Tudo pode mudar por causa de um Nome escrita por HeyLay


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!! Eu não disse que postaria com mais frequência? Aqui vai mais um capítulo!!!

Música do Capítulo:
Dreamer - Ozzy Osbourne.

"Sou apenas um sonhador
Que sonha com dias melhores"



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Saio de dentro do carro a mandado de Effie. A estação de trem está lotada, não consigo saber quem é quem no meio daquela multidão. Além do mais, Pacificadores criaram duas barreiras laterais, as quais impediam o contato dos Tributos com os curiosos.

Peeta não conseguira terminar de falar o que estava prestes a dizer quando a Doida chamou por nossos nomes. Eu também não me lembrava de nada naquele momento. Eu só queria aproveitar um pouco do conforto que nunca tive, aquele mesmo que era usado para amenizar um pouco a dor de quem estava “embarcando”.

Effie seguiu caminho na nossa frente. Eu não conseguia imaginar como a mulher conseguia andar em cima daquelas coisas que chamava de sapato! O treco era enorme! Tão grande que, caso estivesse sem ele, Effie seria do meu tamanho... não exatamente dizendo...

Minha atenção foi chamada pela brusca parada que Effie deu, ficando de frente para a porta do trem, fazendo mistério.

— Ah! Essa é a minha parte favorita!!! – disse, com mistério explicito em sua voz. – crianças. Sejam bem-vindas ao lar!

Effie abriu a porta. Não fosse pela circunstância em que nos encontrávamos aquilo seria um sonho se realizando! Diferentes tipos de doces e sabores. Alguns que eu conhecia e outros não. Alguns doces eu nem sabia o nome! Nunca vira a aparência... nunca sentira o cheiro. A comida salgada era maravilhosa. Sopas de vários tipos, carnes de vários animais. Aquilo era um paraíso do qual poucos desfrutavam e, repetindo, não fosse pelas circunstâncias em que nos encontrávamos, ganhar naquela loteria não teria sido tão ruim assim.

— Vá com calma, queridinha! Pode engasgar!!! – gritou Effie da porta que dava para o segundo vagão.

— Eu não consigo parar! Isso daqui é muito bom! – falei com a boca cheia de um doce muito bom... Mas ao mesmo tempo azedo. – como é o nome disso?

— É morango com chocolate! – falou Peeta, pela primeira vez desde que entramos no trem. - Também conhecido como fondue.

— Eu estou faminta!

— Bem... Pelo menos sabe usar os talheres! – falou Effie com desprezo. A culpa não era minha! Aquilo com certeza acontecia todos os anos. É lógico que sim, era o normal de se acontecer quando um cidadão do Distrito Doze vê algo comestível. Seus olhos se arregalam desejando o que não é seu. Mas aquilo ali era meu, sim. Meu e do Peeta, que com certeza comia daquelas coisas todos os dias, mas que também estava aproveitando do banquete.

— Isso é realmente muito bom, Prim, devo admitir... Mas você tem que ir com calma, seu estômago não está acostumado com tanta coisa...

— Você vai sentir falta disso? – perguntei, ignorando a observação.

— De quê?

— Da vida que levava na padaria... Você com certeza podia comer o que quisesse, não é verdade? – ele negou, arregalando os olhos, como se aquilo fosse proibido de se dizer.

— Eu não podia comer os pães, nem os bolos ou as frutas... Não os melhores.

— Por quê? – perguntei, curiosa.

— Minha mãe diz que é apenas para vender. Não posso errar uma receita... do contrário, sou castigado... E eu que pego um docinho escondido dela pra eu ver... É tapa na cara na certa...

— Então é a primeira vez que come essas coisas? – perguntei, sem me importar com o modo como ele era tratado pela mãe. Peguei mais um pratinho com doces.

— Não. Não é a primeira vez que eu como isso... É a última, com certeza. Mas a questão é que tinha o dia certo em que pegávamos um bolo e dividíamos... As datas especiais e coisas assim...

— Como quando minha irmã me deu a Lady? – eu não queria me lembrar de Katniss, mas eu fiquei realmente feliz quando vi que ela trazia um animal vivo e que ele seria meu.

