Como Se Livrar De Uma Vampira Apaixonada escrita por Rafa


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Espero que gostem.



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CARO TIO BASILE,

Escrevo do meu “apartamento” sobre a garagem precária dos Barry, onde estou hospedada, respirando escapamento de veículos dia e noite.

Ainda que esteja aqui há apenas algumas semanas, como sinto falta do esplendor rochoso dos Cárpatos e do modo arrepiante e lindo como os lobos uivam à noite. Só quando estamos num lugar que carece completamente de perigo ou mistério entendemos como podemos sentir saudade dos locais sombrios do mundo.

Aqui, a única preocupação é colidir, nas estradas estreitas, com uma carroça sobrecarregada de feno (e as pessoas dizem que a Romênia é atrasada!) ou saber se vai passar um bom programa na televisão à noite. (Os Barry tiveram a gentileza de me oferecer uma TV em meu exílio e só posso responder com o americanismo “iupiii!”.)

Mas é claro que sei que não estou aqui pela diversão, pelas artes ou pela arquitetura. (será que algum dia poderei ser feliz de novo em nosso altivo castelo gótico depois de caminhar pelos corredores da Escola Woodrow Wilson, uma ode ao linóleo?) Tampouco devo me concentrar na culinária. (Francamente, Basile: veganos?) Ou na conversa perspicaz de meus colegas estudantes. (A palavra “tipo” se tornou algo completamente desagradável).

Mas eu divago.

A garota, Basile. A garota. Imagine meu choque ao encontrar minha futura esposa, minha “princesa”, afundada até os joelhos em dejetos de animais, gritando comigo do outro lado de um estábulo e depois tentando me cravar uma ferramenta agrícola no pé, como um cavalariço demente. Não abordarei o fato de que o excremento de cavalo parecia se grudar numa crosta permanente em suas botas masculinas; deve ser falta de bons modos até mesmo citar isso.

Isso não importa. Ela é grosseira. Não coopera. Carece de qualquer apreciação por sua cultura – e certamente por seu dever, seu destino e pela rara oportunidade que lhe é dada pela mera circunstância do seu nascimento.

Resumindo: Rachel Barry não é uma vampira. O fato de morar nos Estados Unidos parece ter retirado de nossa futura princesa todos os traços do sangue real que, como sabemos, deve ter corrido em suas veias ao nascer. Ela passou por uma terrível diálise cultural, por assim dizer.

Abençoada com o cabelo preto e ondulado que torna as mulheres romenas tão características, ela o subjuga, esticando-o e besuntando-o numa tentativa inútil de se parecer com qualquer outra adolescente americana. Mas por que querer ser outra pessoa?

E sua noção de moda... Quantas manifestações do tecido de brim podem existir? E as camisetas com cavalos e “trocadilhos” relacionados à aritmética? Qual é a graça de “Matemática é D+”? E qual mal faria um vestido de vez em quando?

Sorrir?

Basile, sei que tenho o dever de estabelecer um relacionamento com essa jovem, mas, honestamente, será que ela é capaz de liderar nossas legiões? E quanto a compartilharmos algum tipo de intimidade física... Bom, se o senhor puder fornecer qualquer detalhe com relação a esse objetivo, eu ficaria bastante grata.

O senhor sabe que eu estou sempre disposta a “me sacrificar pelo time” – uma nova expressão que aprendi aqui e de que gosto muito -, mas tudo isso parece um tanto improvável. Talvez fosse mais inteligente cancelar tudo e apenas esperar pelo melhor. Temos mesmo certeza de que haverá uma guerra geral entre os clãs caso o contrato não seja cumprido? Se tivermos falando de apenas alguns confrontos em primeira escala, com perdas mínimas, creio que devemos reconsiderar o pacto de casamento. Porém, é a sua opinião que deve prevalecer, é claro.

Enquanto isso continuarei com meus esforços, até agora infrutíferos, de educar e atrair essa americana impossível. Mas, por favor, Basile, contemple minhas preocupações.

Sua sobrinha, devotada ao dever,

Quinn Fabray

P.S: Fui recrutada para o time de vôlei. O técnico acha que eu já posso estrear!

***

— Não consigo fazer isso – reclamou Mindy, riscando outra resposta errada.

