Minha mãe conversou um pouco com elas e em seguida fomos pra casa de Elouise. No caminho, percebi que Elouise queria se distanciar de mim e de Isadora, para nos deixar à sós. Não gostei da ideia, todavia, permaneci ao lado de Isadora vendo-a tentar puxar algum assunto.

–Então, Júlinha. Tens namorado ou namorada...? Hein? -indagou Isadora que em seguida riu sem motivo nenhum.

–Eu não! -Respondi indiferente.

–Ah, que bom!!! -Disse Isadora contente.

–Bom pra quem?

–Ah, julinha, sei lá... né. Sabe, assim... eu...

Não esperei ela concluir a frase e me voltei para Elouise tentando fugir de Isadora disfarçadamente.

–Ei, quer segurar a minha bola um instante? -disse eu tentando puxar assunto com Elouise, embora fosse um péssimo começo de conversa. Mas foi o que saiu...

–Pede pra Isadora... -Disse ela.

–Ela não... -sussurrei baixinho.

Isadora logo veio atrás de mim de novo e se agarrou no meu braço contra minha vontade.

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Chegamos na casa de Elouise. Falei com o Senhor Paulo, muito simpático como sempre e com a Senhora Dalva que logo veio me trazer mais um de seus chás que não sou muito fã. Entrei no quarto de Elouise e fiquei maravilhada com a perfeita decoração. Havia vários posters das mesmas bandas que eu curtia e cantores de Rap e o melhor de tudo, tinha um poster enorme do Darth Vader com seu sabre de luz. Além de várias revistas em quadrinhos e miniaturas e ai meu Deus! Era o paraíso!

–UAU! Que belo quarto tu tem, Elouise. Super adorei!!! -disse.

–Ah, obrigada... -Disse Elouise um tanto apática já saindo do quarto e me deixando sozinha com Isadora.

–Ei, espera...-disse eu indo atrás dela, quando Isadora me puxou pelo braço e disse:

–Fica aqui! Ela vai voltar.

Fiz o que ela me pediu, e sentei na pontinha da cama de Elouise com uma tremenda vontade de sair correndo dali.

Isadora não parava de me olhar e eu totalmente sem jeito, tentei disfarçar olhando para as paredes.

–Tu é tímida? -Disse ela com um olhar malicioso.

–Não...

–Que bom!!

"Bom pra quem?", pensei. Ela começou a se aproximar e eu tentando me afastar, desejando mais que tudo que Elouise voltasse e me salvasse dessa maluca medonhamente linda. E quando eu menos esperava, Isadora me beijou no rosto, e em seguida, me beijou na boca. Achei totalmente estranho aquela situação, pois ela me roubara um beijo. O meu primeiro beijo!

Eu fiquei sem reação alguma e ela se aproveitou da minha situação sentando rapidamente no meu colo e levantando sua camiseta. Fiquei boba! Ela pôs minhas mãos em seus seios me fez os apertar, e eu totalmente surpresa com essa novidade em minha vida, me empolguei e continuei apertando. Ela gemeu e eu disse estragando o clima:

–Ei, Elouise pode aparecer...

–Não tem problema... -Disse Isadora me calando com vários beijos.

Meus pensamentos de que eu talvez estivesse traindo Elouise, me martirizavam. Mas logo Isadora me fez esquecer tudo, como se tivesse um diabinho no meu ombro que dizia diabolicamente, "Foda-se Elouise. Come logo essa vadia, sua garanhona."

No momento, eu senti como se gostasse de Isadora e me entreguei à ela. Beijei ela novamente e abracei sua cintura, beijando seus seios e barriga. Em seguida, a deitei na cama de Elouise e sem saber muito bem o que estava fazendo, pus uma de minhas mãos entre as suas pernas.

Por azar, aconteceu o que eu mais temia. Elouise entrou no quarto e tomou um baita susto, derrubando uma bandeja de morangos no chão.

–Desculpa. - Disse ela assustada já saindo do quarto.

Eu, a mais assustada de todas, larguei Isadora e corri rapidamente pegando a mão de Elouise e a segurando para tentar me desculpar de alguma forma pela situação constrangedora em seu quarto, mas ela se soltou de minha mão e saiu correndo em direção a escada.

