Tudo pode mudar por causa de um Nome escrita por HeyLay


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Oi, galera! Tudo bom com vocês? Eu acho que não demorei tanto dessa vez, não é? Bom, aqui está o capítulo 26 saído do forno. kkk, bem, vamos lá... sem mais delongas.

Música do Capítulo.
Wake me up - AVICII.

"Sentindo o meu caminho em meio à escuridão
Guiado pela batida de um coração
Não sei dizer onde a jornada vai acabar
Mas sei onde começar..."



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Eu corri por sei lá quanto tempo. Não conseguia ver nada à minha frente e tinha até medo de que eu batesse em alguma árvore. Seria noite nos Distritos ou era apenas mais um jogo da Capital? Eu não sabia dizer e sim sentir.

Tudo o que eu fazia nos últimos dias era correr, correr e correr. Não havia mais nada a fazer a não ser isso. Afinal, o jogo já estava quase chegando no fim. Eu sobrevivera a incríveis cinco dias e eu estava entre os dez restantes. Mais nove mortes e eu poderia ir pra casa... mas eu não sabia mais se queria ir pra casa.

Eu queria que Peeta fosse. Queria que alguém com mais chances de vencer um Carreirista na final sobrevivesse. Eu não queria sobreviver... porque eu sei que ninguém ganha essa coisa.

Por mais que tudo termine bem para nós, não está tudo bem. Perdemos pessoas queridas, estamos abalados emocionalmente e não conseguimos mais dormir. Eu não quero um futuro assim se eu puder me dar ao trabalho de pensar em um.

Eu quero um futuro em que eu não tenha medo de viver, de falar tudo o que eu quiser. Eu quero um futuro em que eu não tenha medo de ter filhos... eu quero um futuro em que eu não tema ter nascido. Infelizmente não terei um futuro tão extenso para, possivelmente, pensar e idealizar essa ideia.

Às vezes eu acho que as pessoas de Panem idealizam um mundo em suas mentes para não precisarem se preocupar com a realidade... mas é aí que o problema dá as caras. Essa idealização nunca irá se consolidar. Snow não vai parar os Jogos, a Capital vai continuar vibrando de alegria a cada morte e os distritos vão continuar com fome, com medo e com raiva de si mesmos por não poderem fazer nada... por terem de ver crianças, podendo ser até mesmo seus filhos, morrerem numa arena como na Roma antiga.

Como na época em que existiam mais além de nós... em que todos eram livres para ir e vir. para fazer o que bem entenderem.

Foi idealizando o mundo perfeito que um dia já existiu, mas que as pessoas não percebiam que era perfeito, que eu bati de frente com uma árvore.

Como ela surgira ali? Eu não sabia dizer... mas arranjaram um jeito de me parar.

— Prim! - gritou Rachel. A voz não estava muito longe, o que era um bom sinal. Afinal, nós corremos por bastante tempo e aprecia até que o Carreirista tinha se distraído.

Quisera eu pensar que sim.

— Rach! Eu já vou! - consegui responder logo depois de me recuperar do desnorteio que o impacto causou. Eu estava quase que completamente desnorteada... mas as coisas que vinham à minha mente não deixavam que eu apagasse, não deixavam que eu desistisse de ficar acordada.

Vamos, Prim, você é forte. Vai conseguir. Pensei.

Sim, eu conseguiria até o momento em que tivesse que subir em algo. Eu esquecera de treinar escalada, e me achava muito burra por ter esquecido algo de tanta importância, não tinha forças para continuar, e já me via morta pelas mãos do Carreirista que conseguiu se recuperar rápido das teleguiadas. Mas eu tinha um objetivo. Um único propósito para não dar a cara à tapa, para não dar o braço à torcer.

Corri em direção à voz de minha aliada.

— Ele está sozinho. - falou entre engasgos. - Parece que as outras duas não conseguiram recuperação tão rápida quanto à dele.

— Talvez porque ele tem mais massa que elas... - zombei. Rachel sorriu, mas logo se recompôs. Ela estava certa, não era um momento bom para sorrir.

Rach apontou para o alto.

— Vamos ter que subir... - falou hesitante.