— Esses problemas não são tão difíceis – retruquei, feliz por ser o último ano que precisaria ensinar matemática à Mindy. A matéria de cálculo acabava com ela e nós estávamos dando nos nervos uma da outra. O fato de fazer um calor insuportável no meu quarto também não ajudava em nada. Por mais que eu implorasse, papai se recusava a instalar um ar-condicionado, alegando ser um desperdício de energia. Peguei o livro e comecei a ler: - Dois homens estão viajando em dois trens, que saem da estação...

— Ninguém anda mais de trem – interrompeu Mindy, de birra. – Por que a gente precisa sempre falar de trens? Por que não aviões?

Levantei os olhos do livro.

— É impossível ensinar a você.

Mindy fechou seu caderno com força.

— Falando nisso, e a Quinn na aula de hoje hein? A Sra. Welmon quase teve um orgasmo quando ela se levantou e fez aquela palestra enorme sobre Hamlet. – Mindy fez uma pausa. – Ela chegou bem perto de fazer uma peça sobre a Dinamarca parecer interessante.

— Voltando ao problema...

— Aliás, cadê a Quinnie? – Mindy abandonou totalmente o cálculo, pulando na minha cama para olhar pela janela. E abriu a cortina. – Qui-nnie – cantarolou. – Venha brincar... Mindy quer ver você...

— Por favor, não chame a garota – pedi séria.

— Só uma espiadinha naqueles olhos verdes e sensuais. – Mindy se inclinou para fora da janela. – Ei, tem alguém vindo. Uma picape parou na sua rua.

— Quem é? – perguntei sem me importar. Devia ser um dos alunos de ioga do papai, chegando cedo. Ouvi o som de pneus no cascalho, deis um motor sendo desligado.

Minha melhor amiga se virou pra mim, largando a cortina.

— Brody. É a picape azul do Brody. Parou perto do estábulo.

Brody?

Tentei parecer indiferente.

— Ah, é só nossa entrega de feno. A gente compra da fazenda do Brody. Ele descarrega e vai embora.

— Ah. – Mindy processou isso, depois enfiou a cabeça pela janela e berrou: - Ei, Brody! A gente vai descer!

Não, ela fez isso.

— Mindy, minha camiseta está furada! E estou de cara lavada!

— Você está linda – ela ignorou meus protestos e me puxou pelo braço.

— Além disso, eu disse que a gente ia descer.

Relutante, deixei que ela me levasse pra fora.

— Eu vou te matar.

Mindy nem me ouviu.

— Ele está sem camisa – sussurrou, me puxando pelo quintal na direção da picape do Brody.

Ele estava de pé na carroceria, jogando os fardos no chão.

— Olha aqueles músculos!

— Mindy, cala a boca! – pedi, apertando o braço dela.

— Ai!

Ela se soltou e franziu a testa pra mim.

— O que vocês estão fazendo? – perguntou Brody, sorrindo e fazendo uma pausa no trabalho. Ele então tirou um lenço vermelho da calça jeans surrada e enxugou o suor da testa. Os bíceps inchados e a barriga tanquinho brilhavam ao sol poente.

— Só estamos estudando matemática – respondi, mudando a posição do braço para esconder o furo da camiseta. Ele ficava bem em cima da barriga, aumentada depois de um verão inteiro jantando torta.

— Quer beber alguma coisa quando acabar aí? – ofereceu Mindy, como se a casa fosse dela.

— Beleza – concordou Brody, sorrindo. – Só me deixem terminar de descarregar, antes que o sol se ponha totalmente.

Mindy agarrou meu pulso, sinalizando que deveríamos esperar lá dentro.

— Vamos trocar sua camiseta – cochichou no meu ouvido.

— A gente se vê daqui a pouco – falei para Brody, dando uma olhadinha final em seu peitoral. Nada mal.

Mas enquanto eu me virava na direção da casa, vislumbrei uma estudante romena de intercâmbio encostada na lateral da garagem, braços cruzados sobre o peito.

Talvez fosse um truque da luz que ia se esvaindo, lançando sombras duras no seu rosto bonito, mas ela não parecia feliz.

