Kíria jamais seria capaz de dizer o que comeu no jantar, enquanto a música suave enchia o ambiente. Nem se lembrava das palavras de Vinícius. Sua única lembrança era da figura máscula e viril à sua frente.

Adorava a maneira como ele sorria com os olhos, não só com os lábios. Adorava o som da risada que Vinícius, que lhe provocava arrepios de prazer.

Só se deu conta de que ele havia parado de falar quando, com um sorriso, Vinícius perguntou:

― Ouviu alguma palavra do que eu acabei de dizer?

― O quê?

― Perguntei se você ouviu o que eu disse ― ele repetiu, divertido.

― Cada palavra ― ela confirmou.

― E o que foi que eu disse? ― Vinícius desafiou.

― Não faço idéia ― Kíria admitiu com uma gargalhada.

― Foi o que pensei. Gostou do peixe?

― Peixe? ― ela repetiu confusa, baixando os olhos para o prato vazio. ― Ah, sim, o peixe! Estava delicioso.

Vinícius sacudiu a cabeça com ar benevolente.

― Você comeu carne ― lembrou-a. ― Se eu tivesse pedido hambúrguer com batatas fritas, você teria adorado, também.

Kíria não se importou com o fato de Vinícius estar se divertindo à sua custa. Naquela noite, só tinha olhos para ele. Nada mais importava. Tal pensamento trouxe consigo uma súbita ansiedade.

― Vinícius, prometa jamais se esquecer de que eu te amo ― pediu um tanto aflita.

― Está planejando ir a algum lugar? ― ele inquiriu, franzindo o cenho.

― Por que está me perguntando isso?

― Porque você falou como se estivesse prestes a me deixar.

Com um gesto apressado, Kíria pousou a mão sobre a dele.

― Nunca! Eu não seria capaz de deixar você. A única maneira de se livrar de mim, seria você me mandar embora.

Vinícius apertou a mão dela.

― Fazer isso seria o mesmo que jogar fora a melhor parte de mim mesmo. Sei que me ama, Kíria. Nada vai me fazer esquecer-se disso.

― Promete?

― Prometo ― ele respondeu em tom solene.

― Deve pensar que sou uma idiota ― ela murmurou com um sorriso maroto.

― Acho você à mulher mais maravilhosa que já conheci e, quando puser a aliança no seu dedo, amanhã, serei o homem mais feliz do mundo ― Vinícius declarou com voz emocionada, provocando um aperto no peito de Kíria.

― E eu serei a mulher mais feliz do mundo.

― Vamos dançar ― ele convidou, puxando-a pela mão.

Foram até o centro da sala e, com um suspiro de prazer, Kíria se deixou levar em passos lentos, acompanhando a música suave. Nunca em sua vida tivera a sensação de pertencer a alguém. Agora, sentia-se completa.

Fechou os olhos, abandonando-se às carícias de Vinícius , que não tardaram a se tornarem mais ousadas, arrancando de Kíria suspiros e gemidos.

Dançando de corpos colados, nenhum dos dois poderia disfarçar o desejo que os invadia. Com uma das mãos, Vinícius apertou Kíria contra si, enquanto com a outra, levava a mão dela aos lábios. Sentindo-se em chamas, ela perdeu a noção do tempo e tudo mais. Só queria ser tocada por Vinícius, sentir suas carícias diretamente na pele em brasa. Queria livrar-se das roupas que funcionavam como barreiras entre seus corpos.

Vinícius, porém, parecia não ter pressa. Quando finalmente parou de beijar-lhe a mão, segurou-lhe o queixo com ternura, para beijar-lhe a boca. O que começou com um leve roçar de lábios, foi se transformando em um beijo ardente, um ataque implacável aos sentidos de Kíria.

Quando Vinícius finalmente interrompeu o beijo, Kíria tremia de desejo e suas pernas ameaçavam vergar ao peso de seu corpo. Ofegantes, fitaram-se por um momento e, então, com um gemido abafado, Vinícius tomou-a nos braços.

Kíria recuperou a sanidade por um momento.

― Vinícius! Não! Lembre-se de que esteve no hospital...

― Você vai ter de ser gentil comigo ― ele murmurou com um sorriso, enquanto a carregava para o quarto.

Depois de colocá-la no chão, ao lado da cama, ele tirou o paletó e a gravata, os sapatos e as meias. Porém, mal começara a desabotoar a camisa, quando não resistiu à tentação e, puxando-a para si, voltou a cobri-la de beijos. Ao mesmo tempo, seus dedos hábeis encontraram o zíper do vestido de Kíria e o abriram.