— Hã? Quem é Lady?

— Um presente de aniversário, foi o que eu quis dizer. O seu presente de aniversário era um bolo? Lady é uma cabra... Minha cabra, presente de Katniss.

— Ah, sim. Era. Todos os anos eu podia escolher um bolo da prateleira. Mesmo que fosse o mais caro e mais confeitado. Eu sempre fazia um especial naquele dia... O que seria considerado o mais caro...

— É...

— Teve um ano em que eu guardei o meu pedaço de bolo para a garota de quem eu gosto... Quando fui entregar, o namorado dela chegou e me deu essa marca... – ele disse, mostrando um corte no braço. – além disso, deixou meu olho roxo. Quando cheguei em casa daquele jeito, minha mãe me bateu mais por tentar ajudar pessoas que me desprezam, como aquela menina, de acordo com ela.

— Mães e suas opiniões...

— Pois é... – eu estava começando a gostar da conversa quando a porta do vagão de frente para o que estávamos abriu. Dela saiu um homem estranho. Loiro, alto, olhos claros. Era Haymitch, nosso mentor. Estava diferente desde a última vez que o vira, lá no jipe. É lógico, a Capital oferecia bebida também... E Haymitch adorava bebida.

Não existe melhor explicação para aquela aparência dele.

— Eu pensava que mentores não podiam beber quando estivesse com os Tributos... – falei, baixinho. Peeta repreendeu com um empurrãozinho de leve no meu braço.

Haymitch sentou-se de frente para nós dois. Analisando nossas feições, creio eu. O homem à nossa frente suspirou.

— Bem... Em primeiro lugar, meus parabéns! – bufou. O hálito horrível. – vocês não durarão nem um dia... Isso quer dizer que o sofrimento e o medo acabarão logo! – Foi minha vez de suspirar. Era esse o tipo de confiança que ele queria passar para nós? Haymitch continuou a examinar nossas expressões. Não pareceu que fosse falar mais nada.

— Senhor, devo me apresentar. Peeta Mellarck!

— Shhhh! Não vê que estou pensando, seu idiota?! – berrou, repreendendo o garoto. Permaneci em silêncio. Haymitch levou a mão até a testa e fez uma cara de dor.

— Desculpe-me, senhor. – pra quê Peeta o tratava bem? O cara era um bêbado que achava que sabia tudo!

— Peeta, não precisa chamá-lo de senhor... – eu disse, me levantando.

— Ei, Loirinha! – chamou o mentor idiota.

— Tá falando comigo?

— Tem mais alguma loirinha aqui? – zombou. Fiquei calada. – certo.

— Idiota. – bufei. Peeta me repreendeu novamente. – por que está defendendo-o? – perguntei, nervosa.

— Ele já ganhou isso uma vez, Prim, e foi em um Massacre.

— Exatamente! – gritou interrompendo Peeta.

— Ele é o único que pode nos ajudar...

— Obrigado, garoto! Agora cale-se e escute. Lá na Arena, qualquer coisinha já é de grande ajuda...

— Como eu consigo abrigo? – perguntou Peeta.

— Vai achar um se sobreviver ao primeiro dia. - respondeu carrancudo. Como se não gostasse de ser interrompido.

— Mas...

— Mas nada! – berrou Haymitch. Aquilo estava passando dos limites.

— Como consigo abrigo? – perguntei, doce.

— Loirinha, você não vai passar da Cornucópia... Pare de encher a paciência e me deixa falar com alguém que ainda tem um pouco de chances!

— Quem é você para nos tratar dessa forma? – perguntei.

— Alguém que foi simpático e conseguiu alguns patrocinadores na arena? – perguntou ironicamente. Deu um gole numa garrafa de alguma bebida que, não sei como, apareceu ali.

— Para com isso, Prim! – Peeta novamente. – me dê isso, Haymitch! – disse, apontando para a garrafa.

— Mas de jeito nenhum! – respondeu, fazendo com que Peeta se afastasse.

— Quer saber? Desisto! – falei, me levantando. Peeta segurou meu braço.

