Sentia-me levemente triste e ora feliz. Sentia que precisava de algo, e dito isso, sai correndo de casa indo em direção ao campo de futebol mais proximo.

Lembrei que ali era onde jogava futebol. Fora muito bom, aquela época, convenhamos que fora uma época de fato interessante.

# FLASHBACK

— Oe... Garoto mal educado, responda quando te perguntarem algo.— Reclamei, vendo aquele garoto carrancudo mexer na porcaria de seu celular.

Tive uma vontade de chuta-lo até a morte. Ele se levantou, caminhando na direção oposta a minha, deixando-me totalmente indignada. Me preparei, coloquei a bola ao chão, respirei, e chutei.

Tinha sido uns de meus chutes mais fortes, mas o maldito do garoto chutou majestosamente, fazendo com que a bola batesse forte, mas muito forte, no garoto ao meu lado. Olhei para trás, para ver se ele tinha ferimentos, e quando me voltei a frente o menino estava a caminhar, nem um pouco disposto a me responder. — Tsc. — Sibilei irritada com a indiferença notável do garoto.

No dia seguinte, tinha voltado ao mesmo lugar — Agora sozinha — e lá estava ele, sentado olhando para o nada.

— Vai ficar aí parada sem dizer nada? — Falou, agora mechendo no telefone

— Se eu quiser... — Murmurrei e ele me ouviu, com certeza

— ... Que mal educada... — Falou

— Não que eu me importe com a sua opinião. — Falei e dei de ombros olhando para o céu acima — Você sabe jogar futebol? — Mudei totalmente o rumo da conversa

— Você sabe que isso foi meio confuso não é? — Sorriu um pouco torto o que fez, minhas pernas tremerem levemente — Pois bem, eu não quero, sim?

— Não importa. Que tal? — Falei abaixando a cabeça, agora olhando fixamente para ela — Treinamos numa praça, descendo a rampa, se quiser...

— Quem sabe...? — Falou e eu me virei

— Karin. — Falei e ele me olhou pouco confuso.

— O quê? — Perguntou enquanto franzia as sombrancelhas

— Meu nome... Kurosaki Karin. — Ele digitou algo no celular e eu o encarei um pouco confusa.

Havia acabado de contar-lhe meu nome e o que ele fez?

Nada. — Pensou enquanto suspirava pesadamente

— Toshirou. Hitsugaya Toshirou — Eu o olhei. Ele ainda teclava naquele maldito telefone, falando com sabe-se-lá quem.

— Prazer, Toshirou. — Falei e se levantou.

Pensei por algum tempo, que ele iria me fazer engolir minha língua, por te-lo chamado pelo nome, mas ele apenas olhou para o horizonte e olhou o telefone.

Ele tentou correr, mas eu tive um pressentimento muito forte, e eu corri para segura-lo.

Ele me olhou com um pouco de Raiva? Talvez. Eu o soltei rapidamente, e disse que não era para ir por lá. Ele concordou, e disse que já tinha alguém por perto.

Eu não demorei muito por lá, certamente minha presença o incomodava, por isso, apressei-me e fui para casa, caminhando leve e cautelosamente.

...

Estávamos treinando e eu senti que estava sendo observada, e estava. Olhei para cima e o vi, olhando para o lado, conversando com uma mulher peituda em cima de um telhado. Mas logo voltei a jogar, porém agora sorrindo.

...

— Kurosaki, ele não vem nem adianta esperar. — Falou-me o baixinho

— Não importa. — Falei indiferente, e fora naquele momento, logo que entrei no jogo novamente, eu caí e machuquei-me.

Não fora nada muito impactante, mas fora o suficiente para me fazer retardar totalmente o ritmo do jogo.

Jogamos por mais um tempo até que me chamaram, e me apontaram para um lado. Ele vinha por lá, caminhando despreocupadamente

— Tempo! — Pedi e corri até ele. Tive uma vontade enorme de chama-lo pelo nome, e foi isso que fiz — Toshirou, que demora! — Gritei e ele passou a me encarar

— Não disse que ia jogar. — Por um momento, olhou minha perna e ele pareceu se importar um pouco — Machucou-se?

— Nada demais. — Falei e ele concordou. Ganhamos obviamente, por que ele era de fato bom, mas eu fiz o gol da vitoria.

Ele me disse:

"O time é seu, faça o gol você mesma." — E assim o fiz. Alegremente.

Naquele dia fui atacada, e ele nocauteou o cara, apenas para me proteger. Desde aquele dia, ele fora importante para mim...

#FLASHBACK OFF

Sentei no meio do campo, e abracei minhas pernas, sentindo-me fria.

— Adora fazer as pessoas se preocuparem, não é? — Perguntou enquanto se sentava ao meu lado

— Não é como se eu quisesse isso. — Falei e ele revirou os olhos

— Continua teimosa, não é? — Falou e eu dei língua. — Porque temos sempre que cuidar de você? É pior que uma criança pequena. Sempre tenho que deduzir aonde você 'possa' ter ido.

— Não pedi por isso... — Falei e ele deu uma risadinha.

— Tem razão. Pensando bem... você é meio irracional mesmo. — Falou e quando eu ia protestar, ele me abraçou. Eu não tive forças para dizer nada, apenas abracei de volta.

— Seu idiota...

— Ei Karin, estaria disposta a viver um relacionamento comigo, mesmo que eu fosse o bandido? — Perguntou, agora me olhando

Eu não respondi durante um longo tempo, e fiquei a observar o céu e sentir seu cheiro de hortelã ou menta que me intragava.