Eu travei naquele momento. Não sabia por onde começar, mas não tinha coragem de assumir para Rach que eu não tinha a capacidade de tentar sobreviver por mais um dia.

— Eu... - comecei a dizer.

— Temos menos de cinco minutos, Prim. Eu o atrasei, mas o garoto é rápido e está propriamente armado. Somos duas, sim, mas ele lutando é como se fosse três de nós! - começou a passar o sermão. - Essa foi a árvore mais alta que achei até agora. Podemos escalar até o alto, descer pela manhã e procurar pelo tronco...

Eu engasguei no meio da fala, pois não suportaria ver o olhar de desprezo que Rachel me mandaria quando Cato nos matasse. Já não estava suportando vê-lo em pensamento... imagina pessoalmente?!

— Rachel... eu tenho um problema, sim. - consegui dizer de uma só vez. - Eu menti. - falei.

— Você o quê? - perguntou mais alto do que o necessário.

— Eu disse que não era nada, que estava tudo bem... mas a verdade é que eu não sei escalar! Eu não vou conseguir subir isso... eu apenas olhava minha irmã, nunca tentei. - deixei escapar. Felizmente, eu não dissera onde via minha irmã escalando. Mais felizmente ainda, havia várias árvores dentro dos limites do Doze e eu não devia uma explicação para a Capital.

Rachel bufou. Certo, ela estava decepcionada e, eu não sei dizer o motivo, eu me julgava mentalmente. Eu também me sentia arrasada por ela se sentir assim em relação à minha situação.

— É fácil. - recomeçou a conversa segundos depois. Eu estava muito surpresa com a tranquilidade que sua voz tomou para prestar atenção. - Só precisa seguir os degrauzinhos que a casca da árvore forma... - ela explicava como se tivesse todo o tempo do mundo, como se o cara mais mortal daqueles Jogos não estivesse indo atrás de nós.

— Mas...

— É como uma dança... um pé na frente e outro atrás. - continuou. - É só imaginar que está rastejando no chão... é só não pensar que está indo para cima.

— Rachel...

— O quê acha de tentar agora mesmo? - perguntou me encarando.

— Eu não sei... - eu me encolhi, com medo, e me afastei um pouco.

— Qual é, Prim? - ela abanou os braços, como se desistisse. - Não deve ser tão difícil! E realmente não é!

— Diz isso porque cresceu fazendo isso! - joguei na cara dela. - Cresceu numa fazenda do Cinco e vivia subindo em árvores. O.K., vá, suba e me deixe aqui à mercê de Cato! - gritei. Aquele grito poderia tê-lo entregado nossa localização.

Rachel revirou os olhos e começou a subir os degrauzinhos que a casca da árvore formava. Quando chegou no quinto degrau, há pouco mais de um metro do chão, Rachel esticou a mão para mim e abraçou a árvore com a outra.

Eu, que pensava que ela tivesse desistido de mim, demorei um pouco para entender o recado. Menos de dois segundos depois, estiquei minha outra mão, Rachel a agarrou e me puxou para cima.

— Apoie os pés nos degraus e abrace a árvore como eu estou fazendo. - falou com a maior naturalidade do mundo.

— Você faz isso parecer tão fácil. - comentei enquanto me esforçava para encaixar o pé esquerdo no degrau.

Rachel subiu mais um metro, parou e pediu para que eu trocasse a mão que estava segurando na dela, porque ela sentia dormência na mesma. Rachel trocou o braço de lado e seguiu caminho.

— Vamos, Prim! Rápido! Eu já posso vê-lo! - ela falava baixinho. Por sorte, ainda estava escuro e Cato não nos via.

Cometi o erro de procurar pelo rapaz e olhei para baixo. Aquela era uma árvore bem alta, assim como ela falara. Eu tinha medo.

— Rach... - chamei. Ela parou e olhou para mim, como se perguntasse: " O quê é agora?". Não esperei mais tempo para responder: - Estou com medo.

As lágrimas começaram a sair de meus olhos sem que eu impedisse, mas eu não chorava alto. Era um choro baixo e contido. Choro esse que me dispersou e fez com que eu errasse o próximo degrau. Ato esse que fez com que eu me desequilibrasse e ficasse pendurada na árvore, balançando de um lado para o outro... segura apenas por Rachel e sua mão dormente.

