Tudo pode mudar por causa de um Nome escrita por HeyLay


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Olá, seus lindos. Então, eu gostaria de dizer que eu estou começando algumas fics esses dias e que gostaria de saber o que acham delas... segue os links aí em baixo. Beijos e obrigada pela atenção! :D

http://fanfiction.com.br/historia/464311/The_Lonely_People/
http://fanfiction.com.br/historia/452542/A_ultima_Flor_do_deserto/
http://fanfiction.com.br/historia/460520/Vivendo_no_Caos/

Tudo bom com vocês? Eu estou muito bem. Por isso, aqui vai o último capítulo em que Prim passa na Capital. O próximo já é a Arena, prometo. Então fiquem com: "A, quase, Arena!"

Música do Capítulo:
It's Alright - Guns N' Roses
"Aonde ir e o que ver
Tem sido assim desse jeito e vai continuar sendo
Está tudo bem, sim está tudo bem..."

Querem um pequeno Spoiler da fic? Leia as notas finais.



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Vejo Peeta saindo do palco e indo em direção à Haymitch, o qual está sentado ao meu lado com um copo de água em mãos.

— Beba mais um pouco, Prim. - insiste. Para que ele me deixe em paz, pego o copo de suas mãos e bebo toda a água. Effie está conversando com Cinna, o qual me parabenizou, há alguns minutos atrás, pela bela entrevista.

— O que foi que aconteceu? - Perguntou Peeta em minha direção.

— Ela ficou surpresa com a sua confissão... - Haymitch respondeu antes que eu pudesse dizer o real motivo. Eu ficara, sim, surpresa com o que ele disse. Mas não pelo fato de ele ser apaixonado pela minha irmã e sim pelo fato de não ter me explicado direito aquele negócio de Gale.

Eu já ia acrescentar algo no que Haymitch disse, mas o mentor me impediu pedindo que os outros terminassem de conversar no apartamento.

Peeta me ajudou a me levantar e seguimos para o elevador. Todos juntos.

Assim que entramos na caixa dourada, Cato e Clove seguraram a porta, como aquele dia depois do desfile.

Os dois entraram e esperaram que a porta se fechasse para apertarem o botão do segundo andar. Por sorte não estávamos apertados uns contra os outros, pois o elevador era bem grande e aguentava o peso de dez pessoas.

Assim que chegamos ao segundo andar, a porta se abriu revelando um corredor igual ao nosso. É... Effie disse que os apartamentos eram iguais, mas não pensei que fosse sério... Pensei. Era exatamente igual ao nosso! As cores, as paredes, as luzes. Tudo. Eu não sabia se lá dentro era igual e estava bastante curiosa pra saber, mas não queria ir lá pra descobrir.

Eu já estava sem o apoio de Peeta, mas fui tentar trocar de lado com o garoto para não ter que ficar perto da menina do Dois, eu ainda temia que ela me matasse só de olhar, mas aí eu caí, ainda estava um pouco bamba. Realmente, eu deveria ter esperado mais um pouco. Peeta me segurou pelo braço antes que eu batesse com a cabeça na lateral do elevador.

No mesmo instante, a voz de alguém me chamou a atenção. Então eu percebi que ainda estávamos parados ali.

— Olha só, Clove! A garotinha determinada só dá as caras quando as câmeras estão ligadas!

— Pois é, Cato!

— É desse jeito... falar é fácil de mais. Difícil é fazer.

— Não, Cato. Acho que está errado. - Interrompi. - Eu disse para Caesar que tentaria. Eu posso tentar. Tentar fazer algo é fácil... o difícil mesmo é conseguir. E eu vou fazer de tudo para conseguir. - Falei, intimidando-o. Eu sabia que não seria suficiente. Aquilo só traria mais um rival na Arena e, quando chegasse a hora, eu sabia que não seria como eu falara. Eu tentaria conseguir, mas era bem provável que não.

O garoto saiu do elevador, sendo contrariado por Clove. Talvez eles ainda estivessem com medo de que descobríssemos o que eles fizeram de tão ruim na vinda para a Capital. E deixou que a porta se fechasse e nos levasse até o décimo segundo andar. Assim que começamos a subir, meus ombros caíram para a frente. Eu estava exausta.

