se não fosse apenas uma mesa que nos separasse.

– Então... – Tentei um assunto – O misto está ótimo, né?

– Sim. – Murmurou.

– Reparou na voz de pato que ele tem no telefone?

– Você ganhou. – Riu, eu retribui com um sorriso.

Seria difícil abandona-la, muito difícil, mas era preciso. Não poderia corrompê-la, não poderia arriscar sua vida por um mero capricho. Eu tinha que salvar Monique, mesmo que a fizesse sofrer para isso.

–Isso é um assalto! Coloquem tudo que há de valor na mesa e as mãos na cabeça! – Gritou uma voz masculina. Sobressaltei-me, dando um pulo na cadeira. Rangi os dentes, o dia estava pior do que eu planejara.

–Alfred... – Sussurrou Monique, chamando minha atenção.

–Faça o que eles mandarem e ficará tudo bem, ok? – Ela fez que sim com a cabeça, angustiada.

Um homem chegou até nós, não olhei muito, mas pude ver pelo canto do olho que estava vestindo roupas negras e que segurava uma pistola. Eu encarava Monique, que mantinha os olhos fechados com força e se apertava nossas mãos entrelaçadas. Uma prece baixinha saia de seus lábios rosados, rápida e tremula. O homem recolheu o dinheiro, o relógio e o celular e partiu para outra mesa sem uma palavra.

– Sinto tanto medo, Alfred... – Murmurou.

– Está tudo bem. Está tudo bem. – Repeti, tentando acalma-la em vão. Monique não podia estar passando por isso, não agora que teria que ser firme. Não, não de novo.

–Policia! Mãos ao alto, larguem as armas!

–Abaixe-se. – Orientei.

Ficamos por debaixo da mesa, segurei sua mão.

Tiros, gritos e vidros sendo quebrados eram nossa trilha sonora. Corpos caiam sem vida em um momento ou outro, ela me abraçava com força.

– As memórias... Elas... – Murmurava baixinho, mais para si. E então o puxão, o desespero.

– Atirem e ela morre!

Os olhos cinzentos se arregalaram, a face rosada aterrorizou-se, uma arma foi apontada para sua cabeça.

–Parem! – Gritou alguém que acreditei ser um policial. Silencio.

–Solte-a. Veja, abaixamos as armas.

–Coloquem no chão.

–Alfred...

–Quieta!

–As armas estão no chão. – O policial está inquieto – Solte-a.

–Sai da porta.

Ouvi passos em direção ao outro lado do balcão e, quando o som cessou, o vi correr em direção à rua. Não fiquei onde estava e fui atrás dele e dos policiais, sem pensar direito no perigo.

Ela precisava correr para não ser arrastada, eles não estavam muito longe. Fui o mais rápido que podia, mas então parei. Aquele sentimento frio e inquietante, o arrepio de mau-presságio... E o som do tiro ecoando pelas ruas, seu corpo inerte jogado sem dó na calçada.

Grite alguns metros atrás, então corri quase me arrastando para ter a visão das manchas escarlates em seus cabelos de ouro, dos olhos fechados, dos lábios rosados entreabertos.

– Monique! Monique, droga, não morra! Pelos céus, não morra! – Eu gritava em vão, desesperado. Ela não se moveu um centímetro como de esperado e tal ato apenas resultou em dois policiais, que me arrastaram para longe.

E, num choque, os olhos violeta me vieram em mente. Era tarde demais.


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Notas finais do capítulo

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