Liliam Stark ; O Começo De Uma Era escrita por LadyStormborn


Capítulo 4
Quando as memorias voltam


Notas iniciais do capítulo

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Acordei com as chatas batidas na porta do meu grande quarto. Rosa entrou sem ser convidada e começou a abrir as cortinas, o sol bateu forte na minha cara me fazendo perder a visão por alguns segundos até meus olhos se acostumarem com a claridade.

–Eu não posso ter um dia, apenas um dia, em que ninguém em acorde. – Reclamei enquanto me espreguiçava.

–Porque você nunca iria conseguir acordar sozinha. – Rosa tirou os cobertores de cima de mim e começou a dobra-los.

–Mais hoje é ação de graças, eu deveria no mínimo dormir um pouco mais. – Tentei sorrir de modo convincente para ela sair do meu quarto e me deixar sonhar mais um pouco, não funcionou nadinha.

–Não adianta tentar me convencer com esse sorrisinho não, sua mãe já mandou você ir tomar café.

Me levantei irritada e fui escovar os dentes. Se ao menos meus pais não ficassem mandando a empregada ficar mandando em mim a cada minuto eu ficaria um pouco mais feliz ao acordar naquela prisão.

Fui até minha penteadeira e comecei a me arrumar, para ficar apresentável ao casal Stark que me esperavam.

Rosa era baixinha e rechonchuda, era casada e tinha três filhos para sustentar e ainda sim era a pessoa mais próxima a mim naquela imensa casa.

–Você tem tanta sorte, Lily. Você é; bonita, inteligente, tem mais dinheiro que seus netos poderá gastar um dia e terá um belo futuro pela frente. Então por que toda vez que eu vejo você, parece que nunca está feliz o suficiente?

–Porque, pois mais que eu tenha tudo isso, eu não vivo. Estou presa a essa casa como se eu fosse culpada de alguma coisa, eu não sou feliz. Nem muito sortuda para viver no mundo que vivo.

Depois de confessar aquelas coisas a Rosa, ouvi minha mãe gritar meu nome no andar de baixo. Coloquei uma roupa típica de calor que fazia na ensolarada Malibu e já estava em direção a escada quando percebei que Rosa ficou triste pelo que disse.

–Rosa, você está bem? – Me aproximei da empregada preocupada pelo que passava na cabeça dela.

–Sim eu estou, mas estava pensando no que você me disse. Não é certo fazerem isso com você querida, isso é o que não está bem.

–Fique tranquila Rosa, se eu sobrevivi a 15 anos da minha vida desse jeito não será agora que eu irei surtar.

–Todos precisam ser felizes, e se continuar sendo tão presa assim vai acabar destruindo você.

Minha mãe gritou de novo e eu respondi “já vou!”. Abracei Rosa sem perguntar se ela queria, era bom saber que alguém, além de Grace, se importava com meu bem estar. Sai correndo do quarto e desci as escadas apressadamente. Cheguei até a cozinha e encontrei minha mãe, com suas roupas impecáveis e cabelo sempre arrumado tomando café enquanto assistia. Howard estava como sempre com um jornal e sua expressão concentrada quando estava “ocupado demais para te dar atenção”.

–Bom dia. – Falei já sentando na cadeira a frente da minha mãe.

–Como assim? Cadê meu beijo de bom dia? – Perguntou minha mãe com um sorriso carinhoso. Fui até ela e a beijei na bochecha e sussurrei pra ela “bom dia, mamãe”.

Howard fechou o jornal e esperou que eu fosse beija-lo também, só que voltei a minha cadeira e comecei a cortar uma maça que estava no fruteiro. Minha mãe percebeu o clima estranho que havia ficado entre nós dois e começou a falar;

–Estávamos pensando em fazer um piquenique entre família nessa ação de graças...

–Não posso, eu não vou poder folgar hoje. – Howard tomou mais uma xícara de café, e minha mãe começava a ficar muito vermelha, a briga iria começar.

