Apanhador De Medo escrita por Ju Mikaeltelli, Beatriz Hunter


Capítulo 7
Relações Powell


Notas iniciais do capítulo

Oi. Eu estou muito feliz com os comentários que recebi, apesar de pouco. Tá ai o sexto capitulo. Boa leitura!



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Depois de confirmada a suspeita de Carmen, ela estranhamente decidiu não questionar mais nada sobre tal assunto e passou a perguntar sobre tudo referente à vida de Rebecca, suas viagens, sua vida nos Estados Unidos e consequentemente a morte de seus pais e a empresa milionária. Chester escutava a tudo atentamente, absorvendo tudo que podia sobre aquela mulher intrigante que era Rebecca. Sua mãe não conseguia esconder a satisfação da descoberta sobre os milhões na conta da jovem morena e tratou de inclui-la nos planos para a noite, o tal jantar da Liga da Família que Abbie havia comentado mais cedo.

Rebecca se levantou na intenção de anunciar que iria embora, mas Carmen lançou:

– Por favor, fique querida. Gostaria que se juntasse a nós no jantar à noite.

Rebecca olhou para Chester por dois segundos, este encarava sua mãe. Por que não? pensou.

– Provavelmente não adiantaria se negasse o convite... Mas eu aceito. – sorriu ao final ganhando um sorriso pretencioso de Carmen em resposta. Ela se virou para filha que estava do seu lado.

– Sabe o que fazer querida. – disse e em resposta Abbie assentiu, deixando Rebecca intrigada. – Com licença, te vejo mais tarde. Vamos Chester, escolher um terno que faça jus a ocasião.

– Como você sabe que eu não... – Carmen o interrompeu.

– Não finja que não se esqueceu do jantar. – disse fazendo Abbie e Rebecca soltar um risinho.

– Mas eu tenho que ficar com Rebecca, insisti que ela viesse. – ele deu a desculpa esfarrapada.

– Eu vou ficar bem. – Rebecca sorriu diabolicamente para ele que a fuzilou enquanto era praticamente arrastado pela mãe. Deu-lhe um breve aceno antes de o homem sair pela porta e se voltou para Abbie que a observava, esperou que ela falasse.

– Charlotte! – ela chamou em um tom delicado. Uma garota um pouco mais jovem que Abbie apareceu na porta, cumprimentando Rebecca com um sorriso adorável no rosto.

– Senhorita. – ela disse para a patroa.

– Leve Rebecca ao melhor quarto de hospede da casa. Acomode-a e dê-lhe alguma roupa pra vestir. – Rebecca observou-a dando ordens, talvez ser tratada com luxo não era tão ruim. – Creio que não irá dá tempo para compras. Ligue para Jacques assim que terminar, diga que é urgente.

Rebecca subiu as escadas pela segunda vez no dia contemplando a linda mansão. Charlotte a guiou em silencio pelo mesmo caminho que fez ao quarto de Chester mais cedo, mas a porta que fora aberta foi a da frente, com a porta igualmente elegante, branca com detalhes dourados. A criada girou a maçaneta e entrou seguida por Rebecca, se pôs ao lado da porta a observar a mulher que foi até a cama enquanto admirava o quarto. Pintado de tons de azul o quarto era mais irreverente que o de Chester.

– Me perdoe pela curiosidade. Mas... – ela hesitou ao receber o olhar intimidador de Rebecca. Mas foi corajosa ao continuar. – Você está com Chester? – ela perguntou um tanto quanto... Esperançosa.

Rebecca a analisou antes de responder.

A curiosidade está sempre acompanhada pela maledicência. – ele disse vagorosamente. Deitou-se na cama apoiando o rosto em uma das mãos para poder continuar olhando para a criada. – Plauto. Mas como essa maledicência não me é significante, não, eu não estou com Chester... – Mesmo depois do insulto de Rebecca para com Charlotte, a garota ainda sim pareceu feliz com a resposta. Rebecca franziu o cenho diante daquela felicidade disfarçada.

– Mas acho que esse não é o seu caso, curiosamente... – Rebecca disse a analisando rigorosamente dessa vez. Ela por sua vez pigarreou.

– Eu vou deixa-la se acomodar. Ali está o banheiro. Vou lhe trazer roupas. – ela foi incrivelmente indiferente ao falar dessa vez, sem o sorriso. Deixou o quarto. Rebecca se deitou na cama encarando o teto.

Abruptamente se levantou em um único movimento pondo-se a explorar alguns pontos do enorme quarto. Observou os quadros e parou seus olhos na porta diferenciada do banheiro, ela não tinha detalhes dourados, era apenas branca. Tentou girar a maçaneta, mas não teve sucesso, se pusesse um pouco mais de força arrancaria a porta.

– É aí que guardam as coisas de Joshua. – Charlotte adentrou o quarto colocando a roupa em cima da cama. – Está fechado há anos.