— Eu estou disposta a viver novas experiências — Sorri — E atire a primeira pedra a mulher que não gostaria de viver um amor bandido. — Eu disse e ele me beijou.

Senti minhas pernas tremerem, mas retribui intensamente, com toda a minha inexperiência, ficava feliz, que meu primeiro beijo de verdade, tenha sido com o garoto idiota, frio e arrogante, de quem eu tenho certeza que gosto.

Tudo estava bom, até que uma pedra pegou em nossas mãos. Eu sorri e olhei para ver quem tinha jogado.

—MATSUMOTO!!!!!!!!!— Gritou Toshirou

—TAICHOU?!— Gritou —TAICHOOOOOOU!!!!!— Gritou quando viu ele se levantar e lançar uns de seus olhares medonhos. Como em um estalo, ela correu.

— Que doida. — Sorri e me deitei ao chão e ele fez o mesmo, só que puxou meu corpo, fazendo-me deitar por sobre seu peito. Ficamos ali, observando o por do sol, como se nada além de nós importasse... — Nee... — Comecei

— O que? — Interrompeu

— Que tal se você, sei lá, você quer...

— Sim.. — Ele disse rapidamente

— Nem sabe o que é. — Reclamei

— Se for com você, eu como sorvete de menta com chocolate.

— Como sabia? — Perguntei assustada

— Você é previsível. — Sorriu e piscou, me fazendo rir

Ele se levantou, me puxando junto, e separou sua mão da minha.

Juro que senti meu coração desmontar, mas tentei disfarçar meu desconforto, o que não passou despercebido por este, que pegou novamente em minha mão, segurando-a com força.

Como quem diz "Eu estou aqui", eu sorri para o chão. Tinha vergonha de olhar em seus olhos e ali me perder. Chegamos a sorveteria, pedimos uma cesta super grande cheia de sorvete de chocolate e menta.

— Karin, sabe porque gosto chocolate? — Perguntou e eu olhei para ele levemente curiosa

— Não, porque?

— Seus lábios... Me lembram chocolate — O sangue fluiu pelas minhas bochechas, e eu senti as mesmas, queimarem. Eu concerteza estava corada de vergonha

— Hã-hã.. — Tentei falar algo... — Seus lábios, me lembram menta.. — Falei um pouco envergonhada e olhei para o lado. Ele riu e segurou meu queixo com dois dedos.

— Chocolate com pimenta, melhor dizendo. — Queimou mais. Maldito seja meu rosto. — Olhar para você assim é tão... — Buscou palavras — ... Estimulante. — Eu não pude me conter e ri.

— Nem parece você. — Disse sujando o rosto dele com sorvete

— Oh! Karin, que injusto — Fez cara de bravo. — Não me olhe assim! — Eu estava com aquela cara de "Kawai!" — Já falei para parar! — Gritou

— Eu parei, eu parei. — E limpei o rosto dele com meu dedo, colocando-o na boca em seguida. Fora um ato inocente, mas ele tinha um brilho travesso no olhar.

— Gostei disso. — Falou. Engraçado como ele muda de humor e de jeito, quando está comigo... — Faz de novo. — Pediu e eu ri, ri de verdade

— Seu idiota! — Falei e ele deu uma risada engraçada, que me fez engasgar — Kawaaaaaaaaaaaai! — Gritei e ele parou de rir na hora.

— Coma logo, e vamos embora — Falou enquanto colocava uma colher totalmente cheia na boca. Eu fiz o mesmo. Logo o sorvete acabou. — Eu quero comer uma casquinha de chocolate no caminho... — Pediu e eu olhei para ele — Tudo bem, eu ia pagar tudo mesmo, aproveito e pago mais um para você! — Falou e eu sorri orgulhosa. Levantamos, ele pagou tudo e pediu mais duas casquinhas. Uma de chocolate e uma de menta.

— Adoro casquinha de menta, porque... — Parei na hora. Sabia que ele sabia que me lembra o sabor da boca dele.

— ... Porque me lembra você! — Terminou minha frase e meu rosto queimou.

— Ah cala a boca! — Falei e saímos dali, caminhando por vários lugares que marcaram memorias, logo chegando a minha casa. Nossas casquinhas estavam intactas e por incrível que pareça, não tinham derretido nada. — B-Bom... — Começei e ele me deu um beijo. Eu agora tinha certeza que chocolate com menta, também ficava bom, com um pouco de pimenta.

— Com pimenta fica um pouco mais picante e quente. Mas eu gosto assim também, quente e refrescante. — Sorri mais um pouco e ele se afastou, não curtia despedidas, por isso preferiu partir sem dar tchau. Mas eu estava disposta a mais, eu iria provoca-lo.

— Jya nee, Shirou-chan! — Gritei e entrei trancando o portão

—KUROSAKI!!!!!!!— Gritou, mas logo relaxou sua feição, sorrindo um pouco de lado, e partindo em seguida.

— É Karin! — Gritei de volta

Entrei em casa. Estava feliz. Ele havia feito algo diferente do que sempre faz. Meu celular tocou

— Alô?

— Alô, Toshirou! O que quer? acabou de me deixar em casa — Falei e ele começou a ofegar

— Hã-hã, você... quer... sair... comigo... de novo? — Perguntou e eu fiquei um pouco confusa— Quero dizer, aceita tomar um sorvete comigo?

— Mas é claro seu idiota. — Falei sorrindo — Chocolate com menta, certo?

— De preferência com pimenta! — Exclamou e logo desligou.

Corri para o quarto e joguei-me a cama. Naquela noite, sonhei com tudo que tinha acontecido. Acordei feliz em saber uma nova combinação.

" — Chocolate com menta, também fica bom pimenta."