61ª Edição: Herança Familiar, ou Não? escrita por AlexandreTHG


Capítulo 20
Capítulo 20 - A Final: Parte 1


Notas iniciais do capítulo

E aí pessoal! :D
Bom, depois de uma longa crise de "falta de criatividade", que me fez demorar bastante para postar a continuação, estou aqui com ela. É a final dos Jogos. Não está longa, mas tem duas partes diferentes, então decidi dividir em duas partes, a segunda vem ainda hoje!
Então é isso, espero que gostem :D



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O sorriso de Mary está tão largo que alcança suas orelhas. Henri ficou ao lado dela, ainda encarando o chão e balançando o Estrondo em suas mãos.

– Muito bem Henri! Essa sim foi uma escolha inteligente. Juntos somos muito mais fortes, e o distrito 3 terá com certeza um vencedor! – diz ela para ele em meio a sorrisos. O distrito 3 terá um vencedor, e serei eu, era o que ela pensava, com certeza. Ela ainda está com as bombas na bolsa.

Finalmente, ele levantou o rosto e encarou-a. A gente precisa ter esperanças, amigo. Ele me disse há um tempo, porém se eu tinha qualquer esperança, foi destruída ao ouvi-lo.

– Claro que sim, Mary!

– Ótimo. – diz ela. Então ela deu um sorriso malicioso e semicerrou os olhos, olhando para mim. – Então, o que faremos com ele?

– Eu cuido dele. – diz ele. – Pode pegar algo para eu comer, por favor? Estou com fome.

– Você consegue matá-lo com isso? – diz ela olhando para o Estrondo.

– Claro que sim! Veja bem, eu mesmo criei isto. É uma lança especial que mira automaticamente e mata o alvo na hora.

O que? O Estrondo não faz isso. Ele está mentindo para ela.

– Tudo bem então... vou ali pegar uns pães. Acaba com ele logo. – diz ela indo para o outro lado da cornucópia. Então Henri olha para mim e me encara. Logo seu olhar frio se esvai e ele sussurra algo, tão baixinho que eu quase não escutei.

– Afaste-se.

Acenei com a cabeça em concordância e me afastei um pouco. Virei de costas e dei uns dois passos, mas logo parei ao ver Henri indo em direção à Mary. Não resisti e o segui observando de longe indo pelo caminho ao redor da montanha. Chegando ao outro lado, ao mesmo tempo que ele, me abaixei e vi Mary com muitos pães nos braços.

– Aqui, pega um. – diz ela. Ele pegou um pão e depois de engolir um pedaço ela o encarou. – Espera, não ouvi o canhão. Cadê o garoto?

– Era exatamente por isso que eu vim aqui. – diz ele. – Minha arma parece não estar funcionando direito. Pode me dar uma das suas bombas para eu acabar com ele?

– Como você sabe das minhas bombas? Ah não, e se o garoto fugir? Você é mesmo um incompetente! – gritou ela.

Ela atirou os pães nele e pôs a mão na bolsa, mas logo hesitou. Se ela explodisse uma bomba bem ali, ela também sofreria a explosão. Então se afastou dele e foi até a parede da cornucópia, onde tinha um machado preso. Ela o pegou, mas antes de se virar Henri a agarrou e pôs a mão na bolsa dela. Ela agarrou o braço dele e o empurrou para longe antes que ele alcançasse uma bomba. Caído no chão, ele estava indefeso. Ela agora estava com o machado erguido. Seria o fim do meu amigo.

Seria.

Peguei a faca de Belatriz do cinto. Sabendo que ela era leve e pequena o suficiente para não ativar nenhuma mina. Apenas com ajuda da minha mira, e guiado pela lembrança da minha companheira de distrito, atirei a faca. Ela se cravou no olho esquerdo de Mary.

– Isso é por Belatriz! – gritei.

Mary gritou alto e largou o machado. Henri foi pegá-lo, mas ela parece ter ignorado a dor e se atirou nele. Ambos caíram no chão, ela em cima dele. Uma cachoeira de sangue pingava do que antes era seu olho esquerdo. A faca ainda cravada, estava completamente vermelha. Henri empurrou Mary para longe, ela caiu próxima ao machado. Quando ela agarrou o machado, Henri também o alcançou. Os dois de pé começaram a brigar pela posse da arma, quem vencesse a usaria para matar o outro, é uma batalha decisiva. Preciso ajudar meu amigo nisso. Senti uma pedra tocando meu pé direito, rapidamente peguei-a e a lancei. Minha mira foi certeira, a pedra atingiu o cabo da faca cravada no olho de Mary. Com isso, o cabo virou para a esquerda. Não aguentando mais essa agonia, Mary se lançou no chão gritando alto o suficiente para ser ouvida a quilômetros. Henri deu um passo para trás e segurou o machado com as duas mãos, era hora de ele acabar com ela. Mas ela não era fraca. Conseguiu retirar a faca, que caiu no chão ensopada de vermelho. Quando Henri levantou o machado para acertá-la, ele hesitou repentinamente, nas mãos de Mary estava uma bomba.

