Uma Segunda Chance escrita por Juliana Lacerda


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

A história consiste de apenas dois capítulos, ambos já prontos. Um é esse aqui em baixo e o outro eu vou postar no fim de semana.



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Meses já tinham se passado desde a última vez que ele a tinha visto. Desde aquela noite no aeroporto, quando Tony voltou para Washington D.C., sem trazer consigo a sua mais desejada companhia. Ziva David. Meses, e ele ainda não conseguia parar de pensar nela, "flashbacks" ecoavam pela pela sua mente todas as noites, não o deixando dormir. E quando Tony finalmente conseguia, ele se pegava sonhando com ela, com todas as memórias deles juntos.
DiNozzo já não aguentava mais, ele realmente achava que ela iria voltar, que só era preciso de um tempo para esfriar a cabeça e começar de novo em Israel, e quando tudo estivesse resolvido ela voltaria e eles ficariam juntos para sempre.

Uma noite qualquer, depois de ter resolvido um caso, achando o assassino morto - suicídio - e de ter tomado algumas doses de vodka, Tony decidiu que iria procurar por ela mais uma vez. Não havia muitas diferenças dessa para a do ano anterior, só uma. Felizmente era que ele já sabia onde iria achá-la. Abriu o laptop e reservou um voo imediato para Tel Aviv, e partiu, em direção a casa em que Ziva nasceu.

Ele abriu a porta, não estava trancada, e viu uma mulher sentada no sofá, olhando em direção a janela, podendo ver uma vista maravilhosa de seu jardim repleto de flores.

"Você parece mais descansada." Falou.
Ziva virou suavemente seu corpo na direção de seu antigo colega, ela reconhecia a voz, reconhecia o corpo, os olhos e o sorriso, mas não conseguia acreditar. Ele estava bem ali, na sua frente. Ziva também não conseguiu parar de pensar nele, ela lembrava de tudo muito bem, bem até demais. David já tinha tentado esquecer, tentado se livrar daquela dor frustrante, de não estar com seus amigos, que após de tanto tempo já considerava como uma família, Abby, McGee Gibbs, Jimmy, Ducky até o Diretor Vance.

"Olá."
"Oi." Ele disse, não sabendo muito bem como começar uma conversa com uma "antiga amiga", depois de tanto tempo, sem soar tão desconfortável.
"Porque você está aqui?" Ziva perguntou, sem soar rude.
"Pelo visto, não consegui viver sem você." Um sorriso aparecendo levemente em seu rosto obviamente cansado.

Após aquele momento, houve um silêncio eterno. Um olhava nos olhos do outro, relembrando antigas memórias, como Berlim, as duas vezes em Paris, e aquela mesma casa, um ano antes. Elas tinham trazido tantos sorrisos, porém fizeram ficar dez vezes pior quando foi a hora de se despedirem, e ensinaram como quebrar ainda mais um coração já partido.

Mais tarde, Ziva perguntou para o Tony o porquê ele estava ali, mais uma vez, para descobrir o verdadeiro motivo de ter voado para o outro lado do mundo para achá-la. A última vez, ela tinha pedido a sua companhia, e a primeiríssima vez o Tony foi para Somália para se vingar da suposta morte dela (ela estava sendo mantida como refém em um acampamento terrorista). Ele a olhou, mas antes que pudesse responder a chaleira apitou. Timing perfeito, ambos pensaram.
Depois de um café e um pouco de televisão Tony mostrou a Ziva uma folha de papel totalmente branca. Pela expressão em seu rosto, estava óbvio que não entendia nada.
"Tony, esse papel está em branco. Porque está me mostrando isso?"
"Essa é minha lista 'Eu Vou (I Will)'. Tinha me prometido que quando chegasse em casa do aeroporto escreveria uma e tudo seria realidade." Ziva ia dizer alguma coisa, mas Tony continuou falando.
"Porém quando cheguei eu não consegui. Simplesmente não consegui. Fiquei encarando esse maldito papel por semanas, pensando em mais coisas que eu queria, que eu desejava. Mas não."
"E porque isso, Tony?" Ela disse o nome dele de uma forma amarga, confusa com o rumo para onde a conversa estava indo.
"Você. Eu não estava brincando hoje mais cedo, sabe? Eu realmente não consegui viver sem você. Eu não consegui trabalhar sem você, Ziva. Por semanas, fomos só eu, McGee e Gibbs. Sem nenhuma oficial de ligação do Mossad, sem agente especial David, sem expressões faladas erradas. Sem nada. Isso me torturou por semanas. Semanas."
O que deveria ser uma declaração de amor foi se tornando uma coisa meio inexplicável, como se ele estivesse brigando com ela. Nessas últimas frases ditas, a raiva reprimida que Tony vinha escondendo todo esse tempo começou a sair de sua boca livremente. A expressão no rosto da Ziva estava se transformando, a cada palavra que o Tony dizia, em frustração, mesmo tendo lágrimas em seus olhos ela já partiria para a defensiva, quem bom que não foi fisicamente...