***

— Amanhã você vai se virar sozinha, não importa o que a mamãe diga sobre ajudá-la a se adaptar – alertei Quinn, que estava me segundo na fila do almoço, recusando tudo o que lhe era oferecido. – Já sabe como as coisas funcionam.

— Ah, sim – disse ela, empurrando a bandeja com um dos dedos, como se fosse um objeto tóxico. – Enfileire as pessoas como gado no curral, apresente comida feita para gado e obrigue-as a consumi-las encurvadas, ombro a ombro, em mesas que parecem comedores pra gado.

— Pega logo alguma coisa – gemi, escolhendo um sanduíche. – Esse de carne moída não é ruim.

Quinn segurou minha mão e seus dedos no meu pulso eram fortes. E frios!

— Rachel, isso é carne? Mas seus pais proíbem...

— O que papai e mamãe não sabem sobre a escola não vai fazer mal a eles – expliquei me desvencilhando de sua mão e empurrando a bandeja. Esfreguei o pulso, esquentando-o. – Portanto, não conte nada.

— Que ato insubordinado e rebelde de sua parte! – Quinn sorriu, com apreciação na voz. – Aprovo totalmente.

— Na boa, não estou nem aí pra sua aprovação.

— Claro que não. – Quinn deixou passar o sanduíche de carne moída, mas pegou algumas batatas fritas – Cartofi pai. Pelo menos isso nós temos na Romênia.

— Aliás, onde você arrumou essa bebida? – Perguntei apontando para sua bandeja, onde havia um enorme copo de plástico com a logomarca MORANGO JULIUS. – A gente não tem permissão para sair da escola, sabia?

— Ah, os terrores da detenção. – Quinn suspirou levantando o copo para beber pelo canudinho grosso. Um líquido vermelho, espesso, foi sugado. Ela engoliu com satisfação. – Não o bastante para me afastar dos prazeres de um “Morango Julius”. Acho que estou viciada.

— Você deveria jogar isso fora – falei, estendendo a mão para o copo. – Sério, se for pega...

Quinn puxou a bebida antes que eu pudesse tocar nela.

— Acho melhor não. E aconselho você a não derramar isso.

Olhei para o seu rosto sem entender o que ela queria dizer. Os olhos verdes eram maliciosos.

— Anda – ordenei, pegando um pouco de gelatina de limão. – Estamos segurando a fila. Vamos pagar se não quiser mais nada.

Levamos as bandejas para a caixa e, enquanto eu enfiava as mãos nos bolsos, Quinn pegou sua carteira e a abriu.

— Por minha conta.

— De jeito nenhum. – Encontrei alguns dólares embolados no bolso, mas Quinn foi mais rápida. Entregou uma nota de 20 a mulher do bandejão.

— Fique com o troco. – Ela sorriu pra ela, dobrando a carteira e pegando as duas bandejas.

— Mas... – Ela começou a protestar.

— Ela ainda não está acostumada com o nosso dinheiro – expliquei, me virando pra Quinn. – Nosso almoço só custou, tipo, 6 dólares.

Quinn franziu a testa.

— Rachel, você acha que não estou familiarizada com várias moedas do mundo, em especial o dólar americano, que é o padrão universal? Eu moro na Romênia, não numa bolha.

A mulher do bandejão ainda estava segurando o troco, insegura.

— Eu dou a ela mais tarde – falei, aceitando o dinheiro.

— Olhe, ali está a Melinda, acenando um tanto histericamente para nós – observou Quinn, carregando nossas bandejas. – Ela é bem efusiva, não é?

— Pelo jeito, você vai comer com a gente.

Bufei, seguindo-a, enquanto ela deslizava pelo labirinto de mesas em direção a Mindy. Alguns alunos levantaram os olhos ou até mesmo se desviaram do caminho enquanto a adolescente que vestia camiseta branca muito engomada, calça preta e botas engraxadas ia passando. Quinn não parecia nem um pouco incomodada com a atenção. Pelo contrário: tive a sensação de que se achava merecedora de nada menos do que isso.

— Ei, Rach. – Mindy sorriu quando chegamos. Ficou vermelha. – Oi, Quinn.

— Melinda, que bom ver você. – Disse Quinn, pondo nossas bandejas sobre a mesa. – Você está estonteante hoje.

Minha amiga ficou ruborizada de prazer.

