Dançando em Fogo escrita por Em White


Capítulo 8
Não pergunte, não conte


Notas iniciais do capítulo

Espero que o Papai Noel tenha sido generoso com todos!
Boas Festas!!!!
Um oi especial para a pessoa que começou a acompanhar a Ali. *oii, novo leitor*



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A enfermaria ia tomando forma á medida que Ali piscava, era boa a sensação de acordar num lugar quase familiar, apesar de todas as camas e azulejos tornarem tudo impessoal até demais.

Ali rolou na cama¾nada confortável¾e grunhiu, estava completamente perdida no tempo. Ao lado de cada cama havia um pequeno criado-mudo de madeira, sob a que acompanhava a de Alicia estavam o celular com três ligações perdidas de Yumi, um livro, a adaga de Tom e mais nada.

Qualquer um poderia tê-los colocado ali e o mais nada se tornou preocupante, quando ela deu falta do diário de anotações, pois o que quer que estivesse escrito lá, era importante. Forçando a memória, concluiu que chegando ao Instituto ela estava com o caderninho e nem ela, nem Magnus o levaram de lá quando saíram. Mas alguém levou.

Ela se levantou e sentiu um pouco de náusea, resultante do tempo excessivo que passou deitada, com certeza muito tempo.

Quando abriu a porta esperava ser bombardeada por perguntas vindas de todos,-você está bem? quer comer alguma coisa? não deveria estar deitada?–para sua surpresa, o corredor estava vazio, exceto por Church que vinha preguiçoso.

–Olá amiguinho, -ela se abaixou para acariciar o gato. -estamos sozinhos aqui?

Church ronronou de forma afirmativa e depois se deitou perto da porta. Ali continuou andando e virou num corredor aleatório, ainda não conhecia nada do Instituto, achou esse um momento oportuno.

Num deles havia uma pequena escadaria que Ali decidiu subir, se deparou com um portão trancado. O que eles têm para esconder? Ela pensou. Tocou no cadeado e faíscas azuis saíram do encontro. Mais alguns passos e ela encontrou um lugar completamente ensolarado, uma enorme estufa.

Uau. Ela diria, se aquilo tudo fosse cuidado, mas o estado era deplorável, as plantas não devem ter recebido água nos últimos milênios.

Talvez ainda houvesse esperança, talvez ela pudesse fazer alguma coisa. Ali viu no meio das árvores uma roseira, Rosa Bellefleur, sua mãe, a bela flor. Então o flash de memórias voltou, seus pais adotivos decidiram manter o nome Alicia por causa do significado, a verdadeira, provavelmente escolhido por Aeval, uma fada. Do outro lado, Foster certamente foi escolhido por Ragnor, porque tinha a ver com natureza e quem mais ensinaria a uma garotinha de cinco anos como cuidar das flores do jardim?

Tirou a adaga do bolso e gentilmente começou a tirar ramos mortos das folhagens. Estava em casa, mas não estava sozinha, mesmo sem ter ouvido nada, sentiu a presença de alguém.

–Duas opções: Church é um mentiroso, o que me decepcionaria consideravelmente, ou estava sendo seguida.

–Que tal, você desmaiou no meio de um ataque, ficou dias em apagada sem razão aparente e depois fugiu da enfermaria?

–Justo. –ela ficou de pé para ver os cabelos de Chris dançarem como chamas por causa da brisa vinda de uma vidraça aberta lá no alto.

–É bem legal o que você está fazendo aqui, mas as coisas são trancadas por uma razão, ninguém pode entrar aqui.

–Sou uma mera desavisada, não teria como saber. De todo o jeito, porque ninguém entra aqui? Quer dizer, é um lugar fantástico.

–O tutor do meu pai e dos meus tios costumava passar muito tempo aqui e tudo isso trás muitas lembranças para eles.

–Presumo que esteja morto. Sinto muito.

Ele assentiu e deu de ombros.

–Não o conheci, na época meu pai tinha a minha idade. –Ali daria 17 anos para ele, mas vai saber. –Quer saber, eu nunca tinha entrado aqui antes, nem sabia que se tratava de uma estufa.

–Sabe alguma coisa sobre flores? –ela continuou a devolver a vida do lugar.

–Mais sobre os efeitos medicinais, faz parte das nossas aulas de botânica.

–Vocês vão à escola? –o tom de curiosidade era quase palpável.

–Não uma escola propriamente dita, temos uma espécie de professor particular que ensina tudo que Caçadores de Sombra devem saber.

–Mas eu não vi ninguém com cara de professor aqui.

–Você é bastante curiosa. –Chris comentou. –Tio Alec se ofereceu para ensinar a mim e a Liz, portanto, ele é nosso tutor.

–Ah, sim. Quando vocês tem aula? Os conheci numa festa e da outra vez comemos pizza e fomos para casa de lobisomens, não me parece que supervisionam vocês com frequência.

–Acaso, na verdade, você. Sua chegada afetou bastante a rotina do Instituto, fora isso, temos aulas de diversas matérias no período da manhã durante a semana e nos fins de semana focamos no treinamento prático.

Era muita informação para absorver, Christopher falava como uma máquina que foi programada para repetir tais coisas. Ali terminou com as rosas e seguiu para um banco de pedra no meio da estufa, flores podem ser exaustivas. Chris acompanhou e se sentou ao lado dela.

–As coisas acontecem rápido... –ela falou para ninguém em especial.

–De fato. Você deve estar um tanto perdida, caiu aqui sem paraquedas, pensando nisso eu peguei na biblioteca a cópia do Codex dos Caçadores de Sombras, tem tudo que você queira ou não saber.

