Sombras Da Noite. escrita por Thaina Fernandes


Capítulo 2
Capítulo 1.


Notas iniciais do capítulo

MESMO não tendo recebido nenhum review ou algo do tipo (tsc tsc pra você, leitor fantasma) decidi postar o primeiro capítulo de qualquer jeito.



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Eu estava jogada em meu sofá, assistindo ao jornal. Eu não tinha mais ninguém agendado para o dia, não oficialmente. Era para isso que estava assistindo ao jornal. Muitas vezes a maioria dos assassinatos eram causados por seres das sombras. Esses eu gostava de chamar de “hora extra”. Não era como se eu não estivesse fazendo um bem para a humanidade, eliminando os seres. A razão oficial de não poder fazer isso sem uma ordem direta da NocUM se devia ao fato de vários seres serem informantes. Mas isso não os fazia melhores aos meus olhos. Apenas menos horríveis.

Com um suspiro alto, desliguei a televisão. O dia de hoje prometia ser tedioso. Ultimamente eu era chamada para fazer execuções apenas algumas vezes por semanas. Ou os monstros estavam todos mortos, ou eles estavam ficando mais espertos. O mais provável é a ultima alternativa, já que sempre haverão monstros para serem exterminados. Não há bem sem o mau.

Levantei-me e me estiquei, afastando a preguiça. Quando estava prestes a seguir o caminho para meu quarto, meu celular apitou. Era Luc, outro Caçador que pensava como eu. Sorri. Luke sempre me mandava em missões extras.

-Ma petite poupée, como vas le vous?

Rolei os olhos, ele adorava me irritar chamando-me de bonequinha em francês.

-Para com o francês e me diz que tem alguém que merece morrer hoje.

-Deus, minha pequena vingadora é tão sedenta por sangue. - Havia falsa reprovação na voz do francês. - Me encontre no Sanguinário daqui a meia hora, sabe que não gosto de tratar de tais assuntos por telefone. É fácil demais de rastrear.

-Você sabe que eu odeio o Sanguinário. - Resmunguei. - Mas se isso significa ter alguém para estaquear... Bem, devo ir de uniforme?

-Tanto faz, todos nesse Pub vão de couro, pode ir até pelada que ninguém vai estranhar.

-Vai sonhando, Blanc. - Disse, e desliguei.

Luc foi quem me descobriu. Bem, ele me salvou de um ataque dos seres da noite, e me ensinou o que era ser uma Caçadora. Ele costumava trabalhar na NocUm, mas se demitiu - ou foi demitido, eu nunca descobri exatamente o que aconteceu. Mesmo ele sendo sete anos mais velho do que eu, ele sempre tentava dormir comigo. Mas eu sabia melhor do que dormir com um colega do ofício. Éramos parecidos demais, pensávamos igual. Nunca daria certo.

Coloquei uma calça de couro limpa e uma simples camiseta preta. Meu crucifixo estava no seu lugar habitual, ao redor de meu pescoço. Agarrei minha jaqueta e posicionei a estaca no bolso interno do lado direito, peguei minha Fire Star 9mm, certificando-me primeiro que ela estava carregada com a munição de prata. Uma bala não iria matar um vampiro, mas mataria um lobisomem se posicionada corretamente. O resto de minhas armas estavam escondidas no assoalho do porta-malas de meu Jeep Commander preto.

Após me olhar no espelho e me certificar que meu cabelo preto estava se comportando, sai do apartamento. O caminho até o Sanguinário não levaria mais de uma hora, mas se tratando de Luc, ele estaria lá antes do horário combinado.

O Sanguinário era um clube situado no sul da cidade, cheio de jovens que achavam vampiros a coisa mais legal do mundo. Esse era o motivo de odiar este lugar, toda vez que eu entrava lá ela não podia deixar de pensar que essa fixação por vampiros hollywoodianos iria levar esses jovens direto à boca dos monstros. Luc usava esse lugar como ponto de encontro justamente porque sabia que eu ficava extremamente desconfortável lá dentro. Com quanto mais raiva eu ficasse dos seres da sombra, melhor faria meu trabalho, ele dizia. Nada melhor do que raiva para nos motivar.

Contornei os jovens vestidos com roupas ridículas de couro, cheias de rebites e cruzes. Luc tinha razão, nenhum deles me notou em meu uniforme. Segui direto para a mesa de sempre, que ficava no canto mais afastado. O moreno estava lá, com seu uísque habitual. Me sentei em frente a ele, e sem cerimônia nenhuma tomei o copo da mão dele e deu um longo gole. Luc me observava com um sorriso divertido em sua boca.

- O que? - eu disse incomodada, passando a costa de minha mão sobre a boca. O calor da bebida percorreu meu peito, aquecendo-me.

-Ma poupée, você tem cara de boneca, mas bebe como homem. - Ele sorriu. - Enfim, tratemos de negócios. Temos dois Mestres na nossa área, e se você me pedir com jeitinho, deixarei que vá a caça comigo.