– Joshua? – repetiu o nome do desconhecido.

– Sim, a ovelha negra desaparecida da família. – ela explicou brevemente voltando a fazer seu trabalho depois. – Aqui está. Abbie vai a esperar na sala de estar.

Olhou para a roupa deixada por Charlotte na cama coberta por um edredom de cor escura. Um vestido de renda super delicado na cor rosa bebê. Pôs em frente ao rosto o analisando, e por fim bufou e fez o caminho até o banheiro. Demorou um pouco imersa na água da banheira, milhares de coisas passavam por sua cabeça, e quando percebeu seus dedos estavam enrugados e alguém que não ouvira os passos bateu na porta.

– Rebecca? – uma voz feminina perguntou. Era Abbie. – Eu tenho um presente pra você.

– Oh, desculpe, eu demorei mais do que devia. – ela respondeu revirando os olhos.

– Ok, vou voltar pra sala de estar. Não me deixe esperando muito tempo! – ela disse antes de sair deixando Rebecca sozinha novamente.

Rebecca se viu irreconhecível no espelho, o cabelo úmido estava levemente ondulado nas pontas e o vestido caiu perfeitamente em seu corpo apesar de não fazer nem um pouco o seu estilo. Como suas botas não combinavam em nada com aquele vestido delicado, ficou com os pés descalços no chão de madeira. Ela desceu as escadas quase não fazendo nenhum barulho, e hesitou um pouco pensando em que direção seguir, mas em uma escolha de sorte seguiu na direção certa encontrando Abbie sentada no sofá enquanto digitava algo em seu Iphone rapidamente com seus dedos habilidosos.

Rebecca pigarreou para que sua presença fosse percebida pela garota, ela não era muito sensitiva para uma vampira, era até muito distraída. Os olhos da morena miraram na caixa cor de rosa que estava do lado da menina, com um laço exagerado em cima. Como ela tivera tempo para isso?

– O vestido ficou muito bem em você. – ela elogiou, mas vendo que Rebecca não responderia, pegou a caixa e estendeu para ela. – É pra você. Esse é mais a sua cara. – ela sorriu.

Rebecca pegou a caixa com um falso sorriso gentil, se sentou do lado da jovem ao sofá e desamarrou o laço. Um vestido preto social que seria simples se não fosse pelo decote atrás de renda formando um V. Era lindo, e ela não podia negar só por que era um presente da maliciosa Abbie.

– Obrigada. – ela disse tentando não parecer que teve travou uma briga dentro de si para agradecer por aquilo.

– Oh, você não precisa agradecer. – ela se levantou em um pulo quando a campainha tocou. – Deve ser Jacques, ele vai cuidar de seu cabelo. – e se ausentou da sala deixando Rebecca séria no sofá. Era estranho ser tratada daquele modo.

Logo Abbie voltou à sala com o braço entrelaçado com um homem vestido elegantemente e com a barba perfeita, assim como o cabelo e as sobrancelhas. Ele a analisou de cima em baixo e Rebecca voltou a falsear sorrisos gentis.

(...)

Sentada na cama do quarto do desconhecido e intrigante Joshua, ela podia ouvir a musica clássica soando no andar de baixo, saindo dos dedos leves de uma incrível pianista. Mas ainda sim preferia uma festa em que tocava as clássicas e épicas de Bon Jovi. Seu salto batia em quase um ritmo premeditado no chão, estava impaciente esperando por Chester. Achou melhor fazer sua vontade e ser par dele aquela noite do que enfrentar os urubus ricos sozinha no andar de baixo.

Nos minutos que se seguiram se concentrou em um quadro que tinha lhe chamado atenção mais cedo, estava assinado apenas com as iniciais J. P., ela se dividia duas partes. Uma parte com uma mistura de cores mais vibrantes, que lhe lembrava de algo bom, como um dia de sol. E a outra parte com as cores predominantes bem escuras, lhe lembrando um dia nublado. Na divisão entre as duas havia uma sombra de um homem que tinha uma cor diferente em cada parte. Ela só percebeu os passos de Chester quando ele já estava muito perto da porta, se levantou quando ele apareceu na porta, estonteante em seu smoking preto combinando com a gravata-borboleta também da mesma cor.

– Você conseguiu ficar ainda mais bonita essa noite. – ele pegou sua mão, seu toque era gelado nas mãos mornas de Rebecca. O cabelo da morena agora estava com os fios devidamente no lugar, os cachos definidos nas pontas e uma presilha brilhante prendia uma parte de seu cabelo atrás da orelha.

Ele beijou as costas de sua mão, a fazendo rir com o gesto que ela considerava brega.

– Você é tão antiquado. – ela disse ainda rindo de sua cara.

– Era só pra você dizer obrigada... Como toda moça educada faz. – ele retrucou, se fingindo de afetado.

