Apanhador De Medo escrita por Ju Mikaeltelli, Beatriz Hunter


Capítulo 35
O Fim de um Império


Notas iniciais do capítulo

Olá humanos. Como cês 'tão? Eu estou escrevendo essa nota com o coração doendo, gente como é ruim e ao mesmo tempo tão bom acabar uma história. Ter principio de enfarto nas horas tensas. Ah não vou adiantar muito, quero leitores surtando hihi. A nota final vai ser enorme, então nos vemos lá. Vão de encontro a felicidade humanos!



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Bem vindo à sua vida

Não há como voltar atrás

(Everybody Wants To Rule The World – Lorde)

Chester e Abbie andaram lado a lado em direção aos fundos da casa, a visão que a garota viu ao sair pela porta da cozinha foi capaz de lhe tirar o fôlego, não chegava aos pés do jardim da mansão Powell e a lembrava de quando viviam na Alemanha. Quase pode ver duas crianças brincando de pique-pega, sorrindo um pro outro enquanto corria e caiam algumas vezes na grama verdinha do quintal. Puxou o ar para se acalmar e o soltou devagar, pronta para falar, mas antes deu uma fungada. Chester a observava tentando deixar uma expressão indiferente em sua face, sem sucesso, pois era sua irmã e ele se importava contra sua vontade.

– Esta é uma bela mansão... Como Azazel tem todo esse dinheiro? – cruzou os braços e olhou para o irmão.

– Ele... – ele se interrompeu. – Isso não vem ao caso agora, eu quero saber o que veio fazer aqui e como me achou.

Abbie olhou-o por um momento antes de falar novamente.

– Eu fui visitá-lo, sem a mãe saber é claro. – começou. – Precisa te ver. Imagine meu espanto ao saber que você não estava naquela cela... Nojenta.

– Você me pareceu de acordo quando o pai quebrou meu pescoço.

– Eu sei, eu sei... E eu sinto muito. – ela franziu o cenho, segurando as lágrimas. – Quando percebi que tinha fugido, eu não podia voltar pra casa, então vim para cá. Onde sabia que se você estivesse vivo estaria.

– Estou esperando o motivo.

– Não é óbvio? – agora ela tinha um pouco de indignação na voz. – Eu vim... Pedir por seu perdão.

– Abbie... – seu suspiro é pesado. – Eu não posso te perdoar enquanto estiver vivendo naquela casa... Quem me garante que não vai me trair outra vez?

– Eu não te trai, eu não tive escolha, eu... Você está me fazendo sentir culpada. E isso eu não vou aceitar! Não vai me perdoar? Ótimo, me recuso a implorar.

– Saia daquela casa ou vai acabar virando um deles. – ele segurou os ombros dela e sacudiu um pouco.

Ela se soltou das mãos dele e correu para dentro da casa, passando direto pela de sala estar, saindo porta a fora em lágrimas. Atrás veio Chester caminhando calmamente até a sala silenciosa.

– Então, o que eu perdi? – perguntou erguendo os braços e indo se sentar ao lado de Rebecca. Azazel encarava especialmente o apanhador mais velho.

– Um silêncio entediante. – murmura a única mulher na sala. – Como foi a discussão com a Abbie?

– Previsível, mas esclarecedora.

– Com certeza mais animada do que isso aqui, vamos Azz, cumpra seu papel e surte!

– Nós viemos em paz. – Max afirmou. – Tivemos noticias de que estavam se envolvendo com vampiros... Mas não qualquer vampiro, com os Powell. Viemos nos juntar a festa.

– Eu não me lembro de organizar uma festa. – Azazel se pronunciou.

– Tive que contar o que Rebecca fazia na casa aquela noite. – Troy explicou, Azz encostou-se na poltrona levando o dedo indicador aos lábios.

– Ele também me contou que Chester e Joshua são ovelhas desgarradas. O que é uma vantagem para derrubar os Powell... – Chester e Joshua olham-se quando ele faz o comentário.

