Vingança escrita por Mayy Chan


Capítulo 1
One Shot




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Sabe qual é um dos maiores fracos dos filhos de Hermes? O sono. Tudo bem que, de fato, nós somos os melhores acerca de roubos e pegadinhas, mas isso cansa e muito!

Eu sinto meu corpo pesado e sinto que meus olhos se fecham contra a minha vontade. Estou tão cansado que, ao invés de parecer que eu passei o dia fazendo pegadinhas com os meus irmãos, parece que passei uma semana segurando o céu. Eu acho que isso já prova o nível de dificuldade de fazer uma boa brincadeira, nem tão inocente, com o chalé da deusa da agricultura.

Quando me deito na minha cama, sinto como se estivesse bebendo água depois de três longos dias no deserto. Pena que isso dura pouco, porque logo eu ouço um grito na porta.

— Stoll, seu retardado! Abre essa porta, vagabundo!

Eu não estou exatamente surpreso de ver Katie Gardner gritando na porta do meu chalé por causa de uma pegadinha, mas tinha que ser logo em um dia cansativo como esse? Será que ela não podia deixar para brigar comigo amanhã? Ela podia até me dar um soco, mas ela tem que respeitar o meu cansaço.

— Não. Me deixa dormir.

— Abre logo essa porta!

Vendo o olhar assassino da minha irmã Kaitlin, resolvo abrir a porta para, pelo menos, pedir que ela se retire e permita que nós briguemos amanhã.

— Deixa o barraco para amanhã, Gardner. Tem gente querendo dormir aqui.

— Mas você não deixou a sua brincadeirinha para amanhã, não é?! Tem gente querendo dormir lá também, mas a super cola não permite que ninguém ultrapasse a abertura da porta.

— Katie, se quiser, amanhã pode até me encher de tapas, mas eu quero dormir. Eu te imploro.

A morena revira os olhos, como se pensasse "Será que esse Stoll nunca vai tomar jeito?!". Tudo bem que eu tinha espalhado Super-Cola por todo o chalé 4, mas também tenho sentimentos, e muito sono.

— Se você fizer mais uma proposta idiota, eu quebro sua cara no meio.

Katie pode até ser magrinha e baixinha, mas sabe muito bem como fuzilar uma pessoa com um olhar horrivelmente intimidante. Eu calo a boca e a olho dos olhos, talvez isso pudesse acalmá-la, mas parece que a cada segundo ela apenas fica mais brava e medonha. Resolvo apenas falar com ela.

— Então o que você quer de mim, Katie?

— Um favor.

Tudo bem, eu colei metade dos filhos de Deméter no chão do seu próprio chalé e tudo que ela me pede é um favor?! Será que ela não sabe que quando se pode pedir qualquer coisa para um filho de Hermes, o mais óbvio seria pedir refrigerante, chocolate ou qualquer outra coisa contrabandeada?

— E qual seria esse favor?

— Pare com sua pegadinhas.

Como? Será que Katie realmente sabe o que está falando? Proibir os filhos de Hermes de fazer pegadinhas, é a mesma coisa do que impedir os filhos de Atena de serem inteligentes. Impossível. Agora eu entendi o porquê de ela preferir um favor.

— Não, não e não.— disse Connor, que devia ter acordado de susto com esse pedido impossível de ser realizado.— Nos proíba até de roubar todos os vasos de flores do seu chalé, mas não nos peça para parar com as pegadinhas.

— Ah. então agora esta explicado o sumiço mais do que frequente de todos os nossos vasos de planta!

— Katie, sei que pouca coisa que Connor fala é útil, mas ele está certo.

— Ei!— resmunga meu irmão e logo depois dá uma virada cinematográfica e volta para sua cama.

— Essa é a minha condição para te deixar voltar a dormir, Stoll.

Como a Gardner podia estar sendo tão maligna e insensível comigo? Será que Deméter estava usando sua filha para se vingar de mim por todas as vezes que eu joguei meu cereal pela janela porque não queria comer?

— Gardner, você está querendo me matar? Sabia que isso é tortura?

— Cale-se, Stoll. É simples, apenas uma resposta.

— Cale-se você! Não vou prometer nada impossível.

— Cale-se...

— Calem a boca, ambos! Pelo amor de Hermes, eu quero dormir!— grita Kaitlin, minha meia irmã.

Katie me olha desafiadoramente, mas de uma forma que ela se demonstra superior. Será que ela realmente acreditava que ia me convencer a parar com as minhas pegadinhas? E melhor, isso é uma vingança ou uma ameaça?

— Travis, devo te informar que tenho a noite toda para ficar aqui te enchendo o saco.

De repente eu tenho uma ideia, idiota, contudo já é alguma coisa. Eu meço a distancia entre mim e a morena que se encontrava na minha frente. Não havia notado antes, mas estamos extremamente próximos, em torno de apenas 30 centímetros entre eu e ela.

Olho profundamente em seus olhos, tentando arrumar uma coragem que eu não tenho. Tudo bem que já tinha feito isso antes, mas alguma coisa parecia diferente se tratando da minha arqui-inimiga.

Um passo a frente e nossa distância se diminui para apenas 10 centímetros. Dá para notar que a sua respiração se tornou muito mais rápida, quase acompanhando a minha. Abaixo meus braços, antes cruzados, em uma tentativa de enlaçar sua cintura, mas ela é muito baixa.

Me curvo lentamente em direção aos lábios da filha de Deméter, mas a cada centímetro perdido sinto como se meu coração fosse explodir. O que estava acontecendo comigo? Eu já havia beijado inúmeras garotas antes, e nunca tive esse problema. Mesmo sabendo que isso é apenas para calá-la, tem uma parte de mim que grita "Vamos lá, idiota! Você realmente quer isso".

Sinto Katie colocar as mãos no na minha cabeça e enlaçar seus dedos no meu cabelo. Resolvo colocar meu plano em ação antes que me arrependa, mas algo me surpreende antes.

Katie me rouba um beijo.

Me puxando para baixo, a morena parece realmente ter conseguido roubar alguma coisa de mim, e eu não me refiro ao beijo. Como não havia notado antes que Katie sempre foi a única dona do meu coração? Ela o roubara sem o mínimo esforço.

E agora? O que será que seria de mim e Katie? Não sei. A única coisa que sei agora é que perdi o sono e meus irmãos assoviam atras de mim. É, talvez essa tenha sido uma vingança bem... proveitosa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e comentem *.*



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