–Como assim não ira folgar hoje?

–Eu preciso fazer alguns ajustes no reator Ark e...

–Você trocara sua família para trabalhar no dia de ação de graças?

– Por favor, Maria, não trate isso como se fosse o fim do mundo. – Howard fez uma careta de quem não estava querendo continuar com aquilo, o que me fez lembrar que eu fazia a careta da mesma forma quando ele tentava ser um pai.

–Fim do mundo? Howard seu filho está vindo para casa hoje e você me diz que vai trabalhar? Aquela empresa não é sua? Você pode muito bem se dar uma folga, mais não, por que não deixa-los sozinhos mais uma vez e ignorar que eu tenho uma esposa e dois filhos?Mais você não ira se livrar da sua responsabilidade hoje, se você quer ir trabalhar, que seja, vai! Agora Lily e Tony ficarão com você o dia inteiro e depois do seu serviço todos iremos jantar como uma família normal.

– Maria! – Exclamou Howard incrédulo. O homem pode criar cem armas em um mês, mais ficar com os filhos um dia já era um grande desafio.

–Não adianta tentar gritar porque não me comove. Lily você ira com o papai trabalhar, tudo bem? – Eu sabia que ela não queria que eu respondesse com sinceridade, só que eu não consegui evitar.

–Quem disse que eu quero ir trabalhar com o Howar... – Percebi que estava chamando pelo nome e não por pai e tentei concertar rapidamente. -com meu pai. Ele é um homem muito ocupado, não terá tempo pra mim. – Howard me encarava desconfiado, esse era o problema, nós somos parecidos demais para ficarmos perto um do outro.

–Você pode ficar passeando pela empresa, tem muito para se conhecer lá. Tony também ira para lá, vocês dois podiam passear juntos quem sabe...

–Você quer que em um dia só eu passe um dia inteiro com Howard e Tony Stark? Prefiro ficar em casa com você me fazendo de Barbie. - Infelizmente a parte de ser uma completa linguaruda eu tinha puxado o lado Stark.

–Se continuar desse jeito eu nem pensarei no que a Grace veio pedir...

–Tudo bem! Desculpe-me. – Grace, minha melhor amiga, havia pedido pra minha mãe me deixar viajar com ela e a família para a Grécia e minha mãe tinha que falar com meu pai. Se eu continuasse a ficar desse jeito teria que ficar 3 meses naquela casa sem a companhia de Grace para suportar.

–E quando foi que eu deixei de ser seu pai? – Howard perguntou um pouco bravo.

–Só é costume ver as pessoas te chamando de Howard e daí eu me acostumei. – Tentei mentir de modo que ele acreditasse um pouco.

–Você quer mentir para mentiroso, Lily?

–Parem já com isso! Liliam Anne Stark, você não pode chamar seu pai de Howard em nenhuma das hipóteses, mesmo que ele não aja como um. – Mamãe o provocou.

–Vamos, já estamos atrasados.

Howard se levantou e já me puxou enquanto eu mal terminava da tomar café.

–Eu tenho que dar tchau pra mamãe. – Repreendi enquanto me conduzia até a garagem.

–Você não é tão necessitada de atenção, além disso, vão se ver a noite.

–Você sabe bem melhor do que eu que sua esposa é necessitada de atenção, então infelizmente tenho que ser a filha carinhosa.

Entramos em mais um dos seus carros luxuosos e começamos a ir em direção a famosa Indústria Stark.

–Você está bem? – Perguntou ele tentando puxar assusto. Eu ri da cara dele porque todas as vezes que ele tentava conversar comigo nós dois não tínhamos assunto nenhum.

–Pai?

–O que? – Perguntou confuso.

–Nós dois sabemos que você é péssimo pra puxar assuntos.

Ele sorriu comigo e começou a concordar com a cabeça.

–Era muito mais fácil quando eu só tinha que colocar uma musica alegre e você ficava apenas cantarolando.

–Podemos fazer isso agora, ou posso pegar meus fones de ouvidos e fico com eles o dia todo.