[...]

Ao chegar no nosso andar, fui direto para meu quarto. Não queria saber o que o mentor estava conversando com Peeta ou Cinna. Eu entendia que deveria participar da conversa, mas eu não estava bem. Precisava de um banho, precisava dormir bem. Afinal, a Arena seria no dia seguinte.

Tiro aquele vestido, que ainda brilhava por causa do contraste de um diamante com o outro, deito na cama macia e enorme fornecida pela Capital e repasso tudo o que aconteceu até aquele dia.

A barra de ferro, no trem. Peeta me contando aquelas coisas sobre a vida dele, como se eu fosse uma amiga antiga. A colheita. O desfile em que eu era o fogo. As falas de Clove desejando que eu queimasse junto à roupa. Cinna confiando em mim e fazendo brincadeiras com o frasco verde fedorento. Effie me contando a história de sua família. A Avox Bella me contando o modo como chegara à Capital e sua situação. O dia em que eu passei mal por ter achado que fizera coisas ruins naquela sala para os idealizadores mas que, na verdade, eu os havia impressionado. Snow parecendo nada alegre ao ver a pequena Supernova mantendo seu brilho.

Minha cabeça começou a girar, ou eram as coisas ao redor? As imagens se misturaram. Clove estava com Snow rindo de minha cara ao receber a coroa da vitória e eu estava lá para assistir enquanto ganhava um dez por ter brilhado como uma Supernova junto de uma Avox chamada Bella que fazia brincadeiras com um frasco de cabelo fedorento.

E eu decidi que ficar deitada na cama pensando no dia seguinte não ajudaria em nada. Levantei-me da cama e fui direto para o banheiro. Deixei que a banheira se enchesse por completo e deitei-me naquele mar de espuma cor-de-rosa.

Fechei meus olhos por um momento e, por incrível que pareça, nenhuma imagem veio à minha mente.

[...]

Eu me encontrava na cama macia novamente. Os olhos pesados, eu estava cansada de verdade. Mas não conseguia fechá-los. Eu achava que, se fechasse, não tornaria a abri-lo novamente.

Levantei-me num salto e sentei-me na beirada do grande colchão branco. Olhei o controle no criado-mudo e me perguntei se Peeta tinha visto as imagens da janela. Olhei no relógio a cima da cama. Já passava da meia-noite.

Caminhei até a porta e acionei um botão que me permitia abri-la. Passei pela sala de jantar e de televisão. Todos pareciam já estar dormindo. Fui para a cozinha, nunca tinha entrado ali, até porque os Avoxes levavam tudo o que quiséssemos até nossas mãos. Era tudo tão organizado na cozinha... as panelas se dividiam em tamanho e cor. O teto era tão limpo que nem parecia que recebia o calor gordurento que o fogão ajudava a levar. O azulejo branco envolvia todas as paredes laterais e o chão. E eram tão limpos que ninguém imaginaria que dezenas de pessoas pisavam ali todos os dias.

Minha atenção foi chamada para a porta da cozinha. Havia uma pessoa ali.

— Bella? - perguntei. A avox entrou e acendeu a luz, revelando seu rosto pálido e o cabelo vermelho caindo em seu olho.

Ela deu um sorriso e fez o mesmo sinal com mão, como se escrevesse na mesma.

— Espera só um minuto, O.K.? - pedi. Ela assentiu.

Um sorriso atravessou meu rosto. Eu poderia me despedir devidamente de Bella.

Fui até meu quarto e apertei vários botões ao mesmo tempo. Várias prateleiras subiram e, assim como antes, em uma delas tinha um caderno e um lápis preto. Voltei para a cozinha esperando que a mulher não tivesse saído de lá e, graças à Deus, percebi que não saíra.

Entreguei as coisas a ela e esperei que começasse a escrever.

Bella demorou alguns minutos para me entregar o caderno de volta.

"Estou torcendo por você, como disse antes. Prim, eu quero que ganhe esses jogos. Eu sei que é muito nova, mas uma Supernova não deixa seu brilho se apagar. Ela continua tentando até que não dá mais. Mas eu sei que você vai tentar até consegui. Antes que pergunte, eu vi sua entrevista. Somos todos obrigados a ver, na verdade. As outras Avoxes já fizeram suas apostas. A maioria escolheu os Carreiristas, mas eu escolhi você."

