61ª Edição: Herança Familiar, ou Não? escrita por AlexandreTHG


Capítulo 18
Capítulo 18 - Esperanças.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!! :D
Bom, primeiramente eu quero me desculpar. Me desculpem mesmo por essa enorme demora para atualizar a fic. Eu não estive em casa esses dias, estava sem meu computador. Só visitava o Nyah pelo celular para ler as fics que acompanho. Mas eu escrever realmente não dava, então me perdoem por essa demora :(
E além disso, eu quero AGRADECER, MUITO; aos maravilhosos e incríveis e supers: Marythelovely e Rob Sugar, pelas recomendações!!!!! MUITO OBRIGADO :D
Enfim, agora que eu estou aqui trouxe esse novo cap para vocês... espero que gostem :D



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Barulho. Minha visão está escura devido aos meus olhos fechados e eu estar praticamente atirado no chão, com o rosto para baixo, chorando. Ouço apenas o barulho de algo grande e voador, provavelmente o aerodeslizador.

Meus olhos estão ardendo. Sinto calor no rosto, nada mais importa agora, apenas as lágrimas que estão molhando todo o chão.

Belatriz está morta.

Morta.

Minha aliada. Minha amiga. Minha companheira que tanto briguei, que tanto impliquei; que tanto teve atitudes ruins, mas depois se mostrou diferente. Se mostrou uma verdadeira amiga. Me salvou. Que eu a salvei. Ela agora se foi.

Pelo menos não teve sofrimento. Aquela explosão foi rápida, ela nem notou. Deve estar no céu agora, com minha prima Lays, com Nataly, com seu pai. E eu ainda estou aqui, nesse inferno. Nessa maldita arena. Pela minha posição, alguém poderia facilmente me matar agora. Porque não aparece alguém? Quero que isso aconteça. Quero sair daqui.

Levanto a cabeça e olho para o lado, ergo a mão, ambos os anéis ainda estão ali. O anel prateado de Nataly e o anel dourado com a pequena pedra verde no centro. São femininos, mas não ligo. São minhas lembranças de duas amigas que fiz na pior situação da minha vida.

Prometi a Nataly que ajudaria sua família. Prometi a Belatriz que entregaria esse anel à sua mãe. Prometi a minha família que voltaria para casa. Prometi a Nanda que sairia daqui. Preciso cumprir estas promessas.

Levanto-me e fico de pé. Olho ao meu redor, não encontro nada. Mary já deve estar longe. Pego o tridente do chão, e também, ainda com a visão embaçada pelas lágrimas, avisto a faca de Belatriz cravada na árvore; retiro ela de lá e ponho no cinto, próxima ao martelo. Ao fazer isso, ainda vejo minhas roupas sujas, de vermelho. Esfrego os olhos e foco a visão. Preciso ir até o lago, preciso me limpar e, além disso, a água me fará sentir melhor. Se tiver alguém lá, eu mato. Mato, com certeza, sem pena. Ficaria ainda mais feliz se fosse Mary, ou Trice. Não consigo mais rir, não consigo mais sorrir. A arena me mudou, não sou mais aquele garoto que ria de bobagens. Agora eu sou um garoto que quer matar por vingança, vingar pessoas boas que morreram nesse lugar.

Caminho até o lago, não me importando mais com o silêncio nos passos, ou em atrair alguém. Quero atrair alguém pra cá. Chego na borda da água. Não vejo nada próximo. Que pena. Bem que Mary poderia estar ali, sorrateiramente escondida no mesmo lugar que estava há um tempo. Sua foto no céu iria me satisfazer. Mas infelizmente, ela não está ali.

Deixo a mochila e as armas no chão, e me atiro no lago. A água está morna. Esfrego minha roupa para tirar o sangue seco impregnado. Mergulho na água, sentindo-a em todo o meu corpo, suas ondulações, sua massagem natural. Esfrego o rosto e me concentro. Saio do lago e me sento na margem.

Tempo depois, ainda na margem esperando qualquer um, abato um pequeno peixe no lago e o cozinho. Comi o peixe na maior sem vontade, apenas por necessidade natural de por algo no estômago. Bebi água e me levantei. Hora de sair daqui. Pus a mochila nas costas, o tridente na mão, a faca de Belatriz e o martelo no cinto, e comecei a andar. A floresta estava calma, bem viva e verde. Por um tempo, observei o martelo em meu cinto; mandaram-me essa coisa apenas para quebrar o gelo do lago? Se sim, a intenção deles era eu criar a única fonte de água na arena para todo mundo se matar ali. Me usaram para causar mortes.

