Apaixonada por outro? Quem seria? William? Mas se fosse ele acho que daria pra perceber.

- Prontinho! Já esquentei os principais pratos, agora é só vocês se servirem – disse Lis.

- Num precisa levar pra lá não, pode deixar que eu falo para eles virem pegar aqui – eu disse.

Na mesa em que Roger e William estavam sentados... o silêncio continuava. William apenas apoiado com a cabeça em uma das mãos olhando para um ponto interessantíssimo no chão. E Roger que estava com o rosto tampado, resolveu mudar de posição finalmente. William o encarou por alguns instantes.

- Desculpe... – murmurou Roger – eu mesmo não sei porque fui grosso, mas é que tem tanta coisa passando na minha cabeça...

- Deixa quieto... eu que não devia ter contado o meu drama, agora você vai ficar aí se lamentando como se fosse com você – disse William tranqüilamente..

- Você ao menos tentou alguma coisa...?

- Como poderia se sei exatamente o que ela vai falar.

- Mas ela também é complicadinha...

- È, mas vê se não desconta na Ulina. E aproveita a tarde com ela... – disse William dando uma piscadela.

Neste momento, Ulina se aproximava de ambos e parou apoiando as mãos na mesa.

- Vamos nos servir, tem várias coisas na cozinha – eu falei.

Os três comeram e voltaram para o quarto dos meninos, William queria pegar seu carrinho. Na volta, devolveram a chave para Lis.

- Tchau, Lis! Obrigada pela comida! – disse ao passar pela recepção.

- Tchau, tchau! E não se esqueçam, aqui não tem janta, e se quiserem mais quartos pra hoje, venham mais cedo! ^^ - Lis respondeu.

Acompanhamos William a um local onde tinham bastante mercadores com suas lojas. William se sentou e ajustou a tabela de preços rapidamente, comparando com a concorrência.

- Bom... vou procurar equipamentos melhores  e que dê para comprar XD – disse Roger com cara de “nunca tive muita grana”.

Ambos olharam pra mim e continuaram em silêncio. Certo... e o que eu iria fazer? Voltaria para casa?

- Bom... eu... – murmurei.

- Vo...! – fez Roger não me olhando nos olhos – você poderia ficar mais um pouco, faz tempo que você não vinha pra Prontera, né? Não quer matar a saudade também? Eu poderia te acompanhar... – terminou Roger com uma mão na cabeça.

Não só eu como William também ficou impressionado com a atitude dele.

- Hmm... claro... mas você também num tem coisas pra fazer? – respondi ainda um pouco perplexa.

- Achei que poderíamos fazer ambos... andar um pouco e procurar mercadorias... – fez Roger um pouco sem graça.

William se afastou em silêncio de ambos, sem estes perceberem.

- Hihi! Vamos sim! – falei já o puxando pelo braço.

- Porque está rindo? – Roger tentava acompanhar Ulina.

- Porque você é engraçado quando fica sem jeito ^^ - respondi sem censura.

Roger ficou mais vermelho ainda, perdendo a coragem de um tempo atrás.

- Viu só..! Haha!

- Pára com isso..!

William observava ao longe os dois se distanciarem mais.

- Depois quero saber de tudo, e ai dele se não me contar – William falou pra si mesmo (peraí! Isso num eh coisa de mulher?? Mas dexa keto... XD)

Algumas horas se passaram e Ulina ficava maravilhada com as mercadorias. Cada equipamento estranho ou engraçado e as pessoas usavam normalmente pra lá e pra cá. Mas a maioria dos itens sempre era descomunalmente caro, seja por serem equipamentos raros, armas elementais, cartas de todos os tipos de monstros, eram todos acima de um kk de zenys. Aprendeu também como as cartas eram usadas e como realmente eram difíceis de se achar. Roger comprou um par de botas, que tinham mais defesa que os sapatos que usava. Ameaçou comprar um peixe azul pra Ulina usar na cabeça, mas ela saiu correndo antes de este explicar que se tratava de uma brincadeira. Roger por fim conseguiu achar uma cimitarra com um preço considerável e resolveu comprá-la. Passaram novamente por onde William estava e este estava feliz da vida, porque tinha conseguido vender bastante, inclusive itens que ele num dava nada que conseguiria alguém pra comprar. “Realmente... nada comparado com Prontera! Sempre tive boas vendas aqui mais que em outras cidades.” Dizia William. Decidiram comprar algumas coisas pra comer e trouxeram pra William também. A tarde estava quase no fim, então resolveram voltar pra hospedaria pegar quartos novamente. No meio do caminho, encontraram um aglomerado de pessoas, foram ver do que se tratava. Havia um casal no centro, um homem tocando um instrumento musical e uma garota com vestes diferentes dançando lindamente. Roger explicou que eram um bardo e uma odalisca.

- Nossa! Que linda #^^#! – exclamei.

- Num parece, mas as músicas deles podem vir a calhar quando bem usadas em uma batalha.

Contemplamos mais um pouco, umas três músicas se passaram até que vi alguém ao longe. Tentei me aproximar mais pra ter certeza de quem era. Confirmei! Era Samuel! Ainda estava na cidade! Roger me olhava de longe sem entender o que acontecia. Samuel também tinha me visto, e com uma cara séria e despreocupada, simplesmente seguiu caminho oposto ao meu. Não pensei duas vezes, num dava tempo de voltar pra Roger se não perderia Samuel de vista.

- Ulina?! – guitou Roger tentando ir atrás de Ulina, mas não conseguiu, já não conseguia mais vê-la.

Durante toda a perseguição, Samuel só se virou mais uma vez pra trás pra ver Ulina. Por fim parou num local um pouco mais afastado da multidão. Ulina finalmente o alcançou. Ainda de costas, Samuel pergunta com frieza e sem demonstrar qualquer tipo de nervosismo.

- O que quer? Por que está me seguindo?

Perguntado isso, voltou o olhar frio para Ulina. Ela estava ofegante e não demonstrava medo, pelo contrário, estava se sentindo muito corajosa.

- O que pensa que tava fazendo?

- Se o que quer são desculpas de minha parte, está bem. Eu peço perdão, mas nada mais do que isso irá sair de mim.

Samuel começou a andar novamente na mesma direção em que estava.

- Espera! Lis está muito preocupada com você, ela ainda queria conversar, mas você fugiu covardemente! Porque?!

Ele parou e se virou de repente, demonstrando impaciência. Se aproximou de Ulina com pouco humor, mas ela não recuou.

- Olha aqui! Isso não é da sua conta, vai cuidar da sua vida garotinha!

- Você gosta de intimidar as pessoas e testá-las, não é? – falou Ulina corajosa.

- Pff! Você tá abusando da sorte, hein?! – disse Samuel enquanto dava uma volta ao redor da garota calmamente – Já esqueceu do que passou comigo da última vez? Quer que eu te lembre? – disse perto do rosto de Ulina e parou na frente dela a encarando com tom de deboche.