Apanhador De Medo escrita por Ju Mikaeltelli, Beatriz Hunter


Capítulo 22
Onde os demônios se escondem


Notas iniciais do capítulo

Hey humanos. Aqui quem fala é a Hunter. Bom, eu tenho que falar! Eu adorei esse capítulo e dei várias risadas, gostei muito mesmo. Então vá! Nos vemos nas notas finais.



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Olhe nos meus olhos

É onde meus demônios se escondem

(Demons – Imagine Dragons)

Azazel olhou no fundo dos olhos perturbados de seu pai quando ele disse aquelas palavras.

– Eu preciso partir. – segura seus ombros e aperta. Quando ele se vira com a bolsa nos ombros Azazel o segura pela ultima vez, os olhos segurando as lágrimas. – Você está chorando? – o menino não respondeu, apenas fungou, obtendo sucesso em não derramar as lágrimas. Ivan tornou sua expressão dura para o filho.

– Não. – Azazel diz com muita frieza para um menino de 14 anos. – Por que está partindo?

– Por coisas muito maiores que você garoto. – os lábios estavam rígidos e aparentemente não havia sentimento nenhum em suas palavras. Nada além de indiferença. Um traço que seu filho herdou. – Talvez você sobreviva para descobrir. Cuide-se. – ele deu as costas e dessa vez não olhou para trás.

Azazel se debruçou na janela para assistir seu pai ir embora, permitiu-se derramar apenas duas lágrimas e nenhuma a mais. Foram as únicas lágrimas que derramou pelo seu pai durante anos.

Quando despertou na cama espaçosa e confortável no quarto de hospedes – que já era dele depois de tantos anos que vive ali – na mansão majestosa no clã misterioso de vampiros sabia que estava sendo observado por olhos verdes estonteantes pelas costas, mas não se virou para a mulher. Diferente dele ela estava sentada na cama e suspirou quando ele se virou para o outro lado, por vezes a bruxa sentia um peso em suas costas por ter sido obrigada a arrancar todas as lembranças do homem e pôr novas no lugar. Ele não se lembrava do pobre menino das duas lágrimas, seu único filho, mas ela lembrava-se e já repetira aquela cena em sua mente milhares de vezes, estava condenada a carregar consigo todas as lembranças de Ivan Friedrich, o homem cujos demônios nos olhos eram incontáveis.

– Qual o motivo dos suspiros ao amanhecer? – ainda de costas ele pergunta com a voz gutural e imponente. Ela encara alguns pontos negros nas costas do homem, pequenos sinais de nascença formando uma pequena cidade em suas costas.

– Nada importante. – ela praticamente sussurra a resposta.

Caminha o dedo indicador pela pequena depressão em suas costas formando um caminho na coluna de Ivan, fazendo-o reagir com um quase imperceptível arrepio, mas Victoria percebeu e sorriu com tal reação, seu ato foi interrompido por Ivan que segurando sua mão virou-se para encará-la. A morena tinha os cabelos ondulados caídos por cima do ombro desnudo, ainda tinha o sorriso congelado nos lábios para o homem com linhas na testa, linhas de expressão criadas pelo tempo.

Ele continuou apenas segurando a mão dela e a olhando nos olhos por um minuto ou dois, ele descolou os lábios algumas vezes e Victoria pensou por um segundo que ele iria dizer a amava, pois seus olhos nunca estiveram tão amáveis quanto naquele momento, mas depois voltaram a ser frios em milésimos e ele beijou a mão estendida em cima da dele e a pousou na cama. Murmurou algo e levantou-se da cama, entrou no banheiro e quando a porta bateu Victoria fechou os olhos soltando um suspiro e por fim também se levantou. As roupas estavam espalhadas pelo quarto e ela vestia apenas uma blusa de Ivan, permaneceu com ela e com suas roupas em mãos saiu do quarto olhando para os dois lados no corredor, se tivesse saído um segundo depois não teria visto a cabeleira negra de Mary virando o corredor.

– Mary! – ela gritou correndo até ela. A senhora a olhou de cima em baixo e sorriu assim como Victoria. – Minhas roupas. – pôs em suas mãos e se virou, mas a senhora a impediu de ir muito longe.

– Rick quer falar com você, ele foi até seu quarto esta manhã... – Victoria espreme os olhos e esbraveja. Quando os abre novamente Mary não está mais lá então ela se vira para o lado oposto andando até seu quarto na mansão.

