O céu passou a ser coberto por uma neblina densa nas manhãs de 2026. Era impossível enxergar um único ponto azul no céu. A neblina seria facilmente confundida com uma nuvem de fumaça se não fosse pelos relâmpagos irritados que brigavam entre si. Um ou outro perdia, lançando-se diretamente ao mar. Chuvas de meteoros se tornaram constantes nesse mesmo ano, e da mesma forma que os raios, os meteoros mergulhavam no oceano como se estivessem loucos para apagar o fogo que os envolvia. A Terra estava banhada em caos, não só por neblinas e meteoros mas também pela causa de Guerras infames estarem presentes todos os dias.

Foi de um dia para o outro que as cidades consideradas mais extensas e ricas do mundo passaram a ser cidades medíocres e lotadas. Washington foi considerado o estado mais violento de todo os Estados Unidos, Moscou ganhou o título de "A Segunda Cidade Fantasma" após o presidente da Rússia ser ameaçado e expulso por uma gangue rebelde, o governo chinês usou o dinheiro para que inúmeras famílias deixassem o país, sendo algumas injustamente assassinadas.

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Aleander estava recostado num muro úmido e grafitado de Santiago. Seus olhos não conseguiam desviar do brilho da lua naquela noite. Um traço de preocupação percorria o rosto e Aleander que engolia seco. Faltava pouco tempo pra que aquele sossego acabasse, ele logo teria que sair de lá. O rapaz fechou os olhos, escondendo o límpido azul de suas íris, suspirou e passou as mãos em seu cabelo com força, os jogando para trás.

– Não temos mais tempo, cara, você precisa vir agora! - Clamou um sujeito que abrira uma porta na frente de Aleander, parecendo completamente apressado.

– Sai daqui, Jesse. - Respondeu Aleander, frustrado pelo rapaz ter o interrompido. - Eu sei perfeitamente quando devo entrar...

– Você não tá me entendo, a gente tem que sair daq...

O rapaz deixou de completar a frase assim que Aleander se virou ligeiramente acertando a parede de punho fechado com uma força descomunal. Aleander rachou o muro como se fosse vidro. - Eu sei perfeitamente a hora em que devo entrar. Cai fora daqui, Jesse, agora! - O sujeito não esperou Aleander se virar, entrou pra dentro e fechou a porta no mesmo instante.

E então pode suspirar, sem interrupções dessa vez. O mesmo voltou a fechar os olhos, e por uma fração de segundos escutou passos em ritmos familiares que eram envolvidos pelo jeito esnobe de Arya. Uma jovem de 21 anos, alta de curvas generosas, olhos azuis acompanhados de uma franja reta e cabelos longos e escuros assim como os de Aleander, pretos como as penas de um corvo.

– Ora... Não acha que foi duro demais com o bonitinho? - Perguntou Arya, enquanto se apoiava na perna direita com os braços cruzados, logo atrás de Aleander.

– Arya, eu descobri. - Se virou para a jovem assim que terminou sua palavra. - Eu descobri, Arya, eu descobri! - A alegria era vista no sorriso do rapaz, era tanta que Aleander abraçou Arya com força, algo que quase nunca acontecia vindo de Aleander. Abraçar.

A garota correspondeu ao abraço com três tapinhas nas costas de Aleander. Na verdade, ela não estava entendendo nada do que o rapaz dizia. – Eba! Uhul! Mas que maravilha, Aleander, que inédito. Não posso acreditar que você fez isso! - Disse Arya.

– Tá brincando, né? - Franziu o cenho ao ouvir o comentário da jovem.

– Tô.

– Babaca.

Aleander a soltou e foi diretamente até a porta, antes que o chamassem de novo, enquanto Arya se continha rindo discretamente do mesmo, mas caminhando logo atrás dele.