— Prim, a gente precisa dele.

— Alguém me leva até meu quarto? – gritei, ignorando Peeta.

— Essa daí é muito nova pra ser tão rude! – ouvi Haymitch sussurrar para si mesmo.

— Eu sou rude? É mesmo? Pelo menos eu não sou um bêbado idiota que acha que sabe tudo!

— Em primeiro lugar, Loirinha, eu não acho que sei de tudo. Eu sei. Eu estive lá e sei do que são capazes de fazer para acabar com a sua vida. – ele disse, com raiva, apertando meu braço. – em segundo, precisa de patrocinadores, os quais não vai conquistar se continuar com essa cara fechada! – gritou. – em terceiro lugar, uma faca de cozinha, um clipes de papel ou até mesmo um único fósforo seria sua salvação lá naquela arena. Você quer mesmo discutir comigo?

— Alguém me leve até meu quarto. – gritei, me desfazendo do aperto que Haymitch dera em meu braço. Effie pareceu ouvir, pois chegou na sala dali há alguns segundos.

— O que foi que houve aqui? – perguntou, a voz fina e irritante como a mulher que me levara até o carro, antes de entrarmos no trem.

— Nada que te interessa! – gritei.

— Olha o respeito, menina!

— Eu não ligo pra você, Pantera Cor-de-rosa!

— Ah, mas se eu...

— Se você o quê?

— Ah, mas essas crianças são muito ingratas!

— Por quê?

— Não vê o que está fazendo?

— O quê?

— Desprezando a Capital como se fosse algo muito ruim!

— Me sortearam para morrer, não acha isso ruim? Acha que eu deveria comemorar com os amigos? – perguntei, com sarcasmo. - Por que se for, bem... Me avise pra eu poder pagar algumas pessoas pra fingirem ser meus amigos, pois não tenho nenhum! Ah, acabei de me lembrar: EU NÃO TENHO DINHEIRO NENHUM!

Effie fez uma cara estranha e ficou me encarando, mas logo em seguida ergueu o indicador direito e disse:

— Pior que isso é ter que ir todos os anos para esse Distrito... Com essa gentinha!

— Você não ia tratar as pessoas assim se morasse na Costura... - digo em direção à Effie.

— O que é Costura, queridinha? - pergunta a mulher, sem nenhum interesse.

— É o lugar onde eu moro.

— Morava! - corrigiu. - Você também morava na costura, Peeta? - Disse em direção ao garoto, que estava quieto desde que eu gritara por ajuda, com um tom mais amigável.

— Não. - ele disse. - eu morava no centro.

— Oh, é claro! - exclamou Effie. - Percebi a diferença. Peeta é tão educado...

— Ele pode ser educado, né, querida! Ele tem o que quer na padaria!

— Não tenho não!

— Padaria?

— É... Peeta era quem confeitava os bolos da padaria...

— Tem tanta certeza de que eu vou morrer que já está falando no passado...

— Não sei quanto a você, Mellarck, mas eu já perdi as esperanças!

— Sua irmã, Katniss também teria perdido as esperanças depois que o pai de vocês morreu, mas não perdeu!

— Por quê? Como sabe disso?

— É uma longa história... não quero contar, muito menos entrar em detalhes. Foi um erro mencionar isso.

— Anda, diga logo! – peço, batendo, sem querer, com uma faca na mesa à minha frente.

— Isso é Mogno! – Berra Effie, vindo em direção à mesa. Eu ignoro completamente a importância que a Doida-cor-der-rosa dava para um objeto estúpido.

É quando Peeta me puxa para a varanda do trem e me conta a história do pão. Aquele mesmo pão queimado e molhado que chegou nas mãos de Catnip há alguns anos atrás. O mesmo pão que salvou nossa família da miséria. Relaxo os ombros e, quando olho para os lados, apenas eu e Peeta estamos na sala. Eu não vi o momento em que os outros saíram, mas não me importava. Katniss nunca me disse que o filho do padeiro nos salvou. Eu seria mais grata se soubesse.


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram? Reviews? Beijos e até a próxima!