Caminhei por um bom tempo. Então, enquanto observava o chão, notei uma coisa estranha. A uns metros de mim, um estranho bloco de grama não estava normal. Parecia não se ligar à grama ao redor dele. Olhei ao redor dele, e então percebi no chão, aquele meu elástico verde estava amarrado naquela superfície e ia sorrateiramente escondido por debaixo da grama até uma árvore.

Era uma armadilha.

Então percebi também, aquela superfície verde que camuflaram de grama, era um cobertor enorme e verde. O cobertor de Henri. Ele está por aqui.

Para chamar a sua atenção, eu precisaria ativar essa armadilha. Precisaria de algo pesado para jogar ali. Não tinha pedras ao redor, portanto atirei o martelo. E funcionou, ele caiu exatamente no meio do cobertor. O cobertor caiu e em um laço estratégico o elástico prendeu o martelo e o pendurou ao contrário. Olhei atento ao redor, nada vinha nessa direção.

Então um pequeno movimento me chamou a atenção, na árvore onde o elástico estava preso, na base do tronco dela uma coisa se desgrudou dele. Aquela coisa se abriu e lá de dentro um garoto conhecido, de cabelos pretos e olhos azuis apareceu.

– Henri! – gritei surpreso. Aproximei-me dele e ele fez um movimento para me afastar.

– Melhor não tocar em mim. Estou todo quebrado. – diz ele.

– O que aconteceu com você?

– Depois daquela loucura das estradas, que na mesma outra estrada me arrastou para o outro lado depois de você sumir, fui sendo levado até parar na base da cornucópia, sim, eu fui levado até lá em cima. Chegando lá, dei de cara com o Patrick, praticamente eu vi a morte ali. Mas por milagre, meu último dardo da zarabatana acertou o olho dele, então eu consegui fugir. Fui esbarrando em tudo, bati até um uma árvore cheia de espinhos. Cai rolando em um morro e encontrei uma lança.

– O morro onde encontrei Mary e o garoto do 9, essa lança era minha. Lembro que atirei nela e errei. – digo.

– Sim. – ele continua. – Peguei ela e segui caminho até parar aqui. Depois de a neve derreter e eu perceber que a única fonte de água era o lago, fui até lá apenas com a lança, pois não tinha mais dardos para a zarabatana então ela se tornou inútil. No outro lado do lago na parte onde eu estava, eu vi a Trice Formentin pegando água e saindo dali tranquilamente. Pensei em atirar a lança nela, mas ela estava longe demais e eu não sou tão bom com isso. Então eu vi uma armadilha com esse elástico.

– É, eu fiz. Estranhei depois ele sumir, mas agora entendo. – interrompo.

– Então, eu o peguei e voltei pra cá. Montei essa armadilha e me alimentei com uns dois animais que peguei com ela. Mas, enquanto eu a montava, o idiota aqui pisou nela sem querer e caiu na própria armadilha. O resultado foi eu estar todo quebrado agora. – Começamos a rir. Achei que eu não conseguiria mais fazer isso. Mas encontrar o meu amigo me fez retornar à realidade e esquecer um pouco a raiva.

– Pelo menos você está vivo! Agora estamos juntos de novo e vamos acabar com eles. – digo.

– É. Eu espero que sim. – diz ele. – Você sabe de quem foi aquele canhão hoje de manhã? E, a propósito, o que aconteceu esse tempo todo com você também? – Contei a ele tudo o que aconteceu. Incluindo hoje de manhã... – Foi ela então. Eu sinto muito.

– Pois é, ela... ela me ajudou bastante. – digo cabisbaixo. Ergo a cabeça e olho confiante como meu avô fazia quando algo dava errado. – Mas nós temos que seguir em frente.

– É isso mesmo. – diz ele. – Que sorte que eu não fui atacado por essas focas!

Rimos um pouco e levantamos, ele montou novamente a armadilha e me devolveu o martelo, parecendo não prestar atenção nele. Depois de a armadilha estar pronta de novo, ele parece que veio a realidade e me olhou surpreso.