[...]

— Droga, Prim! - praguejou baixinho.

Eu não tinha culpa de isso ter acontecido. Bem, na verdade eu tinha um pouquinho de culpa sim... mas não era pra tanto!

Rachel me puxou para cima com bastante dificuldade e eu consegui encontrar o degrau. Aqueles foram os piores segundos de toda a minha vida. Eu me senti morta... como se eu fosse cair e me espedaçar no chão. Como se Cato nem fosse precisar de se esforçar tanto para diminuir a lista.

— Aqui já está bom. - falou, colocando minha mão que se apoiava nela na árvore. Abracei a madeira com todas as forças que eu tinha e esperei que ela me chamasse para subir no galho.

— Meu Deus, é muito alto! - exclamei quando, em um ato de coragem, me atrevi a olhar novamente para baixo.

Rachel me mandou calar a boca e me guiou até o galho onde armava nosso "acampamento". Rach olhou umas cinco vezes para baixo. Cato ainda estava lá, calado, como se ele se preparasse para dar o bote. Como se ele fosse o leão poderoso e fôssemos apenas gazelas feridas sem nenhum futuro próximo.

Sentei-me no galho mais baixo e ela encontrou um outro ao lado do meu. Ela tentava não fazer tanto barulho para não atrair o olhar do menino.

Cato olhou para cima assim que ela tomou lugar no galho ao lado do meu. Felizmente não havia luz o suficiente para ele nos ver.

Quando olhei para baixo novamente, não havia mais nada lá.

— Ele foi embora? - perguntei.

— Shhh... - ela fez rapidamente, colocando o dedo indicador na boca, pedindo silêncio.

Eu não entendi onde ela queria chegar, mas Rachel sabia das coisas, eu tinha que admitir.

Segundos depois, ela apontou para baixo. Olhei, ainda com receio, e vi que o Carreirista estava escondido em um arbusto, esperando que saíssemos de onde nos escondemos. Eu não faria isso nem que ele já tivesse ido embora de verdade.

Dando a parecer que cansara por aquela noite e parecendo convencido pelo nosso sumiço, Cato deixou o local correndo em direção à Cornucópia. Segundos depois eu percebi o real motivo de ele ter ido embora. Clove gritava por seu nome... talvez o perigo da Cornucópia tivesse atacado a Carreirista. Eu não sabia, mas eu não ouvi o tiro de canhão naquela noite.

O hino da Capital começou a tocar e a insígnia da mesma apareceu no céu anunciando a morte de Rue. Ainda restavam dez tributos na Arena.

[...]

— Tem fome? - Rachel perguntou, me dando um susto.

Assenti. A menina pegou umas frutas que guardara dentro de sua jaqueta e me entregou. Dividi as que eu tinha com ela também.

— Obrigada... - falei, enquanto engolia um pedaço de ameixa.

— Pelo quê? - perguntou como quem não quer nada.

— Dã... pelo óbvio? - sorri. Rachel correspondeu. Eu ficava feliz por saber que ela ainda sorria com o que eu dizia. Eu estava feliz por ela ter aceitado ser da minha aliança. - Obrigada por não ter me deixado sozinha. - respondi sério.

Rachel parou de mastigar o que quer que fosse aquilo e me encarou.

— Eu nunca te deixaria lá, Prim. Eu seria a pior pessoa do mundo se tivesse feito isso.

Aquilo foi como um tapa na cara. Não... aquilo foi pior que um tapa na cara... bem pior, pra falar a verdade. Rachel não me abandonara... mas eu teria de fazer isso em algum momento se quisesse que Peeta ganhasse. Mas ele nem ali estava! Comecei a repensar meus ideais, mas percebi que era tarde demais para mudar o plano desconhecido pela ruiva.

— Obrigada, Rachel. - foi o que consegui dizer. - Por tudo.