– Ok. – Azazel diz simplesmente e levanta-se da poltrona.

– ‘Ok’? – Rebecca repete, incrédula enquanto Azazel para na frente de Max, o mesmo fica de pé.

O apanhador mais novo estende a mão par ao mais velho, que aperta desconfiado.

– Bem vindo à festa. – aperta a mão do homem e a solta, dando um leve tapa em seu ombro. Faz menção de se virar, mas se voltou a ele com um sorriso. – Só uma ultima coisa.

Em um movimento rápido ele deferiu um soco na face de Max, arrancando sangue dele como fizera com ele anos atrás. Todos na sala prenderam a respiração, Joshua sorriu, Rebecca compreendeu o ato.

– Agora... Estamos quites. – e deu as costas.

Às costas de Azazel a sala foi entregue a murmúrios e especulações sobre a tal vantagem que não existia nas cabeças dos hóspedes da casa há minutos atrás. Especulavam possíveis planos, riam de alguns comentários. Os passos rápidos faziam barulho na escada enquanto subia, andava pelo corredor com as mãos entrelaçadas nas costas quando uma voz quase inaudível o impediu.

– Azazel... – a voz rouca o chamava. Azazel recuou alguns passos parando em frente ao quarto de Ivan, com um toque só ele abriu a porta. O homem estava estendido na cama, olhava para cima e a testa soava. – Azazel, seja homem! É só um arranhão...

O apanhador de cabelos bagunçados caindo em seu rosto se aproximou da cama cautelosamente, apesar dos olhos abertos Ivan parecia estar tendo algum daqueles flashbacks doloridos do passado.

– Não! – o grito rouco não assustou Azazel, só o fez franzir a testa de curiosidade. – Vou matar você e toda sua família... – diz entre dentes.

– Quem você vai matar Ivan? – Azazel pergunta, mas não obtém nenhuma resposta. – Quem?

Subitamente Ivan volta à realidade, puxando ar desesperadamente para os pulmões. Azazel se afasta e cruza os braços diante do corpo, com cara de poucos amigos o pai o observava.

– Veio fazer uma visita filho? – mesmo sem fôlego ele não larga o sarcasmo.

– Você que me chamou... Pai. – estava em posição de se retirar do quarto quando Ivan começou a tossir convulsivamente, ainda com os braços cruzados Azazel girou a cabeça, mas logo virou o corpo todo quando viu a cena. Ivan tinha a mão na barriga, o corpo curvado sobre ela enquanto soltava sangue pela boca, os respingos encharcando o lençol branco bem depressa. – Acho que isso não tem a ver com as consequências do feitiço...

– Você acha? – Ivan reuniu forças para falar.

•••

As mãos suadas da mulher seguravam de maneira firme os ombros do corpo definido, ela ofegava e cravava as unhas na pele bronzeada, todo o resto de seu corpo transpirava e ela respirou fundo no ouvido do homem embaixo dela para depois se deitar ao lado dele, levando o lençol consigo e o colocando acima do busto. Seu vigor vampiresco a fez se recuperar mais rápido, mas o homem demorou mais um pouco para recuperar o fôlego. Era Carmen ao lado do homem, mas o loiro não era seu marido, chamava-se Joseph, filho de Samira, mulher esta que a matriarca Powell considerava melhor amiga. O dono de olhos azuis cintilantes virou-se para ela parcialmente recuperado e lhe sorriu maliciosamente.

Em seus olhares não existia amor, mas algo mais avassalador e louco do que isso... Paixão.

– Você se superou esta noite... – segurou o queixo dela e aproximou seus rostos para selarem os lábios em um selinho estalado.

– Eu estou feliz. – diz com um raro sorriso no rosto. – Meu plano deu certo depois de tantos anos de planejamento...

– O plano de dominar o mundo?

– Quase isso.

