Capítulo 33

            Garotos são completos idiotas.

            Esta era a frase que não saia da minha cabeça. Depois de escapar de um encontro mortal com bruxos assassinos, acho que eu esperava uma reação um pouco mais quente de Alexander, ou pelo menos uma mão amiga, mas não, aparentemente o sacripanta iria continuar sendo uma babaca e ainda havia o HUGO!

            O meu grande e genial primo não parava de mencionar tudo de ruim sobre Alex e parecia acreditar que nosso encontro foi um sucesso absoluto. Como se não bastasse, ele ainda queria repetir, pois me convidou três vezes para sair no dia seguinte. Na última vez foi no corredor no fim de uma aula particularmente espinhosa de Defesa Contra as Artes das Trevas... Quando eu me virei, olhei seriamente em seus olhos, ele congelou, vi seu sorriso morrer, enquanto ele me devolveu um olhar sério.

            - Hugo... - eu disse, coloquei a mão no peito dele, ou melhor, lhe dei um tapa. Ele disse "ai", mas não fugiu do meu toque.

             - Escute bem o que vou te dizer, eu não quero ter que repetir –Eu disse de forma suave, vi os lábios dele formarem um "sim", como se dissesse que estava escutando atentamente - Não.

            - Ham? - Ele disse meio bobo e chocado, eu ignorei e segui meu caminho.

            Hugo me alcançou pelo corredor enquanto eu me dirigia para a Sala Precisa, onde iriamos encontrar todos os outros para planejar como roubar os malditos livros da sala do diretor, o que para todos os efeitos era impossível. O problema é que tínhamos que fazer.

            - Entendo - Hugo disse quando me alcançou, eu finalmente achei que ele havia se tocado, porém... - Não podemos nos preocupar com isso agora, talvez nas férias!

            -Ah meu Deus! - Eu deixei escapar, suspirei pesado. "De quem foi a maldita grande ideia mesmo?" eu me perguntei. Lembrava de alguém ter me dito que depois do encontro ele poderia perceber que não temos nada haver e desencanar.

            "De quem foi a maldita grande ideia mesmo?". Um sentimento profundo de que tinha algo para retribuir a alguém brotou dentro de mim.

            Depois de entrar na Sala Precisa já com a cabeça a mil, desejei uma poltrona confortável, ao mesmo que Hugo desejou uma ao lado da minha. Revirei os olhos e me sentei para descansar enquanto meu primo tagarelava sobre o dia incrível que ele teve comigo em Hogsmead e sobre os lugares que ele ainda queria ir comigo. Foi assim que tomei aversão de Hugo e comecei a evitá-lo.

            Tabitha entrou em seguida. Ela havia matado aula hoje por alguma razão, o que, conhecendo-a como conheço, é algo raro. Tive certeza que ela estava infeliz por Hugo ter gostado do encontro. Por mais que ela negasse, meu primo era importante para ela e a garota desejava ardentemente que ele perdesse todas as esperanças comigo. Infelizmente – para mim e para ela - no fim o encontro teve o efeito inverso.

            Eu suspirei, sinceramente não havia mais o que fazer nesse quesito.

             Quando todos estavam presentes, compartilhei as informações sobre os livros que precisávamos estarem na sala do diretor.

            - Por isso não achamos nada na biblioteca! - disse Tabitha.

            - Graças a Deus! Agora podemos parar de procurar! - disse Hugo.

            - Agora vem a parte difícil. – dei uma pausa dramática em minha fala - Vamos invadir a sala do diretor.

            Por um momento todos me olharam como se eu fosse louca. Honestamente, o que eles esperavam que fizéssemos? Afinal, precisávamos da maldita informação para parar uma louca possuída e impedi-la de se tornar imortal. Eu tremia só de pensar em um novo Lorde das Trevas, ainda mais imortal.

            - Lily... Acho que isso é demais - disse Alvo.

            - E se simplesmente pedíssemos os livros a eles? - perguntou Hugo.

            - Parece uma conversa animada... - cometei – “Ei diretor Neville? Sabe aqueles livros proibidos que você confiscou da biblioteca por terem feitiçaria das trevas muito perigosa? Então eu queria pedir emprestado, sabe é que tenho uma teoria de que esse "Voldemort" revivido quer descobrir os segredos dos fundadores para se tornar imortal, então também temos a ideia de que pode ter algum super feitiço lá que nos ajude a atacar diretamente a alma dele que possui o corpo da Arika. Pode nos dar os livros?” – Narrei a hipotética conversa com a voz transbordando em sarcasmo, e não pude deixar de ouvir alguns risos discretos.

            Um breve minuto de silêncio depois, estávamos discutindo planos. Acreditei que ninguém mais além de mim estava realmente animado com a ideia de roubar livros proibidos da sala do diretor. Milhares de planos mirabolantes saíram de nossas bocas, várias ideias foram colocadas em pauta, desde pedir apoio a senhora Longbottom, que foi descartada pelo fato de que a mulher estava doente, e que ninguém queria revelar para Deus e o povo o que estávamos fazendo e outra de Giovanna de seduzir o diretor. Essa ideia se tornou uma grande gargalhada, e depois de uma hora de planejamento formamos um plano.

            James iria aprontar alguma confusão grande o bastante para tirar o diretor da sala. Okay, não tivemos uma ideia do que ele poderia fazer, mas iria pedir a ele e tive certeza de que ele toparia prontamente, afinal quantas vezes ele tinha a oportunidade de fazer baderna a pedido de outros? Nesse tempo eu, Tabitha e lamentavelmente o estabanado do Hugo iríamos invadir a sala do diretor e roubar os livros. Giovanna iria garantir que o diretor demorasse para voltar.

            Foi exatamente assim que peguei uma detenção. O plano tinha a grande sala de estar repleto de quadros de antigos diretores prontos para delatar tudo o que acontecia para o diretor. Duas semanas de planejamento jogadas pelo ralo com uma semana de detenções... Eu não só teria que ajudar Hagrid a fazer o trabalho de guarda caça, como também receberia algumas outras funções.