Gianny não podia acreditar no que estava acontecendo. Jet foi ao chão gritando por seu nome, enquanto Katsu gritava por uma pessoa de nome Celly. Claro, ela conhecia esse nome… Mas agora não teria tempo de processar as informações.

A realidade era: Aquela mulher havia-os derrotado. Com um simples estalar de dedos, literalmente. Aparentemente a máquina a sua frente obtinha através de um banco de dados as memórias das pessoas e as fazia revivê-las de maneira traumática.

Porém de alguma forma com Gianny não funcionava. Já era a terceira vez que escutava a voz robótica pronunciar:

Localizando sistema de IUS-FN86-AR10-RGS-GR. Perfil de memórias não identificado. Sistema não incorporado. Barreira encontrada no perfil… Procurando outro acesso.

Gianny tentou atacar aquela mulher a sua frente que estava apenas sentada, o tempo todo, mas, havia aquele lobo extremamente irritante. Seus movimentos pareciam ser em câmera lenta para este, e seus teleportes também. Era como se aquele ser enxergasse através de todos seus ataques e tentativas.

Precisava fazer algo, podia ver seu alvo, Eliot, sentado bem atrás da mulher, cadeiras uma de costas para a outra. De modo a desafiar Gianny a pegá-lo. Mas a expressão da outra era nula, como se apenas estivesse programada para aquilo. Ela tinha conseguido se aproximar e circundar a mulher, porém nunca conseguia ultrapassar o limite territorial do lobo.

Com isso a luta era cada vez mais desgastante para Gianny, ela perderia por cansaço. O lobo bloqueava todos seus ataques, e estranhamente parecia se regenerar. Senhor Diann tinha razão, aquele animal, definitivamente não era normal.

A voz mais uma vez tentava se conectar a mente de Gianny, esta, por sua vez, não aguentava mais escutar o choro de seus amigos. As lágrimas deles estavam acabando com seu emocional, ela não poderia aguentar mais muito tempo… Mesmo se fosse no prejuízo… Ainda dessa forma, ela sairia dali com vida. Mas ela não poderia voltar de mãos vazias, eles não levaram I.A., mas não fora um acordo justo, pois aquele monstro a sua frente também não levara a família Diann completa. Não, ela tinha planos, ou alguém tinha planos, e, ela, era apenas uma marionete.

Gianny temia por toda sua paz. Mas agora era tarde… Tarde demais para pensar nisso. Para voltar atrás e se arrepender. Não, em sua vida não haviam arrependimentos. Nunca, de tudo que ela fez, nunca se arrependeu, e não seria agora que o faria.

Ela estava decidida, tinha um plano. Faria valer a pena.

O lobo investiu em um contra-ataque, ela colocou o braço na frente, foi mordida em cheio. Pode ver como se os olhos do lobo brilhassem e um sorriso demoníaco pudesse ser tirado.

— Te peguei! — Gianny abriu um sorriso de glória, dor e cansaço. Teleportou o canivete para outra mão e antes que o lobo soltasse seu braço ela cravou o canivete na parte superior de seu pescoço e então, usando o teleporte várias vezes afundou cada vez mais sua arma, dilacerando a carne do lobo, que a mordia cada vez mais, deixando seu braço desfigurado.

A mulher permanecia imóvel, mas… Uma lágrima imperceptível por Gianny rolava de seu rosto, embora não expressasse absolutamente nada em sua face.

E então pouco a pouco a cabeça do lobo foi pendendo, ele ainda fazia força com o maxilar, os olhos se mantinham firmes, contudo os de Gianny também. Ambos tinham suas razões. E ambos lutariam até o fim por elas. Gianny precisava voltar. E o lobo… Ah, sim… Esse… Quem sabe qual era seu propósito?

Mas no momento o importante é o desfecho, o braço de Gianny estava em frangalhos, porém a cabeça do lobo fora decepada, teleportou a cabeça dele para longe, o que impediria dele se recuperar rápido. Neste momento a cabeça da mulher sentada na cadeira pendeu. Seus cabelos brancos e curtos agora cobriam a face, Gianny passou por ela, a vontade de matá-la era grande, mas aquilo podia ser uma armadilha, foi direto para Eliot. Este ao olhar pro seu braço despedaçado, fez uma expressão de desespero, Gianny por sua vez nada disse, apenas com o outro braço o tocou em sua mão e o teleportou para fora da cadeira que o prendia. E fez sinal para que saíssem dali, com a cabeça.

A mulher sentada permanecia estática, Eliot queria falar com Gianny mas achou que não seria o melhor momento. Quando chegaram em Jet e Katsu esses dois tinham os olhos cheios de lágrimas, como se tivessem acabado de perder a coisa mais importante da vida deles. Gianny apenas posicionou Eliot entre eles, fazendo com que os três se tocassem, então ela pousou a mão sobre o braço de Eliot e os teleportou.

Gianny não os levou para o bar, obviamente eles estavam sendo rastreados, de nenhum outro modo ela os teria deixado partir. Levou-os para a loja da família Diann, local que ela já conhecia.

O velho estava inquieto andando de um lado para o outro, projetando várias formas de tentar salvar seus filhos caso eles não voltassem, quando então viu, de costas pra ele, seu filho Eliot. Senhor Diann, pode ouvir ainda os soluços dos dois que estavam ao chão.

— Filho! — ele exclamou, vendo que, dentre todos os seus filhos, somente Eliot retornara, mas… e todos os outros… Onde estavam eles? — O que houve?

Gianny tentou balbuciar algo, mas estava exaurida, era como se suas forçar tivessem sido drenadas. E ela pendeu para trás, porém algo a segurou, foi Eliot, que primeiro segurou seu braço que estava em seu ombro e logo depois puxou-a para si e a pegou no colo.

— Pai! Precisamos de você! A Gianny! Ela… — Ele se virou para o pai, o rosto em lágrimas, que escorriam pela bochecha e caíam sobre a roupa da mulher em seu colo.