Na mansão Charlotte arrumava a suíte principal da mansão resmungando palavras feias contra a patroa, era incumbida de trocar os lençóis toda noite, durante o dia não gostava que arrumassem seu quarto. Após virar uma espiã dentro da casa ela não achava a tarefa tão inútil, mas amaldiçoar Carmen era um ritual. Depois de trocar os lençóis olhou em volta procurando por algo que pudesse ser útil na espionagem a Carmen, vasculhou gavetas, o guarda roupa e bolsos de casacos, suas mãos encontraram um papel amassado em um deles.

Minha querida Ellis,

Hoje não poderei encontrá-la, minha mãe insiste que eu vá até a casa da família de Ramona, ainda tem esperanças que eu volte com ela. Temos que manter as aparências certo?

Nos vemos na sexta, no mesmo horário e no mesmo lugar.

Todo seu,

Joseph H.

Ellis, o nome rondava a mente de Charlotte, até que uma luz pareceu acender em sua mente e ela se lembrou.

– É claro! Carmen Ellis Powell. – diz pra si mesma e enfia o bilhete no bolso do uniforme quando ouve passos no corredor. – Boa noite Sra. Powell.

– O que ainda faz aqui? – Charlotte abre a boca para respondê-la, mas ela a impede. – Não quero saber... Retire-se.

Em silêncio a garota se encaminha para a porta, mas Carmen ainda tem algo a dizer.

– Onde está Abbie e Joel? – a empregada se vira para responder sua superior.

– O sr. Joel foi buscar a Senhorita Abbie na delegacia. Parece que ela arrumou alguma confusão.

Carmen bufou, e fez um sinal para que Charlotte a deixasse sozinha. Fechando a porta atrás o telefone toca, no visor está escrito Lionel e esperar estava em um local menos movimentado para atender.

Hey pequena Charlie!– a voz exclamou do outro lado.

– Chester? – tentou abrandar o tom, mas a voz conhecida a fazia ficar entusiasmada.

O próprio. – podia saber que ele estava sorrindo sem precisar vê-lo.

– Não posso ficar muito tempo ao telefone. – pareceu um lamento.

Ok. Você tem que vir a mansão amanhã cedo, precisamos de você para o plano.

Plano?

Guerra.

Após despedir-se de Charlotte, Chester pôs o celular de volta à escrivaninha, onde Azazel havia deixado antes de ir para o andar de cima, Rebecca tinha acabado de deixar a sala para ir atrás de Azazel. Desde que ele partiu, a sala de estar havia se tornado um lugar de discussões sobre um possível ataque. Um plano de ataque exigiria tempo e estratégia, mas estava decidido... Haveria uma guerra e estavam confiantes que sairiam vitoriosos.

– Azazel? – ela bateu na porta de seu quarto duas vezes e a abriu, encontrando o quarto vazio. Ela recuou e caminhou até o quarto de Ivan, achando pouco provável que ele estivesse lá. Seu espanto ao vê-lo sentado ao lado do pai era aceitável, e o espanto se expandiu quando viu os lençóis ao chão encharcados com sangue e o colchão manchado.

Soltou o ar pela boca quando escutou a respiração de Ivan.

– Não pergunte. – Azazel respondeu sem olhá-la. Ivan parecia dormir tranquilamente.

– Você tem que me contar o que aconteceu.

– Eu não posso te dizer... O que eu não tenho certeza. – dessa vez ele virou-se para encará-la.

– Acha que tem a ver com o veneno?

– Talvez. Provavelmente. – refletiu. – Mas em um estágio mais avançado.

Rebecca engoliu a preocupação.

– Se for isso, nós poderemos ser atingidos logo. – Azazel assentiu. – Precisamos atacar. E rápido.

Ela se retirou do quarto e o homem permaneceu analisando o pai. Desceu as escadas e apressou-se em direção a sala de estar.

– Esqueçam todas as estratégias. Nós temos que atacar amanhã à noite. – anuncia.