Eu não sabia o que dizer. Bella era louca por me escolher! Ela não entendia, eu não tinha chances! Por que é que ela estava falando essas coisas? Eu tentaria, sim. Mas apenas tentaria. Seria impossível eu conseguir matar alguém como Cato... e se sobrasse apenas eu e Peeta. Ele voltaria pra casa! Sem contar que ainda tinha a cornucópia e... e a Arena. E se eu morresse de frio ou por alguma doença? Eu não sabia o que dizer à Bella. Por isso, deixei o caderninho em uma bancada de pedra branca junto do lápis e abracei a mulher. Lágrimas queriam saltar de meus olhos, mas eu não me permiti a isso.

A Avox agradeceu o abraço com um sorriso e me aponto a porta. Eu deveria sair dali. Acho que se pegassem a garota conversando com um Tributo ela era punida ou algo do tipo. Eu não queria ser o motivo de mais uma punição à ela. não era justo.

Bella passou a mão pelo caderninho e o levou consigo, como se fosse uma lembrança de que teve uma amiga. Quem me dera poder levar algo para me lembrar de casa comigo pra Arena...

E então eu me lembrei do broche. Aquele que Madge me dera. Corri até meu quarto, deixando a menina para trás, e procurei minha roupa da colheita. Por sorte, ainda estava na cômoda, na última gaveta mais especificamente. Passei a mão pela saia cinza de Katniss e senti uma fincada no meu dedo quando apertei a blusa branca contra meu corpo. Estendi a blusa no ar e vi, preso ao lado do coração, uma coisa dourada.

Sorri ao perceber que guardaram minhas coisas e peguei o broche. Passei ele por minhas mãos e guarde-o no bolso da blusa que usava. Eu só não deveria esquecê-lo ali. Perguntaria a Cinna se era possível que o levasse no dia seguinte.

Percebi que perdera o sono e decidi ir até o telhado para observar a bela Capital.

[...]

Peeta estava lá. Provavelmente o garoto perdera seu sono. Não era de se esperar que dormíssemos feito anjos naquela noite. Era a pior noite da vida de um Tributo. No dia seguinte poderíamos não estar mais vivos.

— Oi... - falei, baixinho.

Minha vontade era de sair correndo dali, eu não queria falar com ninguém mais. Não depois do que Bella disse na cozinha. Não queria que as pessoas apostassem em mim. Além de perderem, eles me perderiam e eu a eles. Mas eu tinha umas dúvidas para tirar que apenas Peeta poderia me responder e eu não queria esperar o dia seguinte.

— Oi! - respondeu, com um sorriso. Peeta brincava com uma pedra ou algo parecido.

Logo que eu me sentei ao seu lado, ele a jogou pelo ar.

— Peeta, você é louco?! - falei. Eu já ia dizer mais um monte de coisas pra ele, mas a pedra voltou e acertou a parede ao meu lado. - Mas o quê...?

— Campo de força... - respondeu, tranquilo.

— É como o do trem... - levantei-me para ver mais de perto. Eu já ia colocando a mão para sentir o campo, mas Peeta me impediu.

— Agora a louca é você! - brincou. - Se não quiser queimar sua mão, eu não encostaria aí!

— É eletromagnético?

— Exatamente...

— Incrível!

— Colocaram aqui porque, há um tempo atrás, um tributo resolveu pular e acabar com aquilo antes da hora. Tiveram que iniciar a edição com um a menos... agora não podemos mais fazer isso... - explicou.

— Não parece mais tão incrível assim... - zombei.

Eu e Peeta gargalhamos juntos e alguns segundos se passaram.

— Hum... então... - comecei, meio que sem jeito.

— Então...

— Gale bateu em você? - perguntei, hesitando. Ele deu um sorriso tímido, como se achasse estranho o fato de eu me lembrar do que ele disse aquele dia no trem.

— Não, não foi ele. - respondeu.

— Mas...

— Eu gostava de outra pessoa antes de perceber Katniss. Além do mais, não acho que ela e Gale estejam namorando...

