Assim que me aproximei da porta do quarto onde Rachel estava, ouvi seus gritos agudos e irritantes. Abri a porta rapidamente e ela me olhou assustada.

- Você não pode entrar aqui agora, estamos... – uma enfermeira tentou.

- Santana! – Rachel a cortou. – Me diz que Megan está bem, por favor...

- Ela está bem sim, amor.

Me aproximei dela, Rachel suspirou, já relaxava, a enfermeira olhou para nós duas pelo canto do olho, olhei para ela e fiquei séria.

- Já pode nos deixar sozinhas.

- M-me desculpe.

Ela saiu do quarto, me virei para Rachel, ela sorria.

- Você está bem, estrelinha?

- Sinto dores na barriga.

- É a cicatriz da cirurgia. – o pediatra disse atrás de mim.

Me virei, nós o encaramos e ele se aproximou.

- A senhora Berry vai precisar ficar um tempo no hospital para melhorar, mas daqui a duas semanas, talvez, ela já possa ir para casa.

- E Megan? – Rachel perguntou.

- Ela terá que ficar aqui por dois meses pelo menos, ou até ela ficar bem forte.

Eu olhei para Rachel, parecia quebrar em pedacinhos, acariciei seu rosto e sorri.

- Ela vai ficar bem, amor.

- Eu sei, eu sei...

Quando o pediatra saiu, vimos Kurt entrar com Joseph, que correu para abraçar Rachel.

- Mamãe! Você está bem?

- Estou sim, amor.

Eles se abraçaram por um longo tempo, Joseph subiu em meus braços e Rachel olhou para o Kurt.

- Oi... – ela começou.

- Oi.

Os dois ficaram se olhando, me afastei com Joseph e em um segundo apenas, os dois se abraçaram.

- Senti tanto a sua falta, Kurt.

- Eu também, estrelinha!

Eles se afastaram, se olharam novamente e Rachel sorriu.

- Será que realmente preciso quase morrer para te ver?

- Me desculpe. Mas me preocupo demais com você nesses momentos, por isso venho.

- Então não se preocupa comigo quando estou bem?

- Não, porque sei que está sendo bem cuidada. – ele respondeu, olhando para mim.

- Chega de brincadeiras, Lady Hummel! – eu disse. – Vamos deixar Rachel descansar.

Kurt deu mais um abraço em Rachel, Joseph fez o mesmo e a beijou, eu também a beijei, acariciei seu rosto e sorri.

- Você me fez fazer algo que não faço à muito tempo.

- O que? – ela perguntou curiosa.

- Rezar. – respondi, lhe dando mais um beijo e em seguida saindo.

Me sentei ao lado de Britt na sala de espera, todos ficamos em silêncio.

- Sim. – ouvimos Ashley cortar o silêncio. Olhamos ao mesmo tempo para ela, Ashley sorriu sem graça e olhou para Sarah. – Sim.

- Sim? – Sarah perguntou esperançosa.

- Sim!

As duas se abraçaram, Sarah girou Ashley no ar e elas se beijaram, olhei para Nick, ela estava estática, eu sorri e olhei para as outras duas. Aquele foi o pedido de casamento mais estranho e engraçado que já vi na minha vida, tirando o meu.

***

As semanas foram passando devagar, meses talvez, até que todas nós já estávamos em casa. No início foi difícil, ainda mais para explicar para Joseph que Megan iria chorar e gritar a qualquer momento.

- Santana, pega uma falda para mim! – ouvi Rachel gritar do quarto.

- Onde está? – gritei de volta.

- No banheiro, eu acho.

Fui até o banheiro, peguei uma fralda que estava em cima da pia, que não faço a menor ideia de como ela tinha chegado ali, subi as escadas e entrei no quarto.

- Onde está Joseph? – perguntei, enquanto lhe entregava a fralda.

- Não sei. Achei que ele estava com você.

- Eu estava na cozinha, tentando comer algo em silêncio.

Fui até o quarto do Joseph, mas não o achei, desci até a sala, mas nada.

- Rachel, Joseph sumiu! – eu gritei.

- O que? Mas como?

- Saindo pela porta, quem sabe!

Abri a porta e não o vi no corredor, chamei o elevador e, quando esse chegou, vi Joseph encolhido no canto, cantarolando algo. Entrei, me sentei ao seu lado, ele não olhou para mim.

- Oi. – eu disse, mas ele não respondeu.

Ficamos em silêncio por um tempo, uma mulher já de idade chamou o elevador e nos olhou estranhando, eu apenas sorri e acenei para ela. Assim que ela saiu, a porta do elevador se fechou e Joseph olhou para mim.

- Quando Maggie irá parar de gritar, mamãe?

- Não sei. Um ano, talvez dois. – respondi calmamente.

- E terei que ouvir ela gritar sempre?

- Acho que sim, por quê?

Ele suspirou, desviou o olhar e ficou pensativo.

- Posso ir morar com a tia Britt e a tia Nick?

- Quer deixar sua mãe? – perguntei brincando.

- Não! – ele voltou a olhar para mim. – Eu só não aguento mais ficar ouvindo os gritos da Maggie. Parecem com os gritos da estrelinha, e eu não gosto deles.

- Teremos que conversar com a estrelinha, depois com a tia Britt, para convencer a tia Nick.

- Então você deixa? – ele perguntou sorrindo.

- Deixo sim. Na verdade estou pensando nessa ideia para mim também. – respondi rindo.

Joseph me abraçou, se ajeitou e eu ia me levantar, mas fui parada por suas mãozinhas.

- Agora não, mamãe.

- Está bem. Vamos ficar aqui mais um pouquinho até Megan dormir.

***

- Morar aqui? Não mesmo! – Nick gritou.

- Nick, ele é pequeno, não consegue aguentar como Rachel e eu aguentamos. – eu disse.

- Mas...

- Por favor, Nick... – Britt disse, fazendo carinha de cachorro pidão com aqueles olhos azuis.

- Brittany, não faça isso. – Nick a repreendeu.

- Por favor, tia Nick... – agora foi a vez de Joseph.

- Ai meu Deus! – Nick gritou, ao olhar para Britt o Joseph. – Está bem! Mas se começar a me perturbar, vou mandar ir morar com a Sarah.

Joseph e Britt comemoraram, eu fiquei um pouco triste por não poder ver Joseph todas as manhãs e todas as noites, mas estava feliz por vê-lo feliz. Assim que Nick entrou na cozinha, eu a segui e me sentei em uma cadeira.

- Obrigada Nick.

- Pelo que? Por roubar seu filho? – ela pegou uma banana e sentou ao meu lado.

- Sim. Você sabe como ele está enlouquecendo com Megan.

- Sei sim. Essa semana ele me ligou durante a noite.

- Joseph fez isso?

- Sim. Ouvi os berros da Maggie e o entendi. Ele pedia para eu o tirar de casa, que me amava e que preferia até morar com Sarah.

Suspirei, ela segurou minha mão e eu a encarei.

- Joe ama a irmã, mas ele precisa de um momento para ele. Ainda tem nove anos, cresceu sozinho, e quando se mudou, só teve mulheres em sua volta. Ainda é novidade para ele, ter uma criança em casa e, essa criança gritar à todo momento.

- Eu sei. Obrigada mesmo, Nick.

Ela me abraçou, se levantou e caminhou até a porta da cozinha.

- Vai ser bom ter Joe aqui. Britt anda tão caidinha ultimamente.

Me levantei, fomos para a sala e vimos Britt fazendo cócegas em Joseph, sorrimos e nos juntamos à eles.