–Não... Sua mãe quer que tenhamos um dia pai e filha, então teremos isso. Mesmo mal sabendo como se faz essas coisas.

–Pai, não precisa é serio! Não quero causar uma situação desconfortável e nós dois sabemos que o lado Stark não é muito fraternal.

–Eu que o diga, mais acho que de certa forma você não está feliz com esse nosso jeito.

–Eu aprendi a me acostumar, depois percebi que eu mesma tenho dificuldades de comunicação quando o assunto é família.

–Você e Tony são tão parecidos. O olhar determinado, o jeito destemido e o sorriso contagiante...

–Devemos isso a você, menos a beleza, eu puxei a da mamãe.

–Engraçadinha. – Rimos juntos antes de uma boa musica começar a tocar e o silencio ser preenchida por ela. Eu preferia assim.

Chegamos à empresa e meu pai já ficou atarefado com todas as coisas do reator Ark e eu fiquei entediada com toda aquela baboseira. As pessoas da empresa me tratavam como princesa a cada passo que eu dava e se não podia ficar pior eles tentavam me agradar trazendo qualquer coisa que eu pedisse, minha condicional estava sendo pior do que a prisão.

Fiquei do lado de fora da empresa tentando ficar sem nenhum falatório por enquanto até que um garoto que estava correndo chegou em mim e perguntou;

–Você tem namorado?

–Não... – Respondi confusa.

–Então me perdoe por isso. – Ele me agarrou e começou a me beijar fortemente. Eu acabei cedendo aos lábios desesperados dele e me entreguei aquele primeiro beijo. Não era exatamente romântico, já que eu mal o conhecia, mais era bom saber o quanto você se sentia viva com um beijo. Um homem veio correndo na nossa direção e nós pegou beijando. Eu tentei me separar dele mais ele não deixou, e o homem saiu desconfortado por ter me visto nessa situação.

–Você me salvou de uma, sabia? – Ele me largou e arrumou seus cabelos compridos.

–Do que eu te salvei? – Perguntei tentando recuperar o fôlego.

–Eu acabei quebrando alguma coisa na sala do reator e um cientista maluco veio atrás de mim. Tomara que o dono não descubra que foi eu... – Ele parecia preocupado demais o que só me fez rir mais da cara dele. Eu não conseguia parar de gargalhar e ele me olhava confuso.

–Qual é o problema? – Perguntou o rapaz confuso.

–Eu sou a filha do dono.

Ele arregalou os olhos e sussurrou para si mesmo;

–Eu beijei a filha do dono.

–Mas fique tranquilo, eu não vou contar pra ninguém. – Pisquei pra ele como forma de proteger seu segredo e ele suspirou.

–Obrigado, meu pai me mataria se soubesse que fui eu que fiz isso.

–Seu pai trabalha aqui? – Nós dois nós sentamos no banco que tinha do lado de fora e começamos a conversar;

–Sim, ele é um dos cientistas que ajuda seu pai a cuidar do reator Ark. O que eu devo dizer que é uma magnífica criação.

–Meu pai é um gênio. – Eu tinha orgulho de saber que meu pai fazia todas as coisas que o mundo nunca nem imaginava criar. – Mais e você, estranho beijoqueiro, como se chama?

–Mark Slother, e você, Sritª Stark?

–Liliam, mais me chame de Lily.

–Lily, gostei de você. E você beija muito bem.

–Você também, Mark. Só confesso que se tentar me beijar de novo eu te darei um soco.

–Por quê? Não gostou do meu beijo?

–Não quando eu nem conheço a pessoa e ela já chega me beijando.

–Ah, isso são apenas algumas questões que podemos resolver facilmente, porque não marcamos um dia para nós conhecermos melhor?

–Eu acho que... – Antes de eu terminar pude ver meu irmão e seu motorista e melhor amigo chegando. Afastei-me de Mark automaticamente e corri para os braços de Anthony.