— É... - concordei. Eu os seguira por dois anos. E nunca vira nenhum sentimento maior que amizade entre eles. - Quem foi a louca que não aceitou o pedaço de bolo, então? Apenas uma pessoa da nobre... - foi então que a ficha caiu.

— Sim, é o que está pensando. É uma pessoa nobre no Distrito.

— Quem é, Peeta? Quer dizer, se não for pedir muito...

— É irrelevante. Já passou. - tentou desviar.

— Mas...

— Quer mesmo saber? - assenti, a curiosidade foi maior.

— Sim.

— Madge Undersee.

Assenti e virei o rosto para o lado. Não queria olhar diretamente para Peeta com as coisas que estava pensando dentro de minha cabeça. Madge conseguia me assombrar até na Capital. Minutos se passaram. Eu ainda podia ver as pessoas da Capital transitando pelas ruas na madrugada como se fosse dia.

— Peeta?

— Hum?

— Você realmente ama Katniss... ou apenas fez isso para deixar o clima um pouco sentimental e conseguirmos patrocinadores?

— Eu... - ele parecia hesitar, mas eu esperava a resposta e a aceitaria qualquer que fosse. - eu realmente a amo, Prim...

Assenti, sorrindo.

— Ei! - chamei, segundos depois. - Eu esqueci de perguntar antes, e se perguntei não me lembro,... o que você mostrou para os idealizadores?

— Nada de mais... - respondeu, mais que rapidamente.

— Nada de mais não te ajuda a conseguir um oito, Peeta! O que você fez? Pintou seu corpo? Atirou? O quê?

— Eu... eu...

— Você...

— Eu atirei lanças nos alvos. Em todos eles.

— Você acertou?

— Prim, eu atravessei os alvos.

Arregalei os olhos.

— Você merecia mais que um oito!

— Não merecia, não... está tudo bem. Além do mais, todos sabemos que notas muito altas... - ele parou, pois pareceu se lembrar de que eu recebera um dez. - Me desculpe...

— Está tudo bem, Peeta.

— Sim, claro...

— Hum... você já sabe quem é da aliança? - perguntei, desviando o assunto.

— Haymitch disse que vamos saber. Acho que ele conseguiu pelo menos dois Tributos da lista que você fez.

— Já está bom...

— É...

— Hum, Peeta, desculpe sair assim, é que o sono resolveu aparecer e... você sabe... é melhor aproveitar...

— Sim, claro!

E eu me levantei, deixando-o sozinho no telhado protegido por um campo de força eletromagnético.

[...]

Fui acordada pelo grito de Effie.

— Hoje será um grande, grande e fabuloso dia!

A voz fina ecoava em minha cabeça. Um grande, grande dia! Encarei o relógio. Oito da manhã. eu até que conseguira dormir bem. Levantei-me, tomei um banho e troquei-me, vestindo partes da roupa pra Arena. Lembrei de pegar o tordo no bolso da blusa que usara na noite anterior e fui tomar café da manhã.

— Vou leva-los até o aerodeslizador, onde colocarão um chip rastreador no seu braço... - Haymitch disse, apontando o local exato onde colocariam o chip. - Não dói e não machuca. Acreditem em mim, os outros tributos não querem aliados chorões, O.K.? - nós dois assentimos. - Logo depois, cada um vai para a responsabilidade de seu estilista.

Eu e Peeta concordamos e voltamos nossa atenção para o lanche.

A hora passara muito rápido e, por sorte, aquelas horas de sono ajudaram a não ter nenhum pesadelo, mesmo que por pensamento quando acordei. Tudo o que eu via era nada. Um grande pedaço de nada. As últimas oito horas foram extremamente escuras dentro de minha cabeça.

Assim que terminamos o café da manhã, Effie deu um abraço em cada um de nós e falou coisas encorajadoras em nossos ouvidos. Haymitch puxou a mim e a Peeta pelo braço, um de cada lado do mentor, e nos levou para uma sala afastada.

— Boa sorte para os dois. - falou, parecendo sóbrio. - A aliança está montada e vocês vão saber quem faz parte dela na hora certa. Sabemos que nem todos vão passar da cornucópia, mas conseguimos mais de dois tributos.

Sorri com o comentário.

