É bom saber que eu tenho uma nova casa, novas companhias, uma nova família, ou quase isso.

Chegamos a casa dele, (já estou cansada de falar isso, mas né, kk). Ele tirou as malas do carro e entramos por trás da casa.

– Temos mais uma pessoa na família? – perguntou Jesse quando entramos na cozinha. Mia logo olhou para ver.

– Temos Jesse. – Ela disse acenando a cabeça como um sim para o Dom, não entendi o porquê mais tudo bem. – Podemos conversar? – ela se direcionou a mim.

– Claro. – Disse enquanto íamos em direção á sala.

Estávamos na sala e enfim ela disse:

– Bem, como foi com sua mãe? – ela ficou meio sem jeito de terminar a frase.

– Foi estranho. – eu disse – Acho que eu não dei tempo pra ela digerir tudo, eu falei tudo que estava engasgado na minha garganta.

– Seja bem vinda Letty. – ela me abraçou.

– Obrigada. – retribui o abraço.

– Sei que é difícil, mas precisamos ir para o enterro daqui duas horas. – Dom disse descendo as escadas.

– Eu sei, eu preciso me arrumar. – eu disse segurando o choro.

– Vamos, eu pego as toalhas para você. – Mia disse. – Jesse, você já tomou banho então se arrume para o enterro.

Eu percebi que estavam evitando falar o nome dele, mas querendo ou não a palavra enterro nesse momento dói mais que o nome do meu irmão. Eu entrei no banheiro, e tomei o banho um pouco mais demorado, sai e fui para o quarto onde Dom colocou minhas malas. Joguei minhas roupas em cima da cama e escolhi um vestido preto, um sapato preto, maquiagem preta e eu deixei meu cabelo secar naturalmente. Enquanto eu me arrumava Mia e Dom tomaram banho e se arrumaram também.

– Você está bonita – Dom disse quando cheguei à garagem, somente ele estava lá dentro – Uma pena ser para uma ocasião nada legal.

– Acho que meu irmão iria gostar de me ver assim – eu disse – Eduardo sempre me protegeu dos ataques da mamãe. Por mais que ela me odeie, eu não consigo deixar de amá-la.

– E por que você acha que ela a odeia? – ele perguntou se se encostando a um dos carros enquanto eu me sentava no sofá.

– Ela nunca demonstrou nem um carinho por mim, eu acho que ela só me teve porque meu pai queria, e quando Edu nasceu eu fiquei feliz por ter uma companhia mais agradável que a dela.

– Isso deve ser chato, não ter uma mãe para contar sobre o primeiro beijo, o primeiro namorado. – Ele disse – Minha mãe era sempre presente, ela morreu há quatro anos, e foi quando Jesse veio morar conosco.

– Eu sinto muito. – eu não consegui dizer mais nada, tipo eu ali falando dos meus problemas com a minha mãe e fazendo-o lembrar da dele.

– Com licença, está na hora. Vamos? – Mia entrou na garagem.

Assentimos e fomos para o carro. Hoje até que fomos devagar, Mia me fez ir à frente com Dom. Fomos conversando sobre coisas bobas, até chegarmos ao cemitério, acho que meus olhos encheram de lágrimas só ao ler a palavra “CEMITÉRIO”, por mais que eu não queira chorar, eu não vou conseguir segurar o choro.

– Você está realmente bem para fazer o discurso Letty? – Mia me perguntou.

– Estou, é que eu nunca me imaginei fazendo isso. Quer dizer não para meu irmão de 15 anos. – Ela pegou em minha mão e me abraçou. Eu nos separei quando vi minha mãe e meu pai entrando no cemitério.

– O que foi? – Jesse me olhou.

– Minha mãe e meu pai vieram. Vamos logo não quero que ela me veja agora. – Disse seguindo em frente.

Hoje parecia que só o meu irmão iria ser enterrado de tarde, fomos em direção ao caixão, nos sentamos na primeira fileira ocupando-a inteira, isto é, mamãe e papai sentariam na segunda. O mestre de cerimonia chegou e começou a falar que sentiríamos falta de Edu e todas essas baboseiras, e então chegou minha hora de falar.

– Acho que tudo na vida tem um propósito, mas isso não quer dizer que os fins justificam os meios, Eduardo era feliz com a vida que levava , nós tínhamos um bom relacionamento, quer dizer um relacionamento saudável entre irmãos. Eu não tenho muito que falar, o mais importante é que eu o amava, eu o amo e eu sempre irei ama-lo para todo o sempre. Eu realmente estou pronta para deixa-lo partir em paz. – Eu acabei de falar e eu senti a primeira lágrima rolar pelo meu rosto, e a última coisa que eu vi foi Dom, Mia e Jesse me abraçando.

Minha nova família.