Uma escolha escrita por hollandttinson


Capítulo 26
Sapatinhos.


Notas iniciais do capítulo

Demorei por causa da prova e de outras muitas ocupações.



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POV: ASTORIA.

Depois de 2 meses, Draco me deixou voltar á vida normal porque eu me sentia perfeitamente bem, não tinha mais crises psicóticas ou início de depressão, então ele e eu achamos que estava tudo bem agora. Dafne não pareceu nada preocupada comigo quando eu voltei, nem tocou no assunto. Ela estava muito preocupada com o Liam, ele está gripado e parece terrivelmente manhoso ultimamente, tanto que ela teve que levá-lo para a loja, o que tornou tudo insuportável. Ele não parava de chorar um só minuto, meu Deus ele já tem 1 ano, ele não pode crescer? Ela não pode colocar ele em nenhuma instituição ou cheche, sei lá? Não, ela precisava trazer ele e me pedir pra ficar com ele enquanto resolvia as coisas da loja. Por voltas das 3 da tarde, eles foram embora e eu fiquei só com as funcionárias, mesmo assim tudo estava um tédio. Parece que as pessoas estão perdendo o amor pela moda de Dafne agora que ela não tem mais tempo para desenhar roupas novas e mandar fazê-las, tudo parece velho aqui e as jóias parecem ser a única coisa que rende dinheiro. Mas é agosto e as pessoas não parecem querer comprar jóias... Como se tivesse um tempo certo para comprar jóias.

– Talvez se nós mudássemos um pouco o jeito das jóias ou coisa do tipo...- Ouvi uma funcionária comentar com a outra e revirei os olhos. Como o quê por exemplo? Anéis de pescoço ou colares que se põe na cintura? Pelo amor de Deus! Joia é joia, fim.

– Talvez se vocês se preocupassem mais em trabalhar ao invés de ficar comentando coisas desnecessárias.- Eu disse, cruzando os braços para as duas que abaixaram a cabeça.

– Mas não temos nada o que fazer, as pessoas que estão na loja já estão sendo atendidas.- Disse uma delas, fazendo carena. Eu ergui uma sobrancelha.

– É, talvez nós estejamos tão sem movimento que ter vocês como funcionárias seja perda de tempo. Vou lembrar Dafne de despedir vocês enquanto estiver lamentando nossa miséria.- Eu disse, crispando os lábios. Elas balançaram a cabeça e rumaram para seus lugares á passos largos.

Uma coisa que eu adquiri depois do aborto foi a impaciência, tudo me consome demais e me faz pensar que esse mundo é muito pouco para a minha capacidade intelectual. Eu não mereço conviver com pessoas tão medíocres. Me assusta ver que penso assim, eu senti nojo por pessoas assim por tanto tempo, ser assim é hipocrisia pura. Mas olhando pelo belo ângulo, eles são melhores do que qualquer um, eles enxergam perfeitamente aquilo que pessoas fantasiadas não vêem, é quase um dom.

Depois das 5, eu fui até o Ministério me encontrar com Draco já que ele não tinha ido me buscar. Ele me deu a triste notícia de que estava cheio de trabalho acumulado depois da perda do time no último jogo, e que precisava ficar até tarde hoje. Eu admito que discuti, apesar de saber que não tinha jeito, ele ficaria no final. Ele está acostumado á fazer as coisas certas ultimamente, mereço.

Fui até o St. Mungs porque mesmo que Thamyris estivesse lá e fosse ficar de plantão, eu podia ficar atrás dela 24 horas por dia enchendo o seu saco. Eu não suportava ficar muito tempo sozinha porque começava á comer e a última coisa que eu queria era engordar nessa altura do campeonato.

Mas ela já estava de saída quando eu cheguei e eu fiquei aliviada. Thamyris estava grávida de exatos 5 meses e sua barriga era grande, apesar de ela estar abrigando apenas uma menininha. Ela ainda não tinha decidido o nome da menina, mas já estava fazendo todo o enxoval. Se mudou para um apartamento seu á 1 mês atrás e vive lá desde então.

Depois que a barriga dela começou á ser notável, as pessoas começaram á ter uma atitude diferente quanto á ela, no hospital principalmente. Todos queriam saber onde estava o pai da criança, como e porquê ela estava criando-a sozinha. Muitos rapazes se afastaram dela, preocupados com o que podia acontecer se se aproximassem, podiam ser rejeitados também. Essa sociedade é um nojo. O maior motivo de de Thamyris ter saído de casa foi seus pais, eles a rejeitaram a cara á tapa quando souberam da gravidez, principalmente porque ela nunca, em momento algum, falou o nome de Blásio para ninguém, assim como ele também nunca se aproximou.

– Acho que ele ainda volta para você, quando sentir falta.- Eu disse enquanto nós jantávamos em um restaurante bem frequentado do Beco Diagonal. As pessoas ainda olhavam Thamyris de cara feia, mas eu estava ignorando-as com sucesso.