Me mexi no banco, sorrindo. Finalmente teria a ação que tanto queria, depois de meses de espera, apenas caçando novatos burros e descuidados.

-Qual a idade? Por favor, me diga que eles vão render uma boa luta, sabe o quão entediada eu estou.

-Cherrie, se você está tão entediada, uma visita ao meu quarto mudará isso. - Ele deu outro de seus sorrisos charmosos. Nem mudei de expressão, estava acostumada ao assedio dele. Com um suspiro dramático, ele continuou: - No mínimo trezentos cada. E como eu sou muito bonzinho, já fiz toda a pesquisa sobre eles, e sei seus hábitos. Agora, onde está meu agradecimento?

O ignorei. Estava ansiosa, adrenalina já estava começando a fluir em minhas veias. Levantei-me, agitada.

-Então o que estamos esperando? Vamos logo.

O homem mais velho me olhou com reprovação.

-Estella, qual a primeira lição? Vamos, te ensinei isso no seu primeiro dia. É por ela, e apenas por ela, que continuamos vivos depois de todas as mortes que causamos.

Me sentei, chateada. Ele sempre fazia isso, cortava o meu barato. Fazia-me sentir como se não soubesse nada sobre os Seres da Noite. De mal grado, respondi: - Conheça seus inimigos antes de atacá-los.

-Eu conheço-os, você não. Não adianta nada eu saber tudo sobre eles e você entrar no meio e me atrapalhar. Achei que tivesse te ensinado melhor que isso.

O tom de reprovação na voz dele era evidente. Olhei para o lado, envergonhada. Envergonhava-me da reprovação na voz dele. Eu era a melhor Caçadora na NocUm. Não devia ter parecido tão inexperiente.

-Como saberei sobre eles? Terei de segui-los também? Sabe muito bem que não estragaria a caçada, sou a melhor. - Eu parei e me corrigi. - Bem, a segunda melhor.

O moreno sorriu, e se levantou, estendendo uma mão para mim.

-Mon amour, te perdoarei apenas se dançar comigo. Então lhe entregarei o dossiê sobre os dentuços.

O encarei. Filho de uma mãe! Ele estava se aproveitando da situação, devia ter premeditado isso. De cara feia, me levantou e o segui até a pista. Pra o meu azar, uma musica lenta estava tocando. Ele juntou nossos corpos, e começou a dança, me guiando. Algumas pessoas nos encararam, já que éramos os únicos que estavam dançando.

-Quando iremos? - Eu disse, não gostando do silencio. A musica acabou rapidamente, e tive que suprimir um suspiro de alivio.

-Assim que você decorar tudo o quem tem para saber. Amanhã. Esteja preparada.

Os vampiros eram responsáveis por varias mortes na Europa, e estavam na cidade para fazer novos deles. Decorei tudo o que tinha para decorar. Na hora marcada, a campainha tocou. Nem um minuto atrasado, este era Luc. Ele entrou no apartamento, sem nem ao menos se incomodar me esperar ir abrir a porta, já que ele mantinha uma chave. Ele estava vestido todo de preto, sua calça de um tecido pesado, fosco, que impedia sua pele de ser machucada facilmente. Ele não gostava de usar couro, achava feminino demais. Ele retirou a jaqueta, deixando sua Browning Hi-Power à mostra.

Terminei de prender meu cabelo negro em um alto rabo de cavalo. Estava vestida com meu uniforme fiel, minha calça de couro e jaqueta.

Eu também tinha uma espécie de camiseta de couro, mas era desconfortável demais dar saltos com ela. Me sentei no sofá, amarrando meus coturnos enquanto Luc ia a cozinha xeretar a geladeira. Ele vivia insistindo para eu me alimentar direito. E eu vivia o ignorando.

-Luke, estou pronta.

-Fala sério, Estella. Quantas vezes vou ter que dizer para comer legumes?

Rolei os olhos, e enfiei o crucifixo pela gola de minha camiseta. A FireStar estava em um coldre, na parte baixa de minhas costas. Era mais fácil de sacar a arma desse jeito. Luc a olhou com aprovação, e seguiu direto para a porta, não dando outra opção a não ser segui-lo.

Entramos na Mercedes dele, preta e imponente. Nós saímos do meu bairro bem vigiado e só então ele abriu a boca.

-Iremos atacar perto do nascer do sol, que será daqui a... - ele olhou o relógio no painel do carro. - duas horas e meia. Eles estarão sozinhos na casa. Será fácil, espero.

-Certo capitão. Qual será meu?

Ele me olhou rapidamente, e depois manteve os olhos duramente na estrada.

-O mais novo.

O olhei furiosa. Como assim o mais novo? Ele não confiava em mim com o mais velho? Se tratando de Luc, deve ser pela gloria de matar um Mestre. Bastardo metido.

-Eu sou perfeitamente capaz de matar o mais velho. Sou tão boa quanto você.

