A saga de V - Immortalis escrita por Adriana Macedo


Capítulo 12
Capitulo 11


Notas iniciais do capítulo

Será que a Vinny está...?! Só vendo pra saber...



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Capitulo XI

–Eu não quero estar na pele da Dona Cho quando ela chegar e vir a bagunça que deixamos na cozinha. – falei ajeitando o curativo no braço de Dante.

– Eu explicarei tudo a ela. – ele disse arfando.

– Pensei que não sentisse dor. – falei rindo.

– Aqui, no mundo dos humanos, estou à mercê de tudo que vocês sentem, desde a dor até... – ele ajeitou meu cabelo atrás de minha orelha. – o amor.

– Hmm. – sem graça e com muita cor no rosto peguei o próximo curativo colocando-o na parte de cima da sobrancelha de Dante onde um caco de vidro havia pegado de raspão.

– Ai. – ele reclamou quando passei o remédio.

– Isso é bom. – falei rindo. – Significa que o remédio está fazendo efeito.

– Você leva jeito para isso. – eu me ajeitei ao seu lado no sofá e ele me abraçou.

– Isso o que? – disse estreitando os olhos, ele riu.

– Não isso. – ele leu meus pensamentos. – Estou falando disso. – e então apontou para o curativo em sua testa.

– Qualquer um com um mínimo de sabedoria sabe colocar um curativo Dante.

– Você é modesta. – ele me abraçou mais forte. – Estou falando que você tem o dom da cura.

– Como assim? – perguntei surpresa.

– Não sei, mas sei que você tem. Já pensou em ser médica?

– Estou estudando para isso. – falei e então pensei por um momento. – Ou pelo menos estava.

– Vinny. – ele me afastou e olhou em meus olhos. – Não estou impedindo você de nada. – levantei a sobrancelha. – Tudo bem, não estou impedindo você de ir para a faculdade, é só daqui a dois anos mesmo. Se você quiser você pode ser médica, dou todo o apoio que você quiser.

– Obrigado. – falei abraçando-o e encerrando o assunto. Pelo menos por enquanto eu não queria pensar que eu posso morrer daqui a três meses.

– Olha para mim. – ele segurou meu queixo forçando-me a olhar para ele. – Escute bem o que eu vou lhe dizer agora. Eu não vou deixar você morrer. – ele disse pausadamente cada palavra.

– Tudo bem. – falo e nesse instante uma chuva grossa começa a cair, junto com ela trovões e raios.

– A Cho ainda está no supermercado?! – Dante fala meio alarmado.

– Sim. – confirmo assustada com o grito agudo que vem da cozinha, mas Dante foi mais rápido que eu e correu na frente.

Quando eu chego à sala de jantar os dois estão abaixados pegando as compras tomando cuidado com os cacos de vidros do chão. Os gritos já estão substituídos por risadas. Dona Cho está rindo que algo que ele falou. Me junto a eles e ajudo-os a pegar as frutas do chão.

– Por um momento juro que pensei o pior. – Dona Cho fala rindo, porém sua voz ainda estava tensa.

– Apesar de passar o dia juntando motivos para deixa-la viva, eu não iria mata-la. – Dante falou rindo.

– Ah, não. – ela discordou levantando-se do chão rindo. – Pensei que ela tinha feito alguma coisa com você. – e riu mais alto. – E pelo que vejo ela fez. – e apontou para o band-eid em sua testa.

– Apenas um acidente. – ele fala levando a sacola para a pia.

– Culpada. – sou a ultima a levantar e levar as compras à cozinha.

– Não posso deixar vocês sozinhos algumas horas que já quebram toda minha vidraria?! – ela tenta nos ralhar, mas sua voz é de extrema alegria quando Dante pousa sua mão em minha cintura. Afasto-me, violentamente ruborizada.