— Algum conselho? - Peeta perguntou.

— Corra para bem longe. Não tente pegar nada, não vale a pena. Terão sorte se conseguirem sair dali.

— Mas...

— As mochilas costumam ter comida e água, vai depender muito da Arena. Por isso, procurem por mochilas.

Assentimos.

— Mais alguma coisa? - perguntei.

— Fique viva.

Respondeu, com drama. Eu queria discutir com o homem, mas ele já estava sendo bom o bastante para mim. Para alguém que só pensava em beber, Haymitch se mostrou maduro o suficiente. Ele nos mostrou o caminho até o aerodeslizador. Eu já ia andando para a "nave", mas ele me ajudara. Merecia uma despedida.

Corri em direção à Haymitch e lhe dei um abraço apertado.

— Boa sorte, loirinha... vai precisar...

Ele deixou que uma lágrima escorresse por seus olhos.

— Obrigada, Haymitch.

— Nos vemos em breve! - disse, confiante.

— Até lá! - respondi, com o mesmo tom confiante.

Eu sabia que era um adeus. Eu sentia.

[...]

Caminhei até o aerodeslizador sem olhar para trás. Eu não queria vê-lo chorar e eu sabia que estava. Era mais um ano de sofrimento. Era mais uma amizade que se ia junto dos jogos. Era aquilo. O fim.

Subi as escadas com a ajuda de um pacificador vestido de branco e ele me levou até uma cadeira onde me prendeu com um cinto trançado. Eu estava ao aldo de Clove.

A mulher chegou com a agulha perto dela e Clove arregalou os olhos. Ela poderia ser forte, mas tinha medo de agulhas como todas as outras pessoas.

— Não vai doer nada... - insistiu a mulher. Forte na Arena, com medo de uma agulha... Eu gostava de fazer aquele jogo. Sorri com isso.

Clove cedeu e o rastreador brilhou dentro de seu braço. A mulher pediu que eu estendesse o meu em sua direção e deixei que ela fizesse seu trabalho. Não digo que não estava com medo. Eu estava, mas não deveria deixar explícito.

O aparelhinho brilhou dentro de meu braço e a mulher prosseguiu o caminho. Assim que todos estavam com os devidos chips, a coisa começou a levantar voo. Estávamos indo para a Arena.

[...]

Descemos poucos minutos depois de decolar. Um pacificador ficou na responsabilidade de um tributo. Ou seja, tinham vinte e quatro pacificadores ali. O que segurava meu braço, me encaminhou para uma sala e me empurrou lá pra dentro fechando a porta atrás de mim.

— Prim! - falou o homem, baixinho.

— Cinna! - respondi no mesmo volume.

— Devemos ser rápidos, O.K.? - assenti.

— Eu posso levar isso? - perguntei, estendendo a mão esquerda, onde o broche se encontrava.

— Hã... eu... - foi o que respondeu. Pensei que não poderia, mas Cinna me entregou uma jaqueta preta e vermelha revestida por vários panos e abriu um botão do lado direito, revelando um bolsinho. Ele tomou o broche de minhas mãos e o abotoou ali.

— Obrigada...

— Shhhh! - falou, apontando em direção à minha perna. - Vista essa calça. - e me entregou uma calça com o mesmo tecido da blusa e da mesma cor. Por baixo da jaqueta eu vestia uma outra blusa, também preta.

Vesti a calça, rapidamente, a mandado de Cinna, o qual fazia duas tranças no meu cabelo loiro sem deixar franja.

Cinna me olhou de cima em baixo.

— Está linda, Supernova...

— Por favor, me chame de Prim! - pedi, sorrindo. Cinna me abraçou forte e então eu pude ver o relógio atrás dele. Era o mesmo relógio que eu vira em meu sonho. Mas o que me chamou a atenção mesmo foi um objeto em cima de uma mesa atrás dele. - Cinna? - chamei, com medo.

— Sim?

— O estilingue... o que ele faz aqui? Eu não posso leva-lo. Você não pode modificar o uniforme e...

— Eu consegui, Prim. Mas é arriscado. Eu sei que não viram o bolso no treinamento. Mas existem muitas câmeras na Arena, além dos idealizadores estarem sempre olhando e... se descobrissem... eu não sei se posso deixar você levar...