Victoria desceu as escadas em passos preguiçosos, deslizava uma das mãos no corrimão enquanto descia, agora vestia calças jeans e uma blusa em um estilo social, os cabelos estavam presos de qualquer jeito no alto da cabeça. Ela enfim chegou ao hall silencioso da mansão, e parou por um minuto contemplando o silencio tão familiar daquele clã. Seus pés a levaram até a biblioteca por que sabiam que Rick estaria lá, estava em conflito consigo mesma e por fim decidiu enfrenta-lo de uma vez e escancarou as duas portas que davam acesso ao enorme acervo de livros pondo um sorriso nada inocente no rosto.

O homem era humano, o único vivendo na mansão, até os empregados eram vampiros. Vampiros da noite, que foram condenados a se esconder do sol e servir o clã Chelsea por milhares de anos, todos que estavam ali e que não faziam parte da família búlgara que governa o clã a milhares de anos estavam em divida com eles, Victoria está em divida com a família Petrova e Rick também. Rick estava sentado na poltrona de frente a janela e abaixou os óculos para olhar a mulher a sua frente, ele já estava com a idade avançada e se recusava a se tornar vampiro. Mas os vampiros necessitavam de seus conhecimentos e se fosse preciso o forçaria, Rick sabe disso e mesmo assim nunca tocou no assunto.

– Queria falar comigo. – afirmou Victoria, ela se abaixou a altura do homem de expressão simpática, ficando de joelhos ao lado dele, como uma criança ouvindo seu pai.

– Eu não te chamei aqui para falar de como passa suas noites. – esclarece de uma vez. – Mas é sobre Ivan.

Victoria toma uma expressão confusa ao rosto.

– Você precisa leva-lo daqui e ir junto se quiser um futuro com ele. Precisavam fugir. – a voz dele tinha um tom misterioso. – Algo grande está vindo...

– O quê? Tem a ver com PEAM não é? Rick! – ela pegou em suas mãos. – Mas você disse que tinham desistido dessa ideia. Droga! – se levantou levando as mãos a cabeça.

– Eles nunca desistiram. Só queriam que você achasse isso. – lhe explicou.

– Preciso encontrar Azazel. – diz decidida. E depois sua expressão se torna preocupada. – E quanto a você?

– Eu vou ficar bem. Agora vá e leve Ivan. – quando ele termina a frase Victoria já está saindo da biblioteca.

•••

Rebecca se mexeu no banco de trás estranhando o banco acolchoado, mas que não era nada confortável para passar a noite. Ela tentou ignorar o desconforto para pode adiar a ressaca e dormir mais um pouco, mas a dor de cabeça veio com tudo e por fim ela bufou erguendo seu corpo vagarosamente sobre o banco. Com os olhos espremidos ela olha em suas volta e suspira levantando a mão a testa e tentando lidar com a dor de cabeça abre a porta se forçando suas pernas a andarem até a mansão. A mansão estava silenciosa e Rebecca olhou para as escadas com preguiça, ficou alguns segundos encarando a escada até que uma figura peculiar aos seus olhos apareceu no alto dela. Era Joshua, vestido com uma calça de moletom e uma camisa surrada, estava bem parecido com as outras vezes que o encontrou pela manhã, ele tinha os cabelos bagunçados e parou onde estava para observá-la em silencio. Depois de analisa-la de cima em baixo ele desceu as escadas e seguiu para a cozinha sem dirigir uma palavra a mulher, que revirou aos olhos em reação ao ato que achara infantil de Joshua.

– Becca? – a voz doce perguntou do mesmo lugar que Joshua estava parado há alguns segundos atrás. Era Francis, ele não a esperou responder e desceu as escadas com pressa. – O que aconteceu? – Rebecca devia estar horrível pra ele não imaginar que ela estava somente de ressaca.

– Não é nada, só estou com um pouco de vertigem. – explicou com a voz arrastada, nem parecia que estava sóbria. – Pode me levar para cima? – sorri dócil.

– Claro. – ele diz rapidamente. Seus braços magros envolvem Rebecca e facilmente a tira do chão e a leva escada a cima, ela estava aconchegada em seu ombro sentindo o perfume masculino exalando de suas roupas quando ele a colocou na cama. – Você precisa de um banho. Eu vou estar lá em baixo, na cozinha, lhe esperando com um café da manhã e um remédio. – fez questão de dar um beijo na testa dela antes de sair porta a fora.