Ao sentir a mão dele em sua pele, Kíria foi invadida pela necessidade urgente de tocá-lo da mesma forma. Assim, pôs-se a desabotoar-lhe a camisa, mas Vinícius segurou-lhe as mãos, sentou-se na beirada da cama e puxou-a, até que ela estivesse de pé, entre suas pernas.

Atordoada, Kíria limitou-se a observar Vinícius , enquanto ele puxava lentamente o seu vestido para baixo. Quando ele enterrou o rosto entre as curvas de seus seios, ela pensou que fosse desmaiar de prazer. Atirando a cabeça para trás, os olhos fechados, ela enroscou os dedos nos cabelos dele, entregando-se a paixão.

― Você é tão linda ― Vinícius murmurou, ofegante.

Então, deslizou as mãos até que elas pousassem sobre os seios de Kíria, proporcionando-lhe prazer ainda maior. E, quando ela pensava que não seria possível sentir nada mais intenso, os lábios de Vinícius substituíram as mãos e ela gritou o nome dele, sentindo-se flutuar em um oceano de fogo.

Quando suas pernas finalmente se recusaram a sustentá-la, Kíria deixou-se cair de joelhos, pousando a cabeça no peito de Vinícius , aspirando-lhe o perfume. Então, incapaz de conter por mais tempo o desejo de tocá-lo, acabou de desabotoar-lhe a camisa para, então, livrá-lo do cinto e da calça.

Suas mãos deram início a uma exploração detalhada do corpo másculo. Quando Vinícius emitiu um gemido quase doloroso de prazer, Kíria deliciou-se com a noção do poder que exercia sobre ele e suas carícias se tornaram mais intensas e ousadas.

A paixão explodiu quando os dois se deixaram cair na cama, nos braços um do outro. Suspiros se transformaram em gemidos e, então, em súplicas desesperadas. Quando Vinícius finalmente se posicionou sobre ela, Kíria arqueou os quadris para recebê-lo. Ao senti-lo dentro de si, passou as pernas em torno de sua cintura, tornando-o seu prisioneiro, determinada a prendê-lo ali para sempre.

A tensão foi aumentando, até se tornar insuportável, levando Kíria na direção de um ponto que ela pensou que jamais alcançaria. Porém, em uma explosão de paixão, ela se descobriu lá, no topo do mundo, um mundo onde só havia Vinícius, ela mesma, amor, desejo. O prazer foi tão intenso, que seus olhos se encheram de lágrimas. Apenas segundos depois, Vinícius também atingiu o clímax, e Kíria foi invadida por uma nova onda de satisfação, tão intensa quanto a anterior, por saber que estava proporcionando a ele o mesmo que ele havia lhe proporcionado.

Algum tempo depois, quando recuperou o fôlego, Vinícius rolou para o lado e, aconchegando Kíria nos braços, afagou-lhe os cabelos.

― Valeu a pena esperar ― confessou ―, embora, se eu soubesse que seria tão bom, já a teria levado para a cama muito antes.

Só então Kíria se deu conta de que Vinícius jamais dormira com sua irmã. Nem sequer pensara nisso, antes, mas ficou contente com a descoberta. Não sabia por que Aya havia esperado, pois não era esse o seu estilo. Talvez ela acreditasse que, assim, teria mais chances de segurá-lo. Bem, tanto fazia o motivo, pois o resultado fora favorável a Kíria.

― Quem espera sempre alcança ― ela brincou, sonolenta.

― Você é maravilhosa ― Vinícius sussurrou ao seu ouvido.

― A verdade é que tive excelente fonte de inspiração, mas não vou dizer mais nada, para não provocar uma explosão do seu ego!

― Você também é muito inspiradora. Ainda bem que não estou mais no hospital, pois minha pressão arterial teria superado todos os limites.

― Se estivesse no hospital, nada disso teria acontecido. ― Ao sentir a mão experiente debaixo do lençol, percorrendo caminhos de fogo em seu corpo, Kíria protestou: ― Pare com isso!

― Ora, não é o que você quer ― ele afirmou com segurança, sem interromper as carícias.

― Não, não é ― Kíria admitiu, perdendo o fôlego ao sentir Vinícius mordisca-lhe a orelha.

― O que você estava dizendo? ― ele provocou, com fingida inocência.

― Já me esqueci ― ela respondeu com voz entrecortada. ― Tenho péssima memória. O que foi que aconteceu?

― Ah, terei prazer em lembrá-la, com todos os detalhes!

― Por favor, faça isso ― Kíria pediu em um fio de voz.