Ele me olhou duramente. Parou o carro na frente da mansão do bairro mais nobre da cidade.

-Não quero arriscar. Não é que não confie em você, ma poupeé, mas apenas um erro e estamos mortos.

Cruzei os braços e olhei ressentida pela janela do carro. Isso era típico dele, não confiar em mim. Às vezes parecia que ele achava que eu era a garota de 17 anos, inexperiente e assustada que ele salvou 6 anos atrás. Eu tinha 23 agora, mas para ele podia muito bem ter 10. Ele estava sempre tentando me proteger, o que me enfurecia. Não precisava de proteção, podia matar uma pessoa em questão de segundos.

Ele meteu a mão no banco de trás, e tirou uma estaca de madeira de lá. Eu conhecia os entalhes. Era a primeira estaca dele, e nela havia escrito Pulvis Et Umbra. Pó e sombra.

-Está na hora. - anunciou.

Assenti, e sai do carro, silenciosa como o vento.

Nós dois andamos até a parte traseira da casa. A porta traseira estava aberta. Deus, nem os Mestres são espertos. Revirei os olhos quando Luc entrou primeiro, e fez um gesto exagerado de mão, me convidando a entrar. Seguimos para o porão, onde os caixões estavam. Que clichê. O que mais terá lá em baixo, teias de aranhas e um estoque infinito de capas?

Eu deslizei a estaca para minha mão, segurando-a com força. A adrenalina pulsava em minhas veias. Sentia como se tivesse todo o tempo do mundo. Luc, na minha frente, chutou a porta aberta. O vampiro que estava designado a mim estava prestes a fechar a tampa de seu abrigo diurno. Sorri. Nada como uma boa luta.

Ele levantou, e veio direto em minha direção. Parei de prestar atenção no resto, ouvi barulhos de luta vindo da direção de Luc. Mas isso não importava. O vampiro correu em direção a mim, e apenas dei um passo para o lado. O vampiro passou reto por mim. Ri alto, o que o enfureceu mais ainda. Voltou correndo, e a dei um pequeno passo para o lado, apenas o suficiente para desnortea-lo mais uma vez. Dessa vez eu fui em direção a ele. Ele tentou envolver seus braços ao redor do meu tronco, e logo aproveitei a abertura para enfiar uma joelhada no estômago dele. Não importa sua espécie, uma joelhada no estomago dói igualmente. Sorrindo, observei o rosto do monstro se contorcer, a máscara de beleza caindo. Sua verdadeira face aparecendo, o rosto que só os Caçadores podiam ver.

Ele avançou novamente em minha direção, não fiz movimento algum. O idiota veio com a cabeça apontada para o meu peito, e eu dei um salto por cima das costas dele, aproveitando o impulso para enviá-lo para o chão. Que imbecil, de que adianta ter 200 anos se não ficou mais esperto com o tempo?

Ele deu um grunhido de pura raiva, e dessa vez consegui mandá-la para o chão. Tentou levar sua cabeça para o pescoço, tentando morder minha jugular. A mão do monstro entrou em contato com a prata da corrente do crucifixo, berrou em dor, sua mão fazendo o barulho horrível de pele fritando. Eu o rolei, e recuperei minha estaca que havia rolado em sua queda.

Coloquei o joelho em cima do peito do grandalhão, o prendendo ao chão. Apertei a estaca firmemente em meu punho.

-Tsc, derrotado por uma garota de 1.60. Lastimável.

Então enfiei a estaca no peito dele, atravessando as costelas. Eu pulei rapidamente para o lado, enquanto o vampiro explodia. Depois de me certificar que não havia sangue em minhas mãos, limpei o suor de minha testa, desgrudando alguns fios de cabelo de meu rosto.

Olhei para o outro canto do cômodo. Luc estava sentado em cima do caixão, me observando com um sorriso preguiçoso em seus lábios. Como diabos ele conseguiu matar a vampira tão rápido? Bem, ele era o melhor, afinal de contas.

-O único motivo de você demorar tanto é que quer bater neles. - Luc se levantou do caixão e foi em direção as escadas que levavam ao primeiro andar, por onde havíamos entrado. - Ele te deu abertura para estaquear o peito dele várias vezes. Isso irá te matar algum dia, você sabe. Essa sua paixão por luta.

-Contanto que eles morram também, não vejo problema nenhum nisso.

Ele sacudiu a cabeça, e os nós dois fomos em direção ao carro. Ele me deixou na porta de meu prédio, e sem mais nenhuma palavra, foi embora

Me arrastei para a cama depois de tomar um banho para tirar o sangue de meu corpo. Quando me deitei, um rosto estava em minha memória. O rosto do vampiro que assassinou minha família enquanto eu assistia. O rosto que mais ansiava matar. O único rosto que importava.

Dante.


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Notas finais do capítulo

Eu não sou muito conhecido por ser educada, mas... Review? Por favor? Por favorzinho?



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