– Tenho que concordar com a Vi. – Dante ri. – Ela começou, eu a declaro totalmente culpada por qualquer reação minha. – ele olha de canto de olho para ele e pisca.

– Que bom que não sairão com maiores ferimentos. – Dona Cho ri e tira o band-eid da testa de Dante revelando, nada.

– Ah, tinha me esquecido de tirar. – Dante falou tirando também o curativo do braço onde se encontrava uma ferida curada.

– Estou magoada. – falei cruzando os braços e fazendo biquinho. Dante riu dos meus pensamentos, Dona Cho fez cara de confusa.

– Vinny fez os curativos em mim, ela não achou que eles curariam tão rápido. – e continuou rindo.

– Poderia ter me dito, eu não teria gastado tanto tempo com você. – falei.

– Você ajudou, eles curaram mais rápido. – Dante falou abraçando-me e deixando-me vermelha.

– Que chuva. – Dona Cho diz quando termina de guardar as compras e limpar a cozinha. Dante e eu tentamos ajuda-la, mas ela recusa qualquer tipo de interferência em sua cozinha.

– Pois é. – respondemos ao mesmo tempo.

Ao entardecer fiz a lição de casa e revisei o assunto na sala enquanto Dante assistia tevê, comemos uma sopa leve que Cho fez no jantar e assistimos a um filme. Sem comentário e sem mais explicações, sempre dávamos um jeito de manter contato um a pele do outro e sempre que Cho percebia isso soltava pequenos risinhos fazendo-nos morrer de vergonha.

– Agora eu vou dormir. – falei soltando sua mão para abrir a maçaneta.

– É melhor. – Dante falou sorrindo, recusando-se a soltar minha mão. – Mas antes...

– Sim? – respondi rápido demais, ele riu.

– Vamos entrar é mais seguro.

– Entrar? – falei com a voz ofegante. – No meu quarto?

– Por quê? – ele fez cara de confuso abrindo a porta do quarto. – Algum problema?

– Er... Não nenhum. – falei entrando na frente com a mão no coração e os pensamentos muito, muito longe.

– Acho que fica mais confortável para você escutar o que eu tenho para dizer deitada. – ele sentou na beirada da cama e deu tapinhas ao seu lado. Sentei nervosa.

– Vinny, ouço seu coração daqui. – ele riu ficando vermelho. – Está realmente tudo bem? Não quero que sofra um ataque cardíaco.

– Não, estou bem. – falei respirando mais devagar, sentindo o seu cheiro. – Acho que sei quando estou bem.

– Ótimo. – ele falou respirando fundo. Sentia que não vinha coisa boa por ai. – Queria dizer que...

– Dante saia! – falei.

– Ãhn? – ele fez cara de confuso, fazendo meu coração saltitar.

– Saia! – falei antes que minha coragem se esvaísse.

– Mas Vi, é importante! – ele falou segurando minhas mãos. Soltei e levantei da cama.

– Por favor, Dante, só irei pedir mais uma vez. O quarto é meu e eu quero que saia! – gritei a ultima palavra.

– Você já sabe o que eu quero lhe falar não é? – ele levantou da cama e caminhou em direção à porta.

– Sim sei, e eu não quero escutar de novo essas palavras de novo. Não quero vê-las em sua boca de novo. – fechei os olhos, já marejados e a voz embargada.

– Vinny, Vinny! – ele me pegou. Um braço apoiando minha costa e o outro minha nuca em direção a ele. – Abra os olhos!

– Não. – tinha a sensação que ia desmaiar com o cheiro de seu corpo. – Não quero quebrar sua maldita e estupidamente linda face. – ele riu.

– Então apenas escute. – ele disse. Comecei a espernear e me debater toda em seus braços, a ultima coisa que eu queria naquela noite era ouvir de sua boca que tudo que havia se passado hoje era para ser esquecido.

– Não quero! – gritei batendo em seu peito sem resultado, apenas fazendo-o segurar-me mais forte.