–Obrigada. –quando Ali esticou a mão para pegar o livro, os dedos tocaram os de Chris de leve e ela puxou o Codex para si. –Magnus me explicou bastante, mas é esclarecedor saber que há um livro para isso. Então... Vou ler um pouco.

Ali tamborilou os dedos na capa e se levantou apressada, Chris se levantou para protestar, mas não o fez, apenas avisou:

–Estamos ferrados se alguém souber que estivemos aqui.

Sem se virar completamente, ela deu um meio sorriso. –Se ninguém perguntar, você não precisa contar.

E ela saiu. Tentava passar pelos mesmos corredores que levavam até a enfermaria, ela ainda não tinha um quarto só dela. O Instituto era um lugar enorme, a vida lá não devia ser ruim, mas a ideia de que tão poucas pessoas moravam lá era meio solitária.

Num dos corredores havia uma janela enorme, Ali chegou perto e observou os fundos do Instituto, onde ficava um enorme jardim, nele Louis corria com um sorriso no rosto e logo em seguida Jess na forma licantrope, pareciam se divertir.

–Esse garotinho é demais, vai ser um bom Caçador de Sombras. –a voz era de um garoto que ela não conhecia.

Em um salto, Ali se virou. Ele era incrivelmente bonito, o cabelo castanho bagunçado dava uma aparência mais nova, mas devia ser da idade de Chris.

–Desculpe, não quis assustar.

–Tudo bem, só achei que o Instituto estivesse vazio.

–Acabei de chegar, em Nova York inclusive, vim trazer minha “prima” aqui e aproveitei para fazer uma visita.

–Sua “prima”?

–É, bem, ela é minha sobrinha, filha do meu irmão, sou só um ano mais velho que ela, então somos mais como primos. Hanna é o nome dela.

Ali revirou os olhos e o garoto riu.

–Pelo visto você já a conhece.

–Pelo visto ela não gosta muito de mim.

–Isso é normal... Nossa! Que grosseria, eu nem me apresentei. Sou Julian, mas todos me chamam de...

–Jules! –Chris surgiu de uma esquina. A menina deduziu que esse era o apelido pelo qual o chamavam.

–Quanto tempo, Chris! –os dois se abraçaram.

–Já conheceu nossa convidada?

–Oficialmente não.

Christopher abriu a boca para falar, mas Ali se posicionou na frente e se apresentou primeiro.

–Alicia. Sou Alicia, mas pode me chamar de Ali.

–Ali, é um prazer. –Jules sorriu, encantador e se virou para o amigo. –Pera, aquela Ali?

–A própria.

–Hã, vejo que andaram falando sobre mim.

–Você é, como posso colocar... famosa.

–Uau, eu famosa, quem diria.

–Não é todo dia que alguém como você aparece na nossa porta. –Chris explicou.

–Quase ofensivo...

Os três continuaram a caminhar pelos corredores. Os meninos colocavam a conversa em dia, quase igual a duas menininhas na escola, exceto pela diferença do conteúdo.

–Você viu a Liz por aí? Ela passou o dia sumida.

–Cara, você não vai querer saber.

–Olha, se eu to perguntando, eu quero sim...

Ali soltou uma risadinha, como garotos não veem o que está debaixo do próprio nariz.

–O quê foi?!

–Faça as contas, -ela começou. –a Jess tá lá embaixo brincando com o meu irmão, não há mais ninguém...

–Lobisomens não podem passar da porta do Instituto... –Jules complementou.

–E Liz não está por aqui, nem Mike. Mais claro?

–Pelo Anjo! A Liz e o Mike... Não faz sentido, ela é minha parabatai, devia ter me contado. E ele, achei que estivesse gostando de outra pessoa...

–Seja lá o que para... tanto faz. O que quer que seja isso, não precisei disso para saber, aquele dia durante a luta, o modo como ela ficou preocupada com ele...

–Eles foram para o Taki’s, encontrei Elisabeth quando estava chegando.

–Estou me sentindo tão traído, minha prima e parabatai, não me contou desse affair. –ele fingiu decepção na voz e todos riram.

***

Thomas voltou para o Instituto com uma mala cheia de roupas que ele buscou na casa da família. Clary arrumou um quarto de hóspedes só para Ali e lá ela passou o resto da tarde lendo o Codex.

Lá ela descobriu várias coisas inclusive do laço entre parabatai que Chris havia mencionado antes. Chris levava aquele mundo tão a sério, mas ao mesmo tempo era a única coisa, de resto ele parecia não ligar para os modos ou para algo que não fosse piada. Do outro lado, o amigo, Julian tinha sido tão gentil que era quase impossível dizer que os dois eram amigos.

Seus pensamentos foram interrompidos por uma batida na porta.

–Entre!

–Com licença. –era Hanna, o cabelo preso em um rabo, misturado aos fios castanhos havia mechas verdes que apesar de tudo pareciam muito naturais.

–Acho que errou o quarto. –Ali disse devagar e duvidosa.

–Não, estava esperando o momento certo, precisava falar com você a sós. –tinha uma expressão derrotada.

Ali se endireitou e indicou a poltrona perto da cama.

–Vou direto ao ponto, a Rainha Seelie quer conversar com você, em particular, não deve dizer isso a ninguém. Quando estiver pronta, é só usar o anel para chamar alguém que te guiará. –Hanna deu um anel de ouro para Ali que ficou em silêncio depois de tudo o que ouviu.

Então ela encontraria a Rainha?


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Notas finais do capítulo

Jules Blackthorn in the house, whaaaaaaaaaat !
Até breve



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