O dia amanheceu indolor para Ivan, ele abriu os olhos e não sentiu nada, mas uma sensação que certamente não era boa se esgueirava pela cama em um formigamento que vinha desde os pés até o ultimo fio de cabelo. Uma toalha secou o suor de sua testa e assim que se acostumou com a luz pode ver quem fazia aquela gentileza. A mulher tinha uma expressão concentrada, tentando manter sua pena dentro de si. Os seus olhares se encontraram e ela disse:

– Bom dia. – ele não retribuiu o desejo.

– Sinto que vai ser o ultimo. – ele estremeceu ao falar, sentia frio.

– Está sentindo dor?

– Não, apenas frio. – Rebecca o observou por um segundo e se virou para pegar um cobertor no guarda-roupa. Jogou-o em cima dele, que o puxou até o pescoço. – Obrigado.

Rebecca achou melhor não questionar o gesto raro dele e apenas estendeu um copo d’água em direção a sua boca, ele aceitou a ajuda.

– Não está com fome? – ela perguntou quando afastou o copo e ele negou.

– Estou apenas esperando a morte chegar, não preciso de cuidados. – afirmou olhando para o teto.

– Ele não merece nenhum. – Azazel direciona sua voz a Rebecca e entra no quarto.

– Azazel... – ela tentou falar.

– Charlotte já chegou, você vai descer ou não? – se olharam por alguns instantes e antes dela se dirigir a porta bufou.

– Você não vem?

– Logo atrás de você. – lançou mais um olhar pra ela antes de Rebecca sumir de sua vista.

– Veio semear a discórdia? - Ivan pergunta. – Tarde demais. Não vai demorar muito para eu sair parte da sua vida.

– Ficarei imensamente grato com isso. – ele conseguiu sorrir perversamente. – Mas queria tê-lo feito eu mesmo, com as minhas próprias mãos ter te arrancado dela.

– Eu me lembrei de tudo Azazel... – seu filho paralisou olhando-o. – Ou Azz, como sua mãe costumava te chamar. Eu me lembrei da pele branca de Karol ficando ainda mais pálida enquanto sangrava até a morte.

Azazel aproximou seu rosto do de seu pai.

– Você merece tudo isso.

– Eu sei filho. – o tom que ele falou dessa vez foi sincero e o toque frio na mão do filho em seguida assustou o apanhador. – O desejo de vingança é perigoso, tenha cuidado. O sangue é a resposta.

– A que pergunta?

Ivan arregalou os olhos e levou a mão ao peito, a falta de ar era perceptível e ele levou as mãos ao pescoço antes de entrar em um sono profundo para sempre. Sangue escorreu de seus olhos e Azazel prendeu a respiração, tentando ouvir qualquer som que pudesse desmentir que seu pai havia de fato... Morrido. O tempo parecia ter parado e ele não tomou noção de quanto tempo ficou em pé ao lado da cama, mas erguendo os ombros ele caminhou até a porta sem olhar pra trás e desceu as escadas andando até as vozes, que pararam de ser ouvidas quando Azazel chegou à sala.

– Ivan se foi. – Rebecca respirou fundo e não disse nada, assim como os outros.

– Bom, voltando ao plano... – Max começou, todos ouviam atentamente.

(...)

O lençol branco foi envolvido no corpo de Ivan, Azazel tentava não olhá-lo, os olhos ainda estavam abertos e o sangue havia secado em seu rosto. Rebecca observava em silêncio até o momento.

– O que vai fazer agora? – cruzou os braços.

– Enterrá-lo. – deu de ombros. – Fique à vontade para organizar um enterro para ele.

Quando virou as costas teve um terrível dejá vu, a tosse de Rebecca ativou um alarme de terror em Azazel, que diferente de como foi com Ivan, se virou rapidamente. O que viu o assombrou de todas as formas, mas não conseguia mover um músculo para ajudar a mulher que tossia intensamente e soltava sangue pela boca. Ao cessar a crise, Rebecca olhou-o com os olhos arregalados.