– Espera! Você ganhou esse martelo de um patrocinador?

– Ganhei, mas porque você... – ele me interrompeu e arrancou o martelo da minha mão.

– Aposto que com isso você quebrou o gelo do lago, não foi? É claro que foi. Esse martelo é especial, a onda de impacto dele não é curta apenas na sua área como um martelo comum. A onda de impacto dele vai mais longe, muito mais longe. Como uma onda sonora. – diz ele, admirando o martelo.

– Legal. Mas eu nem me importo, eles com certeza mandaram pra mim pois eu era o tributo mais próximo do lago, e assim me induziram a quebrar o gelo e fazer a única fonte de água da arena. Eu fui usado. Se quiser pode ficar com essa coisa. – digo.

– Sério? Muito obrigado!

– Agora estamos quites. Você me deu o tridente e eu te dei o martelo. – digo.

– Certo. – Nos cumprimentamos e então ele pegou a lança. – Se você não se importar, vou fazer umas mudanças nele e aí vou precisar da lança, você vai querer ela?

– Não, pode ficar com ela. – respondo.

Sentei encostado em uma árvore e descansei. Henri ficou concentrado mexendo no martelo e na lança. Ofereci a ele parte do peixe que restou e o comemos, bebemos água e me levantei para fazer alguma coisa. Fui até a árvore em que ele estava escondido e observei o negócio que ele usou para esconder o abrigo ali dentro.

– Ah sim, eu recebi isso aí de um patrocinador. – diz ele.

– Que sorte, isso é ótimo para camuflagem.

– Está pronto! – grita ele. Vira-se para mim e me mostra a arma. Ele desmontou o martelo e a lança. Usou o cabo da lança e colocou na base uma parte do cabo do martelo, deixando ótimo para manusear. A ponta da lança foi colocada em um ponto estratégico, parar ser atingida pelo vento em certo ponto e assim ficar muito melhor na hora de atirar e não se desviar na hora do trajeto. A ponta do martelo que tinha umas coisas tecnológicas dentro, ele montou na ponta com os uns fios estranhos que provavelmente estavam dentro do martelo, colocou-os presos entre a ponta da arma e a ponta da lança que estava na metade da arma. – O que você achou? O nome dele vai ser Estrondo.

– Pelo que eu pude perceber, está incrível. Bom para atirar e não errar, principalmente você que entende de ângulos, etc. A ponta está perfeitamente colocada e se fizer mesmo aquela onde de impacto quando atingir algo, vai doer em quem pegar. – digo. Nós rimos e ele pega a arma e manuseia-a, admirando a sua criação. Espero que caso eu morra nessa arena, ele seja o vitorioso.

O dia foi passando. Eu e Henri fomos falando de nossos distritos. O distrito 3 é mesmo um dos mais legais. Os vitoriosos são todas pessoas que venceram pela inteligência. Também falamos sobre a edição passada dos Jogos, na qual uma menina de apenas 12 anos do distrito 3 chamada Lucille foi uma das finalistas após matar um enorme Carreirista usando apenas sua inteligência e astúcia. A vitoriosa foi uma garota do distrito 10 chamada Samantha. Trice provavelmente quer ser como ela, para dois anos seguidos as vitoriosas serem garotas do distrito 10. E pelo visto, ela vai conseguir.

– Sua mentora era aquela vitoriosa meio... retardada? – pergunto em meio a risos me lembrando de Wiress, uma vitoriosa do distrito 3.

– Sim, foi ela e Beetee. – ele me olha sério, mas depois ri junto. – Wiress é muito engraçada, ela está falando com você e de repente presta atenção em outra coisa e para de falar. Mas mesmo assim ela é muito legal, e muito inteligente.

Depois, começamos a falar das nossas vidas. Ele me indagou sobre Lays, que eu havia falado na entrevista. Contei para ele toda a história.

– Que pena isso com sua prima. Mas quem sabe você não vai seguir a herança dela e sair vitorioso daqui. Não é? – diz ele.

– Espero que sim. – respondo.

– Mas olha só que coincidência. Minha irmã também já participou dos Jogos.

– O que? – pergunto surpreso. – Sua irmã?

