Direcão Certa escrita por marinaas


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Suponho que algumas pessoas já tenham a lido no alfabeto, então já sabem o contexto.

A fanfic se passa em Alabasta. Os pensamentos são aleatórios, entre parênteses e em itálico. Utilizei onomatopeias e frases logo abaixo das mesmas, para dar ênfase ao cenário (achei que ficaria muito cansativo escrever parágrafos, sobre o cair da chuva).

Então, boa leitura!



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Após a derrota da Baroque Works e o recuo do exército rebelde, a tempestade castigava Alabasta. Os chapéus de palha hospedados no palácio de Vivi-sama, descansavam em seus respectivos aposentos, gentilmente oferecidos pela realeza.

Zoro revirava-se sobre a cama de um lado para outro, conforme um peixe fora da água. Deitado com o corpo e rosto para cima, encarou o teto do quarto desiluminado, depositando o travesseiro macio em sua face. Esforçou-se para não pensar em nada, apenas em um ambiente escuro. Completamente escuro. Ouvira dizer em alguma parte de sua vida, que esse método induzia o sono profundo.

Nunca sofreu, tampouco cogitou, em desenvolver insônia durante toda sua vida. Este empecilho o incomodava e impedia de pregar os olhos. Tentou lembrar que esterótipo de refeição ou bebida havia ingerido durante o jantar para estar tão agitado: dois pratos repletos de arroz contendo grandes pedaços de carne, poções de bolinhos de arroz de sobremesa e uma quantidade exorbitante de garrafas de saquê...normal. Isso nunca provocaria insônia, visto que Luffy havia saboreado o quadruplo de sua refeição e fora ao primeiro adormecer sobre a mesa central da cozinha.

Diante a todos os esforços fatigantes que deteve para adormecer, resolvera beber algo e tomar um pouco de ar fresco a fim de que o sono retornasse. A cozinha seria o lugar ideal para que o mesmo''desse as caras''. Ajustou sua calca preta costumeira, amarrou o lenço em seus bracos e depositou seus pés sobre um sandália velha desconfortabilíssima. Retirou-se do quarto batendo a porta bruscamente, sem dar importância para as olheiras ou o abdômen meticulosamente trabalhado exposto ao vento gélido da madrugada. Embora a trovoada violenta provocasse um barulho aterrorizante e violento, Zoro não se incomodava. Até apreciava o som estridente da tormenta que ocorria.

CABRUM

(a ferocidade em que a água descia do céu, era como uma melodia violenta para se ouvir...)

Percorreu o corredor largo e escuro, deparando-se com uma grande escadaria no final de seu trajeto. Desceu-a cautelosamente percorrendo o corrimão com suas mãos áspera, atentando os quadros aterrorizantes pendurados a parede. Cruzou o magnífico salão principal, composto de luminárias revestidas de ouro, cortinas de pano fino encobrindo a janela e uma exagerada tapeçaria contendo fios de diamante. Tudo demasiado luxuoso.

Adentrou em um escritório repleto de livros em uma estante e uma lareira aconchegante.Aquilo definitivamente não era a cozinha!Retirou-se do cômodo, atravessando diversas vezes o salão principal, questionando-se se já passara pelo mesmo. Distribuía passos sorrateiros por um corredor estreito decorado por armaduras exóticas.

Era aquele corredor que detinha o cômodo almejado. Bastava apenas atravessar aquela porta...

Passou a língua sobre seus lábios, umedecendo-os. Seu estômago rugia estridentemente, ao pensar que em segundos diminutos estaria saciado...

- O quê?

Definitivamente aquele local não era o aspirado. No mínimo, o espadachim nunca obtivera conhecimento de uma cozinha composta por chuveiros, banheiras e toalhas.

Bateu bruscamente a porta do cômodo inconformado pelas suas tentativas frustadas. Ele queria apenas alimentar-se ou beber algo que o fizesse adormecer de uma vez por todas! E percorrer em círculos pelo castelo não despertava seu sono, mas o instigava a conquistar seu árduo objetivo: chegar a cozinha.

''Por que esse maldito palácio tem que ter tantos cômodos, corredores e portas?''

CABRUM

(e a trovoada não cessava...)

Após quatro voltas pelo interior do castelo, dois passeios circundando o jardim e uma visita não proposital ao quintal do vizinho, Zoro finalmente alcançou seu destino! Respirou aliviado, adentrando no cômodo e constatando que de fato era o almejado inicialmente. Desconhecia seu estado misto de humor: estava satisfeito pois por fim saciaria a vontade a qual lhe consumia de ingerir alimentos que pudessem despertar o sono e ao mesmo tempo irritado, devido a demora e a dor de cabeça que deteve para encontrar a maldita cozinha.