–Tony, você veio. – Não esperava que ele cumprisse sua palavra ao dizer que passaria a ação de graça conosco.

–Se fosse pra ser morto pelo seu abraço teria preferido não vir, Lirio.

Anthony Stark era a copia do meu pai até em questões de contatos físicos. Então fui para uma pessoa que eu sei que gosta de abraços, Happy me recebeu com um sorriso no rosto.

–Você está crescendo rápido garota. – Comentou enquanto andávamos abraçados.

–E você está ficando mais gordo. – Respondi fazendo Anthony rir.

–Eu disse que você estava mais cheinho nesses últimos meses. – Falou Tony caminhando em direção ao Mark.

–Vocês dois são insuportáveis, eu ainda me pergunto como posso ficar ao lado de duas pessoas como vocês.

–Os Stark’s tem uma mágica que faz com que todos gostem de nós. – Respondi com um sorriso convencido na cara.

–E alguns até mais que os outros. – Tony sussurrou chegando mais perto de Mark para se apresentar. – Quem é esse jovem que estava com você, Liliam?

–Tony esse é o Mark, e Mark acho que já conhece o...

–O incrível Tony Stark, sim eu conheço. – Mark sorria encantado por Tony estar na frente dele, confesso que aquilo me deu náuseas.

–Gostei do seu bom gosto Mark, mais se me der licença vou levar minha irmã pra um lugar mais longe daqui. – Anthony sorria sinicamente para o rapaz arrumando pretexto para me afastar.

–Eu quero ficar aqui, obrigada. – Respondi por mim mesma antes dele pegar no meu braço e começar a me arrastar.

–Mais eu não vim de tão longe para você não me dar atenção. – Tony entrelaçou nossos braços e caminhava mais depressa para dentro da empresa.

–Liliam, algum dia eu vou te ver de novo? – Gritou Mark bem distante de nós.

–Talvez, nunca se sabe o que pode acontecer. – Não poderia dar esperanças para ele, mesmo achando ele o garoto mais lindo que já vi.

Anthony bufou ao ter que escutar isso e eu não pude deixar de sorrir; ele não havia gostado do Mark, porém eu não esquecia daquele beijo.

Abri os olhos quando o sol raiou em meu rosto. Estava sonhando com o dia em que conheci Mark e do jeito que me apaixonei por ele na hora em que me beijou, só me lembrou de como e fácil me magoar e sobre a proposta de Johnny. O quarto era arejado e aberto, se fundia nas cores amarelas e vermelhas que me lembrou muito o século XIII, Sue Richards tinha um gosto impecável. Levantei-me animada ao lembrar que estava longe da prisão em que Tony Stark comandava e que agora tinha o quarteto fantástico como companhia, será que tinha coisa melhor?

Desci a escada saltitante e caminhei até a cozinha, lá se encontrava o grupo sentado e tomando café como se fosse uma família normal.

–Bom dia. – Disse a todos que se viraram e me receberam com um sorriso.

–Bom dia, Liliam. – Responderam todos.

Me sentei a mesa e vi que meu prato já estava servido com ovos com bacon.

–Você gosta? Por que eu posso pedir pra trocar... – Sue começou a falar mais eu a interrompi com um sorriso.

–E meu prato favorito Sue, muito obrigada.

–E melhor você comer mesmo se vai passar o dia todo com Reed. – Aconselhou Ben tomando suco de laranja por uma tigela.

–Esse cara aqui não sabe o que significa pausa na vida dele. – Johnny bateu nos ombros do Reed que se contraiu um pouco.

–E você não sabe a hora de parar de brincar né Johnny? Então Lily, está pronta para começar a descobrir quem você é?

–Nunca estive mais pronta em toda a minha vida.

Senti que aquele tempo com o quarteto me mudaria, me transformaria numa pessoa melhor do que a Liliam Stark que eu era quando tudo na minha vida era inocente, ia fazer com que as memórias não me machucassem tanto quando elas me assombrassem, iam me fazer sorrir de novo.


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