– Eu acho que estou morrendo. – diz Rebecca.

Minutos depois todos estavam em volta da cama onde Rebecca fora obrigada a se deitar, pois dizia se sentir muito bem. Com as mãos sobre a barriga ela se sentou, apoiando suas costas na almofada. Suspirou e disse para os homens no quarto:

– Não deviam estar se preparando para um ataque? – Chester era o que estava mais perto dela, mas ela se dirigiu a Azazel ao falar: - Você vai organizar um enterro pra mim não é?

Ela sorriu e ele revirou os olhos.

– Você não vai morrer. – ele afirmou entre dentes.

– Advinha, você não pode impedir que isto aconteça. – Azazel a ignorou.

– Precisamos descobrir como estão introduzindo o veneno...

– Eu tenho uma teoria. – Joshua se pronunciou, os braços cruzados e lábios rígidos ao falar. Todos o encararam, esperando que ele prosseguisse. – Água.

– Você acha que... – Chester começou, mas foi interrompido pelo irmão.

– Sim, lembro-me de algumas plantas do sistema de fornecimento de água de Londres no escritório do Joel aquela noite que fui embora. – explicou.

– Mas como Azazel não foi afetado ainda? – Max questionou. – E se for assim... Nós seremos talvez em pouco tempo. – olhou para Troy com temor.

– Azz, você tem tomado banho frequentemente? – um sorriso se abriu na face de Rebecca, mas ele não durou muito ao sentir uma pontada no peito. – Estou bem, estou bem.

– Ou talvez... Azazel seja imune por não ser inteiramente apanhador. Ele se alimenta igualmente, mas o sangue que corre em suas veias é diferente.

Sangue, Azazel pensou, o sangue é a resposta. Agora ele tinha uma teoria de como salvá-la, mas preferiu não compartilhá-la por agora. Durante toda à tarde Chester permaneceu ao lado de Rebecca, trocando os lençóis quando era preciso, a fazendo rir. Desse jeito ele não lhe trazia conforto com sua situação, mas a acalmava momentaneamente. Era chegada a noite e a hora de partir se aproximava, eles tinham esperanças que conseguissem arrancar uma cura de Carmen, mas Azazel queria tentar uma coisa antes... Em segredo. Enquanto todos estavam na sala e Chester havia saído em um momento raro do quarto de Rebecca, Azazel subiu as escadas e sentou-se ao lado dela, que dormia, pensava ele.

Em suas mãos trazia um copo de vidro preenchido com um liquido carmim até quase a metade. O cheiro de sangue foi introduzido nas narinas de Rebecca e ela abriu os olhos lentamente, encarando-o com uma expressão confusa, seu olhar passou de Azazel para o copo e esperou que ele quebrasse o silêncio entre eles para uma explicação.

– Antes de Ivan morrer, ele disse... O sangue é a resposta. – Rebecca se mexeu na cama ao ouvir a frase conhecida sair da boca dele. – Ocorreu-me que ele é a resposta para te curar.

– Eu recebi o mesmo aviso. – Azazel franziu o cenho. – Anne me deixou um bilhete com essa mesma frase de Ivan.

– Então... Você acha que é possível?

– Mas como chegou à conclusão que é o seu sangue que pode me curar e pelo jeito, curar todos com esse veneno no corpo?

– Eu não cheguei a uma conclusão, mas eu tive essa ideia quando Chester deu seu palpite de como eu sou imune a isto. – Rebecca murmurou algo como ‘Entendo.’ – Quer tentar?

– Não sei... Não quero criar falsas esperanças. – diz encarando as mãos.

– Você não está sendo corajosa, como realmente é. – ela levantou os olhos para ele.

– Ninguém é corajoso com a morte a espreita. – proferiu. – E se Ivan sabia que o seu sangue era a cura... Por que ele não pediu que o salvasse?