Guardei as frutas restantes, antes que começasse a cochilar, prendi a corda que estava no meu cinto no tronco, verifiquei se Rachel já estava presa, dobrei os braços para aproveitar da jaqueta quentinha e virei o rosto para o outro lado. Eu não tinha percebido, mas havia um sorriso bem ali no meu rosto. Um sorriso sincero, o qual não me visitava fazia um tempo. Eu estava bem graças à ela.

— Boa noite, Prim. - foi a última coisa que ouvi antes de adormecer.

[...]

A luz do Sol começou a atrapalhar meu sono. Mesmo fechados, meus olhos já sentiam uma luz alaranjada e radiante percorrendo o céu da miragem, como Rachel costumava se dirigir à Arena. Olhei para o lado contrário ao sol. A ruiva ainda dormia. Peguei a garrafa térmica dentro da mochila que estava do meu lado e bebi um pouco da minha água.

Mordisquei algumas frutas e fiquei olhando para o nada por um longo tempo. Foi quando eu me lembrei de que precisávamos encontrar Peeta e os outros da aliança. Foi quando me lembrei que precisávamos encontrar o tronco, que precisávamos ficar em segurança... e uma árvore alta não era tão segura quanto um tronco oco baixo.

— Rach? - chamei um pouco baixo. Minha voz estava rouca, talvez porque não falava já há horas. Rachel não moveu sequer um centímetro. Ela nem piscou! Procurei por algumas folhas de hortelã na mochila e mastiguei algumas delas. O gosto que estava na minha boca melhorou um pouco. Ah, como eu sentia falta de uma pasta de dentes decente... - Rachel? - chamei com firmeza, me dispersando de meus pensamentos.

A ruiva deu um pequeno salto com o corpo para trás e a única coisa que a segurou lá em cima foi a corda amarrada nas duas pernas.

— Prim! - Chamou animada. - Ainda estamos vivas! - brincou. Fechei a cara, não queria que ela brincasse com aquilo.

— Temos que descer antes que os Carreiristas resolvam nos procurar novamente.

— É verdade. - ela se recompôs, pegou a mochila, achou mais algumas folhinhas de hortelã e mastigou-as.

— Vamos procurar o tronco, deixar as coisas lá, voltar com uma arma cada uma e procurar os outros. - propus a ideia.

— Sim... mas o que acha de caçar uns pequenos animais antes? Estou sentindo falta da carne... do fogo... - pediu.

Eu estranhei aquele pedido, mas não neguei, afinal eu também sentia saudades de uma boa carne para saborear. Coisa que não via já há dias.

— Não sei o que aconteceu com você, mas tudo bem. - decidi comentar. Rachel sorriu e deu de ombros. - Vamos? - chamei.

Ela assentiu, juntou as coisas, colocou a mochila nas costas e começou a descer usando o mesmo método da casca da árvore. Eu consegui descer sem a sua ajuda, como se a primeira escalada já tivesse me dado anos de experiência no "esporte". Mas parecia mesmo era que a descida era mais fácil.

Menos de dois minutos depois nós alcançamos o chão, Rachel parou um pouco para se recuperar do esforço, bebeu um pouco de sua água, mordiscou mais algumas frutas e começou a procurar orientação geográfica.

A menina ruiva encontrou os pontos de referência tão rápido que nem consegui perceber. Em menos de cinco minutos já estávamos caminhando em direção ao nosso antigo esconderijo.


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Notas finais do capítulo

Galera, a partir desse capítulo eu vou aumentar a quantidade de palavras. A conta que eu tinha feito era de 36 capítulos, mas pode ser que chegue até 40, não sei. Tudo bem, mas a partir de agora serão capítulos maiores e com mais ação de personagens. Faltam dez tributos e já está chegando ao fim. Espero que gostem do desenrolar e me desculpem se eu estou enrolando um pouco nos capítulos, mas é que eu estou com dó de terminar essa fic agora... kkk. Tudo bem, vamos lá... recapitulando: esse é o último capítulo mais parado, tem bastante coisa pra acontecer e para que eu consiga dizer tudo, vou precisar aumentar o tamanho dos caps. Não me achem boba por ter enrolado um pouco esse cap, mas é que eu acho que ele deve parar por aí mesmo. Comentem o que acham que pode acontecer no final! :D Beijocas amores e até a próxima!



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