– Você não sabe o quanto fica irresistível com raiva! – e então me beijou. Quando acabou largou-me na cama, olhou-me por alguns instantes e depois foi embora batendo a porta atrás de si.

Gritei com todos os pulmões no travesseiro, enquanto ouvia vidros sendo quebrados no outro quarto. Pelo menos eu não era a única com raiva ali. Não chorei, havia decido não chorar mais. Se for isso que ele quer, era isso que teria.

Como pode alguém com um cheiro tão bom ser tão grosso? Foi a ultima coisa que pensei antes de cair no sono.

Olho pela varanda o nascer do sol. Não dormi a noite toda. Minha cabeça dói e não consigo guardar nada do que como por mais de 5 minutos.

Minha febre está alta e sinto que posso desmaiar a qualquer momento. Fico ali sentindo a brisa banhar meu rosto até que o sol esteja a pino, então entro e deito na cama, pois não consigo mais ficar em pé. Ouço três toques na porta.

– Entre. – digo com a voz exausta.

– Mi laide. – a pequena serviçal faz uma reverencia. – Sua mãe mandou perguntar se já melhorou ou quer que chamemos um doutor.

– Não nada de doutor! – gritei. – E diga minha mãe que sim, estou bem melhor.

– Sim senhorita. – outra reverencia.

– Agora saia! O cheiro do seu perfume está me causando náuseas. – coloquei a mão sobre a barriga apertando-a e outra contra a boca.

– Mas não estou usando perfume mi laide. – ela cheirou a gola de seu uniforme.

– Então use por que esse cheiro está horrível. – falei. – Agora vai!

Ela correu e fechou a porta. Minha mãe mandou perguntar de mim? Se eu estou bem? Desde quando ela se importa? Desde aquele maldito dia em que a burra de uma serviçal disse que me viu de chamegos com um homem que não era meu noivo, ela não me olha nos olhos.

Consegui desmentir a traidora, mas agora ela está com o pé atrás comigo. Onde está Robert que não chega da cidade? Ele já devia estar aqui com aquele maldito doutor. Tenho medo do pior. Todos estão falando daquela maldita peste negra que matou vários camponeses. Eu não quero morrer.

Toc Toc Toc. Quem será nessa maldita hora?

– Entre! – falo sentando-me na beirada da cama.

– Mi laide. – ele se curva e vai até mim, beija minhas mãos, ou pelo menos tenta por que eu as retiro e faço cara de nojo.

– O que queres? – falo com o braço direito de minha mãe. O seu fiel seguidor. General Sullivan.

– Tenho noticias de seu noivo. – ele diz.

– E no que isso me interessa? – falo levantando-me.

– Descobri seu nome e um pouco de sua aparência. Sua mãe foi a primeira, a saber, e aprovou que eu a deixasse a par da noticia, que acho que será de seu agrado. – ele sorri e vejo seus dentes. Alguns são pretos e outros foram trocados por ouro.

– Então diga, e rápido. Minhas náuseas estão voltando só de olhar para você. – falo com repugnância.

– Seu nome é Daniel Tampson, soube em sua vila que é muito cortejado pelas moças da alta sociedade. Um moço muito bonito. – ele diz.

– É só isso? – falo caminhando de um lado para outro tentando mostrar um interesse que não tenho.

– Sim, mi laide. – ele diz.

– Então saia! – grito fazendo-o correr para fora.

Coloco a mão sobre a barriga novamente e a pressiono. Não vou aguentar. Viro para a bacia de ferro que colocaram ao lado da cama e despejo a agua de meu estômago, pois é a única coisa que deve estar lá.

Lavo o rosto com agua gelada e o enxugo. Já é quase entardecer e a comida que mandei servir nos meus aposentos ainda está intacta. Não consigo nem olhar para ela. Volto à varanda, minha preocupação só aumenta. Então vejo dois cavalos apontando no horizonte.

