Trocados escrita por Miyuki Yagami


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Yo minna o/////
Desculpe o atraso, eu perdi onde tinha escrito esse capítulo! E ontem fiquei procurando que nem louca! Ainda bem que achei, kkkkkk.
Espero que gostem!! Boa leitura o//



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Não que eu seja ingrata, mas eu tinha um pouco de direito de reclamar, não tinha? Porque, de uma hora para outra, tudo se tornara um desastre.

Por onde começar? Que tal... hum, pelo perigo de agora perder minha presidência? Eu havia feito um tremendo esforço para reunir coragem para me candidatar. Depois disso, fora tudo fácil. Ficar falando com as pessoas, depois de Rin me obrigar, claro. Passar um tempo fazendo e pregando cartazes. E, depois que consegui ser eleita, coloquei todos na linha. No dicionário de Hatsune não existe a palavra “falha”.

Minha reputação? Minhas notas? Ah, esquece. Para quem vivia batendo e sendo batida por Megurine Luka, não passaria de mais uma na recuperação. Não... imagine, isso nem me preocupa. Afinal é comum mesmo eu ficar de recuperação. Ah, tá. Até parece.

Ah, e o que acha de minha melhor amiga (e única) me odiar? Depois de me dar uma bela surra, obviamente. E ela teria motivos para isso, como por exemplo, eu não ser eu mesma e tudo mais. Mas tudo bem. Tudo muito bem. Eu que estava com uma bobeira de agir estranho de uma hora para outra, não estava? É, sim.

E o meu emprego? Ai minha nossa! Se eu perdesse meu emprego, como ajudaria minha família? Eu precisava trabalhar. Precisava mesmo. Mas, possivelmente, perderia o emprego em um estalar de dedos.

E minha família? Certo, eles talvez não tivessem tempo para repara. Mas ainda assim.

Ainda assim eu era um garoto.

E isso é totalmente nojento.

Quero dizer, não que eu jogue no outro time ou algo assim, só que eu nunca apreciei garotos da vida real. No máximo garotos de livros ou garotos de anime que eu acabava conhecendo por cauda do meu trabalho.

É por isso que tudo começaria a desandar. Porque, de um dia para outro, sem motivo, sendo ele plausível ou não, eu entrei no corpo de um garoto. Não no corpo de qualquer garoto, mas no corpo de Kaito Shion, delinquente classe A e principal fator das minhas dores de cabeça constantes.

Eu vivia lhe cobrando por causa de seus constantes atrasos, sua falta de interesse nas aulas, a implicância dele para com os professores.

E, como se não bastasse, suas notas baixas.

Há algum outro garoto perfeito além dele?

Há, há.

Posso dizer que não somos o que eles chamam de “melhores amigos”.

Mas não era só isso. Assim como eu entrei no corpo de Kaito, ele entrou no meu. Dá arrepios só de pensar no que ele faz com meu corpo. Meu antigo corpo. Na verdade, evito pensar nisso.

De fato, não, eu não era uma ingrata por achar tudo isso horrível. E sim, eu podia reclamar um pouco. Mesmo estando uma cama de casal king-size de Kaito Shion, a qual continha mais travesseiros do que eu achava ter em toda a minha casa.

Pessoas ricas são esquisitas.

Mas não era só a cama que me impressionava. Assim como vira nos poucos filmes que assisti, achava que o quarto de Kaito tinha quase o mesmo tamanho de toda a minha casa, falando sério.

Kaito Shion também possuía CDs. Milhares e milhares de CDs, que preenchiam várias prateleiras. E ele até tinha livros! E eu duvidava que os lesse.

E não acabava por aí. O closet dele era repleto de roupas dos mais diversos tipos. Não que eu ligasse para roupas, só fui até seu closet para procurar um uniforme. Muito irreal. E tem uma banheira! Uma banheiro no banheiro dele! Nunca achei que veria uma banheira!

Só que, de fato, não eram as coisas materiais que impressionavam, e sim os irmãos de Kaito. Doía admitir que eram incríveis. Tirando a irmã dele, claro, que parecia ser uma excelente manipuladora.

Não que eu estivesse realmente os admirando em segredo, porque, é claro, isso seria contra os meus ideais. E contra a promessa que fiz para mim mesma, de me apaixonar por garotos reais.

É claro que eu até poderia se eles parecessem, como é mesmo o nome? Ah, personagens de um otome game, um jogo que meu gerente e minhas colegas me fizeram jogar. Pensando bem, não gostaria deles se fossem assim. Seriam convencidos. Sendo sincera, os irmãos de Kaito eram tão bonitos quanto os personagens. Como Kaito Shion saiu tão errado?