– Por orgulho ou por que no fundo queria morrer... Eu não sei.

– Malditos enigmas. Mas não acho que Ivan era suicida, fico com a opção de que foi com orgulho.

– Eu vou deixar você escolher se quer tentar ou não.

– Eu quero tentar. – Azazel sorriu de um jeito intimo, que só ela sabia que ele sorria e lhe entregou o copo. – Nunca achei que fosse tomar seu sangue, isso é nojento.

– Larga de ser pé no saco e beba logo. – ela não respondeu a provocação, aproximou o copo da boca e experimentou fazendo uma careta e depois virou todo o liquido de uma vez. – Você não vai morrer.

Eles se encaravam em silêncio quando Chester entrou no quarto.

– Está na hora Friedrich. – diz com as mãos atrás das costas.

– Vá, eu vou ficar bem sozinha. – apertou o ombro de Azazel, que levantou, mas não antes de fazer um gesto que surpreendeu Rebecca. Ele prensou seus lábios contra os seus em um selinho demorado e passou a mão em seu cabelo antes de se afastar.

– Você deve estar delirando... – Rebecca olhou para Chester. – Nunca deixaríamos você sozinha, por isso o chamei. – ele deu um espaço para que o garoto de cabelos loiros entrasse no quarto. Azazel assentiu para ele em um cumprimento breve.

– Francis! – exclamou e ele se aproximou dela para lhe dar um beijo na testa.

Os outros dois deixaram o quarto para ir de encontro com os outros três esperando do lado de fora da casa. Eles se dividiram em dois carros.

– Vim retribuir seus cuidados comigo. – diz Francis.

– Estou feliz que esteja aqui. – sorriu sincera.

O carro onde estava Azazel, Max e Troy parou algumas ruas antes da mansão Powell enquanto o outro onde estava Chester e Joshua seguiu em frente, parando em frente ao portão. Chester olhou no relógio e apertou o volante, estava apreensivo e o irmão percebera isto, mas apenas sorriu de lado. Passou-se um minuto desde que tocaram a campainha e então o portão se abriu para a propriedade. Joshua anotava mentalmente cada detalhe que havia mudado desde que estivera ali a ultima vez, estava ansioso para a reação de seus “pais” ao vê-lo, mas não com medo. Sorria quando saiu do carro, e continuou sorrindo o caminho todo até a porta que dava para o hall.

– Pare de sorrir. – Chester murmurou ajeitando a jaqueta.

– Não posso. – respondeu subindo as escadas. Não tiveram que tocar a campainha novamente, pois a porta foi aberta por Charlotte, que não se deu ao trabalho de fingir surpresa, apenas os introduziu ao hall e fechou a porta.

– Eles estão na sala de jantar. Vou anunciá-los. – informou, ela ia à frente para anuncia-los quando Chester a impediu.

– Você não está segura aqui. Faça suas malas e fuja.

– E perder todo o espetáculo? Nunca. – sussurrou e continuou seu caminho até a sala de jantar.

– Espero que seja algo importante. – Carmen esbraveja para Charlotte.

– Os senhores tem visita.

Carmen gesticulou e pediu para que elas o levassem a sala de estar.

– Se for caso de vida ou morte eu posso perdoá-los pelo inconveniente... – começa ao entrar na sala, mas paralisa completamente quando os dois vampiros se viram para ela.

– Olá mãe. – foi Joshua que disse, Chester apenas a observou. Joel entrou na sala segundos depois e paralisou bem ao lado da mulher. – Olá pai. Sentiram minha falta?

Enquanto uma guerra de olhares era travada na sala de estar, os outros três que não entraram pela porta da frente encaravam o muro alto a sua frente.

– Acha que consegue? – Max perguntou debochado para Azazel, o mesmo recuou alguns passos e se lançou no mudo, agarrando o topo facilmente e pulando para o outro lado. – Certo.