— Bom, obrigada. Deve ser a blusa nova. É Abercrombrie, do outlet. – Ela apontou para a calça preta e justa de Quinn. – E, por falar em roupa, essa calça é show. Todo mundo em Roma se veste como você? Ou só garotas de família real?

— Romênia – corrigi. – Não é Roma.

— Ah, é tudo na Europa. – Mindy fez pouco caso do que falei, ainda olhando para Quinn com uma expressão que só poderia ser descrita como embasbacada. – De qualquer jeito essa calça é maneiríssima.

Quinn sorriu.

— Vou dizer a minha costureira que a obra dela é “show” e “maneiríssima”. Tenho certeza de ela ficará agradecida em saber que pode competir com a Gap.

Ela fez menção de puxar uma cadeira pra mim, mas foi minha vez de segurar a sua mão.

— Eu puxo.

— Como quiser – respondeu ela recuando.

— Ah, eu gostaria de morar na Romênia – suspirou Mindy, apoiando o queixo nas mãos. – Seus modos são tão...

— Impecáveis. – Quinn forneceu a palavra a ela.

— Ah, que ótimo – murmurei, examinando minha bandeja. – Esqueci-me de pegar uma colher.

— Já volto – ofereceu Quinn levantando-se.

— Não, eu pego – insisti, levantando-me também.

Quinn passou por trás de mim, apertou meus ombros com aquelas mãos poderosas e me guiou de modo delicado porém firme de volta para a cadeira. Ela se inclinou por cima de mim, falando baixinho, ainda me segurando. Seu hálito frio roçou minha orelha e mais uma vez tive aquela sensação traidora, de frio na barriga.

— Rachel, pelo amor de Deus – disse ela. – Permita que eu faça ao menos uma gentileza comum por você. Apesar do que prega o feminismo, o cavalheirismo não sugere que as mulheres sejam impotentes. Ao contrário: ele é uma admissão da nossa superioridade. Um reconhecimento do poder que nós temos sobre eles. Essa é a única forma de servidão que uma Fabray se permite e eu faço isso com prazer por você. Sua obrigação é aceitar com graciosidade.

Quinn soltou meus ombros e saiu antes que eu pudesse responder.

— Não faço ideia do que ela quis dizer, mas foi, tipo, a coisa mais excitante que alguém já falou. – Mindy seguiu Quinn com o olhar. – Como você é sortuda! Por que meus pais não recebem estudantes de intercâmbio?

— Eu gostaria que ela fosse problema seu – respondi. Ah, como gostaria! Se ao menos Mindy soubesse como Quinn Fabray era maluca! Se soubesse o que ela dizia ser... – Porque ela tem que agir assim? Só quero que me deixe em paz.

Mindy enfiou um canudinho em sua caixinha de achocolatado.

— Não entendo você, Rach. Quando agente tinha 5 anos você só queria se vestir de princesa. Agora uma realeza de verdade fica de quatro por sua causa e você reclama!

— Ah, Min, só não fique encorajando a garota, beleza?

— Está vidrada demais no Brody Weston para ver que a realeza europeia está dando em cima de você, Rach. Vai perder seu tempo com um cara que se diverte tirando leite de vaca?

— A família do Brody nem tem vacas – protestei. – Eles mexem com agricultura. Ei, achei que você gostasse do Brody. Ficou babando pelos músculos dele outro dia!

— Ah, ei Quinn – disfarçou Mindy, me chutando por baixo da mesa. – Você voltou depressa.

— Não queria que a gelatina ficasse ainda menos palatável de tanto esperar – disse Quinn atrás de mim, inclinando-se de novo por cima do meu ombro, arrumando meus talheres na bandeja. Garfo à esquerda do sanduíche de carne moída. Faca e colher à direita. – Esse é o modo americano também, não é?

— E o que você faz na Romênia além de frequentar, tipo, a melhor escola de etiqueta do mundo? – Perguntou Mindy enquanto Quinn se sentava.

Ela se recostou na cadeira dobrável de metal e esticou as pernas pelo corredor, empurrando para o lado as batatas fritas intocadas.

— Bom, minha formação é bastante rigorosa, embora eu tenha tutores particulares. Quando sinto vontade, desfruto de viagens a Bucareste e Viena. A caça é popular nos Cárpatos. E também a equitação.