"Ah, porquevocêacha que foi fácil para mim? Eu fiquei aqui sozinha, DiNozzo. EU não poderia voltar a ser o que eu era, o que eu ainda sou mas eu também não conseguia entender que quando eu deixei minha vida lá em Washington D.C. eu também tive que me separar de tudo, de todos que eu amava!"
"Mas essa foi sua escolha! A palavra final foi sempre sua,vocêé que tinha o poder para ter mudado, masvocênão mudou!"
"Sim, foi a minha escolha. Mas todo dia que se passa eu penso em voltar. Mas de repente me lembro do Ari, da Tali, de todos que eu amei e como eles sofreram, seja por minha culpa ou não. Aí vinha o Gibbs. Ele foi o mais perto que eu tive de um pai, de uma família depois de todo esse tempo e nós não nos falamos há semanas. Então não venha passar sermão que eu sei que foram as minhas escolhas e eu tive os meus motivos." Tendo dito isso, ela saiu da sala com autoridade e pesar, imaginando se ele tinha visto as lágrimas em seus olhos, que ela tanto tinha tentado esconder. DiNozzo estava sentado no sofá, sem palavras. Nunca tinha pensado sobre o seu ponto de vista, e de um modo egoísta ele queria que tudo voltasse a ser como era antes deles terem se demitido. Ele dormiu ali mesmo, na sala, mesmo Ziva tendo oferecido o quarto extra com uma cama de verdade, mas isso tinha sido antes deles brigarem.
Quando acordou, Ziva não encontrou Tony dentro da casa, e pensou que ele deveria ter saído sem nem mesmo ter dito adeus. Uma parte dela queria que ele tivesse realmente ido embora, para poder tentar, finalmente, esquece-lo, porém também tinha aquela outra parte, que queria tanto que ele ficasse por mais alguns dias ao seu lado, no mínimo.
Algumas horas depois, Ziva estava andando pelo seu jardim quando viu uma sombra distante cavando um buraco no chão. Ela correu para lá, tão cuidadosa quanto uma antiga agente especial do Mossad poderia ser apenas para encontrar Tony ali.
Ele virou sua cabeça e disse:
"Esse é o lugar sabia? Há um ano atrás, nós estávamos exatamente aqui enterrando sua lista de 'Eu Vou'."
"E porquevocêestá aqui de novo?"
"Eu não consegui dormir ontem a noite." Ele falou, aparentemente escolhendo suas palavras com cuidado. "E pensei comigo mesmo, que lugar melhor para enterrá-la do que junto com a sua. Porém quando cheguei aqui não tinha nenhuma."
"É, eu tirei ela daí uns sete dias antes devocêchegar."
"E por quevocêfaria isso?" Tony perguntou. Ele estava realmente confuso, um ano antes ela tinha gostado tanto de enterrar aquilo.
"Todas aquelas coisa...elas nunca vão se tornar realidade. Tudo que eu queria de verdade eu não podia e ainda não consigo trazer de volta."
Ele a olhou, com seus olhos castanhos-claro, tentando ler sua mente, e seus pensamentos.
"Vocêqueria a Tali de volta."
"Sim, mas como eu disse para o meu pai...meus pecados, meus erros são muitos."
"Muitos para que?"
"Para ser perdoada."
Sua suave voz ecoou por alguns segundos, e ambos seguiram caminhos diferentes. Tony voltando para casa e Ziva continuou andando, até chegar nos dois balanços. Sentou-se em um deles, quietamente, e por ali passou o dia. Olhando as nuvens passarem sobre o céu azul turquesa. Ziva David esta relembrando de sua infancia, de seu pai, seu irmão Ari e Tali, e todos os outros que ela amava que já não poderiam estar mais em sua vida. Doía mas do que ela podia ter imaginado quando criança, muito mais do que ela admitia para os outros e para si própria. Gibbs sabia de tudo isso. Logo depois que o Tony embarcou naquele avião ela tinha ligado para o celular dele, implorava que ele não atendesse para que não fosse preciso dizer adeus e justo quando estava indo para caixa postal ele atendeu. "Hey ZIver", ele disse. Leroy Jethro Gibbs foi, como sempre, um ótimo ouvinte e agiu como um pai, lendo seus pensamentos a milhares dequilômetrosdedistancia e em certos momentos aquilo era tudo que ela precisava. Um pai. Mas, infelizmente ela queria mais, precisava de mais. Precisava seguir em frente, se desapegar do seu passado e começar de novo. E tudo isso não era nada fácil de ser feito. Mas em seu caso, ela precisava tentar, pelo menos.