– Eu sou educada. Só não faço parte desse “toda moça”. – disse com um sorriso ainda no canto dos lábios. - Mas obrigada. Você também não está tão mal Sr. Powell.

– Estou satisfeito... Agora, me permite madame? – ele lhe ofereceu o braço, e Rebecca passou o seu por ele.

– Sim, mas nunca mais me chame de madame. – ela disse, e agora ele ria. No caminho para a escada, Rebecca decidiu dar uma chance para sua curiosidade. – Você não me contou sobre seu outro irmão.

Ele a olhou, a expressão se tornando séria e dura. Por um momento quase se arrependeu de ter lhe perguntado sobre ele.

– Se está falando de Joshua, ele não é meu irmão. – disse parando no corredor que levava para a escada. – Não mais. – ele completou ainda a olhando. Ele suspirou.

– Desculpe por tocar nesse assunto, parece delicado. – ela disse sincera, apesar de conhecê-lo há pouco tempo, já construía certo afeto fraternal por ele.

– Tudo bem. – ele relaxou a expressão. – Quem te contou?

– Charlotte.

– Claro, a Charlotte. – ele disse olhou por um segundo para o outro lado. – Isso é assunto pra outra hora, não posso contar aqui. Agora vamos, antes que Abbie ou minha mãe venham atrás de nós achando que estamos atracados no quarto de hospedes.

– Você provavelmente deve ter feito isso com outro par seu certo? – perguntou Rebecca com uma expressão divertida. Recebeu um sorriso malicioso em troca. – Chester!

– Vamos Becca. – ele a puxou em direção à escada.

Há muito tempo que alguém não a chamava de Becca, sua mãe costumava chama-la assim, assim como seu pai. Talvez fosse por isso que simpatizou com Chester, ele lembrava os seus pais, uma junção dos dois no corpo de um homem lindo e um pouco cafajeste, mas não deixava de ser adorável. Eles desceram as escadas sem Rebecca perceber que alguns olhares foram direcionados ao jovem casal, a maioria não ligou muito, pois Chester não era do tipo tinha um par fixo toda festa ou jantar. Mas a beleza da jovem com certeza chamou atenção de alguns convidados, que começaram a cochichar.

Em uma roda simpática de mulheres de idade estampada em seu rosto enrugado estava a mãe de Chester, vestida em um longo vestido vermelho, justo em seu corpo – de um jeito elegante - com medidas invejáveis. No jantar também havia algumas jovens como Abbie e Rebecca, que frequentavam a alta sociedade. Ela lançou um sorriso demonstrando satisfação ao ver o casal de braços entrelaçados na base da escada e se aproximou.

– Você está estonteante Rebecca. – ela disse com um sorriso educado e acariciou o rosto do filho. – E você não fica atrás Chester, está a cada dia mais parecido com seu pai. – ela disse, neste instante um homem alto de cabelos grisalhos, que lembrava muito Chester, atravessou o hall para cumprimenta-los.

– Ele está ficando tão bonito quanto o pai. – ele disse dando um tapinha no rosto de Chester, o fazendo sorrir. – E você linda jovem, deve ser Rebecca.

– Sim, é um prazer Sr. Powell. – ela estendeu a mão pra ele, que não demonstrou nenhuma reação ao apertá-la por já ter sido avisado sobre o que ela era.

– Joel, por favor. – ele disse sua preferencia. – Carmen me contou que é herdeira de Gerard Moore.

– É, meu pai deixou toda a empresa em minhas mãos. – confessou.

– Bom, divirtam-se. – ela desejou para eles antes de se retirar, mas Rebecca achou impossível observando o ambiente.

– Rebecca, eu quero te apresentar algumas pessoas... – ela pegou na mão dela, mas Chester a impediu.

– Mãe, está muito cedo para roubar meu par de mim. – disse olhando em seus olhos, Carmen o encarou, mas isso não o intimidou. – Eu quero apresenta-la as pessoas legais desse jantar primeiro. – sorriu.

Carmen deixou de lado o olhar intimidador que não deu certo com Chester e se retirou sem dizer uma palavra.

– Desculpe por isso. – ele se virou para ela, mas ainda olhava a mãe que já tinha o sorriso gentil de volta ao rosto.

– Obrigada por me salvar. – Rebecca disse aceitando o champanhe que um garçom moreno lhe ofereceu.

– Achei que você preferiria um programa mais informal a esse... – agora olhava diretamente pra ela. – Eu sei que minha companhia é ótima. – e era, mas Rebecca riu em deboche mesmo assim. – Mas não é bem a sua cara.

– Eu já tive que frequentar eventos como esse com meus pais, eu consigo aguentar firme mesmo querendo gritar de tédio. – ela tomou um gole do champagne, seu comentário fez Chester rir, desviando a atenção do verdadeiro interesse dela ao estar ali.


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Notas finais do capítulo

É isso. Já sabe, deixar um comentário me deixará muito feliz. Beijos!