Forever Young escrita por Dafne Federico


Capítulo 6
Capítulo VI: Mensagens e Sermões




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A porta do meu quarto fechou atrás de mim.

Annabeth estava atirada na minha cama. Apesar de estar escuro reconheci os cachos loiros dela escorrendo pelo colchão, ela estava deitada mexendo nervosamente no celular, ainda com as roupas do racha.

Pigarreei.

- Sua vadia! - ela gritou levantando. - Você tem noção do quão eu fiquei preocupada quando a droga da polícia chegou e - ela me encarou atônita - O que aconteceram com as suas roupas?

Eu me auto avaliei. Estava vestindo All-Star de cano médio vinho, calcinha e sutiã pretos de renda e a jaqueta de couro de Nico Di Ângelo.

Tinha certeza de que nenhuma desculpa seria convincente.

- Digamos que tenha ocorrido um problema técnico no caminho. - respondi jogando a jaqueta daquele cretino em cima de uma poltrona e caminhando na direção do banheiro.

Ela focou os olhos cinzas na jaqueta.

- Então você decidiu ficar apenas de roupas intimas e com a jaqueta de Nico Di Ângelo. Compreensivo. - zombou.

Fiz um gesto obsceno para ela.

- Nico Di Ângelo não é o portador de todas jaquetas de couro do universo. Sabe, depois dos anos 80 elas se tornaram muito populares, principalmente entre componentes de bandas de Rock, como ...

- Não me enrole. - ela respondeu deitando de novo na minha cama, tive vontade de chutar aquela folgada do meu quarto - Não quer me contar sobre seus flertes? O.K. Mas fiquei preocupada quando cheguei aqui e não te encontrei. Já são quase cinco da manhã.

Entrei no banheiro.

Coloquei uma camiseta branca dois números maiores do que preciso, com uma estampa de "Bem vindo ao Texas" e abri a porta do banheiro.

Deitei do lado de Annabeth.

- E como você entrou aqui, loira?

Ela sorriu.

- Jason abriu para mim. - explicou - Ele estava se pegando no carro com a garota da trança escura, Reyna.

Reyna? Mas não era Piper?

Balancei a cabeça, não me interessava a garota com quem Jason estava saindo. Se ficasse pensando nisso começaria a ficar louca, Reyna, Piper, Piper, Reyna.

- Não vai mesmo me contar o que estava fazendo nessas quase duas horas? - Annie insistiu.

Sorri.

- Acredite, tentando vir para casa. - era verdade - Só.

Coloquei o carregador do meu celular na tomada e o liguei. Tinham trezentas ligações não atendidas de Annabeth e uma mensagem de número desconhecido, embora não precisasse de remetente, a mensagem era bem clara.

" Devolva a minha jaqueta, Grace."

Droga. Como ele tinha conseguido meu número?

- Ah você não atendia o celular. Achei que não faria mal enviar o número de um certo contato da minha lista. - Annabeth falou rindo perversamente.

Coloquei minhas mãos na jugular dela.

Iria mata-la.

" Não vou devolver sua jaqueta. Leve isso como uma compensação pela humilhação que você me fez passar. "

Enviei depois que terminei a luta corporal com Annabeth.

" Imaginei.

OBS: Você fica ótima de preto, principalmente só de lingerie "

Cretino.

Ele tinha mandado essa observação somente para me constranger. Não que eu estivesse constrangida em ficar seminua na frente dele, apenas estava irritada com as situações que se sucederam por causa disso.

Atirei o celular longe e dormi.

.

___(-*-)___

.

Acordei com batidas na porta.

Annabeth já tinha trocado as roupas de couro curtas por jeans e camisa de moletom, prendido o cabelo em um rabo arranjado e ido para casa.

O relógio marcava uma hora da tarde.

Outra batida.

Tampei os ouvidos com o travesseiro.

- Por favor, abra a porta, Thalia. - meu corpo levantou de repente quando reconheceu a voz de Hera atrás da porta.

Minha nada adorável madrasta nunca vinha falar comigo, a não ser quando ela iria dar um jantar e chegava em casa com tantas sacolas de roupas que parecia ter gastado todo patrimônio nacional em vestidos, e trazia roupas para mim com intuito de fazer bonito para as amigas narcisistas.

E apesar do "por favor" ela não parecia nada contente.

Abri a porta.

Hera estava impecável como sempre.

O cabelo preto estava solto e escovado, com cachos bem superficiais e falsos, o rosto tinha uma pele perfeita e bem maquiada, com as bochechas e olhos em tonalidades pastel.

Usava um vestido branco prateado que, provavelmente, era de uma marca caríssima, Gucci, Chanel. Calçava um salto alto preto scarpin e tinha joias prateadas pelo pescoço e braço.

Quem usa salto e joias em casa? Ela poderia trocar esses colares por um sino de vaca.

Olhando para mim a diferença era nítida. Eu ainda estava usando a camisa gigante da noite anterior, meu olho estava borrado de maquiagem preta como um panda, e o cabelo ainda deveria estar com folhas, lama e grama.

- Você está horrível. - jugou me olhando de cima a baixo critica.

Revirei os olhos.

- Temos definições bem diferentes do que é horrível.

Ela abriu a boca para falar alguma coisa mais fechou sem seguida.

Nós nunca tínhamos nos dado bem, no início eu achava que era porque eu e Jason somos filhos bastardos. Zeus nunca se casou com a minha mãe e teve dois filhos com ela, enquanto não teve nenhum com Hera. Com o tempo percebi que ela gostava de Jason de um jeito que jamais gostaria de mim.

- Vou ser bem direta com você. - ela disse fria e formal - Enquanto você estiver na minha casa, segue as minhas regras.

Tive vontade de lembra-la que a casa era do meu pai, porém tudo o que consegui dizer foi:

- Oi?

- Não seja sonsa.

Aquela perua estava me deixando confusa.

- Sinceramente, não sei do que você está falando. - falei.

Me repreendi mentalmente, me lembrando da conversa sobre amor eterno e boquete que tive com Di Ângelo no cemitério e soltei um sorriso.

- Você está rindo? - perguntou.

Parei.

- É. Mas, sério, não sei do que você está falando. - falei bocejando - Sabe, se não vai dizer nada eu queria voltar a dormir.

- Estou falando sobre você chegar em casa de madrugada, seminua, na garupa da moto de um garoto. - ela respondeu com ar de superioridade irritante - Não sei onde você e Annabeth, sim eu sei que ela esteve aqui, estavam. Mas estou de olho.

Ela deu meia volta e saiu andando.

Bati a porta com força.

Ótimo. Eu tinha passado uma noite horrorosa, presenciado um acidente, fugido da polícia e ainda tinha que aturar os sermões de Hera como se ela fosse a última santa virgem em um mundo de pecadores profanos.

A conversa com minha madrasta me atingiu como um tiro e me lembrei de um detalhe muito importante.

- Puta que pariu, meu carro! - murmurei lembrando da Mercedes que deixaria a alguns quarteirões do porto e não voltara para buscar.


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