Tony por outro lado, ficou imaginando no que ele faria no dia seguinte. Ele não tinha uma passagem de volta para Washington e não estava certo se o Corpo de Fuzileiros Navais nos EUA o dariam uma carona. E para piorar tudo, não sabia quanto tempo mais seria bem-vindo naquela casa. Na vida dela. Depois, exausto, ligou a televisão e enquanto via um show de comédia qualquer em hebraico, tirou uma soneca no sofá.

Já a noite, Tony surpreendeu Ziva com um jantar especial italiano.

"Receita original da família DiNozzo, espero que você tenha gostado."

"Eu gostei."

Eles olhavam para os olhos do outro, faíscasinvisíveisqueimando entre eles, segundo se passaram e nenhum suspiro era ouvido, o rosto dele se aproximando do dela, seus lábios quase que se tocando, porém como eu disse antes, estava tudo quieto. Talvez quieto até demais.

Boom. A janela quebrou-se enquanto uma bala a atravessava, indo velozmente em direção ao seu alvo. Tinha alguém lá fora, no seu jardim, na sua casa e aquela pessoa tinha tentado matá-la. Ou o Tony. Por questão demilímetrosa bala não atingiu seu corpo. Seus impulsos assassinos voltaram em um piscar de olhos, Ziva pegou sua arma e foi correndo atrás daquele idiota que tinha invadido sua propriedade. Correu e não olhou para trás. Se tivesse teria visto DiNozzo imóvel, sangrando.

A bala o atingiu na parte esquerda doabdome. Se apenas ele tivesse visto, se apenas estivesse do outro lado da sala...Se apenas eu a tivesse beijado um pouco antes.

Tony não achava que ia morrer naquele momento. poderia ter sido bem pior, isso era o que ele gostava de pensar. Mas a dor...Era sufocante. A cada segundo que se passava era ainda mais difícil de respirar, e a cada momento era mais difícil de ganhar força para tentar.

Ziva chegou depois de alguns minutos. Ela tinha perseguido o cara no escuro e de longe, puxou o gatilho, com sua mira infalível, muito parecido com os "bons e velhos dias". Ela entrou e ficou paralisada ao ver Tony sangrando, jogado no chão. Aquilo. Tudo era muito familiar. Michael Rivkin, ela lembrou, seu antigo namorado. Um grito ecoou pela sala, trazendo a mente de Ziva para a vida real. Ela ligou para emergência mas iria demorar muito para uma ambulância chegar. Pegou algumas toalhas e as pressionou sobre o corpo dele, o limpando também. Demorou exatamente 20 minutos. Os vinte minutos mais longos de sua vida. Ver o DiNozzo daquele jeito era muito difícil, ele sempre tinha sido o charmoso, o engraçado e muitas vezes o sorridente. Os paramédicos chegaram em alguns segundos, um deles a empurrou para longe de Tony.

"Me deixe ficar aqui! Me deixe ficar com ele!" Ela gritava em hebraico, mas eles a ignoravam. Estava tudo uma grande confusão, uma dúzia de paramédicos estavam lá, ao invés do habitual três ou quatro. Todos sabiam que aquela era a casa onde o antigo diretor do Mossad, Eli David, morava.

"Ele vai ficar bem? Ele vai sobreviver?"

"Você terá que vir com a gente, David. Não sabemos de nada ainda."

Um deles disse calmamente.

Então ela foi.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado, tirando os meus poemas essa é a minha primeira de NCIS!



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