Max e Troy fizeram a mesma coisa, e então começaram a andar sorrateiramente pela propriedade, tomando cuidado para não serem rastreados pelos capangas espalhados pela casa. Seguindo a orientação que Charlotte deu, seguiram ao lado da piscina de água cristalina e encontraram três vampiros reunidos na varanda, eles riam e não perceberam a presença dos apanhadores até eles quebrarem o pescoço dos três, depois pararam pra ouvir, e Azz assentiu para que adentrassem a mansão.

– Saiam da minha casa. – grunhiu Carmen.

– Você não queria me matar? Vá em frente. – Joshua abriu os braços.

– Nós não vamos sair. – Chester se pronunciou enfim.

– Bom, você pediu por isso... – Carmen voltou para sua posição de mulher demoníaca e sorriu. Ela assentiu para Joel, que se virou, dando de cara com os três apanhadores, um deles arrastava um vampiro com uma estaca em seu peito. A pele tinha adotado a cor cinza e olhos estavam fechados.

– Procurando por reforço...? – diz Troy com os braços cruzados, soltando o vampiro no corredor. – A festa acabou pra vocês.

Joel voltou para perto de Carmen, que olhava de um para o outro, tentando achar alguma direção para que pudesse correr.

– Se você já desistiu de achar um jeito de fugir... Nós podemos conversar. – diz Azazel.

– Você veio para desfazer o que eu fiz não é? É tarde demais. – começou com o deboche e a frieza natural de seu tom de voz. – Suponho que Rebecca esteja em seu leito de morte agora já que não veio nesta missão.

– Mãe... – foi Chester que falou dessa vez. – Você vai nos contar ou irá morrer mais rápido do que pensa.

– E é você que vai me matar? – sorriu de lado.

– Não, mas qualquer um deles não vai hesitar em fazer isto. – retrucou.

– O que está feito, está feito... Não há mais como desfazer, mesmo que contasse como curá-los, e eu não vou, a raça de apanhadores já estará perdida para sempre.

– Sua filha da... – Max começou a falar quando Carmen chegou até ele em milésimos, enterrando sua mão em seu peito, bastou um segundo para que ela arrancasse seu coração fora, sem dar chance de ninguém salvá-lo. Todos perderam a respiração, Carmen deixou o coração cair no chão propositalmente, o órgão manchando o tapete de vermelho.

– Oh, o que estava dizendo? – Carmen diz levando a mão a boca, ao sentir o gosto do sangue ela faz careta. – Raça imunda. Bem, eu não posso ser manipulada... Então se vão me matar, matem de uma vez.

Troy respirava fundo para não explodir e matá-la antes da hora.

– Você teve a sua chance. – Joshua diz fazendo Carmen virar-se para ele. Joel estava calado todo esse tempo, Joshua se dirigiu a ele em seguida. – E você... Também vai pagar pelos seus pecados.

– Nós não viemos atrás da cura... Já a temos. - Azazel começou, os outros o olharam confusos. Carmen girou o corpo rapidamente para ele. – É o meu sangue não é?

Carmen riu e bateu palmas para ele.

– Parabéns pela descoberta, Rebecca vai viver! Agora descubra como salvar todos os apanhadores do planeta.

Todos ficaram em silêncio diante da pergunta.

– Você já viveu demais. – Joshua avançou nela, a jogando no chão, presa entre as pernas dele, ela se debatia chegando a arranhar seu rosto.

– Acho que sua hora chegou Joel... – Troy se aproximou do homem, Azazel e Chester ficaram a observar.

– Se me matar e matar a Joel, Abbie nunca vai te perdoar! – Carmen vocifera para Troy em um apelo quase desesperado.

– Eu não me perdoarei se desperdiçar essa chance. – Troy tirou da jaqueta uma estaca de madeira que cada um deles trouxera. Joshua fez o mesmo.