– Finalmente. – sussurro.

Ajeito o cabelo embaraçado e o vestido amaçado, olho-me no espelho e não gosto nem um pouco do que vejo. Estou pálida e meus olhos fundos parecem gritar doença, meus lábios secos e rachados não melhoram nem um pouco o visual. Robert voltou com o doutor de confiança e como o combinado, irei encontra-los no estabulo. Não aguento mais esperar, quero logo saber que raio de doença é essa. Tenho que esperar até o anoitecer e me parece muito tempo.

Quando isso finalmente acontece, coloco a echarpe em volta da cabeça e vou até seu encontro.

– Você está melhor meu amor? – Robert me abraça devagar e me beija o rosto todo carinhosamente.

– Um pouco. – falo retribuindo seus beijos. – Senti saudades.

– Eu quase morri a cada segundo que fiquei longe de você. – ele diz beijando-me

– Onde está o doutor? – falo sentando-me no feno.

– Está vindo, foi pegar um ar. – ele riu e sentou ao meu lado, acariciou meu rosto e eu encostei-me a ele.

– Estou com medo. – falo baixinho.

– Não fique, estou com você. – Robert diz.

– Muito bem, quem é a moça que está passando mal? – um senhor de meia idade entra no estabulo. Vestindo um terço marrom, segura uma maleta da mesma cor e ajusta os óculos meia-lua. Sua barba e seus cabelos são brancos.

– Sou eu. – falo levantando-me. – Rogo sua ajuda e seu silencio seja qual for o veredito. – digo segurando firmemente a mão do homem que amo.

– Você vai se atrasar! – Dona Cho sussurra ao meu ouvido. Abro os olhos devagar e sinto meu corpo quente, muito quente. Toco minha testa e ela está molhada. Coloco os pés no chão e sinto o choque térmico do chão com meus pés frios.

– Eu acho que não estou bem. – falo baixinho, minha garganta está seca e meus lábios ressecados.

Levanto-me e vou até o banheiro. Estou pálida e com fundas olheiras. Exatamente como Victoria. Coloco a mão na testa e procuro um comprimido no armário do banheiro. Atrapalho-me e deixo cair à caixa com os remédios.

– Está tudo bem Vinny? – Dona Cho bate a porta.

– Uhum. – murmuro com a mão sobre a boca. Não vou aguentar. Apenas tenho tempo de levantar a tampa do vaso e debruçar-me sobre ele.

Entro debaixo do chuveiro e deixo a agua fria amenizar minha febre. Estou fraca e logo saio do banheiro enrolada na toalha. Não acho que consigo andar então me jogo sobre a cama e penso com toda força: “Dante, me ajuda”.

– O que foi? – não demora muito para que ele aparece na beirada da cama.

– Estou com tanto frio. – falo procurando um cobertor. Ele toca minha testa.

– Vinny, você está queimando em febre. O que houve? – ele fala segurando minha mão.

– Você acha que eu sei? – falo cobrindo todo meu corpo.

– Você nunca sabe de nada, não é pequena? – ele diz. – Acho melhor você não ir para a escola hoje.

– Você acha? – falo irônica.

– Pelo visto essa sua doença afetou seu humor também. – ele diz encarando-me. – Tem certeza que não é TPM?

– Se você não vai ajudar, por favor, vai embora. – falo tremendo.

– Cho! – Dante grita da porta do quarto. A pequena mulher aparece correndo.

– O que houve? – ela fala.

– Vinny está passando mal. Liga para o médico para mim e pede urgência?

– Claro. – ela vai embora.

– Vai ficar tudo bem. – ele pousa a mão sobre minha testa.

– Dante, saia da frente. – falo com a mão na boca.

– De novo não Vinny. Caramba estou aqui tentando te ajudar e você...

– Tudo bem, é sua roupa mesmo. – e então viro minha cabeça para o lado do chão e vomito.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?

Obrigado por ler.



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