Foi nisso que me perguntava enquanto tomava um banho. No chuveiro, claro. Não me pergunte como era, só posso dizer que era constrangedor.

Comecei a relembrar de minha conversa com Kaito, no dia anterior. Antes de descobrirmos quando voltaríamos ao normal, precisávamos fingir e interpretar nossos papéis.

Por isso, depois da aula (e detenção), Kaito me levou na sua moto até uma doceria. Mais uma coisa que ele não poderia fazer enquanto estivesse em meu corpo. Andar de moto sem habilitação. Nos sentamos e Kaito pediu uma enorme quantia de doces.

O olhei apavorada.

– Você por acaso sabe que esse monte de calorias vai para o meu corpo? – murmurei.

Vi o meu rosto sorrir atrevidamente.

A experiência era toda estranha.

– E o que tem de mais? São só uns docinhos. – Ele riu, se divertindo. – Eu não sou egoísta, pode pegar também.

Revirei os olhos.

– Eu não tenho dinheiro. – falei em voz baixa. Não estava mentindo.

Kaito piscou seus novos olhos da cor verde-água, como se não entendesse como alguém poderia não ter dinheiro.

Depois de, acho, ter se recuperado do choque inicial, ele tirou e me mostrou um cartão de débito.

– De quem você pegou? – guinchei.

– É meu. – Ele mostrou o nome. – Possui toda a minha mesada, já que eu não tenho motivos para gastar.

Comecei a passar mal. Como podíamos ser tão diferentes? Como ele podia esbanjar dinheiro enquanto a maioria das pessoas onde eu morava tinham de se virar para não passar necessidades? Sobreviveríamos a essa troca?

Ainda bem que eu não havia comido nada.

Fiquei em silêncio até os doces chegarem. Quando Kaito comeu apenas um quinto dos doces (não queria nem pensar em como pagaria outro uniforme se engordasse) ele colocou as mãos na barriga e disse:

– Estou cheio.

Se eu fosse Rin, socaria Kaito. Mas duas coisas me impediam. Primeiro, eu não era Rin, e, segundo, considerando minha atual situação, eu seria presa por bater em uma garota que era eu mesma. Eu sei, completamente normal.

– Se vira. – disse. Eu estava repleta de raiva. – Você vai comer tudo.

– E quem é que vai me obrigar? – debochou.

– Eu não admito que você desperdice comida na minha frente. – Quase gritei.

Não sei se foi o surto repentino, ou o meu quase berro, nem mesmo sei se isso importa. O fato é que ele começou a comer novamente.

Isso mesmo. Eu havia ordenado e ele, obedecido.

Fiquei tão surpresa que não tenho nem ideia de quanto tempo levou até eu fechar a boca.

Enquanto Kaito comia, comecei a explicar tudo sobre mim, e até razoavelmente sobre o meu trabalho. E por incrível que pareça, ele escutou. Kaito Shion havia prestado atenção! Outro milagre. Expliquei onde eu morava e ele respondeu que depois eu mostraria o caminho. Até quando falei que era preciso ir a pé para a escola, ele concordou.

Porque foi isso que decidimos fazer. Trocarmos de casa até que tudo voltasse ao que era.

Quando ele terminou os doces (muahahaha), contou dos irmãos. Disse que não fazia nada depois da escola (que desocupado), e que era muito afastado da família. Não perguntei o motivo. Depois, falou que, como eu não queria andar de moto (eu não queria andar de moto nem com alguém profissional, que dirá sozinha), poderia pegar carona com seus irmãos.

Então pegou o celular e me mostrou a foto de cada um, e foi contando seus nomes e tratamentos diferenciados.

Ele pagou a conta e fomos embora. Mostrei a ele minha casa (ele sabia o endereço, ainda que estivesse desconfiada já que ele era rico e eu duvidava que ricos soubessem ou se importassem com os outros) e depois me levou até sua casa, surreal.

– A propósito, vamos trocar os celulares também, certo?

Eu parei.

– Não tenho um celular. – disse.

– Como assim não tem um celular? Até eu tenho um celular. – Ele mostrou o celular gigante. – Amanhã vamos comprar um pra você.

– Não, não vamos.

– Sim, vamos.

– Não. Não.

– Sim, eu vou comprar um igual. – Ele disse e foi embora. É claro que ele não compraria, e se comprasse, eu não usaria.

Quando dei por mim, estava em um carro caro, segurando um obento que daria para alimentar uma família. Olhei para os irmãos de Kaito. Havia passado o dia os ignorando, e eles pareceram acostumados. Até mesmo a menina.

Mordi os lábios, desesperada. Quando chegasse na escola, e contasse a Kaito qual era o meu trabalho, estaria frita.


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Notas finais do capítulo

Tã dã dã dãããã...
Kkkkkkkkk.



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