Diante da situação sufocante Chester se afastou da sala, podia ouvir Carmen rosnando como um animal selvagem na sala.

– Vá em frente. – Joel diz com Troy em seu encalço, a estaca a centímetros de seu peito. Ela foi cravada levemente nele, o fazendo arregalar os olhos de dor e depois em apenas um empurrão a estaca acertou seu coração em cheio e a ultima coisa que ele viu foi uma lágrima solitária caindo dos olhos de Carmen, havia tempo que não via sua mulher chorar.

– Você está chorando? – Joshua perguntou gargalhando enquanto segurava as mãos dela.

– Você me condena... – diz entre dentes. – Mas é um monstro também.

– Aprendi com a melhor. – ver a pele de Carmen ressacar com a estaca cravada por cima do vestido vermelho que ela adorava foi mais do que satisfatório para Joshua, era libertador. Ele pode sentir uma sensação inigualável percorrendo sua pele e não pode conter um sorriso enorme brotar em seus lábios por seus olhos azuis terem sido a ultima coisa que ela viu.

– Vamos acabar logo com isto. – Chester reapareceu na sala com quatro garrafas de água e um isqueiro. Sua expressão assombrosa fez todos se recomporem sem fazer nenhuma pergunta, cada um deles pegou uma garrafa de álcool e começou a espalhar pela mansão. E todos eles tinham o ódio dentro de si perpetuado por aquela família. Ao derramarem a ultima gota de álcool no chão daquele lugar, se reuniram no hall de entrada, próximo a porta já aberta. – Quem quer fazer as honras?

– Eu. – a garota de cabelos castanhos entrou no hall. Sem questionar o que Charlotte ainda fazia ali quando todos os empregados da casa já haviam ido embora, Chester entregou-lhe o isqueiro. – Eu disse que ia ter a minha vingança. – ela diz antes de jogar o isqueiro no álcool, os cinco assistiram as chamas queimarem a mansão que deu orgulho por anos para Carmen.

Junto com as ruínas e as cinzas daquele lugar ia abaixo um Império marcado com sangue de milhares de pessoas que foram vitimas de Carmen e Joel, e ainda iriam ser mesmo depois dos dois vampiros serem mortos. Todas elas sendo epicamente vingadas.


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Notas finais do capítulo

Eae crianças! Morreram? Não, não! Comente primeiro antes de morrer, não vá para a luz agora. Eu sei como devem estar se sentindo, eu sou uma leitora e quase tive um treco. Um conforto, vai ter Apanhador de medo II, então fiquem calmos, desagarrem as mãos dos cabelos e relaxem, respira... Isso, devagar. Agora sim. Nas notas da história tem o link da trilha sonora, que tá muito maneira, e o link para vocês votarem em Apanhador no Fanfic Awards. É isso, o fim é sempre triste né? Mas conforto melhor em saber que vai ter o Apanhador II não tem. Então parem de choramingar u.u E não esqueçam de comentar. Ah um recadinho da Julia :)
"Não vou surtar, não vou surtar. Heey pessoas, eu estou em crise, não sei se fico feliz ou triste por ter chegado ao fim de uma história pela primeira vez. Terá o epílogo para que possam saber um pouquinho de Apanhador de Medo II, mas este é o ultimo capítulo deste meu xodó que é Apanhador de Medo. Bom, mil desculpas por ter demorado tanto, mas olhe ai... Quase 5.000 palavras! Deu trabalho, gostei de boa parte do resultado, mas sabe como é... Dificilmente fico plenamente satisfeita. Eu vou deixar pra me despedir no Epílogo, então isto é só um Até mais, e eu vou postar o Epílogo até domingo o/ Beijos da Ju :*"
É isso nos vemos no Epílogo, abraços da Alien que adora vocês. E eu sei que vocês me amam u.u Avá, é impossível não amar.
PS: Assinatura do Elijah em homenagem a Nic. Tão fofo *--*



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