Tentei ir atrás dela, mas Isadora me puxou pela camisa e disse:

–Não vá atrás dela. Tá tudo bem! Ela já sabia que isso ia acontecer...

–Está tudo bem coisa nenhuma. Tu não devia ter feito isso... Eu vou pra casa!

–NÃO! ESPERA! -Disse Isadora me segurando pelo braço. -Vamos pra minha casa. Lá ficaremos mais a vontade!

Confesso que pensei em ir, mas eu estava mais preocupada em me explicar pra Elouise.

–Conversamos depois...-Disse eu já saindo do quarto e indo atrás de Elouise, deixando Isadora sozinha no quarto.

Ao descer as escadas, vi Elouise sentada no último degrau. Confesso que preferia pular a janela do segundo andar e voltar pra casa a ter que encarar ela depois da cena terrivelmente constrangedora que eu passei.

Contudo, respirei fundo e desci o restante da escada. Sentei ao lado dela e mesmo titubeando disse:

–Me desculpa... Eu não devia ter feito aquilo....Me desculpa. Eu não fazia ideia de que Isadora teria esse tipo de intenção ao me convidar pra tua casa e eu realmente não tive intenção de fazer aquilo. Quando eu vi eu já estava fazendo o que não devia. Me desculpa...

–Tu não me deve explicações. Eu concordei que Isadora te convidasse pra minha casa com o pretexto de te conhecer através de mim, porque eu sou tua colega de sala de aula, apenas... -Disse Elouise meio que me magoando.

–Tu não devia ter feito isso...

–Por que não? Isadora é lésbica e tu também... Ela é linda e gostou de ti...

–Eu? Lésbica? -Sussurrei baixinho ainda não acostumada com fato de eu ser lésbica.

–E não é?

–Não...!

– ....

–TÁ, EU SOU! Eu acho...

Elouise virou o rosto e pude ver que ela deixou soltar um pequeno riso. E por causa disso, eu também ri e abaixei a cabeça. Quando infelizmente Isadora apareceu por trás e me deu um tapa na cabeça.

–Tu me deixou sozinha, idiota! -Disse ela.

–Ei... Me desculpa, mas eu tinha que me explicar pra Elouise e tu também deveria...

–Como eu disse, tu não me deve explicação nenhuma! -Disse Elouise

–Anda! Vamos lá pra casa! -disse Isadora me puxando pelo braço como se eu já fosse um de seus objetos.

–Não! Eu vou ficar aqui. Pode ir!

Isadora me olhou com um olhar fuzilante, mas nada disse. Deu as costas e foi embora aborrecida. Eu, quando dei por mim, vi que estava sozinha com Elouise e eu senti que não poderia perder esta chance. Eu tinha que tentar, mas fui surpreendida quando ela disse:

–É melhor tu ir embora também, Júlia...

Eu não queria ir de jeito nenhum. Minha vontade era de congelar aquele momento e ficar sentada ao lado dela, a olhando para sempre, porém isto era totalmente impossível. A fitei por alguns instantes procurando as palavras certas, mas nada vinha à cabeça, então minha única escolha foi sair correndo subindo as escadas e indo pro quarto dela. E ela sem entender nada, seguiu correndo.

Me acocorei no chão e peguei a bandeja e os morangos que haviam caído naquela hora.

–Tu vai comer isto? -Indagou Elouise na porta do quarto.

–Por que não? Eu adooooro morango. Comeria até se tivesse caído na caixinha de areia de teu gato.

Ela sorriu e sentou no chão comigo, pondo um morango na boca.

–Eu também! Morango é a minha fruta favorita, mas não comeria se tivesse caído na caixinha de areia do R2.

–O nome dele é R2??? Que demais!

–É! Ha-Ha

Elouise começou a rir de minhas bobagens e eu fiquei super exibida. Foi então eu pus um morango na boca e pedi pra que ela pegasse, ela o pegou com a mão e comeu.

–Assim não! -disse eu.

–E como que tu quer que eu pegue?

–Ponhe um na tua boca.

Ela pôs. E então eu me aproximei de seu rosto e sem pensar no que estava fazendo, agindo pelo impulso, peguei o morango de sua boca com a minha boca e, em seguida, a beijei com todo o amor que sentia. Os lábios dela eram tão doces quanto o mel, e com uma mistura de morango pra fechar com chave de ouro. Exultei.