— Cinna, por favor! Eu não vou encontrar nenhuma borracha lá! Eu preciso levar pelo menos isso! E você já fez o bolso!

Ele se entregou.

— Tudo bem. Mas ninguém pode descobrir...

— Não vão. - garanti. - prometo.

O estilista assentiu e começou a mexer na minha calça, sempre olhando para a porta, talvez temendo o fato de que alguém abrisse.

— Não vai poder levar a madeira, apenas a borracha. É menos arriscado... - disse, entregando o estilingue a mim e pedindo que eu tirasse a borracha sem danificar. - A roupa tem proteção. Deve ser um lugar frio. Não perca a jaqueta.

— Tudo bem.

— Não deixe que a vejam mexendo no bolso.

— O.K.

— Quer comer alguma coisa antes de ir?

— Quero.

— O que vai ser?

— Meu último chocolate com morango, por favor.

Ele sorriu e apertou uns botões. Uma prateleira subiu com um espetinho de chocolate e morango. Comi rapidamente e esperei que anunciassem minha ida até a Arena.

Quinze segundos para o lançamento. O relógio "falou".

Cinna me encarou.

— Está na hora, querida.

— Eu...

— Boa sorte... - ele disse, me abraçando.

— Obrigada, Cinna...

— Você tem que subir aí. Boa sorte, Supernova, quer dizer, Prim. Boa sorte, Prim. Estou torcendo por você. Farei o que for possível para convencer os patrocinadores a ajudar. Vou estar com Haymitch, torcendo por você. Tá O.k.?

Assenti. Não tinha forças para agradecer o que ele disse. Eu queria, mas não conseguia. Eu sabia que ele entendia o que eu queria dizer. Eu sabia que não era necessário dizer para que ele entendesse.

Subi no pedestal e, assim que o relógio anunciou cinco segundos, o tubo lacrou-se impedindo que eu ouvisse qualquer coisa que não estivesse junto de mim. Cinna acenou com a cabeça. Eu li seus lábios, ele dizia que ficaria tudo bem.

Hora do lançamento.

E o tubo subiu.

Assim que perdi a visão de Cinna, o tubo ganhou velocidade. Mais do que eu imaginava. Minha visão tornou-se embaçada. Sem contar que ali estava escuro e frio. De repente, o lugar se expande e luz toma conta de meus olhos. Era a luz do sol.

Demoro um pouco para me adaptar. Não consigo ver o local à minha frente com precisão. Não vejo a cornucópia e nem os outros Tributos.

60...59...58...

A voz conhecida que sempre narrava os jogos começou a soar pela Arena, ainda desconhecida por meus olhos.

A visão clareia um pouco quando a contagem chega a quarenta.

Estamos os vinte e quatro Tributos em um semicírculo. De um lado, vejo o Distrito Um, Dois e Três.

Olho para cima e há algo parecido com um hexágono. Fendas! Penso. São cinco fendas enorme. Uma no alto, a qual interliga as outras quatro, em volta da cornucópia.

Encaro outro canto e vejo os Distritos Quatro, Cinco e Seis.

Não consigo ver o que tem em cada fenda, a visão não estava perfeita ainda. O Sol insistia em querer me atrapalhar. Consigo ver a cornucópia. Lanças, espadas, facas, arcos. Nada de estilingues. Encaro o bolso falso na minha calça e olho o chão. Minas prontas para explodirem caso eu descesse antes da hora.

Outro canto. Distritos Sete, Oito e Nove.

Olho para a cornucópia novamente e vejo, bem perto de mim, uma mochila preta e laranja. Lembro-me do que me disseram. Conseguir uma mochila.

20...19...18...

E então eu vejo os Distritos Dez, Onze e Doze.

A visão melhora e posso ver a Arena quase que por completo. Encaro a primeira fenda. O Sol parecia mais forte do lado deles, mas não sabia dizer o que eu via exatamente. Encaro os outros lugares, mas a voz do locutor me chama a atenção quando para de pronunciar os números.

4...3...2...

Estava na hora.


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Notas finais do capítulo

Foi um capítulo meio corrido, me desculpem.

Spoiler.
" Mate aqueles que quer que viva. - H "