– Eu não quero que ele volte porque sentiu a minha falta, na verdade, eu não quero que ele volte nunca mais. Para mim, Blásio é apenas mais um cara idiota no mundo.- Ela disse, comendo mais espiga de milho. Ela estava louca pra comer espiga de milho e eu não acreditei que foi isso que ela escolheu para jantar.

– Se sua menina for definida pelo tanto que você come, meu Deus, hein! Será obesa essa criança. Devia se cuidar para não ficar gorda, não volta ao normal tão fácil.- Eu disse, bebendo vinho. Ela franziu o nariz.

– E daí? Sou uma enfermeira e só. Enfermeiras não tem de ser bonitas porque ninguém querem elas, são carrancudas e gordas... Sem falar que tem de ser feias também. E além do mais, eu sou rejeitada pela sociedade porque engravidei de um cara e não digo quem é ele, sabe? Talvez eles pensem que eu sou a próxima Mérope do mundo.- Disse Thamyris. Me segurei para não dar um tapa nela.

– Ok, Thamyris, faça o que quiser da sua vida. Mas você não é Mérope e você não é feia, então porque não se endireita na sua vida e vai procurar alguma coisa que te traga alegria?- Perguntei.

– Minha filha me traz alegria, mas eu ainda tenho que esperar mais 4 meses até ela vir, até lá...- Ela pegou mais um pouco de espiga e encheu a boca, falando de boca cheia:- Vou comer até inchar.

– Inchada você já está, meu bem.- Eu disse, balançando a cabeça.- Mas você já decidiu o nome dela? É estranho falar de alguém sem saber como chamá-la. Bem tosco, pra falar a verdade.

– Eu estou indecisa entre Manoela, Pietra, Violeta e Brenda.- Disse Thamyris parecendo pensativa. Fiz uma careta para os nomes que ela disse.

– Sua filha não tem cara de ter esses nomes.

– Ela nem nasceu ainda, Astoria!- Disse Thamyris, balançando a cabeça e revirando os olhos enquanto ria. Eu dei de ombros.

– Mesmo assim, ainda acho que ela merece ter um nome forte, sabe? Um nome que diga "eu sou sensível, mas posso ser forte e independente". Que ela fosse impulsiva mas na ordem certa, original e com criatividade. Mas que possa encontrar tranquilidade quando quiser, porque é capaz de encontrar em si mesma.- Eu disse e quando olhei, Thamyris estava emocionada.

– Eu nunca pensei por esse lado. Que nome você acha?- Ela perguntou, limpando o rosto.

– Cecília.

– Amei o nome. Não tinha pensado nele. Obrigada, Astoria.- Ela disse, pegando mais espiga enquanto fungava.

(...)

Érica Cecília Davis. Foi o nome que Thamyris escolheu para a minha afilhada. Achei o "Érica" um pouco ruim com a combinação de Cecília, mas não tinha o que reclamar, né? Mas também fiquei chocada por Thamyris não ter colocado o nome de Blásio na menina.

– E se ele decidir que quer participar da criação dela algum dia? Já pensou nisso?- Draco perguntou em uma tarde de domingo. Nós três estávamos tomando sorvete na varanda. Ela olhou para ele de cara feia.

– Ele não tem...

– Direito? Thamyris, você sabe que ele tem muito direito de participar da vida de Cecília. Ele é o pai, você querendo ou não.- Eu disse e ela suspirou.

– Eu sei... É por isso que eu queria conversar com vocês.

– Fale.- Draco prestou mais atenção em Thamyris.

– Eu pensei em me mudar para Paris. Vocês sabem que eu sempre quis morar lá, não é? Sou fluente na língua e em tudo mais, acho que minha filha pode ser bem lá.- Ela disse, mas olhava só pra mim. Eu quase engasguei.

– Paris? Thams, é muito longe!

– Eu sei, eu sei!- Ela disse, fazendo uma careta.

– Além disso, eu quero ver Cecília crescer e sem falar que ela não vai ser de Hogwarts! Não estudar em Hogwarts é o cúmulo, Thamyris!- Eu dizia um pouco alto. Draco segurou o meu braço tentando me manter no lugar. Thamyris suspirou.

– Eu só quero que Blásio fique longe dela.

– Não existe nada que você possa fazer para deixar ele longe de você e Cecília, Thamyris. Desista quanto á isso. Blásio vai se arrepender.- Disse Draco, tomando sorvete.

– Que se dane ele e o seu arrependimento!

– Que menina rancorosa.- Eu disse, balançando a cabeça. Ela me olhou de cara feia.

– Dane-se você também.

(...)

Mas isso não durou muito. Quando Thamyris estava com 8 meses, Blásio a viu na rua e ficou falando dela para Draco o dia todo. Meu marido, que achava que isso já estava indo longe demais, acabou dando o endereço de Thamyris á Blásio que foi bater lá no apartamento dela. Eles não se acertaram, mas estão se dando uma trégua. A Thamyris até mudou o nome de Cecília. Cecília Davis Zabini agora, olha que legal! E as pessoas já sabem que Blásio é o pai, e ele está sendo mesmo rejeitado, mas ele está lidando bem com isso, sabe que fez coisa errada. Sem falar que ele está tão ocupado tentando conciliar o trabalho com os exames de Thamyris que ele nem liga. Eu ainda acho que eles vão ficar bem e se casar no final de tudo isso.