Respirou pesadamente, mirando atentamente o ambiente bem decorado: eletrodomésticos brancos, modernos, equipamentos e utensílios estavam cintilantes significando a limpeza do local. Rumou em direção a geladeira estudando os mantimentos que lá havia. Retirou -sem nenhum vestígio de culpa- um sanduíche feito de carne, que Sanji havia preparado caso Nami ou Robin tivessem fome durante a madrugada -Zoro necessitava alimentar-se mais que elas naquele dado momento.

Após essa atitude egoísta, o Roronoa procurava uma bebida de composição leve, que lhe favorecesse a chegada do sono. Especulou minuciosamente, avistando garrafas de água, suco de laranja e saquê, que por ventura, fora a escolhida. Afinal, nada melhor que uma bebida alcoólica para fazê-lo sentir-se leve e dormir tranquilamente.

Saboreou o lanche e degustou o saquê. Bocejou estridentemente, sentindo suas vistas pesarem. Finalmente o sono estava dominando seu corpo.

CABRUM

(e o barulho apavorante, despertava os animaizinhos que ali dormiam... e como ele os invejava...)

Rumou ao salão principal circundando o mesmo diversas vezes, adentrando em salões peculiares, deixando seu humor agravado. Quem o flagrasse naquela situação fatigante afirmaria plenamente que ele estava perdido -de fato, ele estava.Porém, nunca admitiria isso para ninguém, tampouco para si mesmo.

Por fim deparou-se com as escadas, e ao seu término localizava-se o corredor do quarto. Chegando neste, percorreu-o vagarosamente, cessando seus passos defronte a porta de seu cômodo. Manuseou a maçaneta, adentrando no local, recebendo inesperadamente um impacto profundo sobre sua face, de algum objeto macio.

Uma almofada foi atirada contra ele.

Uma almofada jogada por Nami.

O Roronoa demorou para assimilar a cena.''O que essa bruxa faz aqui?''

Zoro desviou de outra almofada atirada pela navegadora. A fisionomia da mesma resvalava fúria, coincidindo com a vontade enorme de atirar toda a mobília do quarto contra aquele espadachim. Assentada sobre a cama, encobriu-se com o lençol quentinho, a fim de tampar seu corpo trajado pela camisola rosa de tecido fino. A palidez que preponderava sua face era intensa e Zoro poderia alegar claramente que ela suava frio.

- O que você está fazendo no meu quarto? - indagou o Roronoa confuso, levando suas mãos a cabeça.

- Eu que faco as perguntas por aqui! - advertiu Nami com ferocidade no olhar. - Você que está no meu quarto!

- Claro que não! - retrucou, agora com o tom de voz repleto de ferocidade. - Você que está no meu!

Nami inalou todo ar que lhe adornava. Era necessária uma paciência inexplicável para lidar com Zoro. Desta forma, contou mentalmente até dez, respirando profundamente, caminhando em direção a ele.

-Você-já-olhou-para-os-lados-e-se-deu-conta-que-ess a-decoração-não-lhe-pertence?- explicou, como se estivesse comunicando-se com uma criança.

Na mesma fracão de segundos, o espadachim percorreu o ambiente com olhar: estantes repletas de livros, mesa contendo mapas de navegação minuciosamente desenhados a mão e vestidos disseminados por todo o sofá ao lado da cama rosada.

CABRUM

(e as partículas de água tornava-se cada vez mais abundante...)

- Acho que entrei no quarto errado... - constatou vagarosamente, ainda examinando os cantos do local.

- ISSO QUE ESTOU TENTANDO DIZER! - berrou exasperada, contendo a ânsia de atingir a face de Zoro com seus punhos violentos. - Suponho que você tenha se perdido...

- Claro que não! - disse o espadachim em voz alta, indignado perante a tanta convicção de um fato mentiroso.Afinal, ele nunca se perdia.- É que... bem... Esse palácio possui diversos cômodos!

- Isso por que é um palácio. Necessariamente precisa deter diversos cômodos!

- Eu sei disso! - respondeu rispidamente cruzando os bracos, sabendo que seus esforços para engabelar a navegadora não estavam obtendo o êxito esperado. - Você acha que sou algum idiota?

- Não me obrigue a responder... - ironizou Nami debochada, despertando sentimentos impetuosos no espadachim.

As partículas d' água despencavam do céu caliginoso, deslizavam sobre o vidro da janela fechada, desaguando no beiral da mesma. A trovoada acompanhada pela carga elétrica dos raios, alumbravam o quarto, motivando preocupação e desconforto estampado na face da navegadora.

CABRUM

(cada trovão, mais um susto...)

Zoro notou o quanto ela tremelicava e a palidez exposta em sua face. Optou por não soltar nenhuma palavra, visto que aquelas supostas reações deveriam ser oriundas pela corrente fria da madrugada. Mas por que ela não trajou uma roupa apropriada para se proteger?

CABRUM

(e a chuva levava todo o mal que essa terra havia sofrido... e os trovões se faziam fortemente presentes...)