– Sim. Ela participou há bastante tempo, o nome dela era Alice. Mas ela foi morta na cornucópia. Depois de decapitar a perna da garota do 1, a mesma enfiou uma faca no coração dela. As duas se mataram assim logo no começo. – ele diz cabisbaixo. – Depois disso meus pais se separaram, nunca mais vi meu pai e minha mãe vivia comigo e com meu outro irmão menor, Luccasy Mizejeski. Mas agora vão sobrar só ela e ele, eu acho. Caso você vença dá uma ajuda para eles, minha mãe deve estar sofrendo com seu segundo filho aqui.

– Não esperava que sua história fosse tão ruim assim. – digo. – Mas olha, não vou prometer nada. Já prometi bastante, e nem sei por que as pessoas acham tanto que eu vou sair daqui. Eu mesmo estou sem tantas esperanças.

– A gente precisa ter esperanças, amigo. – diz ele. Sorrimos e nos abraçamos. Fico feliz por estar com um amigo. Mas ao mesmo tempo, triste. Pois isso me lembra a amizade feita apenas na arena e que depois acabou, entre Lays e Débora. Não quero que isso se repita.

– Certo. – digo sorrindo. – Agora, o que você acha de...

Sou interrompido por um barulho, um barulho que parece choque entre lâminas.

– Você consegue correr? – pergunto.

– Sim. – responde Henri.

Começamos a correr determinados para o local, em minha mão o tridente pronto para ser lançado, e na mão dele o Estrondo. Acabamos chegando em uma área próxima à base do morro da cornucópia. Ao longe, avisto o cabelo ruivo de Trice correndo entre as árvores. E próxima dela, Karina a persegue.

Na nossa frente avistamos um corpo. Um corpo enorme com um corte enorme e profundo no peito. Patrick está caído.

Ouvimos um canhão.

Trice acabou de matar um Carreirista, um tributo que tirou onze. Ela matou o enorme Patrick. Enquanto observo o aerodeslizador levando Patrick, Henri me encara e eu sei por que, ela matou Patrick e agora virá atrás de mim caso não seja parada por Karina.

Sentamos e descansamos. Bebemos água em silêncio.

– Henri, agora restam apenas 5 tributos. – digo.

– Sim. Karina, eu, Mary, você e Trice. Parece que o fim está próximo.

– É mesmo, e isso significa que em breve um de nós estará morto, ou os dois.

– Vamos esquecer isso por enquanto. Eu e você chegamos até aqui, isso é o que importa. – diz ele.

– Vamos sair daqui. – digo. Ele concorda com a cabeça e começamos a andar.

Tempo depois, ele está andando à minha frente. Estamos longe do local onde Patrick foi morto, estamos nos afastando novamente da cornucópia.

Mas então, nossos passos de repente começam a ir mais rápido. Henri olha para mim e para de andar, então percebo.

Novamente a arena está formando essas estradas moveis, e nos levando para algum lugar.

Nos prendemos ao chão. Ele finca com as duas mãos a ponta da flecha na lateral do Estrondo no chão, e eu finco a ponta do tridente. Depois de nos olharmos, olhamos para frente, com atitude para o que quer que esteja à nossa frente, dessa vez sem medo ou idéia para pular, que acabou nos separando da última vez.

Finalmente o chão para de se mover. Quando notamos que está seguro, nos levantamos e olhamos ao redor. Estamos em uma área aberta, com árvores ao redor formando um círculo, do outro lado da cornucópia.

Tudo está quieto, até que à nossa frente, ouvimos passos. Trice Formentin aparece em meio às árvores e nos encara, então olha para trás e da um giro no corpo, de trás dela, uma flecha lançada por Karina surge tão rápido que não consigo impedi-la de se cravar em meu ombro esquerdo.


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Notas finais do capítulo

É isso aí... a arena está quase no final! Mas não se enganem, ainda tem muita coisa para acontecer :D
Ah, aqui vai uma dica para vocês: aquela parte sobre a edição anterior dos Jogos, a garotinha do distrito 3, Samantha, a garota do distrito 10... etc, da edição anterior à esta; são da fic do meu amigo que eu recomendo a todos lerem: http://fanfiction.com.br/historia/433692/Sexagesima_Edicao_-_Lucille_Andrew/
Então é isso, Até maiss!