Mas a notícia bombástica veio com Draco na manhã de 2 de novembro. Dafne estava grávida de novo. Eu comecei á pensar que talvez todas as mulheres do mundo fossem reproduzíveis menos eu, então eu dei um pouco de trabalho á Draco quanto ao sexo. Mas não adiantou de nada.

Agora eu estou vendo o rostinho redondo de Cecília e pensando quando eu terei minha chance. Cecília nasceu morena. Sua pele era de um marrom clarinho e seu cabelo era liso, liso, liso, como os de Thamyris. Seus olhos eram pretos mas isso era só. O resto era tudo de Thamyris, tudo mesmo. Formato do rosto, das mãos, dos pés, boca, sobrancelha... Thamyris era a menina toda, exceto pelos olhos e pele. E ela era linda. 5 de dezembro. Ela nasceu com 9 quilos(gordaaaaa) e 24 centímetros. Enorme essa menina. Acho que vai puxar a altura de Blásio.

– Ela é uma bebê linda, nem parece ser filha de Thamyris e Blásio, eu disse enquanto eu e Draco nos preparávamos para dormir.

– Será que nós vamos ter um filho antes de o filho de Dafne fazer 1 ano? Pra eles poderem brincar, porque ser da mesma idade de Cecília não dá.- Draco estava pensativo quando eu olhei para ele. Eu suspirei. Eu sabia que ele queria ter um filho e eu estava lutando para isso, estava mesmo. Até tratamento eu comecei á fazer e nada.

– Acho que ele vai ser lindo, tenho certeza absoluta.- Eu disse, sorrindo e abraçando a sua cintura. Ele suspirou.

– Vamos orar pra que ele venha logo.

– Orar e fecundar.- Eu disse, sorrindo maliciosa.

(...)

Eu estava suando frio enquanto segurava aquela caixinha na minha mão. Calma, Astoria, pode ser falso. Você não está grávida.

Mas se eu não estava grávida, porque eu fui correndo á uma loja e comprei 2 sapatinhos e lã, rosa e azul, e embalei nessa caixa? Porque eu estava suando frio esperando Draco chegar? E como ele estava demorando.

Fiz exame no St. e em hospitais trouxas e ambos disseram que eu estava grávida, o que me deixou muito chocada já que fazem apenas 6 meses desde que Cecília nasceu e eu esperava que meu filho demorasse mais para vir. Mas ele estava aqui, estava dentro de mim.

Estava com medo de ser alarme falso novamente e decepcionar á mim e Draco, mas eu sentia que ele estava aqui. De acordo com os médicos trouxas, ele estava aqui á 3 meses. A Sra. Malfoy já tinha conhecimento dele antes de mim, como da primeira vez. Ela estava morrendo de alegria e até voltou da Alemanha só para ficar comigo. Ela disse que não deixaria ninguém estragar a vida do seu amado neto.

Ouvi o barulho de alguém desaparatando na varanda e eu comecei á tremer a perna, desesperada. Ele sorriu quando me viu sentada no sofá e depois ergueu uma sobrancelha.

– Aconteceu alguma coisa?- Ele perguntou, se sentando ao meu lado e já procurando pegar a minha mão. Ele notou a caixinha e ficou olhando para ela.

– Eu tenho um... Um pre-pre-presentinho para você.- Eu disse e entreguei a caixa para ele rapidamente. Ele olhou para a caixa avaliativamente.

– E o que é?

– Abre, vai se surpreender.- Eu disse, tentando relaxar. Ele sorriu e abriu a caixa. Sua expressão não mudou quando ele viu os sapatinhos. Ele se virou para mim, olhou para mim por alguns minutos. Seus olhos estavam paralisados como se ele não estivesse aqui. Olhou de novo para os sapatos e colocou eles dentro dos dedos e começou á mexer um no outro.

– São... Sapatinhos de bebê.

– Isso.

– Um azul e um rosa.

– É.- Ele era cego?

– E você está me dando eles por...?

– Pra você guardar e a gente poder tirar foto por serem os primeiros sapatinhos dos nosso filhos.- Eu disse. Ele olhou para mim, seus olhos brilhavam agora.

– Filhos?

– Eu só tenho 1 agora, mas podem vir mais 5, talvez...

– Um tá bom. Um tá ótimo.- Ele disse, abrindo o sorriso mais lindo que eu já vi ele dar. Ele foi para minha frente e se ajoelhou, colocando os sapatinhos levemente pela minha barriga imperceptível.- Nosso filho tá aqui?- Na barriga dele é que não é...

– Está. Eu fiz vários exames, não é alarme falso.

– Eu sei que não é. Eu já estava desconfiando, mas não queria falar nada porque... Porque eu tinha medo de me decepcionar.- Ele estava segurando uma lágrima e eu estava ficando emocionada.

– Vamos ter nosso filho, Draco.

– Eu não vou deixar nada machucar você.- Ele disse, olhando para a minha barriga.

(...)


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