Meu plebeu skatista escrita por Maga Clari


Capítulo 3
Capítulo 3 - Her head was up in space




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/427242/chapter/3

Outono - 2006

Querido diário,

Acabei de "me casar". Agora sou oficialmente a rainha de Genóvia, ou melhor, Amélia Mignonette Grimaldi Thermopolis Reinaldi Reynolds. Esse nome é uma porcaria, parece nome de cachorro de madame! Mas talvez até combine com a nova "Mia".

Estou tentando a todo custo esquecer a garotinha esquisita que morava em Nova York e com o Michael fora está sendo mais fácil. Sim, depois daquele dia não me deixaram mais escrever pra você. Afinal, tive que lidar com imprensa, preparativos, recepções, visitas, e todas aquelas coisas de noiva. Não tive tempo nem de respirar!

Então, para te deixar a par dos últimos acontecimentos, vou logo à questão: eu não atendi aquele telefone; respirei fundo e apertei 'recusar'. Toda vez que Michael aparece, ele estraga tudo; e eu já tinha problemas demais para lidar naquela hora, não iria atendê-lo nem morta!

"Ai Mia...", minha vó disse, me abraçando assim que terminou a cerimônia, "Ainda bem que seguiu o conselho da sua velha avó e largou aquele plebeu skatista"

Segui conselho nenhum, foi mais uma imposição na qual eu me conformei.

Só isso.

A festa está até divertida, mas eu estou enjoada demais. É mais seguro ficar um tempinho aqui no banheiro; e eu estava com saudades de escrever no meu diário. Em todo o caso, parece que estou mesmo grávida e eu não sabia.

"Eu não quero saber, eu não quero nenhum outro pai que não seja o MICHAEL", falei mais alto do que deveria, dando voz aos meus pensamentos.

"Mia, você tá legal?", ouvi uma voz fora do meu compartimento, "Sou eu, a Tina"

"TINA???", me ouvi gritar e sair aos tropeços porta afora, "Você me ouviu?! Eu falei alto demais??"

"Como sempre", ela riu e me deu um abraço. Foi uma surpresa, pra falar a verdade. Eu não queria chamar ninguém de San Francisco exceto minha família, mas parece que meu pai tratou de convidar todo mundo, até o Boris! Sério.

"Hey...", falei ao me desvencilhar do abraço, "Por acaso você sabe se os Moskovitz vieram?"

"Bom... O seu pai os chamou, mas não vi nenhum deles aqui. Mas se fosse você, não contaria com isso."

"Poxa... Nem mesmo a Lily...", comecei a chorar. Nem como rainha eu consigo segurar a barra, que coisa! , "Pensei que fosse minha amiga..."

"Mia. Ela só está tomando as dores do irmão... Pensa aqui comigo: se alguém magoasse o Rocky, o que você faria?"

É por isso que eu gosto da Tina. Ela sempre dá os melhores conselhos, sempre foi assim desde à época da escola. Então ela cruzou o braço no meu, e saímos as duas do banheiro fedido rumo à big festa que estávamos perdendo.

"Hey, Mia", ouvi alguém me chamar, "Caso queira saber da Lily... Bom, ela me mandou dizer que deseja um ótimo casamento e que não precisa mais ligar pra ela. Ah, e que jogou fora a última pulseira da amizade ou seja lá o que isso seja"

"Boris...", prendi o choro mais uma vez ao me dirigir a ele , "Você não precisava dar o recado. Mas tudo bem, diga a ela que sinto muito", respondi simplesmente e dei de ombros.

"Hey, hey, senhora Reynolds"

Parece que não posso nem dar uma pequena volta pelo salão com minha amiga sem ser abordada. A noite parece que será looooooonga.

"Ah, vai se catar, J.P ", Tina riu indignada assim que o viu, "Você vai ter o resto da sua vida pra curtir a Mia, eu não, agora tchau!"

Ele enfezou a cara, claramente ofendido. Algo na forma como ele me olhou me fez entender que era arte da minha vó. Devia ser importante, suponho.

"Tudo bem, Tina, ainda teremos muito tempo antes de você ir embora, esqueceu? Volto num minuto"

Deixei ela para trás e segui J.P já prevendo o pior. Era isso mesmo, eu tinha esquecido da "dança do casal". Era engraçado como ele queria dançar tanto quanto eu; pelo menos isso tínhamos em comum. Na verdade, tínhamos muitas coisas em comum, mas ele não era o Michael.

"Ai! Você pisou no meu pé", gritei, tentando ser o menos escandalosa possível.

"Não, quem pisou foi você"

Olhei para o chão e realmente: eu havia pisado segundos depois dele.

Fechei a cara.

"Nenhum dos dois sabe dançar e fim", falei quando pude chegar bem perto do ouvido dele, "A gente devia criar uma lei pra isso"

"Tipo o quê?", ele respondeu, num sussurro, "Tirar a obrigatoriedade e solenidade dos bailes formais? Ou seria algo do tipo 'se a gente dança, todo mundo tem que dançar também'?"

Rimos baixinho desse último comentário.

Meus olhos rondaram nossa platéia; imaginei Boris, Kenny, a vovó, e até mesmo Lars, dançando aqui no salão. Seria realmente divertido.

E de repente meus pensamentos me rementem à minha primeira festa. Aquela que eu queria tanto ir... Como a garota de rosa shocking. Eu era realmente uma menina ingênua naquela época; não posso julgar o pessoal por me achar uma completa maluca, afinal eu era isso mesmo.

Depois veio à minha segunda. A festa do Michael. Olho para o meu atual parceiro fuleiro de dança. Por causa dele que tudo começou; tive que beijá-lo numa peça idiota de Grandmère... Depois disso que eu e Mike nos distanciamos...

"Mia...", J.P tentava me equilibrar após uma série de giros, "Acho melhor a gente parar... Você tá bem?"

"Só estou um pouco tonta..."

E foi assim que eu vim parar no banheiro pela SEGUNDA vez na festa. Acho melhor voltar pra lá ou não vou ter uma boa desculpa por demorar tanto. Espero realmente que o Michael suma da minha cabeça, suma da minha vida. Nem que para isso eu tenha que esquecer meus outros amigos.

E eu vou esquecer.

Agora eu sou a rainha de Genóvia, uma mulher forte e ninguém pode me derrubar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meu plebeu skatista" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.