Repentinamente, Zoro sentiu a navegadora despejar seu corpo sobre o dele. Nami enlaçou seus bracos ao redor do pescoço do espadachim, pressionando bruscamente a cabeça contra o torso do moreno, como se desejasse entrar dentro dele a procura abrigo.

O espadachim desconhecia a reação que tomaria perante aquela atitude. A forma repentina na qual ela havia aconchegado seu corpo contra o dele, amedrontou-o. De imediato, notou o problema ocorrido: a medida que o ribombar do trovão se agravava, as lágrimas percorriam freneticamente no rosto de Nami.

CABRUM

(embora tente, não conseguirá adormecer...)

- Eu... tenho medo... desse barulho... - confessou angustiante, abracando o Roronoa resistentemente a ponto de deixá-lo sem ar.

''Trovões? Ela possui medo de trovões?''

Perante aquele desabafo o espadachim ficara atônito. Ela era uma navegadora, como poderei temer alguns barulhinhos incômodos? Como ela conseguiu disfarçar a apreensão por todo esse tempo?

A trovoada, que aparentava não cessar, se fazia presente rompendo o silêncio entre ambos. Apenas o choro de Nami ecoava no ambiente. Porém, o mesmo não incomodava Zoro, assim como seus pensamentos faziam. Pensou de que forma poderia amenizar o sofrimento da ruiva. Cogitou em distribuir palmadinhas amigáveis sobre as costas dela, ou dizer algo extremamente clichê, do tipo:''não fique assim''ou''vai passar''. Embora procurasse as palavras de conforto tão difíceis de serem proferidas, o silêncio aparentava ser a forma mais adequada de comodidade.

Ela confiou seu segredo, suas lágrimas e seu corpo a ele. Nada mais justo, que ele confiar seu coração a ela.

O espadachim nunca foi de consolar quem quer que fosse. Sempre deteve a fama de sangue-frio, não obtinha o hábito de se envolver com os problemas alheios. Mas ao vê-la alarmada daquele modo, tão vulnerável, tão frágil, tãodele, repousando sua face no calor de seu corpo moreno, a atitude que lhe ocorreu em mente, foi depositar sua mão áspera sobre a costa dela, envolvendo-a num abraco apertado e protetor. Sentir a quentura que emanava do corpo de Nami era tudo que ele precisava.

Era mais fácil proteger essa mulher de milhares de piratas, ao afagar suas lamúrias com demostrações de afeto.

- Você é a navegadora... digo... nunca demonstrou ter medo disso... - tentou encontrar as palavras corretas, com receio de elaborar discursos que a ferissem ainda mais.

- Navegadora de uma tripulação... - relutava para encontrar forcas a fim de completar o diálogo, agarrando-se a Zoro equiparadamente a uma pétala de rosa presa em sua sépala. - composta por um capitão idiota, um Cook pervertido, um atirador mentiroso e um espadachim ranzinza cujo detém a fama de mandar tudo que encontra pelos ares! - Ele notou um sorriso tímido brotar nos lábios rosados de Nami. - Já pensou se me mostrasse vulnerável diante a isso? Vocês precisam de mim!

CABRUM

(e inesperadamente, a tormenta cessava... mas ela ainda se via presa a ele...)

''E eu preciso de você.'', pensou em dar continuidade no discurso melodioso que saltava da boca de Nami. Mas optou por não proferir nada. Apenas tencionou que a tormenta se estendesse pela madrugada, para que ela não se retirasse de seus cuidados, sues anseios, seu amor.

- Eu acho que já parou de... trovejar... - contestou Zoro, desprendendo-se da ruiva. O Roronoa se sentia um idiota completo por estar sendoele, num momento demasiado importuno. - acho que vou retornar ao meu quarto...

A navegadora afastou seu corpo do dele. Passou suas mãos sobre a face, a fim de secar os resquícios do pranto que percorria seu rosto.

- Cadê o Zoro com um pingo de humanidade de minutos atrás? - disse encarando-o. Tentava sorrir, tentava provocar.

- Está indo embora junto com a chuva... - respondeu prontamente, retornando o seu típico aspecto austero. Após a rápida demonstracão de compreensão e afeto, ele não poderia se mostrar mais maleável para Nami.

Ela forcou um sorriso ainda com dificuldades. Por intermédio do espadachim, a aflição já cessava e as lágrimas secavam cautelosamente. Já conseguia até fazer piadinhas maldosas com ele!

Lanches pela madrugada, saquê, trovoada... o que Zoro faria descansar normalmente se não fosse o sorriso daquela navegadora maldita?

Zoro nunca se sentiu tão aliviado por ser desorientado. O inacreditável, é que todo o trajeto percorrido pela madrugada, conduziu a navegadora diretamente para os bracos dele. No final das contas, ele dormiria tranquilamente após os minutos passados ao lado de Nami.

Não havia problema errar o caminho, se o destino deste fosse o quarto dela.

Nami era sua direção. E tudo que ele necessitava para uma agradável noite de sono.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Quem gostou deixa review!
Beijos *----*