Rebecca fechou os olhos esperando a vertigem passar, levou alguns minutos para ela ter coragem de levantar e tomar um banho, mas quando saiu já se sentia um pouco melhor. Ela pôs um casaco de moletom que lhe caia com um vestido, cheirou o casaco que estava com cheiro de amaciante e deu de ombros, decidindo vestir apenas aquela peça. Francis estava na cozinha como havia lhe falado, em cima do balcão havia um prato com ovos e bacon, suco de laranja em um copo transparente e um comprimido.

– Francis, você é um anjo! – ela se debruçou por sobre um balcão para beijar o rosto dele que sorriu. Rebecca se sentou na cadeira ao lado de Joshua, ignorando sua presença desde que botou os pés na cozinha, ele lia um jornal e parecia não perceber a presença de Rebecca. A cozinha permaneceu em silencio até Francis se pronunciar.

– Vocês vão mesmo parar de se falar como duas crianças? – ele pergunta no momento em que Rebecca pôs o comprimido na boca e o engoliu, tomando um gole de suco logo depois.

– Eu não estou “de mal com ele” se você quer saber. – ela espia Joshua pelo canto de olho. – Mas eu não posso dizer que estou triste por não ter mais que aguentar suas cantadas.

Agora ela olha diretamente pra ele, que revira os olhos e a olha também.

– Não minta pra si mesma... – sorriu de lado. – Você adora alguém massageando seu ego.

– É mesmo Senhor ego do tamanho do mundo? – sorri o provocando. Joshua se volta para Francis ainda com o sorriso no rosto.

– Ela é obcecada por mim. – comenta fazendo Rebecca bufar, ela olha para o copo com o liquido alaranjado e sorri maleficamente o envolvendo com uma das mãos com as unhas pintadas de vermelho. Ela levanta o copo acima da cabeça de Joshua sem lhe dar tempo de reagir e o derrama até a ultima gota em sua cabeça.

Francis abre a boca em espanto, mas após alguns segundos explode em uma gargalhada junto com Rebecca, que se distrai e é imprensada na parede por Joshua mais uma vez, mas dessa vez ele a segura pelos ombros. Ela se debate uma ou duas vezes e passa a encará-lo, hipnotizada.

– Parece que você gosta de me colocar contra a parede. – continua o provocando mesmo estando de frente aos olhos azuis mais assustadores de toda a Inglaterra.

– Você gosta tanto de brincar com fogo, mas você esquece que... – ele aproximou os lábios do ouvido dela. Francis os observava silenciosamente, se ele a machucasse ele ia se interferir, mas a cena estava extremamente interessante aos seus olhos. – Mesmo sendo uma especialista, uma hora você acaba se queimando.

O próximo movimento de Joshua foi rápido, ele tirou uma das mãos dos ombros de Rebecca e pôs em seu pescoço, puxando seu rosto para colar seus lábios em um beijo avassalador. O beijo tinha gosto de suco de laranja, e agora Francis observava espantado aquela cena enquanto Joshua ainda prendia o corpo de Rebecca na parede. Ele olhou para os lados se sentindo e quando foi saindo da cozinha ele esbarrou com Azazel, que paralisou na porta quando viu a cena. Ele cerrou os punhos, os mesmos olhos demoníacos de seu pai, pareciam pegar fogo assim como o resto de seu corpo que ardia em chamas, mas ele não se deixou explodir.

Afastou-se cedo demais, Rebecca pensou quando Joshua a soltou abruptamente e voltou com seu tão familiar sorriso presunçoso. Pensou em lhe dar um tapa no rosto, mas era exatamente o que ele esperava, que ela se revoltasse. Então ao invés disso não escondeu que havia gostado do beijo. Ela permaneceu na parede, tentando recuperar o movimento das pernas. O sorriso de Joshua se quebrou um pouco quando ele olhou para a porta e contemplou a expressão de Azazel, Rebecca olhou de imediato para o motivo e simplesmente sorriu. Desencostou-se da parede e se pôs ao lado de Joshua, em uma distancia segura.

– Bom dia Azz. – seu sorriso mal cabia no rosto. Ele relaxou as mãos, e respirou fundo.

– Vocês podem arrumar um quarto. – diz entre dentes. – Tem centenas deles nessa casa. – agora Rebecca e Joshua sorriam para ele.

– Joshua não pôde se conter não é? – ela olhou nos olhos de Joshua e depois para Azazel. – Ele é obcecado por mim. – Joshua revirou os olhos e se retirou da cozinha.


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Notas finais do capítulo

Ei! Não vai saindo assim sem comentar não. Escreva algo nessa caixinha em branco ai em baixo ok. Fique com os aliens, abraço da Hunter :)



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