Espelhos escrita por NPS


Capítulo 1
capítulo 1




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Deviam ser umas 3 horas da manhã quando o telefone tocou. Eu estava exausto havia dormido no máximo umas 2 horas. O toque denunciava o autor da chamado ou melhor, a autora, minha namorada, Emily.

- Emi!? - atendi sonolento.

- Mett! - A voz de choro respondeu alto, ela tentava falar algo, mas as palavras surgiam na sua boca convulsivamente. A única coisa que eu destinguia era meu nome. O sono deu lugar a minha preocupação.

Peguei as chaves do carro e saí desesperado só de cueca, escorreguei antes de conseguir abrir a porta da garagem. Seria uma cena engraçada se não fosse o meu estado de espírito. Emily não abria a porta então peguei as chaves reservas debaixo do tapete. E consegui encontrá-la no quarto, o cenário era crítico.

Os lençóis da cama estavam embolados entre si, parte enrolada em Emily e parte jogada no chão. Emily toda curva e esguia tapando os ouvidos com força e chorando asmáticamente. " O que diabos aconteceu aqui?" pensei meio esquentado.

- Emily, o que aconteceu!?

- Era umas vozes, umas vozes... As vozes Mett! - Ela choramingava esticando-me para ela e abraçando-me com força num desespero incomum. - Tira ela, Mett, tira todas.

Ela estava se drogando? O que havia acontecido ali? Desde a morte do seu tio, Richard, ela estava assim nervosa. Ela nunca havia gostado do tio, até comemorou a morte dele por ter herdado o espelho de sua avó, um espelho enorme com uma moldura em ouro envelhecido trabalhado manualmente. No velório dele ela esbanjava um humor negro que obrigou-me a chamar-lhe atenção a dor dos outros parente, mas ninguém parecia muito triste mesmo.

Talvez tivesse sido o encontro com o pai que foi ao enterro sobre custódia policial, ela ficou bastante assustada e abraçou-me forte. Havia uns dois dias que ela aparecia lá em casa com olheiras enormes e sempre exausta, reclamando dos vizinhos zuadentos... Talvez ela tivesse bebido ou coisa do tipo... Eu não podia imaginar o qu estava acontecendo.

- Eu vou ver se tem alguém aqui. - Expliquei enquanto colocava ela na cama. Mas ela não me largou, ao contrário, puxou-me com mais força.

- Não tem ninguém.

- Você bebeu ou qualquer...

- Não, não uso drogas. - Ela adivinhou o que eu queria saber. - Não quer ficar aqui comigo Mett? - Ela olhou para mim com os lindos olhos azul esverdeados e agora avermelhados obrigando meu corpo a abraçá-la. Eu estaria ali para protegê-la a qualquer custo, o que havia acontecido a final?

- Está tudo bem, eu estou aqui.

Arrumei a cama por cima e algumas coisas do criado mudo que estavam espalhadas pelo chão. Emily olhava-me ansiosa, com medo como se eu pudesse fugir se ela piscasse os olhos. O cabelo preto curto estava bagunçado e a camisola tinha a gola repuxada. Eu ainda questionava o que havia acontecido ali.

- Você acha que eu sou louca. - Ela afirmou convicta e pegou-me de surpreso.

- Nã... Não! - vacilei.

- Viu!? - Ela falou brincando com o dedo mindinho, os olhos fixos em mim.

- Não é nada disso, Emi. - sentei de frente a ela na cama. - Eu só não entendi o que você está dizendo.

Ela fingiu fechar a boca com um ziper e jogou-me na cama ao lado dela. Quando ela tinha ficado tão forte? Ela cobriu nós dois e deitou sobre meu peito. Abracei-a e caí no sono.

A noite despertei com um riso infantil muito doce. Ouvi o que parecia um dialogo que parecia ser entre mãe e filha.

- O que vamos fazer agora, Emi?

- Vestir os sapatos da vovó! - A voz infantil respondeu

- E depois?

- DESFILAR!

O som parecia ecoar dentro do quarto como se ambas as vozes fossem de pessoas que estivessem ali. Senti a ponta da cama ceder um pouco na ponta e a voz adulta repreendendo alguém que supostamente estaria em pé na cama. Levantei meio desesperado. Estava tudo normal... "Foi só um sonho." sussurrei pra mim mesmo. Olhei para Emily que olhava pra mim com os olhos desfocados, o travesseiro dela estava todo molhado.

- O que houve? - Perguntei atordoado.

- As vozes...

- Foi um sonho...

-Não, elas vem do espelho... Vem de lá!

- Isso é bobagem! - Era mesmo? - Foi só um sonho, você está cansada e eu também.

Ela não deu muita importância. Para o que eu falei, parecia convicta do que dizia. Apenas pousou a mão sobre o meu rosto com os olhos lindos e desfocados.

- Você sabe que eu não me importo com nada disso... Ele é meu tio, mas se não fosse não faria diferença, aliás eu não lembro nada da minha infância, mas ele sempre olhou pra mim como se eu fosse a encarnação do mal, soube que ele não gostava da minha mãe.

Mas... Aquilo era, era... O que ela havia me dito no dia em que recebera o espelho e ria-se da morte do tio, mas... O rosto dela começou a desfigurar e borrar como um papel molhando. O que estava acontecendo? Gritei apavorado para perceber que era um sonho, aquilo sim era um sonho. Emily acordou com meu grito, eu estava suado, respirei fundo e expliquei que era só um sonho e ela aceitou a explicação com calma, a final quem estava protegendo quem?

- Vou tomar um banho.

- posso ir com você? - Ela pediu e eu ri.

- Está com medo de eu fugir?

- Quem sabe? - Ela riu maliciosa, recuperando o olhar de Emily Sanders que eu conhecia.

Ela era tão linda quanto o oceano infinito, eu poderia fitá-la por horas e horas não seriam o suficiente. Poderia admirá-la mesmo que eu tivesse cego ainda poderia sentir sua beleza. Beijei-a como se fosse a única vez.


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Notas finais do capítulo

Desculpem,posso demorar um pouco pra postar o 2º.