– Eu... – ela gemia de dor, com a mão esquerda cobrindo o ferimento no rosto. – Eu ainda tenho um olho bom. Está vendo isso? Mexa mais um músculo e a atiro no seu amigo ali. – Ela estava apontando a noz para mim. Estava me usando para parar Henri. Estava me usando para proteger a sua vida.

Henri poderia matá-la mesmo assim. Ela me explodiria, e só restaria Trice para fazê-lo campeão. Mas ele não o fez.

– Lembra quando você falou que o distrito 3 teria um vencedor Mary? É claro que vai ter. – Ele deu dois passos para trás e pegou o Estrondo caído ali. – Mas eu acho que não será nesta edição.

Depois de falar isso, ele lançou o Estrondo na minha direção, o agarrei e segurei firme.

– Alex, se afasta e bate com ele no chão! – gritou ele.

No começo, não entendi o que ele quis dizer. Mas logo entendi. Batendo com o Estrondo no chão, a onda de impacto dele ativaria as minas no chão. Neguei com a cabeça imediatamente.

– Não! – gritei. – Assim você também vai ser atingido pela explosão!

– Eu posso me proteger por trás da cornucópia. – Vi em seus olhos azuis uma onde de certeza do que está falando. – Ou se o pior acontecer, eu não tenho porque voltar mesmo. Depois da morte de Alice minha mãe está fora do mundo. Não tenho motivos para voltar, mas você tem; você tem que voltar para Nanda, para a sua família.

Continuei negando com a cabeça, dessa vez com lágrimas sobre o rosto.

– Você está louco! – diz Mary. – Vou explodir seu amigo e vencer essa droga de Jogo! – Ela deu um chute habilidoso na canela dele que o fez largar o machado. Se arrastou até a arma e agarrou o cabo, ao mesmo tempo que ele. Enquanto brigavam pela posse dela, Mary deixou cair a bomba. Henri era mais forte que ela, porém percebi que o chão onde estavam, estava escorregadio devido ao sangue dela. Com seus pés diferentes, ele cairia e ela o mataria. Depois com uma das várias nozes que ainda possui, me mataria e estaria prestes a se tornar campeã.

– Alexander! Deixa de ser ignorante e usa logo essa arma! Não vê que nós dois morreremos se não usar agora? – gritou Henri. Assim que disse isso ele caiu, Mary pegou o machado e ergueu-o.

Em seguida, o tempo parecia ter parado. Henri me olhava com olhos felizes. Com olhos brilhando da cor do céu azul, do céu onde está sua irmã. Mas também da cor do mar, do meu lar, onde minha família me esperava. Ele tinha razão, se eu não fizer isso, nós dois morreríamos. Sussurrei um me perdoa para ele. Ele acenou com a cabeça e piscou. Identifiquei o próximo olhar, era um adeus. Sussurrei adeus do mesmo jeito. Então ele olhou para o céu, e depois fechou os olhos.

O machado estava prestes a tocá-lo, quando acertei o Estrondo no chão.

O poder da arma criou uma onda de impacto, uma onda que ativou todas as minas ao redor da cornucópia.

Tudo explodiu. Fui lançado morro abaixo. Segurei-me na metade da montanha, enquanto ouvia o som das explosões. Dois canhões se seguiram, e no céu estavam aparecendo as fotos de Mary e Henri.

Minha realidade caiu. Meu amigo está morto. Meu amigo verdadeiro que fiz nesses malditos Jogos está morto. Mais um. Ele que pegou esse tridente que está ao meu lado. Ele que há poucas horas estávamos rindo e conversando sobre nossas vidas. Ele que usou sua inteligência imensa para criar uma arma incrível. Ele está morto.

As lágrimas que inundam a terra abaixo de mim estão parecendo um rio imenso. Por um instante penso em ficar aqui e admirá-las, esquecendo o resto. Mas elas não me permitiram, pois seu movimento parecendo um rio imenso, me lembraram de casa. Me trouxeram de volta à realidade. Minhas lágrimas não podem trazer meu amigo de volta. Ninguém pode.

Levanto-me e ergo o Estrondo nas mãos. Essa arma pertencia a Henri. Ela tem que se desfazer, como seu verdadeiro dono. Não posso permitir que a Capital fique com isso e copie há seu favor. Usando minha pouca força restante, destruo a arma e atiro no chão. Então vejo algo rolar, dois círculos prateados saem do cabo da arma, parecendo duas porcas, provavelmente eram de dentro do martelo usado na criação do Estrondo. Pego uma delas, para usar como lembrança de Henri. Coloco-a no bolso. Então ouço um barulho estranho.

A outra porca caiu dentro da água.

Abaixo de mim. Vejo apenas água. Água está inundando a arena toda. Tudo o que está acima dela agora são as copas das árvores, e metade da montanha da cornucópia para cima, onde eu estou. Percebo que esse foi o jeito de unirem os dois finalistas para a luta final. Percebo que chegou a hora da última luta, que decidirá o vitorioso. Eu ou Trice Formentin.


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Notas finais do capítulo

A segunda parte, e grande final, sai ainda hoje (:
Até maiss!! :D