— Olha, você e a Rach têm algo em comum! – Exclamou Mindy.

Lancei lhe um olhar de reprovação.

— Têm, sim!

Quinn arqueou uma sobrancelha, intrigada.

— Verdade, Rach? Achei que toda a sua atividade equestre se resumisse a limpar os estábulos – provocou ela. – Não fazia ideia de que era familiarizada com a visão que se tem de cima de um cavalo. Por que guardou segredo?

— Eu não queria você me espreitando no estábulo, assustando minha égua – respondi antes de dar uma mordida no sanduíche de carne moída proibido.

— Rach vai saltar no concurso do Club da Juventude no outono – acrescentou Mindy.

Quinn sorriu em sinal de aprovação.

— Sabe, sou conhecida como a melhor amazona de minha cidade natal, Sighisoara. Talvez possa ajuda-la a mon...

— Não! - Exclamei mais alto do que pretendia. Baixei a voz. – Não preciso de ajuda, tá?

— Tem certeza? Fui capitã da seleção amadora de polo da Romênia.

— Ah, qual é? – Gemi enfiando uma colherada de gelatina na boca.

— Melhor pegar leve com a sobremesa, Pacotão – gritou alguém – você já balança feito uma tigela de gelatina.

Ah, não... Era o gorducho idiota do Dave Karofsky que, acompanhado por Kitty Wilde e Blake Strausser, seu namorado atleta, passava gargalhando perto da nossa mesa.

— Olha quem fala, Karofsky – alertei. – Pelo menos a minha gordura não está toda dentro da cabeça.

Mas eles já estavam se afastando, rindo juntos.

— Inaceitável. – Quinn se endireitou na cadeira, com incredulidade na voz. – Ele acabou de zombar de você, Rachel? – Perguntou começando a se levantar.

— Quinn, deixa pra lá – falei, apertando seu braço. – Já cuidei disso. Como sempre faço.

Quinn me olhou com desconfiança.

— Devo permitir que aquele... aquele... Quadrúpede zombe de você?

Segurei com força a manga da sua camiseta, sentindo os músculos retesados, mesmo através do tecido.

— É só Dave Karofsky bancando o panaca, como de costume – respondi. – Não comece uma briga por causa disso.

Por um momento Quinn pareceu esquecer Dave enquanto voltava a se sentar, claramente perplexa, examinando meu rosto.

— Rachel, eu não entendo. Logo você, suportar zombarias...

— Chega, Quinn – alertei, implorando em silêncio, encarando seus olhos verdes. Por favor, não mencione vampiros, noivados nem nada sobre eu ser uma princesa. Não com a Mindy aqui. Nem agora e nem nunca. — Sei como cuidar disso.

Quinn desistiu, embora com óbvia relutância.

— Como quiser. Mas só vou ceder uma vez. A atitude desses imbecis com relação a você, Rachel, não ficará sem resposta de novo.

Ela se recostou na cadeira, cruzando os braços, olhando a porta pela qual Dave, Kitty e Blake haviam partido. Ela observava atentamente, como se desejasse que os três voltassem para testá-la. Parecia estar tramando, criando estratégias, imaginando a briga. Seu olhar era tão frio e amedrontador que até Mindy ficou quieta, pela primeira vez na vida.

— Espero que ela arrebente a cara do Dave um dia desses – sussurrou Mindy, esvaziando sua bandeja. – Seria moleza. Quinn parecia pronta para matar por você.

Do jeito que Mindy falou, aquilo pareceu quase romântico. Mas eu também tinha visto a expressão de Quinn e sentido sua raiva mal contida nos músculos tensos sob minha mão.

Não, a perspectiva de Quinn Fabray me vingar por qualquer coisa não era nem um pouco romântica. Pelo contrário, havia acabado de me encher de uma apreensão que beirava o pavor. Quanto mais eu pensava na combinação Blake, Karofsky, Kitty, Quinn e eu, mais eu tinha certeza de que era algo que só poderia terminar em desastre.


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Notas finais do capítulo

Gostaram da Mindy? E do capítulo? Se alguém tiver com alguma dúvida é só perguntar ok galera. Até mais.